“PEC 55 só favorece especulador”, afirma o economista Nilson Araújo
“Gerar poupança pública para pagar dívida significa sacrificar o conjunto do povo brasileiro, uma dívida com taxas de juros astronômicas que não existem em lugar nenhum do mundo”
O professor e economista Nilson Araújo de Souza não poupou críticas ao governo Temer, em relação à sua política econômica, que, segundo ele, está provocando uma gravíssima recessão. “O que o governo está fazendo com essa PEC 55, que congela os investimentos públicos por vinte anos, é agravar ainda mais a crise que assola o país”, disse o economista, que é presidente da Fundação Instituto Cláudio Campos. “Se essa PEC gerar superávit primário, que é o que o governo quer, isso favorece o especulador e não o investidor”, acrescentou. As declarações do economista, que é autor de vários livros sobre a economia brasileira, foram feitas na segunda-feira (5), em entrevista para a Rádio Independência.
“A crise está se aprofundando, o PIB do terceiro trimestre foi menor do que o trimestre anterior e menor ainda do que o primeiro trimestre. Ou seja, a economia está desabando”, alertou o professor. “O governo criou uma medida que, segundo Temer, era para enfrentar a crise. A PEC 241, que foi aprovada na Câmara dos Deputados, que se transformou em PEC 55 no Senado, e já foi aprovada em primeiro turno, só agrava a situação. O governo dizia que logo que elas fossem aprovadas gerariam uma expectativa positiva para os investidores. Pura propaganda enganosa. Os investidores que realmente produzem, não investem quando o mercado se contrai, quando a taxa de juros permanece nas alturas e o governo não investe”.
INVESTIMENTOS
Nilson explicou que “a empresa privada investe numa direção se ela percebe que o governo está alavancando o investimento naquela direção. O que o governo está sinalizando agora com a sua política econômica é que não vai investir nada. Vai congelar os investimentos públicos por vinte anos”. “E vai congelar num nível baixo”, alertou o economista. “O que o governo quer com essa medida é criar superávit primário para pagar juros”, denunciou. “Gerar poupança pública para pagar dívida significa hoje sacrificar o conjunto do país, o conjunto da sociedade, do povo brasileiro, para pagar uma dívida com taxas de juros astronômicas que não existem em lugar nenhum do mundo”, alertou.
“A questão básica é baixar os juros. Não é gerar superávit primário, não é criar uma poupança pública para pagar a dívida, como quer o governo Temer, com essa PEC 55”, afirmou Nilson Araújo. Para ele, “aumentar a taxa de investimento é o elemento fundamental para aumentar a capacidade produtiva”. “É o país transformando seu excedente econômico, sua poupança em mais capacidade produtiva e, com isso, aumentar a capacidade produtiva, aumentar a produção, aumentar o emprego, aumentar a renda, etc”, explica o economista.
“Essa PEC 55 agrava ainda mais a situação porque, além de tudo, contrai o mercado. É uma PEC que corta investimento do governo. Essa medida limita o investimento ao nível atual, que é um nível baixo. O resultado é que o setor produtivo se contrai, deixa de produzir. Com a PEC os empresários produtivos estão desanimados em investir”, destaca Nilson. “Eles estão reduzindo ainda mais os investimentos por conta do que o governo está fazendo. As medidas que o governo está aprovando estão tendo um efeito de contrair ainda mais a economia. E ao contrair a economia, gera-se uma expectativa negativa, tanto dos empresários como dos trabalhadores. Daí a crise continua, a crise persiste”, diz o economista.
EDUCAÇÃO
Nilson comentou também o argumento do senador Cristovam Buarque, que votou a favor da PEC do congelamento dos gastos públicos. “Eu conheço o senador há muito tempo. Ele abriu mão da defesa da educação, setor ao qual ele vem se dedicando, ao votar a favor dessa proposta. Ele abriu mão de uma conquista que nós obtivemos na Constituição. Ele abriu mão da vinculação das verbas da educação”, avaliou. “O senador disse que vai continuar lutando pela educação. Mas se ele abriu mão de uma conquista que já estava garantida na Constituição, quem vai acreditar que ele vai mesmo seguir lutando?”, indagou Nilson.
Ele lembrou de um tempo em que Cristovam Buarque era auxiliar de Tancredo Neves, em sua campanha para presidente. “Tancredo Neves disse, num dia em que o senador Cristovam estava lá e ouviu, que a prioridade do país não eram os banqueiros. ‘Não vamos pagar a dívida com a fome do povo brasileiro’, disse na época o político mineiro. “A prioridade para Tancredo era garantir a solução dos problemas básicos da população, do país, da produção, do crescimento, da geração de emprego”, lembrou Nilson. “Portanto, o senador não é mais aquele”, ironizou o economista.
“Por que não pode pagar a dívida e simultaneamente haver um crescimento da economia? Por que isso é incompatível? Porque a taxa de juros é incompatível. É a maior taxa de juros do mundo. Se você baixar os juros para os patamares internacionais, que em termos reais está abaixo de zero, o país pode crescer”, argumentou. “Há os que dizem que, se baixar as taxas de juros, os aplicadores vão embora. Mas isso não é verdade. Como disse aqui o meu amigo Nildo Ouriques, eles vão embora para onde? Para os EUA, com taxa de juros de 0,2%? Para a Turquia, que está em guerra? Vão para a Rússia, que mantém o controle do câmbio? Vão para a Europa que está quebrada?”, indagou. “Os aplicadores aplicam sim, mesmo com taxa de juros baixa, porque não têm outros lugares para aplicar”, acrescentou.
