Cine-debate: 100 Anos da Revolução de Outubro
Cine-Teatro Denoy de Oliveira
Cine-debate: 100 Anos da Revolução de Outubro
As duas primeiras sessões serão nos domingos (02/04 e 09/04), às 10 horas.
Todas as demais serão aos sábados, às 10 horas.
Sessões seguidas de debates – Entrada grátis
(02/04) Tigre Branco – Karen Shakhnazarov (2012), 104 min.
(09/04) Um Acidente de Caça – Emil Loteanu (1978), 107 min.
(15/04) Vassa – Gleb Panfilov (1983), 131 min.
(22/04) Juventude de Maksim – Grigori Kozintzev e Leonid Trauberg (1934), 98 min.
(29/04) O Retorno de Maksim – Grigori Kozintzev e Leonid Trauberg (1937), 112 min.
(06/05) Lenin em Outubro – Mikhail Romm (1937), 108 min.
(13/05) Lenin em 1918 – Mikhail Romm (1938), 96 min.
(20/05) O Bairro de Viborg – Grigori Kozintzev e Leonid Trauberg (1938), 121 min.
(27/05) Chapayev – Georgi Vassiliev e Serguey Vassiliev (1934), 95 min.
(03/06) O Caminho para a Vida – Nikolay Ekk (1932), 75 min.
(10/06) As 12 Cadeiras – Leonid Gayday (1971), 161 min.
(24/06) O Juramento – Makhail Chiaurelli (1946), 106 min.
(01/07) O Velho e o Novo – Serguey Eisenstein (1929), 90 min.
(08/07) O Cartão do Partido – Ivan Pyryev (1936), 108 min.
(15/07) Tratoristas – Ivan Pyryev (1939), 88 min.
(22/07) Aleksandr Nevsky – Serguey Eisenstein (1938), 108 min.
(29/07) Vá e Veja – Elem Klimov (1985), 136 min.
(05/08) A Jovem Guarda – Serguey Gerassimov (1948), 189 min.
(12/08) Stalingrado – Yuri Ozerov (1989), 82 min.
(19/08) A Professora da Aldeia – Mark Donskoy (1947), 100 min.
(26/08) O Retorno de Vassily Bortnikov – Vsevolod Pudovkin (1953), 102 min.
(02/09) Primavera – Grigori Aleksandrov (1947), 104 min.
(09/09) A Cidade dos Ventos – Karen Shakhnazarov (2008), 105 min.
(16/09) Oligarch – Pavel Lungin (2002), 123 min.
(23/09) Sonhos – Karen Shakhnazarov (1993), 78 min.
(30/09) A Filha Americana – Karen Shakhnazarov (1995), 94 min.
TIGRE BRANCO
Karen Shakhnazarov (2012), com Aleksey Vertkov, Valeriy Grishko, Vitalyi Kiscenko, Karl Krantzkowski, Rússia, 104 min.
Sinopse
Encontrado quase morto entre os destroços fumegantes no campo de batalha, o tanquista Ivan Naidionov tem uma recuperação surpreendente que desafia a capacidade de compreensão dos médicos. Mais misteriosa se torna a história quando ele revela que foi atingido pelo Tigre Branco, indestrutível tanque alemão que surge e desaparece por encanto, deixando um rastro de destruição e morte. Ligados por um elo sobrenatural, o homem e a máquina se empenham numa batalha que se projeta para além daqueles tempos.
“Tigre Branco” representou a Rússia na disputa do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2012.
Direção: Karen Shakhnazarov (1952)
Nascido em Krasnodar, na região de Kuban, no Cáucaso, Karen Georgievich Shakhnazarov formou-se, em 1975, pelo VGIK (Instituto Estatal de Cinema). Em 1987, seu filme “O Mensageiro” recebeu prêmio especial no 15o. Festival Internacional de Moscou. Dirigiu 13 longas, entre os quais “Cidade Zero” (1988), “O Assassino do Czar” (1991), “Sonhos” (1993), “A Filha Americana” (1995), “A Cidade dos Ventos” (2008), “A Enfermaria Número 6” (2009), “Tigre Branco” (2012).
Com muitos prêmios nacionais e internacionais, seus filmes apresentam uma densa reflexão crítica sobre a restauração do capitalismo e o desmembramento da União Soviética.
Assumiu em 1998 a direção geral do Mosfilm, o maior estúdio de cinema da Rússia.
Argumento Original: Ilya Boyashov (1961)
Nascido em Leningrado (São Petersburgo), Ilya Vladimirovich Boyashov estudou história no Instituto Pedagógico Herzen e leciona na Academia Naval Nakhimov, ambos situados naquela cidade. Estreou em literatura com a coleção de contos “Toque a Melodia” (1989). Com estilo fortemente influenciado pelo realismo fantástico, publicou também “O Caminho de Muri” (Prêmio Nacional Bestseller, 2007), “Armada” (2007), “Tigre Branco” (2008), “Quem Não Conhece o Irmão do Coelho!” (2010), “Éden” (2012).
Música Original: Yuri Poteenko (1960), Konstantin Shevelyov (1957)
Yuri Poteenko nasceu em Molodohvardiysk, Ucrânia. Recebeu por cinco vezes a indicação para o prêmio Águia de Ouro, pela Melhor Trilha Sonora Original, incluindo as que criou para “A Ilha Inabitada” (Fyodor Bondarchuck, 2009), “Tigre Branco (Karen Shakhnazarov, 2012) e “O Espião” (Aleksey Adrianov, 2012).
Entre as músicas compostas por Konstantin Shevelyov estão as dos filmes “Não Banque o Louco” (Valery Chikov, 1997), “A Cidade dos Ventos” e “Tigre Branco” (Karen Shakhnazarov, 2008 e 2012).
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UM ACIDENTE DE CAÇA
Emil Loteanu (1978), com Galina Belyaeva, Oleg Yankovskiy, Kirill Lavrov, Leonid Markov , URSS, 105 min.
Sinopse
Adaptado da novela de Anton Chekhov, publicada como folhetim em 1884-85 e considerada precursora do romance policial psicológico, o filme penetra no vazio moral da aristocracia decadente ao narrar o drama da jovem Olga, filha de um servo, cobiçada por três homens de meia-idade.
Direção: Emil Loteanu (1936-2003)
Emil Vladimirovich Loteanu nasceu na Moldávia. Entre 1953 e 1955, estudou na Faculdade do Teatro de Arte de Moscou. Graduou-se pelo VGIK, Instituto Estatal de Cinema, em 1962. Trabalhou na Moldávia Filmes, onde estreou como diretor com “Espere Por Nós Ao Amanhecer” (1963). Em seu poema cinematográfico “Lăutarii” (1971, 13,8 milhões de espectadores), retratou a vida de músicos folclóricos. A trilha foi composta pelo também moldávio Eugene Doga e foi o início de uma parceria das mais importantes na cinematografia mundial. A partir de 1973 Loteanu e Doga trabalharam no estúdio Mosfilm. A realização de “Ciganos Moram Perto do Céu” (1975), baseada em dois contos de Maksim Gorky, e a adaptação cinematográfica de “Um Acidente de Caça” (1978) de Anton Chekhov trouxeram imensa popularidade à dupla. “Ciganos…” foi o filme mais assistido na URSS em 1976, com 64,9 milhões de ingressos vendidos. “Um Acidente…” ultrapassou a marca de 26 milhões de espectadores. Em 1983, “Anna Pavlova”, dedicado à vida da grande bailarina russa, reafirmaria o sucesso. No final da década de 1980, Loteanu voltou à Moldávia, trabalhou na televisão, teatro e foi presidente da União dos Cineastas.
Argumento Original: Anton Chekhov (1860-1904)
Nascido em Taganrok, cidade portuária russa no Mar de Azov, próxima da Crimeia, Anton Chekhov era neto de um servo liberto. Ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Moscou, em 1879. Publicou seus primeiros escritos em jornais e revistas para ajudar no sustento da família enquanto cursava a universidade. Em 1887 recebeu o Prêmio Pushkin de Literatura, por sua coleção de contos “Ao Anoitecer“. Entre as principais peças de teatro que escreveu estão “Ivanov” (1887), “A Gaivota” (1896), “Tio Vânia” (1900), “As Três Irmãs” (1901), “O Jardim das Cerejeiras” (1904). Escreveu também as novelas “A Estepe” (1888), “O Duelo” (1891), “A História de um Desconhecido” (1893), “Três Anos” (1895), “Minha Vida” (1896) e centenas de contos. Suas obras ampliaram os horizontes da estética realista e se encontram traduzidas em mais de uma centena de línguas.
Música Original: Evgueny Doga (1937)
Doga nasceu na aldeia de Mocra, Moldávia. Estudou na escola de música em Quishinau, especializando-se no violoncelo, depois cursou o Conservatório e o Instituto de Arte “Gavriil Musicescu”. Em 1963, escreveu seu primeiro quarteto de cordas.
Desde 1972, viajou com seus concertos por todo o território da URSS, além da Romênia, Itália, Portugal e outros países da Europa. Em 1967, começou a escrever música para cinema. Em 1970, iniciou a colaboração criativa com o diretor Emil Loteanu: “Lautarii” (1973), , “Ciganos Moram Perto do Céu” (1975), “Um Acidente de Caça” (1978), “Anna Pavlova” (1983).
Doga compôs mais de 200 trilhas para cinema e TV, entre as quais estão as de “A Oitava Maravilha do Mundo” (Samson Samsonov, 1981), “Retrato da Mulher do Artista” (Aleksandr Pankratov 1982), “A Vida do Poeta” (Vassily Panin, 1997) e a do filme infantil “Maria, Mirabella” (Ion Popescu-Gopo, 1981). Doga também musicou peças de teatro, criou balés, coros, a ópera Diálogos de Amor, escreveu cantatas, réquiens, deu aulas e organizou concursos. Mora hoje em Quichnau, na Moldávia, e continua compondo.
Uma Valsa Muito Popular
No filme “Um Acidente de Caça”, a valsa que Evgeny Doga compôs como tema é a música de um casamento nada feliz, mas é tão arrebatadora e ficou tão popular que ninguém se importou com isso. Tornou-se a predileta dos noivos apaixonados e passou a embalar milhões de casamentos na Rússia, Moldávia, Romênia, Ucrânia… Também abriu as Olimpíadas de 1980.
e os Jogos Olímpicos de 2014, em Sochi.
