A ‘maquiagem’ de Alckmin
Quando o governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu suspender a chamada “reorganização do ensino público estadual”, que previa o fechamento de 93 escolas pelo Estado, a sociedade respirou aliviada porque uma medida perigosa tinha sido retirada do palco político e também porque terminava um conflito que envolveu jovens e pais de alunos, determinados a evitar que escolas fossem fechadas, além de policiais, que distribuíam cacetadas e bombas a todos que se aventurassem a sair às ruas onde os protestos aconteciam. A impressão que se tinha é que tinha prevalecido o bom senso, tanto de um lado como de outro.
Mas foi só impressão, porque o que se verificou quando as aulas começaram agora, em 2016, que centenas e centenas de salas de aulas tinham sido fechadas. O governador deixou de fechar escolas, medida altamente impopular, e tinha determinado o seu recuo, para fechar salas, uma atitude muito mais complexa de ser percebida. Esse deve ter sido o raciocínio político do governador tucano.
Agora, é possível contabilizar a chamada “reorganização maquiada” feita por Geraldo Alckmin neste começo de ano. A Apeoesp, o sindicato dos professores da rede estadual de ensino, já contabilizou 1.160 salas que não vão mais funcionar este ano, sendo pelo menos 200 delas no ABCD.
Em plena segunda década do século 21 é inadmissível que o governador Geraldo Alckmin ignore que toda a sociedade tenha acompanhado seu compromisso firmado diante das câmeras de TV e divulgado amplamente pela imprensa. Não é possível que o governador tenha recorrido a uma maquiagem de sua proposta inicial que mantém a punição a milhares de estudantes, principalmente os jovens pobres da periferia, que perdem suas salas de aula e têm de procurar locais mais distantes para completar seus estudos. Ao invés de recorrer à “maquiagem”, Alckmin deveria, sim, melhorar a qualidade do ensino público, coisa que está difícil de acontecer.
Fonte: ABCD Maior (retirado do site da APEOESP)
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