24-8-16 Cut convoca ato contra a Operação Lava Jato

Cut convoca ato contra a Operação Lava Jato

24-8-16 Cut convoca ato contra a Operação Lava Jato

 

E diz que Lula vai estar presente. Para eles, prisão dos ladrões da Petrobrás é que provoca a crise econômica e não a política de juros altos e cortes de Dilma e Temer

 

A Cut e algumas filiadas (a Fup e a CNM) emitiram uma convocatória para um ato em Niterói, na quinta-feira, dia 25, contra “a crise política e econômica que paralisa o país desde o início da operação Lava-Jato [que] já desempregou 1,5 milhão de brasileiros”.

A grande atração do ato, segundo a convocatória, é a presença de Lula.

Em suma, segundo a Cut, não foi a política econômica da sra. Dilma Rousseff – irresponsável, reacionária, de favorecimento indecente do setor financeiro, de estrangulamento do país por juros estúpidos, de corte brutal nos investimentos públicos, de arrocho salarial, desemprego, quebradeira das empresas nacionais e privatização até do pré-sal – que provocou a atual crise, a maior em 116 anos.

Também não é o fato de que Temer continua a mesma política, que mantém a crise e aumenta cada vez mais o desemprego, o problema atual do país.

Não. Segundo a convocatória da Cut, o que engendrou a crise foi o fato de policiais, procuradores e a Justiça investigarem – e colocarem na cadeia – alguns magnatas que roubavam a Petrobrás e os ladrões do PT, PMDB e partidos satélites, que recebiam as propinas desses magnatas.

Até agora, como resultado da Lava Jato, houve 106 condenações a uma soma de 1.149 anos de cadeia. Não houve um só caso em que alguém pudesse sustentar a inocência dos réus – nem os seus advogados o conseguiram.

No entanto, a Cut defende esses magnatas – os odebrechts e outros exploradores do país e dos trabalhadores; defende os corruptos que encheram o PT, o PMDB e o PSDB de propinas, que falsificaram eleições e cometeram estelionato eleitoral. Afunda-se, portanto, na bancarrota moral desses partidos.

TEMPOS

No momento, há setores, no país, que parecem disputar a maratona da pouca vergonha, da falta de caráter e do cinismo.

No último dia 19, a PF indiciou uma certa Nelci Warken, pivô de uma série de empresas de fachada no exterior: “Murray Holdings”, “Woodbay Holdings”, “Hazel Ville International” – e mais um laranjal de outras (cf. Inquérito Policial Nº 060/2016 – SR/PF/PR, pp. 3 a 129).

Pelo inquérito, a sra Warken era uma encruzilhada por onde passava o dinheiro sujo – isto é, com origem no roubo à Petrobrás – dos senhores Vaccari, tesoureiro do PT, Fernando Duque e Pedro Barusco (que, na Petrobrás, organizavam o esquema de propinas do PT) e a OAS.

De extremo interesse, o inquérito inicia com a prova – e depois a confissão – de que Warken era a verdadeira proprietária de um triplex no Condomínio Solaris, número 163-B, em Guarujá, registrado em nome de uma empresa-fantasma cuja proprietária oculta é Nelci Warken.

Foi o quanto bastou para que os setores mais asnáticos do PT – e seus satélites supostamente “independentes” – saíssem a público aos berros.

Segundo diziam, a PF provara que o triplex em Guarujá que tanto cuidado mereceu de Lula e família, não era de Lula. Exigiam desculpas a Lula, a eles e sabe-se lá a quem, por algum dia haver suspeita sobre quem está – como no filme de Elio Petri – acima de qualquer suspeita.

Porém, o triplex de Warken é o de número 163-B; já o triplex de Lula era o de número 164-A.

O inquérito da PF que redundou no indiciamento de Nelci Warken (“Operação Triplo-X”) mostra que foram as suspeitas sobre o triplex de Lula que conduziram à investigação do outro triplex:

“Assim, (…) ‘há no Condomínio Mar Cantábrico/ Condomínio Solaris 10 (dez) imóveis (Apto triplex 162-A, Apto triplex 164-A, Apto triplex 164-B, Apto triplex 162-B, Apto triplex 141-B, Apto triplex 143-A, Apto 53-B, Apto 61-B, Apto 44-B Apto 52-B, Apto 64-A) registrados ainda no nome da OAS, e um apartamento registrado no nome de offshore, é possível que os mesmos, de fato, pertençam a terceiros, que se valham do expediente para ocultar patrimônio’. Nesse ponto, tendo em vista a identificação de uma unidade em nome de offshore, passou-se a diligenciar no sentido de identificar o real proprietário e as circunstâncias de aquisição do triplex 163-B pela offshore Murray Holdings LCC, aberta em 2005, em Nevada/EUA” (cf. Inquérito cit., p. 7).

Mas, como tudo é triplex, que diferença faz se o triplex de Warken não é o mesmo triplex de Lula?

Para quem nada quer esclarecer, para quem quer confundir, para quem não tem respeito pela verdade nem pelo povo, para quem quer passar rato por coelho – e não tem escrúpulos – nenhuma.

Assim é a moral em concordata – talvez já falida e vendida em hasta pública – que substitui a luta política em certos elementos.

DITADURA

A convocatória da Cut para o ato contra a Operação Lava Jato na terra de Arariboia tem a característica óbvia de que jamais seria confeccionada sem a concordância de Lula. Conhecendo como são as coisas, é difícil conceber que ela existisse sem que o próprio Lula não fosse o seu estimulador – íamos escrever “mandante”, mas, tudo bem, continuemos educadamente.

A questão é que foi Lula quem inventou essa história de que o grande problema da economia é a Lava Jato – e não a política antinacional, recessiva e antipopular de Dilma e Temer.

Uma história mentirosa: não foi a Lava Jato que desempregou 1,5 milhões de trabalhadores – foi Dilma e, agora, Temer que desempregaram, desde janeiro de 2015, três, quase quatro milhões de trabalhadores; não foram “os impactos da Lava-Jato que fizeram encolher em 3,8% a economia nacional” – foram os juros, os cortes e a subserviência de Dilma e Temer que o fizeram, e até mais baixo que -3,8%.

Tanto nessa política de destruir o país, quanto na de abafar a Lava Jato, não há diferença qualitativa entre Dilma e Temer – e, cada vez mais, nem entre Lula e Temer. Basta ver, no Congresso, as discussões sobre o projeto dos “10 pontos contra a corrupção”; ou o projeto de Renan que criminaliza a polícia, os procuradores e os juízes que investiguem casos de roubo contra o país; ou, até, os defeitos descobertos, de repente, na “lei da ficha limpa”.

Nenhum desses projetos ou dispositivos é perfeito. Mas o que dilmistas (incluindo Lula) e temeristas querem, não é aperfeiçoá-los: é apagar o que existe neles em defesa do país e do povo.

Resta dizer que isso se faz em prol de uma oligarquia – que pretende perpetuar-se no poder, ainda, às custas do roubo da Petrobrás e outras fontes de recursos públicos. Ou seja, instalar uma ditadura mal disfarçada em cima do povo, usando dinheiro do próprio povo. E não será em benefício deste – muito menos dos trabalhadores, que são a maior parte do povo brasileiro.

É isso o que a Cut, com seu ato, está apoiando.

Fonte: Carlos Lopes da Hora do Povo

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário