Dilma Rousseff contraria Lula e diz que o PT roubou
Só ela é a única honesta no pedaço. Nunca erra e só o PT é que tem de fazer autocrítica
Disse a presidente afastada Dilma Rousseff: “o PT precisa passar por uma grande transformação. Primeiro, uma grande transformação em que se reconheça todos os erros que cometeu do ponto de vista da questão ética e da condução de todos os processos de uso de verbas públicas”.
O PT não era aquele partido que estava sendo perseguido pelo juiz Moro? Não era aquele partido que, segundo Lula e outros petistas, tinha uma ética impecável, uma honestidade nunca dantes vista e um caráter sem jaça? Não era aquele que, segundo Lula, “nunca traiu seu compromisso com as camadas pobres da população”? Há sete dias, o mesmo prócer petista considerou a Lava Jato “uma política premeditada de criminalização do PT”.
Pois Dilma disse, em entrevista à Fórum, que o PT “cometeu erros” na ética, na “condução de todos os processos de uso de verbas públicas”.
Ou seja, roubou dinheiro público, dinheiro do povo. O que ela disse, não pode ter outro significado.
Então, o juiz Moro está apenas cumprindo com a sua função de punir meliantes, colocando ladrões (e ladrões que roubaram todo o povo brasileiro) na cadeia. Portanto, segundo Dilma, quem está tentando “criminalizar” Moro é Lula.
LÓGICA
Como a lógica (isto é, a coerência e a integridade) não é o forte desse pessoal, vejamos outra hipótese: talvez Dilma defenda que os ladrões devem ser condecorados, ao invés de presos. Mas, nesse caso, ela não estaria propondo que o PT reconhecesse que roubar dinheiro público foi um “erro” (não foi um crime; para Dilma, foi somente um “erro”. Como é isso? Ora, leitor, foi “erro” por ter sido descoberto).
É verdade que, depois de dizer que “o PT precisa passar por uma grande transformação”, que o PT precisa “reconhecer todos os erros que cometeu do ponto de vista da questão ética e da condução de todos os processos de uso de verbas públicas”, Dilma também diz que “não é possível supor que se confunda o erro individual das pessoas, que são passíveis de errar, com uma instituição. (…) As pessoas é que têm que fazer suas autocríticas”.
Trata-se de uma nova versão do ignóbil mote “as pessoas têm que ser punidas e não as empresas” – que Dilma lançou para acobertar a Odebrecht e outros antros de corrupção.
Se no caso das empresas isso era coisa de escroque – pois é óbvio que as empresas são organizações formadas por pessoas e não há como punir ladrões sem punir as suas empresas, ou seja, sem punir as empresas que roubaram – no caso do PT isso é coisa de débil mental, pois não há ninguém que não veja que as “pessoas” (sobretudo aquelas que mandam no PT) constituem o partido. O desastre eleitoral do PT, que se avizinha, é a maior prova de que não existem enganados, no Brasil, a esse respeito – exceto os que gostam de viver do engano. Pensando bem, nem esses.
Dilma é uma pessoa muito categorizada para dizer que o PT roubou – ninguém sabe disso melhor que ela, principal beneficiária do roubo, e, além, presidente do Conselho da Petrobrás (e ministra das Minas e Energia e da Casa Civil) durante a maior parte do tempo em que os senhores Vaccari, Duque, Barusco e Paulo Roberto Costa enchiam a mão, os bolsos e outros órgãos com as propinas da Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correa, OAS, Queiroz Galvão, etc., para assaltar a Petrobrás.
Parte desse dinheiro foi para contas em bordeis fiscais, para coleções de quadros falsificados, para edifícios horríveis na Barra da Tijuca ou para passeios em algum fim de mundo, tipo Orlando.
