PM de Alckmin reprime ato contra o roubo da merenda

 

Estudantes protestaram contra a Máfia da Merenda e a falta de comida nas escolas estaduais paulistas. Foram reprimidos com bombas e balas de borracha

 

Um grupo de estudantes que realizava uma manifestação no centro de São Paulo na tarde desta quarta-feira, dia 6, pedindo a formação de uma CPI para investigar a máfia da merenda, foi reprimido pela Polícia Militar, que fez uso de bombas de gás lacrimogêneo contra os estudantes.

 

Os manifestantes iniciaram a manifestação na praça da República, em frente ao prédio da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, e chegaram a bloquear um trecho da Avenida Ipiranga, depois continuaram pela Avenida São João até a Avenida Rio Branco. Os estudantes afirmam que a manifestação foi pacífica e que no momento mais cheio, havia cerca de cem pessoas no protesto.

 

Na Avenida Rio Branco, a tropa de choque da Polícia Militar encurralou os estudantes com uma barreira, e para interromper o curso da manifestação, arremessaram bombas de gás lacrimogêneo. Ainda segundo os alunos, uma menina desmaiou na confusão e algumas pessoas que participavam do ato ficaram feridas pelos estilhaços das bombas, além de alguns jovens que foram detidos e levados pelos policiais. Após o tumulto, os estudantes se separaram em pequenos grupos, para que não fossem seguidos pela PM, e se reencontraram na Avenida Paulista. O ato chegou a ocupar algumas vias antes que se encerasse na frente do Museu de Arte de São Paulo (MASP).

 

 

Os estudantes, inconformados com a forma que a educação pública vem sendo agredida na gestão do governador tucano, foram às ruas para pedir a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as fraudes de licitações no fornecimento de merenda escolar para as crianças das escolas da rede estadual de 22 cidades do estado.

 

Além de pedir a abertura da CPI, os alunos também protestavam contra a proposta do governador Alckmin, de determinar como será feita a eleição dos grêmios estudantis.

 

Alunos e professores de diversas escolas no estado estão reclamando que diariamente falta comida para os estudantes. Na maioria das vezes, eles entregam bolachas de água e sal com um copo de suco e farelos de bolo, ao invés de arroz, feijão, carne e salada, que é a composição de uma refeição essencial para a nutrição e alimentação dos alunos.

 

 

Sendo assim, um adolescente de 13 anos que demanda aproximadamente 2300 calorias por dia, consome apenas 96 calorias que têm em média três bolachas de água e sal, mais 22 calorias de um copo de 200 ml de suco artificial. Isso corresponde a 5% das necessidades diárias de um jovem, ou seja, bem abaixo do recomendado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

 

Para a nutricionista Camila Leonel Mendes de Abreu, especialista em Adolescência pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), além de não entregar a quantidade mínima de nutrientes recomendada, aqueles que são fornecidos são de baixa qualidade, ou seja, ricos em açúcar.

 

 

O presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES), Marcos Kauê Ferreira, manifesta o descaso do governo com a educação. “Há mais de 20 anos este governo sempre encontra um jeito de renovar a forma de arrancar dinheiro da educação de São Paulo. Esse ano, a gente voltou as aulas e encontramos nossas escolas em uma situação que falta merenda no ambiente escolar. O governo estadual tem coragem de roubar a merenda dos próprios alunos. Ele negligencia tudo que é importante para a educação, inclusive a merenda. Isso é mais uma ação, de quem não investe em educação”. Segundo Kauê, “o governo odeia o diálogo. Ao invés de conversar para saber a opinião dos estudantes, o governo prefere a repressão, batendo, machucando, deixando de conscientizar todos que vivem essa realidade”.

 

OPERAÇÃO ALBA

 

Na semana passada, sete pessoas que foram presas na 2ª fase da Operação Alba, que investiga a máfia da merenda, foram ouvidas pela força-tarefa da Polícia Civil e Ministério Público. De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Ribeirão Preto, as fraudes nas contratações, feitas entre 2013 e 2015, já somam R$ 7 milhões. Um dos presos, o lobista Marcel Julio, filho do ex-deputado Leonel Julio, que presidiu a Assembleia Legislativa de São Paulo e foi cassado em 1976, para se livrar da prisão, fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral de Justiça.

 

Numa conversa inicial, antes de selar as bases da colaboração, em reunião preliminar com procuradores do Ministério Público de São Paulo, Marcel apontou para o deputado Fernando Capez (PSDB), também para um assessor e um ex-assessor do tucano e detalhou um contrato da Secretaria da Educação do governo Alckmin em que teria ocorrido pagamento de propina. O lobista citou o valor de R$ 490 mil que teria sido repartido com aliados de Capez.

 

O tucano Fernando Capez, e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil, na gestão do governo Alckmin, Luiz Roberto dos Santos, conhecido como ‘Moita’, estão entre sendo investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual de São Paulo.

 

Fonte: Ernesto Andrade da Hora do Povo (Fotos: Rovena Rosa/Agência Brasil)

 

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