Apresentação de Maculelê na UMES

 

Venha assistir ao batizado das turmas do professor Pavio (UMES) e do professor Royal (Grupo Geração Capoeira), no próximo domingo (28), na sede da UMES na rua Rui Barbosa, 323, Bixiga. Além das rodas, haverá palestra sobre história da capoeira e apresentações de Maculelê e Samba de Roda

 

Maculelê

 

O Maculelê é uma luta armada e uma dança ao mesmo tempo, com origem afro-brasileira e indígena. Remonta a época das senzalas durante as visitas do feitor, que ao chegar pensava se tratar de um ritual de adoração aos deuses africanos, já que não compreendia as canções.

 

Simula uma luta tribal usando como armas duas grimas (bastões), que os participantes utilizam para desferir golpes no ritmo da música. Há casos que se utilizam facões no lugar dos bastões, o que confere um maior grau de dificuldade e um efeito visual muito belo devido às faíscas.

 

O mestre Popó do Maculelê foi um dos principais responsáveis pela sua divulgação. Ele aprendeu Maculelê com um grupo de pretos velhos, ex-escravos Malês, então livres. Eles se reuniam durante as noites para praticar. Popó organizou o grupo “Conjunto de Maculelê de Santo Amaro da Purificação” com seus filhos, netos e demais habitantes da Rua da Linha, em Santo Amaro na Bahia. A tradição do Maculelê ainda é passada de geração em geração em algumas comunidades quilombolas.

 

Em uma das lendas que explica a origem do Maculelê conta-se a história de um negro fugido de um senhor de terras. Muito doente foi acolhido por uma tribo indígena, que cuidou e o tratou. Maculelê encontrava-se em recuperação e foi deixado sozinho na aldeia, junto a crianças, mulheres e idosos, enquanto os homens foram caçar. Eis que uma tribo rival aparece para dominar a região. Maculelê armado apenas com dois bastões venceu heroicamente os índios invasores, se tornando um herói para a tribo.

 

A música no Maculelê é composta por percussão e canto, sendo o atabaque o seu principal instrumento. São utilizados três atabaques, o Rum (atabaque maior com som grave), o Rumpi (atabaque de tamanho médio com som intermediário), e o Lê (atabaque pequeno com som mais agudo). O Rum e o Rumpi compõem a base do toque com pouco improviso, enquanto ao Lê cabe os repiques de improviso. A organização dos atabaques do Maculelê é próxima a organização dos berimbaus na capoeira de Angola, onde o Gunga ou Berra-Boi é o berimbau mais grave, o Médio é o berimbau de afinação, e o Viola é o berimbau mais agudo. Na mesma lógica os dois primeiros são responsáveis pela base do toque, embora desta vez o segundo, o berimbau Médio também disputa o improviso, desafiando o Viola, responsável apenas pela improvisação.

 

A indumentária é simples, geralmente utilizam camisas e calças de algodão cru com os pés descalços. A pintura cobre as partes desnudas do corpo de preto, com destaque para a pintura vermelha na boca. Alguns cobrem as cabeças com farinha de trigo, utilizam touca na cabeça e lenços no pescoço. Muitas apresentações preferem saias de sisal a calça de algodão, e utilizam pintura indígena.

 

De acordo com o Mestre Popó, o Maculelê possui poucos cânticos, alguns tem origem no Candomblé de Caboclo. “Tumba é cabôco/ Tumba lá e cá/ Tumba é guerreiro/ Tumba lá e cá/ Ah! Eu sou cobra do morro/ Sou cabôco Mineiro/ Tumba lá e cá”. As músicas também possuem funções especiais como: para sair à rua; permissão para entrar em uma casa; homenagem; agradecimento; louvação aos ancestrais; ou pedir dinheiro. “Nos somos pretos da Cabinda de Aruanda/ A Conceição viemos louvar/ Aranda ê, ê, ê/ Aranda ê, ê, á” (música de louvação aos pretos de Cabindas ou Louvor a Nossa senhora da Conceição).

 

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