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VASSA
Gleb Panfilov (1983), com Irina Churikova, Valentina Yakunina, Vadim Medvedev, Nikolay Sokorobogatov, URSS, 131 min.
Sinopse
Possuidora de uma frota de embarcações de transporte fluvial, a família de Vassa está às voltas com problemas capazes de comprometer sua reputação e, por consequência, seus negócios. O marido é acusado de abuso de crianças, seu irmão engravida a empregada, uma filha é “errada da cabeça”, a outra está se transformando rapidamente em alcoólatra. Empenhada até a última gota de sangue em evitar a ruína de seus protegidos, a poderosa matriarca não hesita em recorrer ao suborno, chantagem, falsificação e assassinato. Porém, a muralha que ergue para defendê-los do mundo não consegue defendê-los de si mesma.
Baseado na peça Vassa Zheleznova, que Gorky escreveu em 1910 e reescreveu em 1936, visando tornar mais explícito o potencial de desumanização contido nas relações capitalistas de produção.
Prêmio de melhor direção no Festival Internacional de Cinema de Moscou (1983).
Direção: Gleb Panfilov (1934)
Gleb Panfilov nasceu em Magnitogorsk, nos Urais, graduou-se no Instituto Politécnico, foi supervisor de turno em uma fábrica de produtos químicos. Trabalhou como chefe do departamento de propaganda da Juventude Comunista de Sverdlovsk.
Diretor da TV local, realizou vários documentários entre 1958-63. Estudou direção no VGIK. Formou-se em 1966 e ingressou no estúdio Lenfim, onde realizou seu primeiro longa. “No Caminho Através de Fogo” (1967) recebeu o Leopardo de Ouro, no Festival de Locarno. “Início” (1970) e “Senhor Presidente” (1975) foram respectivamente premiados nos festivais de Berlim e Barcelona. Transferiu-se para o Mosfilm em 1977. Entre seus filmes estão “Tema” (1979), Urso de Ouro no Festival de Berlim: duas adaptações de Gorky, “Vassa” (1983) e “A Mãe” (1989); “Os Romanoff, Família Imperial” (2001); “Culpado Sem Culpa” (2008). Desde 1986 atua também como diretor de teatro.
Argumento Original: Maksim Gorky (1868-1936)
Fundador do realismo socialista, ativo militante do partido bolchevique, amigo e colaborador de Lenin, e depois de Stalin, Alexey Maksimovich Pechkov, pseudônimo Maksim Gorky, é ainda hoje considerado o maior escritor em língua russa, na qual despontaram expoentes como Pushkin (1799-1837), Gogol (1809-52), Dostoievski (1821-81), Tolstói (1828-1910), Tchecov (1860-1904), Maiakovski (1893-1930), Fadeyev (1901-56), Ehrenburg (1891-1967), Sholokhov (1904-84), Simonov (1915-79) e outros.
Suas obras registram personagens que integravam as classes exploradas: operários, vagabundos, prostitutas, homens e mulheres do povo. Autores realistas e naturalistas já tinham incorporado estes setores à literatura, mas, mesmo com simpatia, olhavam para os pobres de fora. Gorkyconhecia aquele universo por dentro e soube captar o que havia de mais profundo na alma russa.
Entre suas obras destacam-se “Pequenos Burgueses” (teatro, 1901), “Ralé” (teatro, 1901), “Os Inimigos” (teatro, 1906), “A Mãe” (romance, 1906-07), “O Espião” (romance, 1907), “A Confissão” (romance, 1908), “Infância” (romance autobiográfico, 1913-14), “Ganhando Meu Pão” (romance autobiográfico, 1915-16), “Minhas Universidades” (romance autobiográfico, 1923), “A Casa dos Artamonov” (romance, 1925), “Quarenta Anos: A vida de Klim Sanghin” (tetralogia, 1925/36), “Yegor Bulychóv e os Outros” (romance, 1932). “Vassa Zheleznova” (teatro, 1910/1936).
Gorky morreu em 18 de junho de 1936, vítima de envenenamento. O assassinato foi descrito e analisado, detalhadamente, nas duas sessões do dia 8 de março de 1938 do Colégio Militar da Corte Suprema da URSS.
Música Original: Vadim Bibergan (1937)
Compositor e ator, Vadim Bibergan nasceu em Moscou, Graduou-se em piano e composição no Conservatório Ural (1961). Sob a orientação de Shostakovich, estudou no Conservatório de Leningrado, onde obteve a pós-graduação em 1968. Escreveu a música de todos os filmes de Gleb Panfilov. Seu trabalho para a indústria cinematográfica compreende também as trilhas musicais de outros 40 filmes, entre os quais, “O Jogo, De Preferência às Sextas-Feiras” e “A Segunda Tentativa de Victor Krokhin” (I. Sheshukov, 1977 e 1984), “Perdoa-me” (Ernest Yasan, 1985), “Chicha” (V. Melnikov, 1991), “Venha Me Ver” (O. Yankovsky e M. Agranovich, 2001).
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JUVENTUDE DE MAKSIM
Grigori Kozintzev e Leonid Trauberg (1934), com Boris Tchirkov, Valentina Kibardina, Mikhail Tarkhanov, URSS, 98 min.
O RETORNO DE MAKSIM
Grigori Kozintzev e Leonid Trauberg (1937), com Boris Tchirkov, Valentina Kibardina, Mikhail Tarkhanov, Stepan Kajukov, URSS, 113 min.
O BAIRRO DE VIBORG
Grigori Kozintzev e Leonid Trauberg (1938), com Boris Tchirkov, Valentina Kibardina, Mikhail Zharov, URSS, 121 min.
Sinopse
Entre 1934 e 1938 Grigori Kozintsev e Leonid Trauberg realizam três filmes conhecidos como a “Trilogia de Maksim”.
“Juventude de Maksim”, “O Retorno de Maksim” e “O Bairro de Viborg” avançam 10 anos na vida de um jovem trabalhador russo que vive intensamente o período revolucionário. Em 1910, apaixonado por Natasha, ele adere ao bolchevismo, empenha-se na luta clandestina e acaba preso. Em 1914, atua em greves e manifestações contra a guerra, e ingressa no Exército para prosseguir a luta no seu interior. Depois da Revolução de Outubro, Maksim torna-se o comissário encarregado da direção de um banco nacionalizado. Esses três momentos fornecem o tema desenvolvido em cada obra da trilogia.
Na 1ª. Guerra Mundial (1914-18), a Rússia compôs com a França, Inglaterra – e, depois de 1917, com os EUA – um bloco que se bateu contra a aliança entre Alemanha, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano numa sangrenta disputa pela obtenção de novos mercados e fontes de matérias-primas. No Congresso da Basiléia (1912), os 555 delegados da Internacional Socialista votaram por unanimidade resolução que convocava os trabalhadores a uma “luta decidida pela paz”, contra os “objetivos espoliadores da guerra preparada pelos imperialistas”. Caso esta eclodisse, a resolução defendia a oposição frontal ao esforço de guerra. Com a aproximação do conflito, a maioria dos partidos da 2ª. Internacional foi se amoldando aos interesses expansionistas das burguesias de seus respectivos países. Na Rússia, o partido de Lenin manteve-se fiel à resolução, o que desempenhou papel decisivo para a vitória da Revolução.
Direção e Argumento Original: Grigori Kozintsev (1905-73) e Leonid Trauberg (1902-90)
Originários de diferentes regiões da Ucrânia, Grigori Kozintsev e Leonid Trauberg se encontraram em Petrogrado (Leningrado, São Petersburgo), em 1922, onde criaram a Fábrica do Ator Excêntrico (FEKs), iniciando uma parceria de mais de 20 anos que redundou na realização de 12 filmes escritos e dirigidos a quatro mãos. “As Aventuras de Oktyabrina” (1924), “Nova Babilônia” (1929), “Solidão” (1931), “Juventude de Maksim” (1935), “O Retorno de Maksim” (1937), “O Bairro de Viborg” (1939), “As Nossas Meninas” (1943) são alguns desses títulos. Kozintsev e Trauberg são considerados dois dos diretores mais bem-sucedidos na transição de um estilo avant-garde, fortemente marcado pelo expressionismo, para o realismo socialista, na década de 30. Como obras solo, o primeiro dirigiu, já no período krushevista em que ambos se dedicaram principalmente a lecionar, “Don Quixote” (1957), “Hamlet” (1963), “Rei Lear” (1971). O segundo realizou quatro filmes, entre os quais “Havia Soldados” (1958) e “Almas Mortas” (1960). Kozintzev foi nomeado Artista do Povo, em 1964, e Trauberg recebeu o Prêmio Stalin (1941).
Música Original: Dmitri Shostakovitch (1906-75)
Dmitri Dmitriyevich Shostakovich estudou piano com Leonid Nikolaiev e composição com Steinberg e Glazunov. Sua primeira sinfonia foi escrita em 1926, aos 19 anos, como tese de conclusão do curso no Conservatório de Leningrado.
Com uma música envolvente que ultrapassou fronteiras, Shostakovich foi celebrado em prosa e verso na URSS e criou uma obra que impressiona pela qualidade e quantidade: 15 sinfonias; 6 concertos para piano, violino e violoncelo; suas Danças Fantásticas; 24 prelúdios para piano; 24 prelúdios e fugas para piano; 2 sonatas; 8 quartetos de cordas, diversas obras de música de câmara, 3 óperas e mais de 100 trilhas para cinema. Sua filmografia inclui “Outubro” (Eisenstein, 1928), “A Juventude de Maksim”, “O Retorno de Maksim”, “O Bairro de Viborg” (Grigori Kozintsev e Leonid Trauberg, 1935, 1937, 1939), “A Defesa de Volotchayevka” (Georgi e Serguey Vasilyev, 1937), “Amigos” (Lev Arnchstan, 1939), “Berlim” (Yuli Raizman, 1945), “Pirogov” (Grigori Kozintsev, 1947), “Michurin” (Aleksandr Dovzhenko, 1949), “A Jovem Guarda” (Serguey Gerassimov, 1949), “A Queda de Berlim” (Mikhail Chiaurelli, 1950), “A Vespa” (Aleksandr Faintsimmer, 1956).