Mas a principal parte da propina agasalhada pelo PT e seus aliados foi para eleger candidatos através de uma fraude eleitoral pior que aquela dos coronéis da República Velha – esse foi o principal motivo do aumento no preço das campanhas: os gastos eleitorais aumentaram 571,69% entre 2002 e 2014. Passaram de R$ 678.481.566,99 (678 milhões, 481 mil, 566 reais e 99 centavos), em 2002, para R$ 4.557.310.095,92 (quatro bilhões, 557 milhões, 310 mil, 95 reais e 92 centavos), em 2014.
Essas são, evidentemente, apenas as despesas declaradas oficialmente, sem contar o que se passou “por fora”, como é exemplo os milhões de dólares recebidos pelo marketeiro de Dilma, João Santana.
Em suma, para usar o idioma nacional popular: avacalharam com a democracia no país, através do mais deslavado abuso do poder econômico, com a quase completa interdição das candidaturas populares, sem condições de enfrentar esse massacre – e, suprema infâmia, estabeleceram essa ditadura eleitoreira sobre a Nação, usando o dinheiro do próprio povo, roubado da Petrobrás (e não apenas da Petrobrás).
É por isso que é tão repugnante ouvir Dilma dizer que “não há hipótese de retomada do caminho democrático sem minha volta”. Porque, ainda que intuitivamente, todo mundo sabe que foi pisando em cima da democracia, que ela foi reeleita.
E para que essa ditadura eleitoreira do poder financeiro e da ladroagem?
Para perpetrar o maior estelionato eleitoral que o país já viu, em que, três dias após as eleições, os juros foram aumentados – e, nos meses seguintes, quatro milhões de trabalhadores seriam demitidos; os salários daqueles que continuaram empregados caiu, em média, 10%; centenas de milhares de empresas (e isso não é força de expressão) seriam fechadas; as verbas públicas seriam estranguladas; e a comida na mesa do povo seria confiscada para ser entregue, sob a forma de juros, a uma trupe de parasitas – bancos, fundos, gente que não trabalha e engorda financeiramente à custa da miséria dos brasileiros.
Ainda por cima, legou ao país o sr. Temer, que Dilma adora esquecer que somente é presidente interino porque ela o escolheu, ou aceitou, como vice-presidente – e, sem dúvida, não foi para fazer uma política progressista que ela preferiu se acumpliciar com Temer.
INEPTA
Nem agora, com o país na pior crise desde o início do século XX, ela se arrepende: sua defesa na comissão do impeachment é um elogio alucinado dessa política. Por ela, sabemos que Dilma não errou – aliás, ela nunca erra. Sempre são os outros que erram. Por isso é que as coisas não dão certo.
Que Dilma, agora, confesse que o PT roubou – e só agora, quando até a ONU já sabe disso – não é um espanto. Nessa hora, é claro, o PT não é ela. O PT são os outros. Inclusive o Lula. Mas, ela, jamais.
No entanto, quem fiscalizava a diretoria da Petrobrás?
Nem mesmo quando ela substituiu a diretoria, para colocar na presidência da estatal uma inepta – sem a menor condição de dirigir a Petrobrás, tendo por única credencial a sua intimidade com Dilma – não apareceu o poço de corrupção, que a Polícia Federal já calculou em R$ 40 bilhões.
Como é possível?
A resposta lógica é porque Dilma fazia parte da quadrilha. Ou, em termos, digamos assim, mais suaves, mas que querem dizer a mesma coisa: interessava a Dilma que o roubo continuasse. Senão, como poderia pagar tanto ao seu marketeiro?
Dilma, em 2003, quando ministra das Minas e Energia, nomeou João Vaccari para o bem remunerado Conselho de Itaipu. Alguém acredita que Vaccari passava milhões de dólares das propinas que o PT recebia para o marketeiro de Dilma, sem haver uma ordem para isso?
Quem poderia dar essa ordem? Segundo Dilma, ela mesma (“eu paguei R$ 70 milhões para o João Santana” – se era assim com o caixa um, por que o caixa dois seria diferente?).
Fonte: Carlos Lopes da Hora do Povo
Deixe uma resposta
Want to join the discussion?Feel free to contribute!