Abertura da mostra “Mosfilm – 90 anos” reúne centenas de espectadores na Cinemateca
Foi aberta na última quinta-feira (13) com o filme “Tigre Branco” a mostra de cinema russo “Mosfilm – 90 anos” na Cinemateca Brasileira. Com curadoria do Centro Popular de Cultura da UMES, estão sendo exibidos 10 filmes representativos de diversos períodos do cinema soviético e pós-soviético (ver programação completa abaixo). Conforme informa o CPC-UMES, dos 10 filmes selecionados nenhum foi exibido em cinema ou TV, no Brasil, e só dois podem ser encontrados em DVD.
A abertura da mostra contou com a presença de Igor Bogdasarov que é vice-diretor geral do Mosfilm. Bogdasarov afirmou sua satisfação em realizar uma mostra que apresenta o cinema e a história de seu país aos brasileiros.
“Queria agradecer aos organizadores por permitirem este momento e pela lista de filmes que eles escolheram que é uma lista muito representativa de filmes russos e soviéticos, capaz de traçar um belo retrato das diferentes épocas do cinema soviético e russo e apresenta alguns dos mais destacados diretores de cinema. São sem dúvida, grandes obras de arte e que mostram a realidade que se vive e se vivia ao longo destes quase cem anos de história”, afirmou.
“Enfim, estou muito feliz de estar aqui não apenas como diretor do Mosfilm, mas também como cidadão russo e de saber que vocês vão poder compartilhar conosco essa nossa história e nossa cultura. Eu tenho a certeza de que este evento não será o único, mas o início de várias mostras e exibições que vão acontecer daqui em diante”.
Gabriel Alves, que é presidente do CPC-UMES explicou ao público presente a importância da iniciativa e da parceria entre a entidade a Mosfilm que foi o que possibilitou a mostra.
“São filmes de altíssima qualidade e que no entanto nunca chegaram até as telas do Brasil. Não chegaram à exibição talvez por apresentarem uma importante atualidade, uma importante diversidade, pelas mensagens importantes que trazem e pelo seu conteúdo. Na área do cinema o monopólio que se tornou a produção norte-americana estrangula e dificulta o acesso à produção de todo os países, pois não interessa ao monopólio ceder qualquer espaço às demais produções. Foi neste sentido que o CPC da Umes estabeleceu uma parceria com a Mosfilm e que vai significar o lançamento de 18 filmes aqui no Brasil, através de DVDs que serão produzidos, dos quais cinco já estão à venda”, ressaltou o presidente do CPC-UMES.
O Mosfilm, criado em 1924, abriga um acervo de mais de 2.500 filmes de diretores que ajudaram a criar a história do cinema mundial. Atualmente ainda é o maior estúdio da Rússia e um dos maiores da Europa.
Ainda dá tempo de assistir alguns filmes da mostra, que vai até próxima quarta-feira (19). O próprio Tigre Branco, exibido na estreia, será reapresentado no último dia. Tigre Branco retrata os dias finais da 2ª Guerra Mundial e a resistência soviética ao nazismo de forma surpreendente, unindo filosofia e mistério. O filme foi o representante da Rússia ao Oscar de melhor filme estrangeiro, no ano passado, e rendeu ao diretor Karen Shakhnazarov o prêmio de Melhor Diretor no IX Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre, também em 2013.
Notas sobre o "Tigre Branco"
Extratos do artigo de Elena Zhuk e Halina Zhuk, publicado em Rússia Profile, edição de 20/06/2012
Shakhnazarov disse na estreia de "Tigre Branco" no Cinema Oktyabr, que havia dedicado o filme a seu pai, que ingressou no exército, quando ele tinha 18 anos, bem como para os milhões de seus irmãos de armas.
O personagem principal, condutor de tanque Ivan Naidenov, interpretado por Alexei Vertkov, tem o corpo todo queimado em uma batalha. Como por milagre, suas queimaduras se curam rapidamente e o herói, que perdeu a memória, revela novas habilidades, como a de conversar com tanques que lhe contam suas histórias e pedem ajuda contra o Tigre Branco.
O Tigre Branco é uma encarnação mística da convicção dos nazistas na legitimidade de suas ações. Nos momentos mais inesperados, ele surge no campo de batalha para destroçar os tanques soviéticos com precisão sobre-humana.
O diretor compara a luta entre o homem e a máquina com o confronto entre o homem e a baleia de Herman Melville em Moby Dick.