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LENIN EM OUTUBRO
Mikhail Romm (1937), com Boris Shchukin, Nikolai Okholopov, Yelena Stratova, URSS, 108 min.
Sinopse
Neste clássico de Mikhail Romm, estamos em 1917. A Frota do Báltico e unidades do Exército estão sublevadas contra o governo Kerenski, unindo as vozes às dos operários e camponeses que exigem paz: a saída da Rússia da guerra mundial. Lenin chega a Petrogrado num trem vindo da Finlândia e na reunião do Comitê Central, de 10 de outubro, derrota as resistências de Zinoviev, Kamenev e Trotsky para deflagrar a insurreição. Paralelamente, as forças contrar revolucionárias organizam uma caçada para matar o líder dos bolcheviques. Os acontecimentos se precipitam em ritmo veloz até o momento final: sob as bandeiras de “Pão, Paz e Terra!” e “Todo Poder aos Sovietes!”, a Revolução de Outubro triunfa.
Direção: Mikhail Romm (1901-71)
Mikhail Romm Ilich nasceu na cidade siberiana de Irkutsk, serviu no Exército Vermelho durante a guerra civil, graduou-se em escultura pelo Instituto Artístico-Técnico de Moscou. Em 1931 ingressou no Mosfilm Estúdio, atuou como produtor e diretor. No Instituto de Cinematografia Gerasimov (VGIK), desde 1962, foi professor de proeminentes cineastas como Andrei Tarkovsky, Grigori Chukhrai, Gleb Panfilov, Elem Klimov. Realizou 18 longas-metragens, entre os quais “Bola de Sebo” (1934), “Treze” (1936), “Lenin em Outubro” (1937), “Lenin em 1918” (1939), “Sonho” (1941), “Garota nº. 217” (1945), “Missão Secreta” (1950), “Nove Dias em Um Ano” (1962), “O Fascismo de Todos os Dias” (documentário, 1965). Recebeu o Prêmio Stalin nos anos de 1941, 1946, 1948, 1949, 1951. De seu filme “Sonho” disse o presidente Franklin Roosevelt: “é um dos maiores do mundo”.
Argumento Original: Aleksey Kapler (1903-79)
Natural de Kiev, Aleksey Yakovlevich Kapler foi roteirista, ator, escritor, além de âncora e diretor do programa de TV “Kinopanorama” (1966-72). Em 1941, foi agraciado com o Prêmio Stalin. Entre os roteiros que assinou estão: “Lenin em Outubro” (Mikhail Romm, 1937), “Lenin em 1918” (Mikhail Romm, 1939), “Um Bom Camarada” (Boris Barnet, 1942), “Dia Após Dia” (documentário, Mikhail Slutsky, 1943), “Homem Anfíbio” (Vladimir Chebotaryov, 1962), “O Pássaro Azul” (George Cukor, 1976). Conta a lenda que, em desaprovação ao romance com sua filha Svetlana, Stalin enviou Kapler a um campo de trabalhos forçados (Vorkuta), em 1943. Mas a condenação foi por espionagem. Ainda que em favor dos aliados ingleses, a atividade não era bem vista na época. Kapler ocupou esse tempo trabalhando como fotógrafo.
Música Original: Anatoli Aleksandrov (1888-1982)
Nascido em Moscou, Aleksandrov completou os estudos de piano e composição no Conservatório daquela cidade, em 1916. Participou da 1ª. Guerra Mundial e lutou no Exército Vermelho, durante a Guerra Civil. Apresentou-se como concertista, anos seguidos, até 1974. Compôs sonatas para piano, obras para quarteto de cordas, óperas, canções e mais de 150 peças infantis. No cinema dedicou-se principalmente às trilhas para desenhos animados. “O Conto do Czar Durandae” (Zinaida e Valentina Brumberg, 1934), “Ivashko e Baba Yaga” (Zinaida e Valentina Brumberg, 1939), “Sarmiko” (Olga Khodataeva e Eugene Raikovski, 1952), “Irmã e Irmão Alyonushka Ivanushka” (Olga Khodataeva e Vladimir Danilov, 1953) são algumas que assinou. Escreveu as músicas de dois filmes de Mikhail Romm – “Treze” (1936), “Lenin em Outubro” (1939) – e do épico romântico “História do Norte” (Eugene Andrikanis, 1960).
Nota sobre “Lenin em Outubro”
Dez anos depois do “Outubro”, de Eisenstein, onde o protagonista são as massas trabalhadoras, Romm aceita o desafio de individualizar e dar vida à figura de Lenin. Em 1927, às voltas com a sua teoria sobre o “herói coletivo” e com as limitações do cinema mudo, Eisenstein mostra Lenin no filme, mas não consegue encaixá-lo no processo revolucionário que liderou. Realizado para as comemorações do 20º aniversário da Revolução, em 1937, o filme de Romm é o primeiro onde Lenin fala, pensa e interage como ser de carne e osso.
“Lenin em Outubro” e “Lenin em 1918”
O filme “Lenin em Outubro” termina com a vitória da Revolução, mas sua estabilização ainda demoraria três anos. Só em março de 1918, após isolar a oposição de Bukharin e Trotsky, Lenin pôde cumprir o compromisso de retirar a Rússia da guerra imperialista, mesmo tendo que ceder territórios à Alemanha. O ato selou a confiança dos trabalhadores, soldados e marinheiros nos bolcheviques, e garantiu apoio ao poder soviético quando as tropas da intervenção anglo-franco-nipo-polaca reforçaram os exércitos brancos que visavam restaurar a velha ordem. A guerra civil durou mais de 30 meses e terminou em novembro de 1920. O filme seguinte de Romm, “Lenin em 1918”, se baseia no atentado sofrido por Lenin, ocorrido naquele conturbado período.
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LENIN EM 1918
Mikhail Romm (1939), com Boris Shchukin, Nikolai Cherkasov, Nikolai Okholopov, Aleksandr Shatov, Vasili Vanin, URSS, 96 min.
Sinopse
Em meio às batalhas que se sucederam após a Revolução de Outubro, Lenin sofreu um atentado, no dia 30 agosto de 1918. Gravemente ferido, consegue se restabelecer algumas semanas depois. Nesta continuação de seu “Lenin em Outubro”, Mikhail Romm volta a conjugar personagens reais e fictícios numa trama carregada de ação, suspense, heroísmo, traição, humor e lirismo, que conduz o espectador ao centro dos acontecimentos e o envolve pela força de seu realismo.
Direção: Mikhail Romm (1901-71)
Mikhail Romm Ilich nasceu na cidade siberiana de Irkutsk, serviu no Exército Vermelho durante a guerra civil, graduou-se em escultura pelo Instituto Artístico-Técnico de Moscou. Em 1931 ingressou no Mosfilm Estúdio, atuou como produtor e diretor. No Instituto Estatal de Cinema (VGIK), desde 1962, foi professor de proeminentes cineastas como Andrei Tarkovsky, Grigori Chukhrai, Gleb Panfilov, Elem Klimov. Realizou 18 longas-metragens, entre os quais “Bola de Sebo” (1934), “Treze” (1936), “Lenin em Outubro” (1937), “Lenin em 1918” (1939), “Sonho” (1941), “Garota nº. 217” (1945), “Missão Secreta” (1950), “Nove Dias em Um Ano” (1962), “O Fascismo de Todos os Dias” (documentário, 1965). Recebeu o Prêmio Stalin nos anos de 1941, 1946, 1948, 1949, 1951. De seu filme “Sonho”, disse o presidente Franklin Roosevelt: “é um dos maiores do mundo”.
Argumento Original: Aleksey Kapler (1903-79)
Natural de Kiev, Aleksey Yakovlevich Kapler foi roteirista, ator, escritor, além de âncora e diretor do programa de TV “Kinopanorama” (1966-72). Em 1941, foi agraciado com o Prêmio Stalin. Entre os roteiros que assinou estão: “Lenin em Outubro” (Mikhail Romm, 1937), “Lenin em 1918” (Mikhail Romm, 1939), “Um Bom Camarada” (Boris Barnet, 1942), “Dia Após Dia” (documentário, Mikhail Slutsky, 1943), “Homem Anfíbio” (Vladimir Chebotaryov, 1962), “O Pássaro Azul” (George Cukor, 1976). Conta a lenda que, em desaprovação ao romance com sua filha Svetlana, Stalin enviou Kapler a um campo de trabalhos forçados (Vorkuta), em 1943. Mas a condenação foi por espionagem. Ainda que em favor dos aliados ingleses, a atividade não era bem vista na época. Kapler ocupou esse tempo trabalhando como fotógrafo.
Música Original: Nikolai Kryukov (1908-61)
Formou-se em 1932, na Faculdade de Música de Moscou. Em 1930 foi editor da “Rádio União”. Assumiu em 1931 a direção musical do estúdio “Mosfilm”. Entre suas principais obras estão as sinfonias nº. 1 e nº. 2, a cantata épica “Lenda da Terra Siberiana” e a “Suíte Para Temas Folclóricos da Bielorússia”. Realizou mais de 40 trilhas para filmes, entre os quais, “Lenin em 1918” (Mikhail Romm, 1939), “Almirante Nakhimov” (Vsevolod Pudovkin, 1946), “A História de Um Homem de Verdade” (A. Stolper, 1948), “O Quadragésimo Primeiro” (Grigori Chukhrai, 1956), “A Carta que Nunca Foi Enviada” (Mikhail Kalatozov, 1959). Em 1949 compôs a música definitiva de “Tempestade Sobre a Ásia” (Pudovkin, 1928) e no ano seguinte a de “Encouraçado Potemkin” (Eisenstein, 1925).
Nota sobre “Lenin em 1918”
“Lenin em 1918” foi lançado no ano de 1939, com 130 minutos de duração. Em 1956, o filme foi reeditado, passando a ter 96 minutos. É esta a versão que estamos apresentando ao público, com base na matriz restaurada pelo Mosfilm. Nos extras há algumas cenas que não foram incluídas na segunda versão.
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CHAPAYEV
Georgi e Serguey Vasilyev (1934), com Boris Babochkin, Boris Blinov, Varvara Myasnikova, Leonid Kmit, URSS, 93 min.
Sinopse
O que “Potemkin” foi para o cinema mudo, em 1925, “Chapayev” representou dez anos depois para o jovem cinema sonoro da URSS. Como “Potemkin”, “Chapayev” se baseia em fatos reais. Mas ao invés de se fixar na ação das massas, o filme a condensa na trajetória de um herói da guerra civil, Chapayev, que comandou a 25ª. Divisão do Exército Vermelho contra as tropas brancas de Kolchak, na Sibéria, durante os anos 1918-19, antes de cair em combate. Seu tema principal é o choque entre as personalidades e saberes do camponês Chapayev e do comissário político bolchevique, Furmanov, encaminhado para aconselhá-lo e ajudá-lo. “Chapayev” foi um dos primeiros filmes lançados após o 1º. Congresso de Escritores Soviéticos no verão de 1934, onde Gorky apresentou sua ideia de um “realismo socialista”, contrastando-o com o “realismo crítico” do Século 19 que “se limitava a expor as imperfeições da sociedade”. Para ele, o compromisso maior do novo realismo era com o “desenvolvimento do povo” e a luta pela superação de suas contradições internas.
O filme teve mais de 30 milhões de espectadores no primeiro ano de exibição.
Direção: Georgi Vassilyev (1899–1946) e Serguey Vassilyev (1900–1959)
Georgi e Serguey Vassilyev começaram no cinema como técnicos, trabalhando horas a fio na sala de montagem. Dirigiram, em 1928, o documentário “Heroísmo sobre o Gelo”. Em “A Bela Adormecida” (1930), assinaram pela primeira vez como Irmãos Vassilyev. Embora nunca tenham sido parentes, a coincidência de sobrenomes alimentava o mito. Realizaram, na sequência, “Um Assunto Pessoal” (1932), “Chapayev” (1935), “A Defesa de Volotchayevsk” (1937), “Defesa de Tsaritsin” (1942). O último filme que dirigiram juntos, “Front” (1943), é baseado na peça teatral de Aleksandr Korneichuk, que aborda o conflito entre antigos e jovens generais na frente ucraniana. Serguey Vasilyev dirigiu também “Heróis de Shipka” (1954) e “Dias de Outubro” (1958). A dupla recebeu a Ordem Lenin (1935) e o prêmio Stalin (1941 e 1942).
Argumento Original: Dimitri Furmanov (1891-1926)
“Muitos eram mais arrojados e inteligentes, melhores militares e homens de maior consciência política, porém o nome deles foi esquecido, enquanto o de Chapayev vive e viverá por muito tempo nas lendas, pois saiu das entranhas do povo e reunia em si, de modo surpreendente, tudo o que podia encontrar-se, ainda que disperso, na personalidade e no caráter de seus companheiros de armas”. Assim escreveu o comissário político Dimitri Furmanov ao transportar suas aventuras com Chapayev para um romance, escrito em 1924, que se tornou extremamente popular na URSS. Em 1932, a viúva de Furmanov sugeriu aos estúdios Lenfilm a realização da película. A sensação de espontaneidade que ela transmite foi obtida através de intenso esforço dos diretores, que por dois anos escreveram e reescreveram dezenas de vezes as cenas do roteiro.
Música Original: Gavril Popov (1904-72)
Estudou no Conservatório de Leningrado de 1922 até 1930. Com uma invenção melódica e instrumental enraizada na música folclórica russa, Popov compôs peças para coral, piano, escreveu óperas, música de câmara e sinfonias. Realizou mais de 20 trilhas para obras cinematográficas, entre as quais: “Chapayev” (1935), “Prado de Bezhin” (Eisenstein, 1937), “Front” (Irmãos Vassilyev, 1943), “Ela Defende a Pátria” (Fridrikh Ermler, 1943), “História Inacabada” (Fridrikh Ermler, 1956), “Os Cossacos” (Vasili Pronin, 1961).
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O CAMINHO PARA A VIDA
Nikolai Ekk (1931), com Nikolai Batalov, Mikhail Zharov, Yvan Kyrlya, URSS, 95 min.
Sinopse
Primeiro filme sonoro soviético, “Estrada Para a Vida” se inspira no trabalho teórico e prático do pedagogo, nascido na Ucrânia, Anton Makarenko (1888-1939), que à frente das colônias Gorki e Dzerzhinsky, nos anos 20 e 30, desenvolveu um método de ensino e socialização de jovens que haviam vivido na marginalidade, cuja base era a vida em comunidade, trabalho, disciplina e a participação dos internos na organização da escola. Para a recém-fundada República Soviética, essa recuperação tinha, além do sentido humanitário e social, um caráter político. Tratava-se, como afirmava Felix Dzerzhinsky, de impedir que os jovens delinquentes continuassem a servir como massa de manobra da contrarrevolução.
O tema do filme é a reabilitação de gangues de meninos que vagavam pelas ruas, em 1923, pouco após o término da guerra civil. As lealdades dos jovens estão divididas entre Zhigan, que os exorta a continuarem ladrões, e Sergeev, o chefe de uma escola-comuna. “Estrada Para a Vida” ganhou o prêmio de Melhor Direção, no Festival Internacional de Veneza (1932). As dedicatórias poéticas apresentadas na introdução e no final do filme são interpretadas por Basil Katchalov.
Direção e Argumento Original: Nikolai Ekk (1902-76) e Aleksandr Stolper (1907-79)
Nikolai Vladimirovich Ekk nasceu em Riga (Letônia). Estudou interpretação e direção de teatro em Moscou. Nos anos 1928-36 comandou o estúdio “Mezhrabpomfilm” – atual Estúdio Gorky. Entre os obras cinematográficas que dirigiu estão o primeiro filme sonoro soviético, “Estrada Para a Vida” (1931), e o primeiro em cores, “Grunya Kornakova” (1936), além de “A Feira de Sorochinsk” (1939), “Noite de Maio” (1941) e “O Homem da Luva Verde” (1968) – realizado em 3D. Trabalhou também como ator, escritor e diretor de teatro.
Aleksandr Stolper é natural de Dvinskk (Lituânia). De 1923 a 1925 estudou na faculdade de formação de atores do Proletkult. A partir de 1927 trabalhou como cenógrafo no estúdio Soyuzkino, em Moscou. Em 1938 diplomou-se na faculdade de realizadores do Instituto de Cinematografia Gerasimov (VGIK). A partir de 1968 passou a dar aulas de direção de arte naquela instituição. Entre os principais filmes que dirigiu estão “Espere por Mim” (1943), “A História de um Homem de Verdade” (1948), “Longe de Moscou” (1959), “Os Vivos e os Mortos” (1963).
Música Original: Yakov Stollyar (1890-1962)
Formou-se no Conservatório de Moscou, em 1927. Compôs as óperas “Amran” (1929); e “Rio de Felicidade” (1949), sinfonias, sonatas e obras para voz e piano, como “Ciclos de Canções do Uzbequistão”(1942-44). Escreveu trilhas para teatro: “Suíte Ucraniana” e “Comandante Suvorov”, ambas em 1940. Compôs as músicas de quatro filmes de Nikolai Ekk: “Estrada Para a Vida” (1931), “Grunya Kornakova” (1935), “Carnaval de Cores” (1935), “A Feira de Sorochinsk” (1939). Assina também a trilha musical de “Pedras Azuis” (Mark Donskói e Vladimir Braun, 1940).
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AS 12 CADEIRAS
Leonid Gayday (1970), com Archil Gomiashvili, Serguey Filippov, Mikhail Pugovkin, Natalya Krachkovskaya, URSS, 161 min.
Sinopse
Com a economia arrasada após o fim da Guerra Civil, a URSS adotou entre 1921 e 1928 a NEP (Nova Política Econômica), definida por Lenin como um recuo tático caracterizado pelo estímulo à pequena propriedade privada no comércio varejista, indústria e agricultura. A introdução de práticas capitalistas, naquele momento, estimulava, de fato, a produção de mercadorias, mas, como não podia deixar de ser, trazia em sua esteira desigualdade e egoísmo. É neste cenário que um ex-aristocrata procura uma fortuna em diamantes escondidos pela sogra, antes de morrer, no forro de uma cadeira. Seu rival é o padre que conhecera o segredo na condição de confessor da piedosa senhora. Seu braço direito, o eloquente e ardiloso Ostap Bender, um vigarista tão típico daqueles tempos que entrou para sempre no folclore russo.
Adaptação de Leonid Gayday do clássico “As Doze Cadeiras” (1971), de Ilya Ilf e Evgueny Petrov.
Direção: Leonid Gayday (1923-93)
Nascido em Svobodny, na Sibéria, Leonid Iovich Gayday alcançou imensa popularidade e amplo reconhecimento. Seus filmes quebraram recordes de público – “Braço de Diamante” (1968) atingiu a marca de 76.700.000 espectadores. Ainda hoje estão entre os DVDs mais vendidos na Rússia.
Gayday ingressou no Exército Vermelho em 1942, foi ferido em 1943. Estudou interpretação, entre 1947 e 1949, no Teatro Dramático de Irkutsk. De 1949 a 1955 cursou o Instituto Estatal de Cinema (VGIK), formou-se diretor e foi trabalhar no Mosfilm. Mestre da comédia em ritmo acelerado, trabalhou com atores excepcionais como Georgiy Vitsin, Leonid Kuravlev, Mikhail Pugovkin, Savely Kramarov, Natalya Seleznyova, Natalya Krachkovskaya e sua esposa Nina Grebeshkova. Dirigiu 24 filmes, entre os quais vários clássicos: “Os Destiladores” (1961), uma adaptação cinematográfica do conto de O. Henri; “Gente de Negócios” (1962); “Operação Y e Outras Aventuras de Shurik” (1965); “Prisioneira do Cáucaso ” (1966); “Braço de Diamante” (1968); “As Doze Cadeiras” (1970); “De Volta do Futuro” (1973); “Ímpossível!” (1975); “O Inspetor Geral” (1977).
