Estudantes ocupam escola em Diadema contra fim do ensino médio e período noturno
Alunos de 12 salas do Ensino Médio da Escola Estadual Diadema, antigo Cefam, estão desde as 19h desta segunda-feira (09/11) acampados no refeitório e pátio da unidade escolar. A meta do grupo é fazer o governador Geraldo Alckmin (PSDB) recuar sobre a decisão de fechar o Ensino Médio e o período noturno da unidade escolar. Cerca de 20 alunos, além de pais, professores e representantes da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) passaram a noite na escola.
“A princípio, faríamos um acampamento apenas durante o período noturno de aulas, mas os alunos decidiram passar a noite e ficar aqui até que tenhamos uma resposta positiva do governo do Estado”, explicou a estudante Fernanda Freitas, 17 anos, estudante do 2º ano do Ensino Médio. Há barracas, colchonetes, comida e cartazes espalhados pela escola. Para não prejudicar os estudantes que trabalham ou fazem curso durante o dia, os jovens decidiram se revezar. “Cada um fica um período para não prejudicar ninguém”, comentou.
Na manhã desta terça-feira (10/11), mais de 50 alunos estavam no acampamento. Animados, os jovens gritavam palavras de ordem e não se deixavam abater pelas tentativas da direção da escola em retirá-los do local. Conforme os alunos, primeiro a diretora chamou os pais dos estudantes que passaram a noite na escola. “O objetivo dela era que os pais viessem buscar os alunos, mas estávamos preparados e fizemos um Termo de Responsabilidade que foi assinado por pais e alunos que passaram a noite aqui”, esclareceu Fernanda. A diretora também passou a noite na escola.
Como a tentativa de retirar os alunos, através dos pais dos jovens, não funcionou, a direção da escola chamou a polícia. “Na manhã desta terça, havia quatro viaturas aqui que estavam tentando impedir os alunos do noturno de entrar na escola, mas não nos deixamos intimidar. Somos alunos da escola e ninguém pode nos impedir de entrar”, afirmou Fernanda. Diante da argumentação dos jovens, os policiais permitiram a entrada dos alunos. Por volta das 10h30, apenas uma viatura permanecia no local.
PRESOS
Além da polícia, na manhã desta terça, conforme os alunos, a direção da escola estava prendendo os alunos do Ensino Fundamental 1 e 2 nas salas de aula, para que os mesmos não se juntassem à manifestação dos estudantes do Ensino Médio. “Estamos sendo reprimidos em sala de aula. Os professores não deixam ninguém sair”, afirmou um aluno da 8º ano. “Para os alunos não participarem, nem mesmo o intervalo foi permitido a eles. Os funcionários estão subindo a comida para as salas de aula”, relatou Fernanda.
Além dos estudantes, professores e representantes da Apeoesp estão acompanhando o acampamento. “O movimento está muito organizado, os alunos são conscientes do que estão fazendo e estamos aqui apenas para não deixá-los sozinhos. É nosso papel, enquanto entidade, acompanhá-los”, explicou o coordenador da Apeoesp de Diadema, José Reinaldo de Matos Lima.
Conforme Lima, a dirigente regional de ensino no município esteve na escola no período da manhã, mas não falou com os alunos, professores ou representantes da Apeoesp. “Ela apenas saiu dizendo que tomaria as medidas necessárias. Mas o que isso quer dizer, ainda não sabemos”, revelou.
REESTRUTURAÇÃO É ALVO DE CRÍTICAS
Anunciada em setembro pelo governo de Geraldo Alckmin, a “reestruturação” no ensino estadual visa a ampliação das escolas de ciclo único. A separação física dos alunos por ciclo escolar (primeiros anos do Ensino Fundamental, últimos do Ensino Fundamental e Ensino Médio) resultará no fechamento de 94 unidades em todo o Estado, incluindo seis no ABCD. Além disso, mais de 30 escolas da Região poderão perder o ensino noturno como consequência do novo modelo.
A “reestruturação” motivou uma série de atos contrários à medida. A falta de consulta à comunidade acadêmica é uma das principais críticas, já que pais, alunos e professores serão comunicados oficialmente sobre as mudanças somente em encontro marcado para esTe sábado (14/11). A reunião acontecerá em 328 escolas do ABCD.
Fonte: ABCD Maior
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