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Barreto: "A Embrafilme seria hoje a Petrobrás do audiovisual"

Na ativa desde 1961, Luiz Carlos Barreto já produziu mais de 70 filmes no Brasil, inclusive o recordista de bilheteria, com 12 milhões de espectadores, “Dona Flor e Seus Dois Maridos” - produzido em 1976 e distribuído pela Embrafilme.

Nesta oportuna entrevista concedida a Beto Almeida, Barreto apresenta seus pontos de vista para reverter a melancólica situação do nosso mercado cinematográfico.

Desde o fim da Embrafilme, em 1990, o cinema brasileiro, sem o estímulo de qualquer política pública para a distribuição, não conseguiu recuperar o seu mercado natural.

O ponto máximo que atingiu nesse período foi no ano de 2003, quando chegou a 22.055.249 espectadores, correspondente a 21,4% do público que foi ao cinema naquele ano.

Depois foi despencando continuamente até chegar, no primeiro semestre de 2008, ao insignificante patamar de 3.510.187 espectadores.

Se o segundo semestre confirmar o primeiro, o que tem sido a tradição, todos os filmes brasileiros lançados em 2008 - mais de meia centena - totalizarão um número de espectadores pouco acima da metade do que foi alcançado por “Dona Flor”, há 30 anos.

 

CARLOS ALBERTO ALMEIDA*

 

“A Embrafilme seria hoje uma Petrobrás do audiovisual se não fosse extinta”. A declaração é de Luiz Carlos Barreto, um dos mais renomados produtores do cinema brasileiro (“O Quatrilho”, “Dona Flor e seus Dois Maridos”, etc.), ao posicionar-se favoravelmente à reconstituição de uma empresa pública como a Embrafilme, capaz de alavancar a produção audiovisual brasileira, assegurar ao povo o acesso ao cinema brasileiro e proteger o setor da ocupação internacional. “A Embrafilme cumpriu um papel excepcional no passado e se não tivesse sido privatizada, destruída pelo furacão Collor hoje ela prometia ser uma empresa do porte de uma Petrobrás ou uma Vale do audiovisual, ela estava indo neste caminho”, exclamou.

Barretão, como é conhecido, lembra que a Embrafilme era uma empresa de economia mista que atuava eficientemente, de forma que naquele período o cinema brasileiro chegou a deter 44 por cento do mercado. “Depois da demolição da Embrafilme nós fomos a zero praticamente e hoje nós ainda não alcançamos nem 10 por cento do mercado cinematográfico. Temos que tirar a cultura e o cinema em particular do casulo das elites, pois só os frequentadores de shoppings, as elites, têm acesso aos bens culturais”, explicou.

Para o cineasta e produtor, o audiovisual é algo tão importante como o petróleo e a energia. “Informação e conhecimento, aliados ao espetáculo, pois através do espetáculo se pode democratizar didaticamente a informação e o conhecimento, itens estratégicos no mundo atual”, argumentou. Barretão acrescentou que no mundo atual há duas prioridades muito claras, os alimentos e as imagens, argumentando que  no audiovisual também estão envolvidas questões como  a conquista ou não da soberania nacional, a conformação de uma identidade cultural de nação, sem esquecer a geração de empregos.

 Luiz Carlos Barreto entende que o cinema brasileiro vive um processo crônico de dificuldades, mas avalia que o país possui todas as armas necessárias para superar esta fase e tornar o setor evoluído, em direção à auto-sustentabilidade do audiovisual. “Esta luta já poderia ter sido vencida. Nosso futuro está no passado, ou seja, nós já tivemos 44 por cento do controle do mercado do cinema para a produção nacional. Falta-nos um projeto estratégico”, sinaliza.

Para ele não basta estimular a produção, todas as leis de incentivo à cultura reduzem-se à produção, mas não incidem sobre o consumo dos bens culturais. Traçando uma radiografia do consumo da cultura no Brasil, Barreto se declara escandalizado com o fato de sermos um povo de 190 milhões de habitantes, dos quais apenas 10 milhões frequentam cinema, apenas 1 milhão compra discos, 100 mil compra livros, 300 mil frequentam teatro. “Isto não existe!”, protesta. Para ele, se estamos numa sociedade de consumo de massas, não se pode fazer cinema para um círculo restrito da elite e se sentir confortável com isto. Como alternativa, propõe que seja instituído o Vale-Cultura, similar ao Vale-Refeição, por meio do qual o trabalhador e sua família poderiam ter acesso ao consumo de bens culturais. Ele lamentou a queda-de-braço entre o Ministério da Cultura e o Ministério da Fazenda, atrasando a implantação do mecanismo, em razão de uma discordância sobre a inclusão ou não no sistema das empresas de lucro presumido, além das de lucro real. “A sociedade é que está sendo prejudicada com este embate”, lamenta o veterano produtor.

Barreto critica a existência de um enorme contingente de burocratas nos órgãos de cultura, sem que haja gente realmente vinculada ao cinema. Contou com tristeza que recentemente o premiadíssimo cineasta Nelson Pereira dos Santos foi recebido numa Secretaria do Minc com a seguinte expressão “O senhor é de onde?”. Embora critique o inchaço de burocratas, Barreto faz questão de defender a presença do Estado como ferramenta indutora e executora de políticas públicas capazes de defender o audiovisual brasileiro, tal como se faz na França ou na Venezuela. “Se nós tivéssemos um público de 50 ou 60 milhões de pessoas com capacidade de consumir cultura tudo seria resolvido na disputa de fatias de mercado pelos empreendedores, mas, a realidade não é esta”, disse.

Declarou-se impressionado com o que viu em viagem recente à Venezuela onde visitou o projeto governamental chamado Villa Del Cine, cujo objetivo é dotar não apenas a Venezuela mas a América Latina de uma capacidade de produção de alto nível, uma espécie de Hollywood latino-americana. “Eu vi tecnologia de ponta à disposição de diretores, editores, montadores, produtores, não vi quase burocratas, mas gente com a mão na massa, realizando filmes sobre temáticas nacionais e latino-americanas. É assim que se aprende, fazendo, não apenas em teoria” relatou um entusiasmado Luiz Carlos Barreto, que, inspirado, lembrou do cineasta revolucionário italiano Roberto Rosselini, para quem educar-se é vivenciar. “Temos aqui o exemplo do Lula, que é um doutor em vida,  aprendeu vivendo, apanhando, superando, não na teoria”, declarou, sem esconder a satisfação de não ter visto no país caribenho inchaço de burocratas e de ver o cinema venezuelano levantando voo.

 

(*) Presidente da TV Comunitária de Brasília

 

Texto extraído da Hora do Povo - 03/09/2008

Movimento Estudantil


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