Argumento Original: Ilya Ilf (1897-1937) e Evgueny Petrov (1903-1942)
Ilya Arnoldovich Fainzilberg e Evgeny Petrovich Kataev nasceram em Odessa. Não se conheciam quando chegaram a Moscou em 1923 para trabalhar como jornalistas. Petrov era irmão do escritor Valentin Kataev; além de jornalista, trabalhou também como investigador criminal. Ilf e Petrov se conheceram em 1925 e logo constataram que em sua atividade profissional haviam reunido vasto material sobre as trapaças de novos empresários e funcionários do Estado cevados à sombra da NEP. Em 1926 começaram a escrever a quatro mãos um romance satírico sobre tais manifestações de ganância e individualismo extremado. Em 1928 estava impresso “As Doze Cadeiras” cujo sucesso popular foi instantâneo. Seu próximo romance, “Uma Alma Pura”, apareceu também em 1928. Em 1931 ressuscitaram Ostap Bender, o herói-velhaco de “As 12 Cadeiras”, para criar “O Bezerro de Ouro”. Outras das obras mais conhecidas da dupla são “A América de Um Andar”, escrita durante uma viagem no inverno de 1935-36 aos Estados Unidos, e “Tonya” (1937), que retrata a vida de cidadãos soviéticos obrigados a viver em uma sociedade capitalista.
Música Original: Aleksandr Zatsepin (1926)
O compositor russo Aleksandr Sergeyevich Zatsepin nasceu em Novosibirsk, na Sibéria. Em 1945 ingressou no Exército Vermelho. Autodidata, aprendeu a tocar vários instrumentos. Em 1947 entrou na Filarmônica de Novosibirsk. Depois se inscreveu no Conservatório de Alma-Ata. Graduou-se em piano, em 1956, ano em que criou a música para seu primeiro filme (Nosso Querido Médico, W. Almanov). Estabeleceu uma estreita e estratégica parceria com outro siberiano, o diretor Leonid Gayday, escrevendo, a partir de 1965, as bandas sonoras de todos os seus filmes. Em 1982 mudou-se para a França, mas retornou à URSS quatro anos mais tarde. Gosta de dizer: “Trabalhar em Moscou, descansar em Paris…” Compôs mais de 120 trilhas para cinema e televisão, entre elas as músicas de “Dusha” (Aleksandr Stefanovich, 1981) e “A Tenda Vermelha” (Mikhail Kalatozov, 1969), produção soviético-Italiana com Sean Connery, Claudia Cardinale e Peter Finch.
Treze Formas Diferentes de Filmar “As Doze Cadeiras”
A história de Ilf e Petrov recebeu muitas adaptações cinematográficas, cerca de 20. No Brasil foram exibidas apenas três: a de Mel Brooks, que levou o nome de “Banzé na Rússia”, em 1970, a de Richard Wallace (“Está no Papo”, 1945) e a versão da Atlântida, de 1957, com Oscarito.
Segue o levantamento de 13 dessas obras:
Dvanáct Kresel – Michal Waszynski e Martin Fric (1933), Polônia e Tchecoeslováquia
Keep Tour Seats, Please – Monty Banks (1936), Inglaterra
13 Stolar – Börge Larsson (1945), Suécia
It’s In the Bag! – Richard Wallace (1945), EUA, exibida no Brasil com o título “Está no Papo”
As 13 Cadeiras – Franz Eichhorn (1957), Brasil, com Oscarito, Renata Fronzi e Zé Trindade.
Las Doce Sillas – Tomás Gutierrez Alea (1962), Cuba
12 + 1 – Nicolas Gessner (1969), Itália
The Twelve Chairs – Mel Brooks (1970), EUA, exibida no Brasil com o título “Banzé na Rússia”
As Doze Cadeiras – Leonid Gayday (1970), URSS
Aranyborju – Miklós Szinetar (1974), Hungria
Mein Opa Und Die 13 Stühle – Helmut Lohner (1997), Áustria
Zwölf Stühle – Ulrike Ottinger (2004), Alemanha
-دوازده صندلی – Esmael Barari (2015), Irã
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O JURAMENTO
Mikhail Chiaurelli (1946), URSS, com Sofiya Giatsintova, Mikhail Gelovani e Nikolai Bogolyubov, 106 min.
Sinopse
Centrado na saga da família Petrov, o filme apresenta as diversas fases percorridas pelo desenvolvimento da URSS, e os agudos conflitos políticos originados por interesses de classe antagônicos, quanto aos caminhos a serem trilhados, desde a morte de Lenin até o final da 2ª. Guerra Mundial. A presença de Stalin, em diversos momentos da narrativa, provoca indisfarçável irritação nos críticos que gostariam de poder bani-lo da vida e da história da União Soviética, como se isso fosse possível. “O Juramento” ganhou Medalha de Ouro no Festival Internacional de Veneza (1946).
Direção: Mikhail Chiaurelli (1894-1974)
Mikhail Edisherovich Chiaurelli nasceu em Tbilisi (Geórgia). Em 1916 se formou na Escola de Pintura e Escultura, em Tbilisi. Na mesma cidade atuou na organização do Teatro de Sátira Revolucionária (1926-27), foi ator e diretor de Krasny Proletkult Theatre (1926-28) e diretor-artístico do Teatro Georgiano de Comédia (1928-41). Em 1928, tornou-se diretor de cinema do Goskinprom Estúdio. Seu filme mudo “Khabarda” (1931), uma comédia popular, ganhou aclamação da crítica. Em seguida realizou uma série de filmes históricos revolucionários, marca mais característica de seu trabalho: “A Última Máscara” (1934), “Arsen” (1937), “O Grande Brilho” (1938), “Georgii Saakadze” (1942, 1943), “O Juramento” (1946), “A Queda de Berlim” (1950), “O Ano Inesquecível de 1919” (1952). Após a morte de Stalin, interpretado em várias dessas películas pelo ator Mikhail Gelovani, também georgiano, Chiaurelli foi atingido pelos ventos kruschevistas, ficando seu trabalho restrito a produções de baixo orçamento. Durante a última década da vida dedicou-se ao cinema de animação.
Argumento Original: Mikhail Chiaurelli (1894-1974) e Pyotr Pavlenko (1899-1951)
Pyotr Andreyevich Pavlenko nasceu em Petrogrado e estudou na Politécnica de Baku. Em 1920 iniciou o trabalho político no Exército Vermelho e continuou esse trabalho na Transcaucásia. Publicou seus primeiros contos e ensaios em 1928, entre eles as “Coleções de Histórias da Ásia”. Suas viagens no Oriente soviético forneceram-lhe material para superar a herança do romantismo oriental. A nova abordagem se refletiu na novela “O Deserto” (1931). No romance “As Barricadas” (1932), cujo tema é a Comuna de Paris, alcançou a técnica realista na qual vinha trabalhando. Atuou também como jornalista e correspondente de guerra. Entre 1942 e 1943, foi presidente da Comissão de Defesa da União de Escritores. Seu principal romance, “Felicidade” (1947), narra a história de um veterano de guerra ferido que vai para a Criméia com a esperança de uma vida calma. Colaborou em argumentos e roteiros de filmes de alguns dos mais destacados diretores soviéticos: “Aleksandr Nevsky” (Eisenstein, 1938), “Yakov Sverdlov” (B.M. Levin, 1940), “Um Bom Rapaz” (Boris Barnet, 1941), “O Juramento” (Mikhail Chiaurelli, 1946), “A Queda de Berlim” (Mikhail Chiaurelli, 1950), “O Compositor Glinka” (Grigori Aleksandrov, 1953).
Música Original: Andrei Balanchivadze (1902-82)
Nascido em Petrogrado, filho do compositor georgiano Melliton Balanchivadze (1862-1937), estudou no Conservatório de Tbilisi e graduou-se no Conservatório de Leningrado, tendo como professor de composição Maximilian Steinberg. Nome de destaque na música da Geórgia, Balanchivadze atuou como regente da Orquestra. Sinfônica do Estado e lecionou no Conservatório de Tbilisi. Compôs óperas, sinfonias, vocais e corais. Escreveu música para 20 filmes, entre os quais “Georgii Saakadze” (1943) e “O Juramento” (1946), de Mikhail Chiaurelli.
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O VELHO E O NOVO
Serguey Eisenstein e Grigori Aleksandrov (1929), com Marfa Lapkina, Konstantin Vasilyev, Vassily Buzenkov, M.Ivanin, Ivan Yudin, URSS, 90 min.
Sinopse
Produzindo individualmente, com técnicas arcaicas, os camponeses pobres que compunham na época a ampla maioria da população da URSS mal conseguiam sobreviver e eram impiedosamente explorados pelos kulaks (camponeses ricos). Cansada de comer o pão que o diabo amassou, a camponesa Marfa Lapkina decide reforçar o movimento pela coletivização da agricultura organizando um kolkoz (cooperativa) com seus vizinhos.
De início, a adesão é pequena, mas em meio a uma intensa luta ideológica entre as velhas e as novas concepções as vantagens da produção coletiva vão se afirmando. Ponto alto do cinema silencioso, “O Velho e o Novo” explora ao máximo os recursos da montagem dialética.
Direção e Argumento Original: Eisenstein (1898-1948), Grigori Aleksandrov (1903-83)
Serguey Mihailovitch Eisenstein nasceu em Riga, Letônia. Estudou arquitetura e engenharia no Instituto de Engenharia Civil de Petrogrado. Em 1918, alistou-se como voluntário no Exército Vermelho. Em 1920, ingressou no Proletkult, atuando como cenógrafo e figurinista. Em 1923, publicou na revista LEF o artigo A Montagem das Atrações, dando início a uma vasta produção teórica sobre a linguagem cinematográfica. Estreou no cinema realizando o clássico ”A Greve” (1924). Tornou-se mundialmente conhecido com “O Encouraçado Potemkin (1925). Em seguida dirigiu “Outubro” (1927), “O Velho e o Novo” (1929), “Que Viva México!” (1931, inacabado), “O Prado de Bejin” (1935, inacabado), “Aleksandr Nevsky” (1938), “Ivan o Terrível” (1944, 1945). Realizou também importante trabalho como professor do Instituto Estatal de Cinematografia (VGIK).
