UMES lança “Os Azeredo mais os Benevides” em CD
Elenco da peça e diretoria da UMES reunidos no palco
A UMES, através do CPC-UMES, possui um destacado trabalho musical com vasto repertório que resultou na produção de 133 CD's, que podem ser adquiridos pelo telefone 5081-2106. Conheça um pouco desse nosso repertório musical na Rádio UMES!
Neste sábado (19) a UMES realizou o lançamento do CD “Os Azeredo mais os Benevides”. Trata-se da trilha sonora da peça de Vianinha (Oduvaldo Vianna Filho), que iria inaugurar o teatro da UNE em 1964. Porém com o criminoso incêndio do teatro e sede da UNE, durante a madrugada na qual foi perpetrado o golpe militar de 1º de abril, a peça permaneceu inédita até o ano de 2014, quando o CPC-UMES decidiu, com a direção de João das Neves, produzir e lançar a obra nos palcos da entidade.
“Uma funda amizade/ aqui começou./ Um doutor lá da cidade/ e um camponês, meu amor”, canta Lindaura sobre o início da amizade entre seu marido, o camponês Alvimar e o dono de terras Esperidião. A peça, assim como o CD falam desta amizade que vai se desmontando com o passar dos anos, embora ambos se obstinem na sua preservação. Para João das Neves a obra de Vianinha, assim como a peça “Os Azeredo mais os Benevides”, busca a verdade. “Verdade que, como a impossível aliança de Alvimar e Esperidião é, no fundo: ‘A luta do homem no mundo’”.
Público presente no lançamento
“Hoje é uma noite de confraternização. Essa peça é uma história que começou há 51 anos. Era uma peça que iria inaugurar o teatro da UNE, na famosa Praia do Flamengo, número 132, e na noite de 1º de abril de 1964 os golpistas chegaram lá e tocaram fogo no teatro e na própria sede da UNE”, afirmou Marcus Vinicius, diretor artístico da Gravadora da UMES e responsável pela música da peça, em conjunto com Edu Lobo.
Após a fala de Kauê toda a diretoria foi chamada ao palco sob muitas palmas, enquanto Marcus explicava ao público que o trabalho da diretoria da UMES e dos secundaristas da cidade de São Paulo é responsável pelo financiamento de todo o trabalho cultural da entidade. “Estes são nossos patrões”, disse se referindo aos diretores presentes, “são eles os responsáveis por esse belíssimo trabalho cultural”.
Diretoria da UMES recebe homenagem de Marcus Vinicius
Logo em seguida foram chamados ao palco o elenco da peça, e Marcus prosseguiu explicando um pouco mais sobre a história e a importância desta obra de Vianinha. “A peça ‘Os Azeredo Mais os Benevides’, que estava sendo ensaiada, e tinha no elenco Nelson Xavier, que era o diretor, mas tinha o João das Neves, permaneceu 50 anos inédita em palcos profissionais, chegou a ser ensaiada em algumas grandes escolas, era quase um grande exercício, mas chegar aos palcos profissionais a peça não chegou. E o CPC da UMES topou esse desafio e chamou uma pessoa, o João da Neves. E o João disse: ‘vamos fazer!’. Topou a briga com a gente”.
Sobre a música da peça Marcus contou que “o Edu Lobo, que na época [1964] tinha 21 anos, estava fazendo a música. É claro que ele fez uma música, que era ‘Chegança’, e pelo que sabemos não chegou a compor nenhum outro tema. Aí o João disse: ‘será que o Edu não fez’. E eu disse: ‘eu acho que não. Mas vamos lá falar com o Edu’. Acho que o Edu nem lembrava. Então o João me convidou e eu concordei. Aí disse ao João, que é um grande trabalhador da cultura, um grande batalhador da cultura: ‘olha eu vou fazer, vou complementar esse trabalho, mas é uma responsabilidade danada’, história contada minuciosamente no encarte do CD”.
“E tudo isso devido a uma ‘censura de 50 anos em cima do povo brasileiro, da história do povo brasileiro. Botar essa peça em cena e ter esse disco é também uma coisa importante por que a memória do teatro brasileiro é uma coisa muito tênue. Se achar texto é uma dificuldade imagine achar música. Então esse CD a gente buscou fazer situando historicamente a peça, fazer um apanhado, buscar os antecedentes históricos do que foi aquilo tudo. É um projeto que eu espero conseguir fazer com outras peças. Alias é um projeto antigo que eu tenho fazer uma serie chamada “A música do teatro brasileiro”. Que é uma muito difícil encontrar. Eu até já andei tentando. Tem uma ou outra coisa que a gente encontra, e essas fontes são cada vez mais raras”.
Elenco e Marcus Vinicius comentam sobre o lançamento do CD
Em seguida Marcus deu a palavra ao elenco. A primeira a falar foi Graça Berman, que interpretou a mãe de Esperidião. Ela agradeceu a UMES por participar de todo o processo e resgatou sua ligação com a entidade graças a Denoy de Oliveira. “Fiquei muito feliz de participar deste processo, obrigada a UMES. Quando conheci a entidade eu já era amiga do Denoy de Oliveira. Ele era nosso amigo e nosso companheiro”. (Denoy era cineasta e foi um dos responsáveis pela organização do trabalho de cultura da UMES, consolidado através do CPC-UMES. Ele em conjunto o próprio Vianinha, João das Neves e outros artistas de destaque, integrava o CPC da UNE. Hoje em sua homenagem o teatro da UMES se chama “Cine-Teatro Denoy de Oliveira”.)
Graça falou um pouco de sua relação com Denoy, e após denunciar o completo descaso governamental com a cultura popular e sua distribuição, problema crônico que cria um bloqueio entre o público e a produção nacional, lembrou um pouco como se integrou ao elenco da peça. “Quando abriu o teste para vir para cá, no teatro Denoy de Oliveira, vim, fiz o teste e passei. Eu fiquei muito feliz! Sei que foi um investimento caro, um investimento difícil da UMES, mas valeu a pena e vocês estão de parabéns”. Sobre as músicas ela disse brincando que “pouco cantava na peça, porque eu era burguesa e burguesa não canta, quem canta é o povo”. Ao abordar a dificuldade de registro das músicas no teatro ela afirmou que “ter um CD gravado imediatamente após a realização da peça é ótimo”, ponderando também que com o passar do tempo as partituras se perdem, assim como as próprias músicas. Por fim parabenizou a UMES e o Marcus Vinicius pelo lançamento do CD.
Marcus Vinicius autografa CDs durante coquetel
Estavam presentes diversos membros do elenco e corpo técnico da peça, que contaram sua experiência e agradeceram a UMES por empreender esse trabalho tão importante para o teatro e a cultura brasileira. Após a fala de todos teve inicio o coquetel, que contou com champanhe, refrigerante e alguns quitutes, enquanto Marcus Vinicius e os demais membros do elenco autografavam os CDs, vendidos a R$ 30,00.
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