Aprovação automática = ignorância continuada
Um dos maiores crimes já cometidos contra a juventude brasileira é a aprovação automática. Essa política perversa, instituída em São Paulo pelas mãos do PSDB em 1995, condena toda uma geração à ignorância, e o ensino público à destruição.
O grande pretexto da aplicação da política chamada de “progressão continuada”, que na verdade significa aprovar o aluno independente do seu desempenho, é gastar menos. Desta forma, centenas de governantes de cidades e estados brasileiros passaram a adotar a prática, tornando a luta contra a aprovação automática uma bandeira de estudantes de todo o país.
A política consiste em aprovar o aluno de ano sem nenhum tipo de avaliação. Desta forma, não importa se um aluno aprendeu o conteúdo dado e o outro não. Os dois serão aprovados no final do ano e irão para a série seguinte.
O que vemos são estudantes que ao completar os ciclos, não conseguem realizar operações simples de matemática ou interpretar um texto. Isso quando temos, em pleno ensino médio, colegas de classe que mal foram alfabetizados.
A escola pública não ensina porque foram retiradas a autonomia e a autoridade do professor em cobrar, desmotivando-o de todas as formas a realizar o fundamental para o aprendizado: exercitar.
Sabemos que não é suficiente o professor ficar os 50 minutos da aula ensinando a teoria se ao final não tentarmos aplicar no concreto aquilo que está sendo ensinado.
É nessa hora que surgem as dúvidas, que vemos onde estão as nossas dificuldades e que buscamos a superação, com a ajuda do professor. Assim como é de fundamental importância que o aluno tente sozinho resolver as questões apresentadas, com as listas de exercícios para a lição de casa. E que o professor se preocupe em cobrar e corrigi-los conjuntamente.
Nossas dificuldades e frustração só aumentam na hora de pleitear uma vaga na universidade. Além da concorrência desleal com os estudantes de escolas particulares, que tornam nosso acesso às melhores universidades do país ainda mais dificultoso, quando conseguimos chegar às salas de aula do ensino superior, a cobrança é ainda maior.
Um exemplo disso é que pelo menos 50% dos alunos de Engenharia do país desistem por não conseguirem acompanhar o curso.
Em São Paulo, a luta dos estudantes secundaristas fez com que, este ano, o prefeito da cidade acabasse que a aprovação automática no ensino municipal. Outras cidades, como Rio de Janeiro e Florianópolis também botaram fim ao crime, e reestabeleceram a prática dos exercícios e das avaliações. Os estudantes organizados no 40º Congresso da UBES devem encampar uma verdadeira batalha contra a política que ainda é praticada em diversas escolas municipais e estaduais de todo o Brasil. Só assim construiremos uma escola que cumpre o seu verdadeiro papel: ensinar.
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