Boa parte de sua obra teórica se encontra reunida nos livros “A Forma do Filme” (1929), “O Sentido do Filme” (1942) e “Memórias Imorais” (autobiografia, 1946).
Grigori Vasilyevich Aleksandrov nasceu em Yekaterinburg, distrito federal dos Urais. Em 1921 iniciou no Teatro Proletkult uma fecunda parceria com Eisenstein, que se estendeu ao cinema. Coescreveu o roteiro de “A Greve” (1924), codirigiu “Encouraçado Potemkin” (1925), “Outubro” (1927) e “O Velho e o Novo” (1929). Em 1930 acompanhou Eisenstein em sua viagem aos EUA. Após a deportação, participou das filmagens de “Que Viva México!” – em 1979 concluiu uma edição das imagens colhidas nesse trabalho, a partir dos storyboards originais de Eisenstein. Retornou à URSS em 1933 e de uma conversação mantida com Stalin e Gorki surgiu o projeto de realizar comédias musicais estreladas por Lyubov Orlova, cantora muito popular que mais tarde se tornaria sua esposa.
As produções deste ciclo são “Amigos Extraordinários” (1934), “Circus” (1936), “Volga-Volga” (1938), “Primavera” (1947). De 1951 a 1957, Aleksandrov lecionou direção no Instituto Estatal de Cinematografia (VGIK). Entre os filmes que dirigiu destacam-se também “Encontro no Elba” (1949), “Glinka” (1952), “Grande Luto” (1953), “Souvenir Russo” (1960), “Lenin na Polônia” (1961), “Lenin na Suiça” (1965), “Skovorets e Lira” (1974).
“O Velho e o Novo” e “A Linha Geral”
Em 1927, Eisenstein e Aleksandrov começaram a filmar “A Linha Geral”. O título provisório era uma alusão à linha geral do partido para o campo: a coletivização da agricultura. A primeira edição foi concluída no início de 1929 e tinha a duração de 121 minutos, mas não foi apresentada ao público. Os autores decidiram realizar uma nova edição do filme, antes de lançá-lo, em novembro, com o título de “O Velho e o Novo” e o tempo de duração de 87 minutos.
Eisenstein nos EUA
Eisenstein viajou aos Estados Unidos em 1929, acompanhado por Grigori Aleksandrov e o diretor de fotografia Eduard Tissé. Douglas Fairbanks
e Mary Pickford haviam voltado impressionados com Eisenstein de uma viagem
a Moscou em 1926. Ele recebeu um contrato da Paramount “para dirigir vários filmes na conveniência do contratado”. Porém, os projetos propostos pelo cineasta, adaptações dos romances “Ouro de Sutter” (Blaise Cendars), “Uma Tragédia Americana” (Theodore Dreiser) e “Guerra dos Mundos” (H.G. Wells) foram sendo rejeitados, um após outro. A Paramount cancelou o contrato, e, em 18 de novembro de 1930, o Departamento de Estado anunciou que estava deportando Eisenstein e seus companheiros, porque eles eram comunistas. Eisenstein se transferiu com a equipe para o México, em breve daria início às filmagens de
“Que Viva México!”. O filme era produzido pelo escritor americano Upton Sinclair. Problemas financeiros impediram que ele fosse concluído.
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O CARTÃO DO PARTIDO
Ivan Pyryev (1936), com Andrei Abrikosov, Anatoli Goryunov, Igor Maleyev, URSS, 108 min.
Sinopse
Em 1º. de dezembro de 1934, o assassinato de Serguey Kirov, líder do Partido Comunista em Leningrado, revelou a existência de uma rede contrarrevolucionária que se dedicava a promover atentados contra o poder soviético. Nesse contexto, Pavel Kuganov é um sedutor agente da quinta-coluna que se aproxima de Anna para forjar a fachada legal para suas atividades de sabotagem e espionagem. Inocentemente, ela se casa com ele e acaba envolvida numa trama que acarreta sua condenação, depois de seu cartão de identidade do partido roubado por Pavel ter sido usado numa operação.
Direção: Ivan Pyryev (1901-68)
Nascido na aldeia de Kamen-na-Obi, oeste da Sibéria, Ivan Aleksandrovich Pyryev iniciou a carreira no Teatro Proletkult, contracenou com Grigori Aleksandrov no curta-metragem “Diário de Glumov” (Eisenstein, 1923). Estreou como diretor de cinema com “Mulher Estranha” (1929). Em seguida vieram “Funcionário do Governo” (1930), “A Transportadora da Morte” (1933), “O Cartão do Partido” (1936).
Entre os anos 1938-49 dirigiu sete musicais, “A Noiva Rica” (1938), “A Tratorista” (1939), “A Bem-Amada” (1940), “Encontro em Moscou” (1941), “Às Seis da Tarde, Depois da Guerra” (1944), “Conto da Terra Siberiana” (1947), “Cossacos do Kuban” (1949), dividindo com Grigori Aleksandrov a condição de diretor mais bem sucedido do país, no gênero. Realizou também o drama de guerra “Os Partisans” (1942). Em 1951, dirigiu em parceria com o cineasta holandês Joris Ivens o documentário “Vitória da Amizade”. Em 1954, concluiu “Devoção”.
Fundador da União dos Cineastas Soviéticos e membro do Soviete Supremo da URSS, Pyriev recebeu seis prêmios Stalin (1941, 1942, 1946, 1946, 1948, 1951) e foi diretor da Mosfilm Estúdios (1954-57). Sua produção no período kruschevista ficou restrita a cinco películas, três das quais adaptações dos clássicos de Dostoievsky – “O Idiota” (1958), “Noites Brancas (1959) e “Os Irmãos Karamazov” (1969), concluído por Kirill Lavrov e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. As outras duas são “Nosso Amigo Comum” (1961) e “A Luz de Uma Estrela Distante” (1965).
Argumento Original: Yekaterina Vinogradskaya (1905-73)
Katerina Nikolayevna Vinogradskaya – ou, simplesmente, Tissova – nasceu em Oryol, Ucrânia. Sua carreira literária começou em 1926 e o primeiro trabalho no cinema foi o roteiro de “Um Fragmento do Império” (Fridrikh Ermler, 1929). Escreveu também os argumentos de “O Cartão do Partido (Ivan Pyryev, 1936), “Membro do Governo” (Joseph E. Heifitz, 1940), “Caminho da Glória” (Boris Buneev, 1947), “Para a Vida” (Nikolai Lebedev, 1952), entre outros. Desde 1956, passou a dar aulas no Instituto de Cinematografia Gerasimov (VGIK).
Música Original: Valery Zhelobinsky (1913-46)
Como Lev Kuleshov, Zhelobinsky nasceu em Tambov, 450 km a sudeste de Moscou. Estudou piano e composição no Conservatório de Leningrado. Teve uma carreira curta, porém brilhante. Suas quatro óperas, que incluem “O Camponês de Komarino”, produzida em Leningrado, em 1933, e “Mãe”, de 1938, baseada no romance de Gorky, foram recebidas com entusiasmo. Ele também escreveu música orquestral, incluindo seis sinfonias e três concertos para piano. Seu “Poema Romântico” para violino e orquestra estreou em Leningrado, juntamente com a primeira performance de Dmitri Shostakovich da “Sexta Sinfonia” em novembro de 1939. Compôs música para diversos filmes, entre os quais a comédia “Dias Agitados” (Aleksandr Zarkhi e Iosif Kheifits, 1935), “O Cartão do Partido” (Ivan Pyriev, 1936), “Dnepr em Chamas” (Czeslaw Sabinsky, 1937) e três adaptações de Isidoro Ann para peças de Anton Chekov – “Máscara” (1938), “O Urso” (1938) e “Casamento” (1944). Voltou a Tambov em 1942, onde lecionou na Faculdade de Música e foi Presidente da União dos Compositores.
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TRATORISTAS
Ivan Pyryev (1939), com Marina Ladynina, Nikolai Kriuchkov, Boris Andreev, URSS, 88 min.
Sinopse
Klim Iarko, piloto de tanque que estivera servindo no Extremo Oriente, volta da guerra para retomar suas funções como mecânico de tratrores. Apaixonado pela lider de uma famosa equipe feminina de tratoristas, que possui inúmeros fãs e pretendentes, vai à sua procura. Mecânico experiente, Klim se desdobra para dar mais eficiência ao trabalho dos tratoristas e conquistar o coração de Mariana. A canção-tema que acompanha os créditos desta comédia musical se tornou um marcante sucesso popular.
Direção: Ivan Pyryev (1901-68)
Nascido na aldeia de Kamen-na-Obi, oeste da Sibéria, Ivan Aleksandrovich Pyriev iniciou a carreira no Teatro Proletkult, contracenou com Grigori Aleksandrov no curta-metragem “Diário de Glumov” (Eisenstein, 1923). Estreou como diretor de cinema com “Mulher Estranha” (1929). Em seguida vieram “Funcionário do Governo” (1930), “A Transportadora da Morte” (1933), “O Cartão do Partido” (1936). Entre os anos 1938-49 dirigiu sete musicais, “A Noiva Rica” (1938), “A Tratorista” (1939), “A Bem-Amada” (1940), “Encontro em Moscou” (1941), “Às Seis da Tarde, Depois da Guerra” (1944), “Conto da Terra Siberiana” (1947), “Cossacos de Kuban” (1949), dividindo com Grigori Aleksandrov a condição de diretor mais bem sucedido do país, no gênero. Realizou também o drama de guerra “Os Partisans” (1942). Em 1951, dirigiu em parceria com o cineasta holandês Joris Ivens o documentário “Vitória da Amizade”. Em 1954, concluiu “Devoção”. Fundador da União dos Cineastas Soviéticos e membro do Soviete Supremo da URSS, Pyriev recebeu seis prêmios Stalin (1941, 1942, 1946, 1946, 1948, 1951) e foi diretor da Mosfilm Estúdios (1954-57). Sua produção no período kruschevista ficou restrita a cinco películas, três das quais adaptações dos clássicos de Dostoievsky – “O Idiota” (1958), “Noites Brancas (1959) e “Os Irmãos Karamazov” (1969), concluído por Kirill Lavrov e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. As outras duas são “Nosso Amigo Comum” (1961) e “A Luz de Uma Estrela Distante” (1965).