Fonte: Sérgio Cruz
“PEC 55 só favorece especulador”, afirma o economista Nilson Araújo
“Gerar poupança pública para pagar dívida significa sacrificar o conjunto do povo brasileiro, uma dívida com taxas de juros astronômicas que não existem em lugar nenhum do mundo”
O professor e economista Nilson Araújo de Souza não poupou críticas ao governo Temer, em relação à sua política econômica, que, segundo ele, está provocando uma gravíssima recessão. “O que o governo está fazendo com essa PEC 55, que congela os investimentos públicos por vinte anos, é agravar ainda mais a crise que assola o país”, disse o economista, que é presidente da Fundação Instituto Cláudio Campos. “Se essa PEC gerar superávit primário, que é o que o governo quer, isso favorece o especulador e não o investidor”, acrescentou. As declarações do economista, que é autor de vários livros sobre a economia brasileira, foram feitas na segunda-feira (5), em entrevista para a Rádio Independência.
“A crise está se aprofundando, o PIB do terceiro trimestre foi menor do que o trimestre anterior e menor ainda do que o primeiro trimestre. Ou seja, a economia está desabando”, alertou o professor. “O governo criou uma medida que, segundo Temer, era para enfrentar a crise. A PEC 241, que foi aprovada na Câmara dos Deputados, que se transformou em PEC 55 no Senado, e já foi aprovada em primeiro turno, só agrava a situação. O governo dizia que logo que elas fossem aprovadas gerariam uma expectativa positiva para os investidores. Pura propaganda enganosa. Os investidores que realmente produzem, não investem quando o mercado se contrai, quando a taxa de juros permanece nas alturas e o governo não investe”.
INVESTIMENTOS
Nilson explicou que “a empresa privada investe numa direção se ela percebe que o governo está alavancando o investimento naquela direção. O que o governo está sinalizando agora com a sua política econômica é que não vai investir nada. Vai congelar os investimentos públicos por vinte anos”. “E vai congelar num nível baixo”, alertou o economista. “O que o governo quer com essa medida é criar superávit primário para pagar juros”, denunciou. “Gerar poupança pública para pagar dívida significa hoje sacrificar o conjunto do país, o conjunto da sociedade, do povo brasileiro, para pagar uma dívida com taxas de juros astronômicas que não existem em lugar nenhum do mundo”, alertou.
“A questão básica é baixar os juros. Não é gerar superávit primário, não é criar uma poupança pública para pagar a dívida, como quer o governo Temer, com essa PEC 55”, afirmou Nilson Araújo. Para ele, “aumentar a taxa de investimento é o elemento fundamental para aumentar a capacidade produtiva”. “É o país transformando seu excedente econômico, sua poupança em mais capacidade produtiva e, com isso, aumentar a capacidade produtiva, aumentar a produção, aumentar o emprego, aumentar a renda, etc”, explica o economista.
“Essa PEC 55 agrava ainda mais a situação porque, além de tudo, contrai o mercado. É uma PEC que corta investimento do governo. Essa medida limita o investimento ao nível atual, que é um nível baixo. O resultado é que o setor produtivo se contrai, deixa de produzir. Com a PEC os empresários produtivos estão desanimados em investir”, destaca Nilson. “Eles estão reduzindo ainda mais os investimentos por conta do que o governo está fazendo. As medidas que o governo está aprovando estão tendo um efeito de contrair ainda mais a economia. E ao contrair a economia, gera-se uma expectativa negativa, tanto dos empresários como dos trabalhadores. Daí a crise continua, a crise persiste”, diz o economista.
EDUCAÇÃO
Nilson comentou também o argumento do senador Cristovam Buarque, que votou a favor da PEC do congelamento dos gastos públicos. “Eu conheço o senador há muito tempo. Ele abriu mão da defesa da educação, setor ao qual ele vem se dedicando, ao votar a favor dessa proposta. Ele abriu mão de uma conquista que nós obtivemos na Constituição. Ele abriu mão da vinculação das verbas da educação”, avaliou. “O senador disse que vai continuar lutando pela educação. Mas se ele abriu mão de uma conquista que já estava garantida na Constituição, quem vai acreditar que ele vai mesmo seguir lutando?”, indagou Nilson.
Ele lembrou de um tempo em que Cristovam Buarque era auxiliar de Tancredo Neves, em sua campanha para presidente. “Tancredo Neves disse, num dia em que o senador Cristovam estava lá e ouviu, que a prioridade do país não eram os banqueiros. ‘Não vamos pagar a dívida com a fome do povo brasileiro’, disse na época o político mineiro. “A prioridade para Tancredo era garantir a solução dos problemas básicos da população, do país, da produção, do crescimento, da geração de emprego”, lembrou Nilson. “Portanto, o senador não é mais aquele”, ironizou o economista.
“Por que não pode pagar a dívida e simultaneamente haver um crescimento da economia? Por que isso é incompatível? Porque a taxa de juros é incompatível. É a maior taxa de juros do mundo. Se você baixar os juros para os patamares internacionais, que em termos reais está abaixo de zero, o país pode crescer”, argumentou. “Há os que dizem que, se baixar as taxas de juros, os aplicadores vão embora. Mas isso não é verdade. Como disse aqui o meu amigo Nildo Ouriques, eles vão embora para onde? Para os EUA, com taxa de juros de 0,2%? Para a Turquia, que está em guerra? Vão para a Rússia, que mantém o controle do câmbio? Vão para a Europa que está quebrada?”, indagou. “Os aplicadores aplicam sim, mesmo com taxa de juros baixa, porque não têm outros lugares para aplicar”, acrescentou.
Fonte: Sérgio Cruz
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