LIVROS E TEXTOS

CADERNOS DO CPC

A coleção foi iniciada em 1994, com a publicação do “Auto dos 99%”, a peça de maior repercussão do antigo CPC da UNE, escrita por Oduvaldo Viana Filho, Armando Costa, Carlos Estevam Martins, Cecil Thiré e Marco Aurélio Garcia. Os textos publicados (13 ao todo) têm como objetivo fornecer embasamento teórico para as atividades do CPC-UMES. Entre eles encontram-se: “Patriotismo Meu Tema” (Sergei Eisenstein), “O Herói na Literatura” (Carlos Lopes), “Dialética da Razão e da Paixão na Relação Espetáculo-Espectador” (Tomas Alea), “Estética da Barbárie” (Sérgio Rubens de A. Torres).

 

PRISIONEIRO DO MUNDO

Editado em setembro de 1994, com apoio do CPC-UMES, o livro é composto de vários poemas e ilustrações do veterano sambista da Mangueira, Nelson Sargento, autor de clássicos como “Primavera” e “O Samba Agoniza Mas Não Morre”. Prefácio de Fernando Pamplona.

 

MEMÓRIAS DE SEU NENÊ DE VILA MATILDE

A luta do criador da Escola de Samba Nenê da Vila Matilde. Narração de Alberto Alves da Silva (Seu Nenê). Organização de Ana Braia. Capa de Débora Ivanov. Produzido pelo CPC-UMES em parceria com a Lemos Editorial, no ano de 1997.

 

“Muita coisa aprendemos na Vila Esperança. Até então, as escolas e nós também desfilávamos com sambas de rua, músicas de carnaval, sucessos do rádio, até que introduzimos o samba-enredo em São Paulo. O pensamento surgiu do Popó e do Dr. Lucrécio. Eu já tinha vontade de mudar a escola, sabia que para nos destacarmos tínhamos que trazer uma novidade, tínhamos que ter ousadia, mas não sabia como fazer a coisa. Então o Popó disse: “Temos que ter um tema, fazer um enredo”. Popó era o apelido de Mário Protestato dos Santos, jornalista do jornal “O Dia”, que tinha sede perto da Estação da Luz, no tempo do Ademar de Barros. Ele foi responsável por muitos enredos que nó s desfilamos. Mas esse era o primeiro da história do carnaval paulista. Então juntamos, eu, o Tóquio, Dr. Lucrécio, minha mulher, o próprio Popó, e começamos a pensar para montarmos o enredo. Resolvemos fazer “Casa Grande e Senzala”, pensamos em toda a história e o Paulistinha e o Popó fizeram o samba. Ficamos meses estudando como íamos desenvolver o tema. O Popó orientava de um lado, minha mulher do outro, eu, o Tóquio, o Nicolau, cada um dizia uma coisa, dava uma idéia. Acabamos estrondando. Era o ano de 1956”.

(ALBERTO ALVES DA SILVA – SEU NENÊ DA VILA MATILDE)

 

O POETA DO POVO

Livro de Assis Ângelo, contando a vida do legendário poeta cearense Antonio Gonçalves da Silva, o Patativa Assaré. O livro traz ensaio fotográfico de Gal Oppido sobre as personagens e paisagens que têm inspirado o poeta ao longo de sua vida, e um CD single do violonista e compositor Gereba. Foi lançado em 1999.

 

“Se já enfrentei algum

tipo de problema com os

homens do poder, por ser

quem sou? Já, sim. Eu fui preso uma vez. Mas isso aconteceu

há muito tempo, na minha

terra, no meu Assaré querido,

um lugar que não trocarei

por nenhum outro do mundo…

Pois bem, depois desse

episódio fiz esse poema:

 

“Meu Assaré pequenino

Sou também um pigmeu

Eu vejo que o meu destino

Foi sempre ligado ao teu

Tu pobre e desprotegido

E eu velho e desiludido

De um horizonte de amô

Seguimos a nossa meta

Feridos da mesma seta

Sofrendo da mesma dô

Desde o vale até a serra

Te canto e tenho cantado

Quem não ama a sua terra

É um desnaturalizado

Quando o coração desfeito

Bate dentro do peito

Sua derradeira nota

Eu sei que a terra me come

Mas tu ganharás o nome

De um poeta patriota”

 

 

 

O ÍDOLO QUE NÃO MORREU E OUTRAS HISTÓRIAS DA CANTORIA

Escrito pelo repentista e poeta Diniz Vitorino, o livro registra momentos inesquecíveis das cantorias dos mais destacados expoentes da arte do repente, como Joaquim Vitorino, Pinto do Monteiro, Lourival Batista, Lourinaldo Vitorino, Oliveira de Panelas, Ivanildo Vila Nova, Edmilson Ferreira, Raimundo Nonato, Nonato Costa, Ismael Pereira, Valdir Teles, Sebastião da Silva, Rogério Menezes e Mocinha da Passira. Lançado em 1999.

 

Cantava com Lourival Batista (Louro), em 1971, na casa do popular Zé de Inês, e em meio à cantoria estava Tatá, amigo nosso de infância, e sua genitora, uma bonita viúva. Durante o intervalo, Tatá nos convidou a fazer uma visita à sua casa. Reiniciada a cantoria, em pleno baião cantado, me lembrei do convite, e assim o preveni:

“Tatá me espere com Louro

que nos dá grande alegria”

 

Louro respondendo com talento e rapidez de raciocínio, retrucou:

“Amanhã, cedo do dia

vou à casa de Tatá

Eu ficarei muito triste

se Tatá não tiver lá

mas a mãe de Tatá tando

é o mesmo que Tatá tá”

 

Dizer que Pinto é da cidade de Monteiro, sertão da Paraíba, é dizer o óbvio, pois seu próprio sobrenome já o diz. Justo, porém, é se dizer, afirmando, que ele foi o rei glorioso do repente no Brasil – de todos os tempos.

Comecemos lembrando um desentendimento acontecido entre Mestre Pinto e Lourival Batista.

Em dada oportunidade, numa churrascaria denominada Recanto da Nair, na cidade de Caruaru (Pernambuco), para tirar o velho do sério, concluí uma estrofe com os seguintes versos:

“Se passar em São José

dê lembrança a Lourival”

 

Ao ouvir minha provocação, o velho irou-se como uma fera e soltou o verbo:

“Eu quero é ver Lourival

liso sem nem um vintém

pedindo esmolas num beco

onde não passe ninguém

e quando passar seja um cego

pedindo esmolas também”

 

Em Campina Grande, cidade do interior da Paraíba, pelejam duas grandes expressões da poesia, meu irmão Lourinaldo Vitorino e Ivanildo Vilanova. Ivanildo, de viola em punho, compôs a seguinte estrofe:

“Repentista cachaceiro

na minha casa não vai”

 

Sem vacilar, responde Lourinaldo:

“Tem razão, porque seu pai

teve a mesma qualidade

Fabricou bombas de ódio

com estopins de maldade

Viveu sem fazer amigos

Morreu, não deixou saudade”

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