Argumento Original: Eugene Pomeschikov (1907-79)
Eugene Mikhailovich Pomeschikov nasceu em Donetsk, Ucrânia. Em 1929, graduou-se no departamento literário do Instituto de Educação, em Odessa. Em 1936, diplomou-se em roteiro pelo Instituto de Cinematografia Gerasimov (VGIK), onde passou a lecionar a partir de 1948. Suas histórias focalizam quase sempre temas contemporâneos, tratados sob a forma de comédia. Escreveu para Ivan Pyriev os argumentos de “A Noiva Rica” (1938), “Tratoristas” (1939), “Conto da Terra Siberiana” (1947). Entre os 30 roteiros que assina, encontram-se também “Nós dos Urais” (Lev Kuleshov e Aleksandr Khokhlov, 1943), “Centro-Avante” (Semyon Derevyansky, 1946), “Verão Generoso” (Boris Barnet, 1950), “Canção do Pastor” (Andrei Frolov, 1956), “O Marinheiro do Cometa” (Isidoro Ann, 1958).
Música Original: Dmitry Pokrass (1899-1978) e Daniel Pokrass (1904-54)
Dmitry Pokrass nasceu em Kiev, Ucrânia. Durante os anos 1914-17, estudou piano no Conservatório de Petrogrado e compôs canções para shows de variedades. Em 1919 se juntou ao Exército Vermelho. Por ocasião da tomada de Rostov (1920) pela Primeira Cavalaria, escreveu “Marcha de Budyonny”, que se tornou uma das primeiras canções soviéticas amplamente conhecidas. Em 1923-26, Pokrass serviu como regente titular e diretor musical do Teatro Hermitage, de Moscou. Entre 1932 e 1954, trabalhou em parceria com seu irmão, Daniel Pokrass, compondo música incidental para teatro e trilhas sonoras de filmes como “Caminhos do Inimigo” (Ivan Pravov, 1935), “Canção de Ninar” (Dziga Vertov, 1937), “Balada do Cossaco Golota” (Igor Savchenko, 1937), “Se a Guerra Começa Amanhã” (L. Antsi-Polovski e G. Berezko, 1938), “Tratoristas” (Ivan Pyriev, 1939), “Uma Garota de Personalidade” (Konstantin Yudin, 1938), “Kino-Kontsert” (Isaak Menaker e Adolf Minkin, 1941), “Tanquista” (Zinovij Drapkin e Robert Malman, 1942).
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ALEKSANDR NEVSKY
Serguey Eisenstein (1938), com Nikolay Cherkassov, Nikolai Oklopkov, Andrei Abrikosov, Valentina Ivasjova, URSS, 108 min.
Sinopse
Na primeira metade do século 13, o príncipe Aleksandr Nevsky evita o confronto com os tártaros que impunham pesados tributos às cidades russas e concentraos esforços na organização de um exército popular que derrota uma ameaça mais perigosa: os temíveis Cavaleiros Teutônicos, que pretendiam se apossar do território russo, submetê-lo ao Sacro Império Romano-Germânico e erradicar sua cultura.
Rodado por Eisenstein, em 1937-38, o paralelo que o filme estabelece entre aqueles invasores e as hordas hitleristas que se preparavam para devastar a URSS é cem por cento intencional, mas nem por isso menos rigoroso do ponto de vista histórico.
Com trilha musical de Serguey Prokofiev, “Aleksandr Nevsky” foi cuidadosamente restaurado pelo Mosfilm em 2015.
Direção: Serguey Eisenstein (1898-1948)
Serguey Mihailovitch Eisenstein nasceu em Riga, Letônia. Estudou arquitetura e engenharia em Petrogrado. Em 1918, alistou-se como voluntário no Exército Vermelho. Em 1920, ingressou no Proletkult, atuando como cenógrafo e figurinista. Em 1923, publicou na revista LEF o artigo A Montagem das Atrações, dando início a uma vasta produção teórica sobre a linguagem cinematográfica. Estreou no cinema realizando o clássico ”A Greve” (1924). Tornou-se mundialmente conhecido com “O Encouraçado Potemkin” (1925). Em seguida dirigiu “Outubro” (1927), “O Velho e o Novo” (1929), “Que Viva México!” (1931, inacabado), “O Prado de Bejin” (1935, inacabado), “Aleksandr Nevsky” (1938), “Ivan o Terrível” (1944, 1945). Realizou também importante trabalho como professor do Instituto Estatal de Cinematografia (VGIK).
Boa parte de sua obra teórica se encontra reunida nos livros “A Forma do Filme” (1929), “O Sentido do Filme” (1942) e “Memórias Imorais” (autobiografia, 1946).
Em “Aleksandr Nevsky, Eisenstein contou com o apoio de Pyotr Pavlenko, na construção do roteiro, e Dmitri Vassilyev no trabalho de direção.
Argumento Original: Serguey Eisenstein (1898-1948) e Piotr Pavlenko (1899-1951)
Pyotr Andreyevich Pavlenko nasceu em Petrogrado e estudou na Politécnica de Baku. Em 1920 iniciou o trabalho político no Exército Vermelho e continuou esse trabalho na Transcaucásia. Publicou seus primeiros contos e ensaios em 1928, entre eles as “Coleções de Histórias da Ásia”. Suas viagens no Oriente soviético forneceram-lhe material para superar a herança do romantismo oriental. A nova abordagem se refletiu na novela “O Deserto” (1931). No romance “As Barricadas” (1932), cujo tema é a Comuna de Paris, alcançou a técnica realista na qual vinha trabalhando. Atuou também como jornalista e correspondente de guerra. Entre 1942 e 1943, foi presidente da Comissão de Defesa da União de Escritores. Seu principal romance, “Felicidade” (1947), narra a história de um veterano de guerra ferido que vai para a Criméia com a esperança de uma vida calma. Colaborou em argumentos e roteiros de filmes de alguns dos mais destacados diretores soviéticos: “Aleksandr Nevsky” (Eisenstein, 1938), “Yakov Sverdlov” (B.M. Levin, 1940), “Um Bom Rapaz” (Boris Barnet, 1941), “O Juramento” (Mikhail Chiaurelli, 1946), “A Queda de Berlim” (Mikhail Chiaurelli, 1950), “O Compositor Glinka” (Grigori Aleksandrov, 1953).
Música Original: Serguey Prokofiev (1891-1953)
Serguey Sergueievitch Prokofiev nasceu em Donetsk, Ucrânia. Estudou piano e composição no Conservatório de São Petesburgo. Um dos compositores mais celebrados do século 20, escreveu sinfonias, concertos para piano, óperas, balés e trilhas para cinema. Entre suas obras mais executadas estão as óperas “O Amor das Três Laranjas” (1921) e “Guerra e Paz” (1943), o balé “Romeu e Julieta” (1936), a composição infantil “Pedro e o Lobo” (1936). Desde 1918, viveu nos Estados Unidos, França e em turnês pelo mundo, até retornar à União Soviética no início dos anos 30 e fixar residência em Moscou. Sua primeira trilha para cinema foi a de “Tenente Kije”, comédia realizada em 1934 por Aleksandr Feintsimmer. Em 1938, compôs para Serguey Eisenstein a música do grande épico “Aleksandr Nevsky”. Em 1944, repetiu a dose com a trilha de “Ivan, o Terrível”.
Sob direção do cineasta russo Aleksndr Rou, seu balé “Cinderela” foi para as telas em 1960.
A música de Prokofiev está presente em mais de uma centena filmes,
mesmo sem terem sido compostas especificamente para eles. Os exemplos vão desde “Calígula”, realizado em 1979 por Tinto Brass, a “10 Dias Que Abalaram o México”, de Peter Greenway (2015), passando por vários episódios da série “Os Simpsons”.
Prokofiev por Eisenstein
Por mais ridículo que possa parecer em face de meus outros camaradas, com “Aleksandr Nevsky” eu fazia a minha estreia no filme sonoro. Como eu gostaria de aproveitar para experimentar em paz, sistematicamente, tudo o que eu tinha armazenado em matéria de ideias e desejos depois de anos em que eu sonhava com o filme sonoro! O canhoneio do lago Hassan dissipa esses sonhos idílicos. Mordendo os dedos de raiva porque o filme não terminava, impedindo que o atirássemos como uma granada ao rosto do agressor, a equipe redobra de ardor em silêncio e o prazo impossível de término, dia sete de novembro, começa a repercutir em nossa consciência como realidade. Confesso que, até o último dia, vivi com a ideia: “É impossível terminar o filme no dia sete de novembro, mas vamos terminar”.
Com essa finalidade enfrentamos os mais pesados sacrifícios, ficamos prontos
a renunciar a tudo o que nos havia seduzido no princípio da combinação luz-som. Num prazo tão rápido, parecia inconcebível chegar a fundir organicamente a música com a imagem, a descobrir e a resolver a maravilhosa sincronização interna das formas visuais e auditivas, isto é, realizar aquilo em que reside, no fundo, todo o segredo da ação combinada luz-som. Precisávamos de tempo, de reflexão, de duas, três, vinte montagens. Como chegaria a música a se deixar fecundar pela imagem? Como ou, mais exatamente, quando chegaríamos a conseguir fundir aqueles dois elementos num só bloco?
Foi aí que o mestre feiticeiro Serguey Prokofiev acorreu em nosso auxílio.
Quando este fabuloso musicista encontrou tempo para refletir sobre o espírito da obra, para compreender num simples esboço de montagem toda a lógica interna de uma cena, para repeti-la em termos de música, para traduzi-la numa orquestração prodigiosa e, durante as horas passadas no estúdio de gravação com Volski, o engenheiro de som, e Bogdankevitch, o operador, para harmonizar o método de gravação através de diversos microfones de uma maneira que até então não tinha sido feita entre nós?
Os prazos eram contados, mas podíamos dar-nos a todos os luxos: em toda passagem-chave, a combinação luz-som era elevada a um ponto tal que não teria sido possível obter em prazo três vezes maior. Deve-se isso a Serguey Prokofiev que une a um talento brilhante um incrível brio profissional e o dom de realizar trabalho-relâmpago.
(Extraído do artigo de Eisenstein “Patriotismo, Meu Tema”- editado em 1939).
