Estudantes ocupam o Ipiranga contra escândalo da merenda
“Hoje (15) no Ipiranga e em São Paulo todos ficaram sabendo que os estudantes são contra esse governo que rouba merenda e corta da educação”, afirmou Lucas Chen, presidente do grêmio da ETEC Getúlio Vargas e diretor da UMES, durante a manifestação contra o roubo da merenda realizada na região central.
“Estamos aqui para exigir mais investimentos na educação. É inaceitável esse descaso com a escola pública que revela na verdade o tratamento destes políticos com a juventude. Descaso que levou ao roubo da nossa merenda para pagar propina. Um esquema que envolve o ex-chefe de gabinete da Secretaria de Educação de Alckmin [Fernando Padula] ou o atual presidente da Assembleia dos Deputados de São Paulo [Fernando Capez], que foi eleito na chapa de Alckmin”, denunciou Chen.
A manifestação teve início pouco depois das 7 horas da manhã, quando mais de 200 estudantes marcharam da ETEC GV em direção à escola Alexandre Gusmão e realizaram um jogral denunciando o esquema de corrupção envolvendo a merenda, o fechamento de mais de 1.500 salas de aula e também a direção da escola, que impediu a participação dos alunos na atividade.
Do Gusmão os estudantes partiram em manifestação até a escola Visconde de Itaúna, onde realizaram um ato que chamou a atenção pela participação dos estudantes do ensino fundamental dentro da escola, que cantavam palavras de ordem e das janelas empunhavam cartazes denunciando o roubo da merenda e o sucateamento da educação. Houve até alunos que levantaram cartazes pedindo “Fora Dilma, Fora Temer”, se referindo ao processo de impeachment conduzido pelo Congresso.
Durante a manifestação os estudantes cantaram diversas palavras de ordem. “Os estudantes de São Paulo já tomaram a decisão, eu quero minha merenda e mais educação”, ou “não tem arrego, você tira a minha merenda e eu tiro o seu sossego”.
Ao falar da manifestação, Chen disse que ficou muito emocionado com a interação dos estudantes do Gusmão e que vai garantir que estes estudantes participem da próxima manifestação. “O grêmio da GV estava querendo puxar um ato contra o escândalo da merenda. Aí decidimos organizar isso com a UMES, para fazer uma manifestação mais ampla e com mais força”.
Para ele é “inadmissível que na maior escola técnica da cidade [ETEC GV] os estudantes tenham merenda seca: uma vitamina, que é puro açúcar, e uma barrinha de cereal gordurosa”. Ele explicou que essa é a alimentação disponível para os estudantes do ensino técnico, do médio, ou mesmo para os estudantes do ensino integrado (médio em conjunto com o técnico), que ficam na escola durante dois períodos apenas com essa alimentação.
“O governo de São Paulo é um governo que quer destruir o Estado e os serviços públicos, assim como faz o governo federal. Em 2015 acabou com a água, levando a uma crise hídrica. Fez diversos cortes contra os serviços públicos, inclusive contra a educação e propôs o fechamento de escolas. Agora em 2016, seguiu cortando e já fechou milhares de salas além de estar envolvido com o roubo da merenda. Portanto é bom lembrar: quando saímos às ruas contra a ‘reorganização’ para fechar escolas tivemos uma vitória de muito peso. Agora não será diferente”.
A estudante Julizza Sena, que cursa o 3º ano do ensino médio na escola Oswaldo Cruz, disse que o envolvimento do grêmio nessas mobilizações é muito importante para envolver todos os alunos. “Com a participação do grêmio é mais fácil mobilizar os estudantes. Por isso precisamos unir todas as forças porque a merenda é uma obrigação do Estado com a juventude, e a educação deve vir em primeiro lugar, ao contrario do que fazem atualmente ao coloca-la no topo da lista dos cortes”. A estudante comentou que sua escola não tem mais dinheiro do Estado para merenda.
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