Descaso do governo obriga Etec Tiquatira a fazer mobilizações para garantir manutenção

Acima festa temática anos 70 e mutirão de limpeza

 

Ausência do governo estadual faz com que Etec Tiquatira, na Penha, recorra a festas, mutirões e doações para reparar e melhorar a estrutura da escola estadual

 

A iniciativa de envolver os estudantes e toda a comunidade da escola na manutenção e aperfeiçoamento da estrutura se deu através do diretor Wilson Neres de Andrade (52), artista plástico de formação e diretor desde 2010, que recebe apenas R$ 4.800,00 mensais para a manutenção e investimentos na escola. Os mutirões para reparar a estrutura, as festas e doações, foram organizados porque Wilson segue “à risca a teoria do vidro quebrado, que diz que se há algo danificado em um espaço a tendência é de depredação, enquanto o que está preservado será mantido”.

 

Wilson afirma que a estrutura da escola “nem parece de escola pública” devido aos mutirões de manutenção. Sua sala fica ao fim de um corredor cheio de telas a óleo, sobre uma parede vermelha pintada por ele mesmo. Antes da “pequena revolução”, como o diretor gosta de chamar, os alunos não queriam assistir as aulas, e tão pouco havia transporte público.

 

Hoje a escola está com 1.200 estudantes, entre o ensino médio de período integral e os cursos técnicos (química, modelagem e comunicação visual), e a Etec Tiquatira está entre as 15 melhores escolas técnicas públicas da capital.

 

Todas as salas possuem um kit com vassoura, pá e produtos de limpeza, pois os repasses do governo do estado não garantem o mínimo para a contratação do serviço de limpeza. Quando se trata de manutenção a escola convoca pais e alunos para mutirões aos finais de semana, o que acabou com as pichações, e outras depredações.

 

O diretor explica que com o passar do tempo, com a melhoria das condições físicas da escola, a frequência, notas e o engajamento dos alunos melhoraram.

 

A escola também não tem merenda, e as refeições dos estudantes, muitos dos quais permanecem na escola em período integral, tem custo de R$8,00 e são vendidas por um prestador de serviços terceirizado já que a escola não tem funcionários e nem recursos para este tipo de contratação.

 

As festas para arrecadar recursos ocorrem esporadicamente aos finais de semana e costumam arrecadar o mesmo montante que a escola recebe do governo do estado.

O diretor explica que para manter os laboratórios em funcionamento foi preciso recorrer as doações, batendo de porta em porta de empresas, como a Ambev, por exemplo, que forneceu parte dos vidros que o próprio Wilson precisou ir retirar com o seu carro. A compra desse tipo de material é feita uma vez por ano, via de licitação, o que deixaria o laboratório fechado a maior parte do ano letivo. A iniciativa do diretor rendeu um selo de qualidade do CRQ (Conselho Regional de Química), inédito entre escolas públicas de São Paulo.

 

Este ano a Etec Tiquatira apresentou média no ENEM de 577, enquanto as demais escolas da rede pública apresentaram média de 542, enquanto a rede privada apresentou média de 594. “Mas os melhores resultados virão daqui a uns anos, quando as turmas já tiverem iniciado na escola que temos hoje”, afirma Wilson.

 

Para ele os baixos salários dos professores da rede pública também prejudicam o desenvolvimento da educação. Ele explica que 10% do corpo docente da escola foi trabalhar na rede privada em busca de melhores salários, já que recebem apenas R$ 17,15 por hora. “Gostaria de ter autonomia para dar aumento para os melhores docentes”.

 

Conheça a Etec Tiquatira aqui!

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