Estudantes do Saraiva dizem não a desestruturação

Estudantes na marginal Pinheiros contra a desestruturação

 

Na última sexta (30) entrevistamos Paulo Vinícius (13), estudante da 7° serie do fundamental II e presidente do grêmio da Escola Estadual Maria Augusta Saraiva. O seu colégio será mais um entre centenas de escolas que perderão o fundamental II devido a desestruturação.

 

Na entrevista é possível perceber como essa desorganização proposta pelo governador Geraldo Alckmin pode interferir de forma a prejudicar a vida de centenas de milhares de crianças e adolescentes, tudo pelo desejo do governo do Estado de seguir sucateando a educação para economizar as custas da juventude.

 

A entrevista foi feita durante uma plenária da UMES responsável pela organização da manifestação do dia 6 de novembro, às 8 horas no MASP.

 

 

UMES: Paulo, com a desestruturação de Alckmin a sua escola encerrará as matrículas para o fundamental II, assim como vai transferir todos os alunos desse ciclo para outras escolas. O que os estudantes têm feito a esse respeito?

 

Paulo Vinícius: Até agora não tínhamos muita informação, porque a nossa diretora não falou nada. Ficamos sabendo dessas mudanças pelo jornal, e depois pelo presidente do grêmio da escola Caetano de Campos (Lucas Penteado). Aí começamos a nos organizar para a manifestação do dia 6 de novembro com a UMES. E por enquanto ainda estamos bastante desunidos. Os estudantes da 8° (os mais experientes), por exemplo, não estão se mobilizando porque já iriam ser transferidos. Como a escola Caetano de Campos da Consolação vai ter ensino médio, eles estão achando que vão ser transferidos para lá. Eles não estão percebendo a gravidade da situação. Q quem mais está se mobilizando contra essa situação são os estudantes do ciclo II, da 6° e 7° séries. Porque na 8° série eles não estão fazendo nada.

 

UMES: Mas qual foi a explicação da diretoria para o fim do ciclo II na escola?

 

Paulo Vinícius: Eles não falaram nada. Só avisaram que ano quem vem não vamos mais estudar na escola.

 

UMES: Se não fossem essas mudanças você concluiria a 8° série no Saraiva?

 

Paulo Vinícius: Sim. Se não fossem essas mudanças eu concluiria o fundamental lá. E eu gostaria muito de não ser transferido para me formar no Saraiva.

 

UMES: O que o conjunto dos estudantes da sua escola estão achando dessa transferência repentina. O que eles estão achando dessa transferência para outras escolas?

 

Paulo Vinícius: Estão achando ruim. A maioria está lá desde a primeira série. Tem toda uma história com a escola, e não querem sair assim. E é meio difícil, porque muitos estudantes que moram lá perto da escola vão ser transferidos para escolas mais distantes, lá na Rua Frei Caneca. É muito longe. Tem alunos que moram do lado da escola e vão ter que mudar. Não vai ser legal.

 

UMES: Como vai ser a Manifestação do dia 6, o Saraiva vai mobilizar muitos alunos?

 

Paulo Vinícius: Vamos tentar. Ainda não organizamos nenhuma manifestação. E eu falei hoje com o Kauê (presidente da UMES), ele vai nos ajudar. E nós vamos entregar os panfletos da manifestação contra a desestruturação na escola, vamos colar os cartazes e vamos conscientizar a galera. Vamos passar nas salas chamando e provando para eles que essa mudança não vai dar certo. Porque estamos em uma democracia. Como ninguém pergunta nada pra gente? Se queríamos ou não essa mudança.

 

UMES: E os pais dos alunos o que estão achando. O que os seus pais estão achando?

 

Paulo Vinícius: Minha mãe não gostou. Ela até tentou ir à minha escola falar com a direção, mas a diretora não quis recebê-la, não deu nenhuma informação, nada.

 

UMES: A diretoria da escola não quer receber sua mãe?

 

Paulo Vinícius: É. Ela não quer receber ninguém. Meus pais já tentaram ir lá, ela não recebeu. Não da informação. E minha mãe está vendo, porque ela quer entender o que está acontecendo, ela está preocupada e quer ajudar a resolver isso. Ela disse que se precisar ela ajuda a conscientizar e que até vai na manifestação.

 

A maioria dos pais não estão gostando. A maioria dos pais já estudaram lá, e agora os filhos estudam lá. E eles não querem essas mudanças. Estudar no Saraiva é tipo uma tradição. E vai ser ruim pra todo mundo essa desestruturação. Vai ter muito mais salas lotadas. E vai ser ruim para todo mundo essa mudança. E se isso acontecer talvez vamos ser transferidos para a escola Marina Cintra, assim como muitos alunos do centro, e o que vai acontecer é que lá as salas vão ficar ainda mais super lotadas.

 

UMES: os estudantes do fundamental II já foram notificados que vão ser transferidos. Mas vocês já sabem para qual escola?

 

Paulo Vinícius: Primeiro falaram do Marina Cintra, depois falaram que seríamos transferidos para o Celso Leite, e agora estão falando que metade vai pro Marina e metade pro Celso Leite. Mas não temos certeza de nada.

 

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