Passado o período eleitoral, presidente da Sabesp admite falta de água em São Paulo

Após garantida a reeleição do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a presidente da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Dilma Pena, admitiu nesta segunda-feira (8) a “falta de água” na cidade durante seu depoimento para a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara Municipal de São Paulo que investiga queixas de falta de água na capital paulista.

“Não existe racionamento. Existe, sim, falta de água pontual em áreas muito altas, muito longe dos reservatórios setoriais que distribuem água e em residências que moram muitas pessoas que têm reservação muito pequena. Nessas situações sim, tem falta de água”, declarou a presidente da Sabesp. Segundo Dilma, ela não participou das reuniões da CPI durante o período eleitoral por motivos de doença.

Para tentar driblar a realidade, utilizou conceitos técnicos na tentativa de explicar porque o que todo mundo vê como racionamento, para ela não seria. “O racionamento é efetivo quando se despressuriza 100% das redes da cidade, com uma área da cidade ficando sem água efetivamente. Isso não acontece no Estado de São Paulo. Toda a área atendida pela Sabesp está com as redes pressurizadas”, disse.

Dilma já havia sido convocada duas vezes para prestar esclarecimentos sobre a interrupção no abastecimento recorrente na cidade mesmo o governo tucano alegando não haver racionamento.

Dilma foi primeiramente no dia 17 de setembro convidada a prestar esclarecimentos à CPI e não compareceu alegando “questões pessoais”. Depois disso, no dia 24 de setembro ela foi intimada a comparecer e também não foi à reunião. Para justificativa Pena enviou ofício à CPI alegando ter sido submetida a um procedimento cirúrgico na laringe e ficaria de licença médica até 5 de outubro, coincidentemente o dia da eleição.

Assim como o governador tucano, a presidente da Sabesp tentou colocar a culpa da crise que levou 31 municípios a decretarem racionamento de água, na chuva. “É um evento extremo, sem precedentes na história das medições meteorológicas”, classificou.

Segundo os ministérios públicos Federal e de São Paulo a Sabesp sabia com antecedência da vulnerabilidade do sistema. “Em divulgação na Bolsa de Nova Iorque, onde tem ações, a Sabesp alertou para o risco do Cantareira”, afirmou o promotor Rodrigues Sanches Garcia, do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) de Campinas.

Pela falta de transparecia na condução da crise e de medidas para conte-la, os dois órgãos públicos propuseram uma ação civil contra os gestores do Sistema Cantareira. Os procuradores informaram que os documentos comprobatórios do alerta dado pela Sabesp a Bolsa de Nova Iorque estão no inquérito civil.

 

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