Robin Hood da água desvia carro pipa para matar a sede da periferia

Os moradores do Jardim Novo Pantanal, na zona sul da capital paulista, que estavam sem água nem mesmo para beber há seis dias, contaram com o apoio de Fabio Roberto dos Santos, trabalhador de uma empresa de carros-pipa, que desviou um dos caminhões para o bairro, na tentativa de matar a sede dos vizinhos.

Mesmo correndo o risco de ser demitido, o motorista, que é morador do bairro, levou o caminhão para distribuir 16 mil litros de água mineral aos seus vizinhos.

A princípio Anderson Herrmann Hudson, dono da empresa, pensou em demitir o funcionário, mas após Fabio explicar a atitude desesperada para garantir água a sua vizinhança, Hudson mudou de ideia e disse que vai reembolsar o funcionário.

“Minha empresa tem que servir à comunidade. E não vejo melhor maneira que essa, de levar água a quem precisa, em meio a essa crise que estamos vivendo”, disse.
A falta de água se generalizou pela cidade e a blindagem feita durante a campanha eleitoral que reelegeu Geraldo Alckmin governador não mais se sustenta.

As queixas de falta d’água se espalham por todas as regiões de São Paulo. Moradores de da Aclimação, Cambuci, Consolação, Vila Mariana, Mirandópolis, Ipiranga, Pacaembu, Limão, Brasilandia, Vila Nova Cachoeirinha, Cidade Tiradentes, Jardim Eliana, Jardim Romano, Vila Guarani, Jardim Ângela, Lapa, Perdizes, Pompéia, dentre outros bairros tem ficado com as torneiras vazias. Em alguns durante as noites (20h às 6h) e outros por dias como o Jardim Novo Pantanal, Lapa e quase toda a zona norte da cidade.

Na Lapa ironizam o discurso da Sabesp que imperou até agora. “Minha caixa-d’água parou de encher. Mas eles não fazem racionamento, né? Administram a água”, diz a consultora Maria Forni que passou o fim de semana sem água.

No Jardim Eliana, no Grajaú, zona sul, o músico Leandro Bastos de Andrade conta que “depois da meia-noite tem faltado água todos os dias”. Depois das 20h só sai ar das torneiras”, ironizou o sociólogo Gérson Brandão Júnior, morador do Jardim Romano, Zona Leste.

As queixas de falta d’água, antes frequentes entre moradores e comerciantes de bairros localizados em pontos mais altos e ou periféricos da capital paulista, se espalham e agora atingem residências por toda a cidade. A crise hídrica está afetando até o Parque do Ibirapuera, na Zona Sul, que ficou sem água nos bebedouros e banheiros no final de semana.

O nível do Sistema Cantareira, responsável por abastecer 6,5 milhões na Grande São Paulo e em parte do interior apresentou mais uma queda passando de 4,5% terça-feira para 4,3% quarta-feira, registrando a pior marca de sua história. No mesmo período no ano passado o reservatório funcionava com 38,3 %de sua capacidade.

A presidente da Sabesp, Dilma Pena, admitiu na segunda-feira (15) em depoimento na CPI que investiga o contrato entre a Sabesp e a prefeitura de São Paulo, na Câmara Municipal que São Paulo passa “por uma grave crise” e que se a situação permanecer como está a água pode acabar em meados de novembro. Mesmo com diversos relatos a Sabesp afirma que apenas de 1% a 2% da população tem sofrido interrupções de abastecimentos.

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