Moradores de Itu protestam contra a falta d’água e são atacados pela PM

Mais de dois mil manifestantes saíram às ruas de Itu, na região de Sorocaba, interior de São Paulo, em protesto contra a falta de água na cidade que enfrenta racionamento drástico há quase oito meses. O caos engendrado pela falta de investimentos do governo tucano na infraestrutura hídrica mínima no estado levou Itu a ter o abastecimento limitado há 10 horas a cada dois dias, mas existem bairros que ficam até uma semana com as torneiras secas.

Os manifestantes se dirigiram para a sede da Câmara Municipal de Vereadores e exigiram que o poder público tome providências contra o descaso. Revoltados, eles atiraram ovos na Câmara.

Um grupo de 50 pessoas entrou na Casa para cobrar os vereadores. A Tropa de Choque da Polícia Militar tentou entrar no prédio para retirar os manifestantes e houve confronto. A PM usou bombas de efeito moral e disparou balas de borracha na tentativa de dispersar a multidão. A população respondeu com pedras contra a PM.

Uma comissão de vereadores se reuniu com os manifestantes e concordou com a exigência de enviar ao prefeito pedido de decretação de estado de calamidade pública.

Em agosto deste ano o Ministério Público Estadual já havia recomendado a decretação de calamidade pública por conta da falta de água.

O desespero com a falta de água levou os moradores a quebrarem a laje de um córrego canalizado no terreno de uma fábrica desativada para se abastecer. A água é retirada com baldes por um buraco aberto no cimento é usada para banho e lavagem de roupa.

O canal foi reaberto na altura do bairro Jardim Padre Bento, mas os principais usuários são moradores da Vila Ianni, que já ficaram dez dias sem nenhum abastecimento. 
De acordo com os usuários que chegam a fazer filas com baldes para carregar a água, ela tem aparência limpa, mas não é usada para beber.

Caminhões pipas estão sendo usados no pouco abastecimento que há na cidade. Segundo moradores em alguns casos, os veículos precisam ser escoltados para evitar tumulto.

Residente do Jardim Novo Mundo, no distrito de Pirapitingui, Mariano Machado afirmou ao portal R7 que recentemente trabalhou em uma empresa que prestava serviços para a concessionária e confirmou que já presenciou pessoas tentando cercar o veículo. “Avançam, porque tem gente doente na casa, tem gente de cama, que necessita tomar um banho e não tem água”, disse.

O desserviço de Alckmin com a população é tanto que as escolas na região de Itu não estão conseguindo manter suas atividades. O Centro Madre Teodora e a Escola Estadual Professor Antonio Berreta tiveram suas aulas suspensas nesta semana pela falta de água.

Na semana passada, a concessionária responsável pelo abastecimento, Águas de Itu, divulgou uma nota informando que os reservatórios da cidade estavam com menos de 2% de água e a situação segue sem solução e a população sem água.

A crise da água causada pela falta de investimentos em novos reservatórios no estado não tem ainda uma previsão para o fim. As cidades da região metropolitana também sofrem com o racionamento e observam, dia após dia, as reservas do Sistema Cantareira (que abastece mais de 6 milhões de pessoas) se encerrarem.

Nesta semana, as reservas do chamado “volume morto”, acabaram, restando apenas 8% do total do Sistema para o conjunto da população. Segundo a Sabesp, considerando a drenagem de água de um novo volume morto, haverá garantia de abastecimento até março. Caso não venham as chuvas, o que resta é rezar.

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