Há uma óbvia referência à "besta loira" de Nietzsche["na base de todas as raças aristocráticas existe o animal de rapina"], quando o Tigre Branco surge na tela, acompanhado pela música de Richard Wagner.
No monólogo final, escrito pelos roteiristas, Shakhnazarov, Boyashov e Borodyansky, com base em fragmentos dos discursos do Führer, Hitler disserta sobre a inevitabilidade da guerra e argumenta que a Alemanha comprometeu-se apenas com algo que o resto da Europa há muito ardia de desejo para realizar.
Confira o trailer do longa:
Serviço:
Cinemateca Brasileira
Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino
(11) 3512-6111
contato@cinemateca.org.br
Programação da Mostra
Quinta-feira – 13 de novembro
20h – Tigre Branco
Direção: Karen Shakhnazarov (2012). Shakhnazarov mescla filosofia e mistério nesta batalha entre o tanquista Naydenov e um "tanque fantasma" alemão, nos dias finais da 2ª. Guerra Mundial. Recebeu indicação para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Sexta-feira – 14 de novembro
17h – A Linha Geral
Direção: Sergei Eisenstein (1929). O mais aclamado dos cineastas soviéticos toma como pano de fundo a coletivização da agricultura para contar como a chegada de uma desnatadeira e um trator podem modificar antigos e tradicionais padrões de pensamento.
19h30 – Lenin em Outubro
Direção: Mikhail Romm (1938). Dez anos depois do "Outubro", de Eisenstein, onde o protagonista são as massas trabalhadoras, Romm aceita o desafio de individualizar e dar vida à figura de Lenin.
21h30 – Às Seis da Tarde Depois da Guerra
Direção: Ivan Pyriev (1944). Musical sobre a saga de dois amantes que, separados pela guerra, prometem reencontrar-se no Dia da Vitória. De 1929 a 1969, Pyriev dirigiu 18 filmes, entre os quais "Cartão do Partido" (1936), "Tratoristas" (1939), "Cossacos de Kuban" (1949).
Sábado – 15 de novembro
16h – Primavera
Direção: Griori Aleksandrov (1947). Quarta comédia musical estrelada por Liubov Orlova sob a direção de Aleksandrov, cineasta que assina com Eisenstein os roteiros de "A Greve" (1925), "Outubro" (1928), "Linha Geral" (1929), "Que Viva México" (1932). A história se passa nos primeiros anos da reconstrução da URSS, após a 2a. Guerra Mundial.
18h – O Retorno de Vasili Bortnikov
Direção: Vselvolod Pudovkin (1952). Dado como desaparecido na guerra, Vasili Bortnikov regressa ao lar e encontra a mulher casada com outro. Último filme do lendário diretor dos clássicos "Mãe" (1926) e "Tempestade Sobre a Ásia" (1928).
20h – O Fascismo de Todos os Dias
Direção: Mikhail Romm (1965). Narrado pelo próprio diretor, que pôs a alma nesse projeto repleto de inovações formais, "Fascismo de Todos os Dias" é, ainda hoje, considerado por muitos como o mais profundo, completo e impactante documentário produzido sobre o tema.
Domingo – 16 de novembro
16h – As 12 Cadeiras
Direção: Leonid Gaidai (1971). Na Rússia Soviética, ex-aristocrata procura os diamantes escondidos pela sogra – baseado no romance de Ilia Ilf e Evgueni Petrov. Campeãs de bilheteria, as comédias de Gaidai venderam mais de 600 milhões de ingressos na URSS.
19h – Sonhos
Direção: Karen Shakhnazarov/Aleksandr Borodyansky (1993). No final do século 19, a condessa Prizorovu é atormentada por picantes sonhos nos quais se vê transportada à Rússia pós-soviética. Ácida reflexão de Shakhnazarov sobre o rumo tomado pela restauração capitalista.
Segunda-feira – 17 de novembro
19h – A Mãe
Direção: Gleb Panfilov (1989). Egresso do VGIK, onde também se formaram Klimov, Tarkovsky, Chukhrai e outros expoentes da sua geração, Panfilov realiza, após Pudovkin (1926), Leonid Liukov (1941) e Mark Donskói (1956), a quarta filmagem do célebre romance de Maxim Gorki.
Terça-feira – 18 de novembro
19h – Reprise: Sonhos
21h – Reprise: O Fascismo de Todos os Dias
Quarta-feira – 19 de novembro
19h – Reprise: Tigre Branco
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