UMES mobiliza estudantes contra juros altos do governo federal
Foto: Leonardo Varela
Para Kauê é hora da juventude ocupar as ruas contra a política de juros altos e a recessão
Estudantes e trabalhadores realizaram na manhã de ontem (1) um grande ato unitário contra os juros altos do governo Dilma que apenas em janeiro de 2016 transferiu R$ 56,2 bilhões via juros aos bancos e rentistas (principalmente estrangeiros), o equivalente a 11,25% do PIB no período. Em 2015 foram mais de R$ 501,7 bilhões (8,46% do Produto Interno Bruto – PIB), o que resultou em recessão, explosão das contas públicas, milhões de desempregados e cortes bilionários na educação, saúde, direitos trabalhistas.
Para o presidente da UMES, Marcos Kauê, “é preciso engrossar a nossa mobilização contra essa política. É um absurdo o governo transferir tanto dinheiro aos bancos enquanto o país está em recessão. Foram 502 bilhões em 2015, e isso custou muito para a juventude que é quem mais sofre com essa política. Só na educação foram 11 bilhões a menos em 2015. Enquanto isso o governo diz que corta da educação, da saúde e dos trabalhadores, do povo brasileiro, porque estamos em crise. Isso é mentira. Essa crise é uma mentira, para resolve-la basta parar de fazer cortes nos direitos do povo para dar aos bancos. Se o governo pegar esse dinheiro e investir em educação e saúde, se investir no crescimento do país, na nossa indústria, isso vai gerar emprego e vai fazer o país voltar a crescer”.
O vice-presidente da entidade, Tiago César, ressaltou que essa política de juros altos é um abuso. “O governo faz questão de destinar quase metade no PIB para o pagamento dos juros da dívida pública, dinheiro este que poderia vir para nossa saúde, para construir mais escolas e para, de fato, dar mais estruturas para a nossa educação. Dinheiro esse que poderia ser fundamental para a nação”. Ao fim de seu discurso cantou: “É ou não é, piada de salão. Tem dinheiro pro banqueiro, mas não tem pra educação”.
Já o dirigente sindical e presidente da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), Ubiraci Oliveira (Bira), afirmou que ninguém aguenta mais os juros altos. “São 9 milhões de desempregados. São indústrias fechando, ou indo embora, aumentando o exército de desempregados. Enquanto isso, a dengue, a chikungunya e a zika continuam se espalhando pelo Brasil. Há precariedade na saúde e na educação. Por isso, estamos aqui lutando contra essa taxa de juros”. Em seu Facebook ele denunciou que o governo Dilma está fazendo como FHC, que entregou Vale e mais 121 estatais. “Dilma entregou portos e toda a infraestrutura do país para as multinacionais. Agora quer entregar o pré-sal para a Shell e a Chevron”.
Segundo o vice-presidente da Força Sindical, Miguel Torres, “hoje temos a taxa em 14,25%, sendo a maior do mundo. Há países que estão com taxa negativa para ter investimento na produção, e aqui no Brasil vai-se contra essa lógica”.
“Manter essa taxa surreal é dar continuidade a uma situação que só favorece os grandes bancos, que estão lucrando bilhões à custa do sofrimento da população. Este ato vem sendo construído unitariamente pelas centrais sindicais para combater, pressionar e exigir redução da taxa de juros e abandono, definitivo, dessa política de estagnação da nossa economia, só assim voltaremos a gerar empregos e melhorar a renda da população,” disse Josimar Andrade de Assis, Diretor de Relações Sindicais do Sindicato dos Comerciários de São Paulo e representante da UGT (União Geral dos Trabalhadores).
Enquanto isso o Bradesco divulgou um lucro de R$ 17,2 bilhões em 2015 e o Itaú lucrou no mesmo ano R$ 23,3 bilhões. O resultado constitui o maior lucro bancário da história, porem num momento em que o país vive uma grave recessão, onde os dados do Ministério do Trabalho e IBGE apontam que o país está com mais de 9 milhões de desempregados, destes 3 milhões perderam o emprego em 2015. Há estimativas que falam em 12 milhões de desempregados até o final do ano.
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