Arrocho salarial começa a parar as universidades públicas federais
Professores universitários e outras categorias do funcionalismo estão em luta contra o arrocho salarial
A paralisação dos técnico-administrativos contra o arrocho salarial já atinge 23 universidades federais. Na segunda-feira (24) pararam a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) e Universidade Federal do Tocantins (UFT). Na sexta-feira (21), foi a vez dos servidores da Federal de Mato Grosso (UFMT), e na quinta ( 20), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR) e Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Os funcionários técnico-administrativos, organizados pela Fasubra (Federação de Sindicatos dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Públicas do Brasil), estão em greve decretada desde o dia 17. Os servidores reivindicam a antecipação da parcela de reajuste prevista para janeiro de 2015, conquistada após a greve de 2012, quando os servidores federais de todas as categorias receberam a proposta de reajuste do governo, que consistia em 15% dividido em três anos. No entanto, o índice de cerca de 5% concedido este ano não cobriu sequer a inflação, medida em 5,91%. Ou seja, este ano os servidores não tiveram nenhum aumento real.
Os servidores cobram a resposta às suas reivindicações, mas até agora o governo federal vem postergando, insistindo na sua política de arrochar o funcionalismo público para fazer superávit primário (dinheiro reservado pelo governo para pagamento de juros aos bancos e demais especuladores). Ao contrário de negociar com a categoria, o governo lança mão de subterfúgios, a exemplo da nota do Ministério da Educação (MEC), dizendo que a greve organizada pela Fasubra é “unilateral” e que “o acordo assinado pela Fasubra é o segundo melhor firmado por uma categoria com o governo federal”. Os líderes dos servidores rebatem o governo e mostram como a categoria vem tendo pesadas perdas salariais além de condições de trabalho cada vez piores. Segundo Emerson Oliveira, coordenador geral do Sintufal (Sindicato dos Trabalhadores da UFAL), o governo não cumpriu o acordo na íntegra. “Tivemos um acordo com o governo em 2012, mas até agora não foi cumprido. Então estamos aqui para cobrar pela database, período em que o trabalhador tem reajuste de salário, reforma da previdência, a não privatização do HU [Hospital Universitário] e uma política salarial que defenda o servidor”.
A mobilização dos servidores se amplia contra a intransigência e o arrocho do governo. Ao movimento dos técnicos-administrativos juntam-se os professores das universidades. Os docentes realizaram na quarta-feira (19) uma mobilização nacional por melhores salários, reestruturação da carreira da categoria e condições de trabalho. De acordo com a ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), que aglutina os professores das universidades federais, a mobilização da semana passada foi apenas o começo. “Em 2012, o governo impôs um projeto, que não foi referendado pela categoria, e agora nos diz ‘aceitem essa situação como dada’ e em 2016 poderemos negociar. A categoria está exigindo uma resposta, que tem que vir logo, pois a mobilização está sendo feita agora. Isso não é uma ameaça e sim uma apresentação do nosso cenário. Temos uma agenda de mobilização em andamento”, ressaltou Márcio de Oliveira, secretário-geral do ANDES-SN. “A precarização das nossas condições de trabalho é visível. Além disso, um estudo que desenvolvemos junto com o Dieese aponta que quase a totalidade da categoria já teve seus salários corroídos pela inflação, mesmo com o reajuste”, avaliou Luiz Henrique Schuch, 1º vice-presidente do ANDES-SN.
GERAL
Nesta terça-feira, 25, o Fórum Nacional em Defesa dos Servidores e Serviços Públicos, composto por 31 entidades, reúne-se mais uma vez na sede da Condsef (Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal). A categoria avalia a possibilidade de lançar uma greve geral caso o governo mantenha a postura intransigente com os trabalhadores.
Em plenária nacional realizada na quinta-feira (20), com mais de 260 servidores entre delegados e observadores de 23 estados e o Distrito Federal, a Condsef aprovou a continuidade da construção de uma greve geral. Os servidores organizam um Dia Nacional de Lutas com paralisação no dia 9 de abril para continuar reivindicando. A Condsef adverte que o tratamento que o governo tem dado às demandas apresentadas pelos servidores federais está acirrando cada vez mais os ânimos da categoria, e avisa que “a palavra de ordem é pressionar”.
Além do reajuste, a categoria ainda reivindica aprimoramento da carreira, reconhecimento dos cursos de mestrado e doutorados fora do Brasil, turnos contínuos com jornada de 30h sem redução salarial, o reposicionamento dos aposentados, o fim do avanço privado dentro da universidade, dentre outras coisas.
“Os problemas vistos e sentidos pela população têm origem no baixo nível dos investimentos públicos ao longo dos anos. A falta de uma política de Estado forte cobra sua conta justamente daqueles que já pagam caro por ela: a população brasileira (…) O ato realizado na quarta (19) serviu para que as entidades voltassem a cobrar do governo respostas formais à pauta da campanha salarial unificada dos [servidores] federais”, avalia a entidade.
Fonte: Hora do Povo
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