Metroviários: Culpa pelo tumulto não é do usuário. É dos trens do propinoduto

MAIS SUFOCO NO METRÔ. TREM DO PROPINODUTO É A CAUSA

 

Nota oficial do Sindicato dos Metroviários sobre as falhas e acontecimentos ocorridos na terça-feira, dia 4 de fevereiro de 2014:

Os metroviários lamentam profundamente o sufoco que passaram os usuários e funcionários na noite de ontem.

Sob condições adversas, nos dedicamos diariamente para garantir o funcionamento do Metrô. No entanto, mais uma vez, um trem “reformado” (a maldita frota K) apresentou problemas de porta causando uma reação em cadeia. Os trens parados, dentro dos túneis com o ar condicionado desligado, geraram uma situação insuportável.

Os trabalhadores do Metrô já haviam denunciado ao Ministério Público os problemas dos trens reformados pela iniciativa privada. Os “trens do Propinoduto”. Exigimos, também, uma solução técnica para o ar condicionado dos trens para que não desliguem dentro do túnel.

Alertávamos para a possibilidade de situações como esta ocorrerem, mas infelizmente, nada foi feito. Diante do caos de ontem (04/02) voltaremos a procurar o MP buscando soluções.

Nós entendemos o desespero e a revolta dos usuários. Mas, em momento como os de ontem é necessário seguir as orientações dos funcionários das estações, que tentam minimizar para que não aconteçam consequências mais graves.

Os metroviários sempre estarão presentes para ajudar. Infelizmente não nos é dada condições suficientes para atuar. O Metrô está saturado e somos poucos para um público de 5 milhões de usuários.

Neste quadro, não ajuda em nada, as declarações do Secretário Jurandir Fernandes, que numa tática diversionista, culpabiliza “grupos organizados” pelo caos. A culpa não é do usuário. Ir por esse caminho é fugir da solução e da responsabilidade com o público.

 

 

 

Os problema são:

 

1- As falhas dos trens do propinoduto. Não é coincidência que o trem K-07, que abriu falha ontem, é o mesmo que descarrilou em agosto do ano passado, que ao retornar a operação, falhou por abrir a porta do lado contrário.

Denunciamos que as principais consequências do propinoduto são as péssimas condições dos trens reformados. A empresa privada que ganhou concorrência, a base de propina, oferece um péssimo serviço. Como já havíamos denunciado, essa frota, com apenas 7 trens, somou 696 falhas num período de 30 dias. Sendo mais de 300 somente no K07. Trem citado nessa ocorrência.

 

2- Poucos trens no horário de pico. Além das falhas durante a operação, como as de ontem. Os trens do propinoduto param para manutenção com mais frequência. O que causa uma redução de carros nos horários de pico.

 

3- O ar condicionado. Exigimos solução técnica para o ar condicionado que não tem fonte alternativa de energia. Quando a via tem que ser desenergizada, por qualquer problema, o ar condicionado desliga também.

 

4- CBTC. O investimento vultuoso nesse novo sistema de sinalização de via, funciona mal e com risco para o usuário.

 

5- Porta plataforma. Em um sistema carregado como o Metrô de São Paulo são necessárias as portas nas plataformas. Elas servem para minimizar as interferências como a queda de objetos na via e em situações como a presente impossibilidade de entrada na via. Até hoje não houve uma explicação plausível sobre o contrato que iniciou a implantação das portas nas plataformas. Aquelas que viraram monumento na estação Vila Matilde.

 

6- Superlotação por falta de expansão da malha metroferroviária.

 

MP-SP cobra do cartel das múltis devolução de verba superfaturada em reforma dos trens

 

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) cobrou nesta segunda-feira (3) das empresas que reformam trens do Metrô de São Paulo a devolução de cerca de R$ 800 milhões, valor que ele considera ser o prejuízo em razão de superfaturamento nos contratos para pagamento de propina a políticos tucanos.

Se em 90 dias o consórcio formado pelas empresas: Alstom, Siemens, Bombardier, Tejofran, Temoinsa, Iesa, MPE e Trans Sistemas, não efetivarem a devolução dos valores aos cofres públicos, o promotor Marcelo Milani, responsável por parte dos inquéritos civis do cartel em São Paulo, vai entrar com uma ação judicial pedindo a dissolução das companhias. Elas ganharam uma licitação de R$ 2,5 bilhões para modernizar 98 trens do Metrô.

De acordo com o promotor, há evidências claras de formação de cartel e da inexistência de competição nas licitações. Apenas uma proposta foi apresentada em cada licitação desses contratos, que foram assinados entre 2008 e 2010 gestão do tucano, José Serra, a frente do governo do Estado. Não por coincidência, entre os trens reformados por esse consorcio estão os da frota K, os mesmos que sofreram a pane que gerou indignação nos usuários na terça-feira.

Embora os contratos estejam quase no fim do prazo, de 68 meses, 46 dos 98 trens foram entregues, 10 estão com as empresas, e 42 circulam sem terem sido reformados. Milani pedirá que as empresas entreguem o mais rápido possível os dez trens e defende que a reforma é antieconômica. Segundo ele, o preço de um trem reformado custa 85% de um trem novo, porém os carros reformados têm mais de 30 anos.

Milani pediu no início de dezembro à diretoria do Metrô a suspensão destes contratos. Juntos eles somam, segundo a Promotoria, R$ 2,5 bilhões. Entre as possíveis irregularidades está o fracionamento dos contratos. Segundo o promotor, foram firmados 10 deles e não quatro, como previsto inicialmente. Com isso, o valor inicial previsto, de R$ 1,622 bilhão, saltou para quase R$ 2,5 bilhões, um aumento de quase R$ 875 milhões, o que, para ele, tornou a reforma mais cara do que a compra de trens novos.

Os inquéritos civis do esquema de propina tucana e formação de cartel de trens, como o que investiga a reforma dos trens do Metrô, são apenas uma das frentes de apuração do caso. Há um inquérito criminal que cita políticos tucanos tramitando no Supremo Tribunal Federal e também existe uma denúncia criminal que aponta crimes em contratos de energia da Alstom com o governo paulista.

 

Fonte: Viomundo e Hora do Povo

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