DANÇA

BALÉ DE ARTE NEGRA DA UMES

Contando com 18 integrantes e 10 músicos, o Balé de Arte Negra da UMES, comandado por mestre Pitanga, também diretor da companhia de Dança Negra Batakotô, ocupou o palco do Teatro Denoy de Oliveira, nos anos de 2000, 2001 e 2002, com inesquecíveis apresentações.

As “prioridades” do então ministro Gilberto Gil cancelaram a parceria do Minc, através do Fundo Nacional de Cultura, com o Balé de Arte Negra da UMES.

 

CONTO CRIOULO (A FUGA DO TIO AJHAUÍ)

Criado a partir de um trabalho de mais de cinco meses de aulas-ensaio quase diárias, sob o comando de Mestre Pitanga, o projeto foi iniciado em fevereiro de 2000 e contou com o patrocínio do Banespa.

O Balé de Arte Negra da UMES nasceu com 18 integrantes, apresentando o espetáculo Conto Crioulo (A Fuga do Tio Ajhayí). O enredo é baseado numa história passada de geração em geração, desde o século XIX, através da tradição oral, e que retrata de forma poética a conquista da liberdade por uma comunidade de escravos da Bahia que reencontra a identidade cultural na prática de seus rituais ancestrais. O conto, na coreografia de Mestre Pitanga, ganhou um tom moderno e revelador da pujança e beleza da cultura negra no Brasil, com suas indumentárias, danças e ritmos tecidos de elementos que brotam da magia libertária dos Orixás.

O espetáculo teve sua estréia no dia 14 de setembro de 2000, no Teatro Denoy de Oliveira, com direção teatral de Celso Terra, direção musical de Ito Alves e Francisco Magary, figurinos e adereços de Edson Gregório, assistência de direção de Yáscara Manzini, direção geral e coreografia de Mestre Pitanga. Permaneceu em cartaz até 19 de setembro de 2001.

 

A REVOLTA DOS MALÊS – UMA ÓPERA NEGRA

A Revolta dos Malês, com estréia em 21 de novembro de 2001, é o segunda montagem do Balé de Arte Negra da UMES. Ela partiu de uma consistente pesquisa histórica realizada por AJVS Godi, sobre a rebelião de 1835, na cidade de Salvador (BA), inspirada por escravos e libertos islâmicos – haussás, mandingas e outros grupos denominados genericamente de malês –, mas que contou também com ampla participação de negros de origem nagô, entre os quais Licutan, Dandara, Ahuna, Luiz Sanin, Manoel Calafate, os principais líderes da revolta. Na África, os nagôs não eram islamizados e se constituíam em ferrenhos adversários dos malês. Porém a situação comum de cativos, no Brasil, aproximou-os e irmanou-os em seu sonho de liberdade. O levante havia sido meticulosamente planejado e preparado para explodir num Domingo, 25 de janeiro. Neste dia, aos revoltosos de Salvador se somariam contingentes vindos do Recôncavo e de outras regiões da Bahia, questão considerada fundamental pelos líderes da revolta para que eles pudessem assumir o controle da cidade. Mas um incidente acabou precipitando a sua deflagração para o dia anterior, 24 de janeiro, impedindo que essa junção de forças pudesse ser efetuada. Os ciúmes de Sabina, em relação ao “pai de seus filhos”, Vitório Sule, que freqüentemente desaparecia para conspirar, levaram-na a crer que ele a estava abandonando por outra mulher. Inadvertidamente, Sabina acabou por colocar a polícia no encalço de Sule. E, no dia 24 de janeiro, um destacamento de milicianos surpreendeu-o numa reunião em que todo o comando da rebelião estava presente ultimando os preparativos. Frente à opção de serem presos e desarticulados, os revoltosos preferiram a luta. O levante começou ali. A guarnição policial foi vencida, mas a rebelião perdera o efeito surpresa e a possibilidade de contar com reforços no momento decisivo de sua deflagração. Após intensos combates, a Revolta dos Malês foi finalmente sufocada, no dia 25 de janeiro. Os inquéritos policiais da época arrolaram centenas de pessoas, entre os participantes do levante.

Luiz Gama (1830-1882), poeta negro, advogado, o mais combativo e expressivo dos abolicionistas de São Paulo, contava que sua mãe, Luiza Mahin, a quem dedicou inúmeros e belos poemas, participara ativamente da Revolta dos Malês. Porém, por mais obstinados que tenham sido os esforços do poeta, ao longo de sua vida, e dos pesquisadores que o sucederam nessa busca para localizar registros sobre o paradeiro e a existência de Luiza Mahin, nenhum êxito foi obtido, o que não impediu que Luiza se fizesse lenda.

O denso e sensível roteiro elaborado por AJVS Godi e a exuberante coreografia concebida por Mestre Pitanga, para a montagem de A Revolta dos Malês articulam com raro brilhantismo a abordagem épica, que situa o espectador no contexto mais amplo dos movimentos e embates coletivos, à dramática, que vai ao âmago dos conflitos interiores de seus personagens.

O espetáculo conta ainda com a direção geral de Mestre Pitanga, direção teatral de AJVS Godi, direção musical de Mestre Dinho, figurinos e adereços de Edson Gregório, iluminação de Celso Terra, video de Caio Plessman e a participação especial do ator e cantor Ado Bueno, além de 16 bailarinos e 9 músicos. A montagem de A Revolta dos Malês contou com o apoio do Fundo Nacional de Cultura.

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário