13 escolas ocupadas contra a reorganização

Manifestação de estudantes da ocupação da escola Fernão Dias

 

Explodiram o número de escolas ocupadas até noite desta sexta (13), onde ao menos 13 escolas foram ocupadas contra o projeto de reorganização do governo do Estado que pretende fechar 94 escolas bem como encerrar o ensino médio ou fundamental em centenas de unidades escolares, entre as remanescentes. “Ocupamos o que nosso!” afirmam, em vídeo publicado no Facebook, os estudantes da Escola Estadual Sílvio Xavier, em Pirituba. “Estamos lutando pelo direito de todos, para que os estudantes não precisem estudar em uma escola superlotada, ou distante de nossas casas”, explica o jovem estudante da escola durante a ocupação.

 

A ocupação foi o último recurso utilizado pelos estudantes contra o fechamento de suas escolas ou contra o fim de alguns dos ciclos (fundamental I, II ou ensino médio), como pretende a reorganização. Ainda no vídeo da escola Sílvio Xavier os estudantes explicam que precisam de apoio da população com os mantimentos (água e alimentos) e também alertam para a importância das vigílias e manifestações da população em apoio as ocupações, de forma a garantir a segurança e ampliar a mobilização. Durante o vídeo os estudantes seguravam cartazes pedindo “todo apoio aos estudantes de São Paulo”, e com a hashtag “#NÃOFECHEAMINHAESCOLA”.

 

Ajude com as vigílias e manifestações de solidariedade em favor das ocupações, ou com mantimentos. Consulte a lista de endereços e necessidades dos estudantes em cada escola!

 

Tropa de choque em frente a escola Fernão Dias

 

As escolas ocupadas até agora são o E.E. Fernão Dias (Pinheiros), E.E. Salvador Allende (Itaquera, zona leste), E.E. Profa. Heloisa Assumpção (Osasco), E.E. Castro Alves (Zona Norte), E.E. Ana Rosa (Vila Sônia), E.E. Antônio Manuel (Jd. São Luis), E.E. Godofredo Furtado (Pinheiros – a confirmar), E.E. Prof Pio Telles Peixoto (Vila Jaguara), E.E Silvio Xavier (Pirutuba), E.E. Comendador Miguel Maluhy (Campo Limpo), E.E. Elizete Oliveira Bertin (Embu das Artes), E.E. Diadema, antigo Cefam (Diadema), E.E. Valdomiro Silveira (Santo Andŕe), E.E. Prof. Oscavo Paulo e Silva (Santo André) e a E.E. Antônio Adib Chammas (Santo André).

 

Em vídeo publicado no Facebook os estudantes da E. E. Ana Rosa de Araújo também deixaram o seu recado. “Nessa sexta-feira 13 de novembro de 2015, nós ocupamos o Ana Rosa contra a reorganização do Estado em relação ao ensino médio e fundamental. Hoje, nós, mais de 200 alunos [presentes na ocupação] estamos nos organizando e colocando todos nossos esforços para unir essa causa, assim como na escola Fernão Dias foi feito”, afirma um dos estudantes no vídeo também publicado no Facebook.

 

“Vamos continuar aqui independente do tempo que for necessário. Agente vai fazer tudo que estiver ao nosso alcance, e até mais, porque não queremos abrir mão de perder as nossas experiências do ensino médio. Tem gente que está aqui desde a 5ª serie do ensino médio, tipo eu. E agente sabe tudo o que já viveu aqui, tudo o que fez parte da nossa vida.”

 

 

Por fim o estudante, que não se identifica, pede o apoio da população para a ocupação de sua escola. “Eu quero que todos que puderem dar suporte para essa escola, façam. Porque é a melhor coisa que você pode fazer. Você vai estar investindo no próprio futuro e educação do seu país”.  Após encerrarem sua mensagem os estudantes cantaram juntos a palavra de ordem “Ana Rosa, escola de luta!”

 

As ocupações tiveram início na segunda-feira, com a ocupação da escola Diadema, na cidade de mesmo nome. Na manhã de terça a escola Fernão Dias foi ocupada na capital. Após está ocupações, já na manhã de quinta o numero de escolas ocupadas subiu para seis. “Se a educação é um direito, ocupar nossas escolas, nesse momento em que o governo quer fecha-las, é um dever”, disse Heudes Cássio Oliveira, do 3° G do ensino médio do Fernão, durante entrevista à UMES. “A ocupação busca dar voz aos estudantes”.

 

Reintegração de posse

 

Na noite desta sexta-feira o juiz Luis Felipe Ferrari Bedendi, da 5ª Vara da Fazenda Pública, suspendeu as ordens de reintegração de posse contra as escolas Fernão Dias e Salvador Allende do governo do Estado de São Paulo, que havia conseguido mandato para a reintegração de posse na Justiça. “As ocupações, realizadas majoritariamente pelos estudantes das próprias escolas, revestem-se de caráter eminentemente protestante. Visa-se, pois, não à inversão da posse, a merecer proteção nesta via da ação possessória, mas sim à oitiva de uma pauta reivindicatória que busca maior participação da comunidade no processo decisório da gestão escolar”, declarou o juiz na sua decisão. “Com isso quero dizer que o cerne desta lide possessória não é a proteção da posse, mas uma questão de política pública, funcionando as ordens de reintegração como a proteção jurisdicional de uma decisão estatal que, em tese, haveria de melhor ser discutida com a população”.

 

Após a decisão que colocou fim a reintegração de posse, a Polícia Militar deixou de cercar a escola e os estudantes tomaram controle das portas do Fernão Dias.

 

Reorganização

 

O projeto de reorganização do governo Geraldo Alckmin foi anunciado no final de setembro, o que já motivou centenas de manifestações por todo o Estado, onde estudantes chegaram a paralisar suas aulas contra a medida. A principio a proposta previa o fechamento de no mínimo 155 escolas, após a pressão dos estudantes e professores Alckmin recuou, retirando de sua lista 61 escolas, em sua maioria as maiores e mais importantes escolas dentre as que pretendia fechar.

 

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