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VÁ E VEJA
Elem Klimov (1985), com Aleksey Kravchenko, Olga Mironova, Vladas Bagdonas, Liubomiras Lauciavicius, URSS, 136 min.
Sinopse
Em 1943, o adolescente Floria, de uma aldeia bielorrussa, encontra um velho fuzil
e se junta ao movimento guerrilheiro de resistência contra os nazistas. A ocupação da Bielorrússia foi de uma selvageria sem precedentes. Das 9.200 localidades destruídas na URSS durante a 2ª. Guerra Mundial, 5.295 estavam situadas naquela região. Mais de 600 vilas, como Khatyn, foram aniquiladas juntamente com toda a sua população. 2.230.000 de soviéticos, um terço dos habitantes da Bielorrússia, foram mortos durante os anos da invasão alemã. O título do filme é uma alusão ao capítulo 6, versículos 7 e 8, do Apocalipse de S. João.
Direção: Elem Klimov (1933-2003)
Elem Germonovich Klimov nasceu em Stalingrado. Em 1957 graduou-se no Instituto de Aviação de Moscou, com licenciatura em Engenharia Aeronáutica.
Em 1964, formou-se no VGIK (Instituto Estatal de Cinematografia). Dirigiu
11 filmes, entre os quais “Bem-Vindo, ou Entrada Proibida” (1964), “Aventuras de um Dentista” (1965), “Agonia, Rasputin” (1975) e “Vá e Veja” (1985) – ganhador
do 14º. Festival Internacional de Moscou. De 1986 a 1988 foi 1º. Secretário da União dos Cineastas da URSS. Em 1976, concluiu o documentário “Eu Ainda Acredito…”, iniciado por Mikhail Romm, seu professor no VGIK, que falecera em 1971. Em 1981, concluiu o longa “Despedida” que vinha sendo realizado por sua esposa Larisa Shepitko, falecida em 1979.
Argumento Original: Ales Adamovich (1927-94)
Escritor e crítico bielorrusso, Ales Adamovich formou-se Doutor em Filologia na Universidade da Bielorrúsia e estudou na Universidade de Moscou, onde concluiu
o curso de roteirista. Sua participação como jovem mensageiro e guerrilheiro na Bielorrúsia ocupada foi a base para escrever uma de suas obras mais reconhecidas, “A História de Khatyn”, e o roteiro de “Vá e Veja”. Foi membro da União dos Escritores Soviéticos desde 1957 e professor da Academia de Ciências da Bielorrússia. Seus romances deram origem também aos filmes “Guerra Sob o Telhado” (Viktor Turov, 1967) e “Franz + Polina” (Mikhail Segal, 2006).
Música Original: Oleg Yanchenko (1939-2002)
Nascido em Mogliev, Bielorrússia, Oleg Yanchenko foi organista, compositor e maestro. Graduou-se no Conservatório de Moscou em piano, órgão e arranjo.
No ano de 1964, recebeu diploma especial do Concurso Internacional de Órgão, em Leipzig. Estudou na Academia de Música de Viena e na Academia para Organistas em Haarlem (Holanda). Foi fundador, diretor de arte e maestro da Orquestra de Câmara de Minsk de 1978 a 1979. Presidiu a Associação dos Mestres Organistas da Rússia em 1987. Além da trilha de “Vá e Veja” (Elem Klimov, 1985), Yanchenko compôs para 16 filmes, cinco dos quais realizados pelo diretor bielorrusso Viktor Turov.
Apocalipse 6: 7-8
7. Quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente dizer: “Vem e vê!” 8. E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o nome do que estava montado sobre ele era Morte; e o inferno seguia com ele. E foi-lhe dado o poder sobre a quarta parte da terra para matar à espada, e com a fome, e com a peste, e com as feras da terra.
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A JOVEM GUARDA
Serguey Gerassimov (1948), com Vladimir Ivanov, Inna Makarova, Nonna Mordyukova, Serguey Gurzo, Lyudmila Shagalova, URSS, 189 min.
Sinopse
Durante a Grande Guerra Patriótica, a cidade de Krasnodon, no sudeste da Ucrânia, é ocupada pelos nazistas, em 20 de julho de 1942. Em outubro, um grupo de estudantes e trabalhadores cria uma organização denominada “Jovem Guarda”, que realiza o trabalho clandestino de agitação e propaganda, promove atos de sabotagem contra as tropas alemãs e tem como objetivo juntar-se às unidades avançadas do Exército Vermelho – que viriam a libertar a cidade em fevereiro de 1943.
O filme se baseia em eventos reais retratados no popular romance de Aleksandr Fadeyev, “A Jovem Guarda”.
A situação da guerra, naquele período, começava a mudar. A blitzkrieg alemã conseguira tomar Kiev, capital da Ucrânia, em setembro de 1941, mas fora detida ás portas de Leningrado e Moscou. Em janeiro de 1942, o contra-ataque soviético impõe à Wehrmacht a primeira derrota, obrigando-a a suspender o cerco a Moscou. O comando alemão muda a estratégia. Sem cereais e combustível para uma guerra prolongada, Hitler procura obtê-los consolidando a ocupação da Ucrânia e Bielorrúsia, enquanto concentra o grosso das forças no ataque a Stalingrado para assumir o controle dos campos petrolíferos do Cáucaso. A Batalha de Stalingrado inicia em agosto de 1942 e termina em 2 de fevereiro de 1943, com a vitória do Exército Vermelho. A partir daí os soviéticos passariam à ofensiva e os nazistas à retranca.
Direção: Serguey Gerasimov (1906-85)
Serguey Appolinarievich Gerassimov nasceu Chelyabinsk, na Rússia. Em 1928 graduou-se na Faculdade de Artes Cênicas de Leningrado. Começou sua carreira no cinema, como ator em 1924, integrando-se ao grupo FEKS, fundado por Grigori Kozintsev e Leonid Trauberg. Contratado para produzir versões cinematográficas de clássicos literários do realismo socialista, realizou em 1948 a adaptação do romance “A Jovem Guarda”, de Aleksandr Fadeyev. Em 1957-58 dirigiu as duas partes do épico “Don Silencioso”, de Mikhail Sholokhov. A escola de cinema mais antiga do mundo, o VGIK (Instituto de Cinematografia Gerasimov), leva seu nome desde 1986. Dirigiu também os filmes “Cidade da Juventude” (1938), “O Professor” (1939), “A Velha Guarda” (1941), “A Nova China” (1952), “O Jornalista” (1967), “À Beira do Lago” (1969), “Leo Tolstoi” (1984).
Argumento Original: Aleksandr Fadeyev (1901-56)
Nascido em Kimry, Distrito Federal do Tver, o escritor Aleksandr Aleksandrovich Fadeyev foi um dos fundadores da União dos Escritores Soviéticos e seu presidente de 1946 a 1954.
Em 1921-22, estudou na Academia de Mineração de Moscou. Foi, entre os anos de 1942-44, editor-chefe da “Gazeta Literária”, organizador da revista “Outubro”, correspondente militar do jornal “Pravda”. Em 1945, escreveu o clássico “A Jovem Guarda” pelo qual foi agraciado com o Prêmio Stalin (1946).
Entre suas obras estão “Durante Trinta Anos” (coletânea de artigos jornalísticos), os romances “A Derrota” (1927), “Dezenove” (1927) e “O Último dos Udege” (1930-40).
Música Original: Dmitri Shostakovitch (1906-75)
Dmitri Dmitriyevich Shostakovich estudou piano com Leonid Nikolaiev e composição com Steinberg e Glazunov. Sua primeira sinfonia foi escrita em 1926, aos 19 anos, como tese de conclusão do curso no Conservatório de Leningrado.
Com uma música envolvente que ultrapassou fronteiras, Shostakovich foi celebrado em prosa e verso na URSS e criou uma obra que impressiona pela qualidade e quantidade: 15 sinfonias; 6 concertos para piano, violino e violoncelo; suas Danças Fantásticas; 24 prelúdios para piano; 24 prelúdios e fugas para piano; 2 sonatas; 8 quartetos de cordas, diversas obras de música de câmara, 3 óperas e mais de 100 trilhas para cinema. Sua filmografia inclui “Outubro” (Eisenstein, 1928), “A Juventude de Maksim”, “O Retorno de Maksim”, “O Bairro de Viborg” (Grigori Kozintsev e Leonid Trauberg, 1935, 1937, 1939), “A Defesa de Volotchayevka” (Georgi e Serguey Vasilyev, 1937), “Amigos” (Lev Arnchstan, 1939), “Berlim” (Yuli Raizman, 1945), “Pirogov” (Grigori Kozintsev, 1947), “Michurin” (Aleksandr Dovzhenko, 1949), “A Jovem Guarda” (Serguey Gerassimov, 1949), “A Queda de Berlim” (Mikhail Chiaurelli, 1950), “A Vespa” (Aleksandr Faintsimmer, 1956).
Curiosamente, nove entre dez sites relacionados pelo Google apresentam o compositor como vítima de intensa perseguição, durante a Era Stalin (1927-53), que o teria levado inclusive a desenvolver “impulsos suicidas”. De objetivo, há duas críticas desfavoráveis no Pravda, em 1936, à ópera “Lady Macbeth” e ao balé “O Límpido Regato”, e menções esparsas de “formalismo” feitas, em 1948, por Andrei Zhdanov, presidente do Soviete Supremo (1946-47). – perseguição “insuportável” para quem recebeu nove prêmios Stalin entre 1941 e 1952, além de ser eleito deputado ao Soviete Supremo, em 1951.
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STALINGRADO
Yuri Ozerov (1989), com A. Karapetian, Bujutin Zakariadze, S. Jaskevic, Yu. Durov, Fritz Diz, Ivo Garani, G. M. Henneberg, URSS, 84 min.
Sinopse
Em julho de 1942 tem inicio a Batalha de Stalingrado, a mais decisiva da 2ª Segunda Guerra Mundial, que marca o limite da expansão alemã no território soviético.
A luta durou até fevereiro de 1943.
Com a incrível resistência oferecida pela população de Stalingrado e as forças do Exército Vermelho, as tropas invasoras são derrotados e a contra ofensiva soviética vence todo o 6° Exército alemão, marcando assim a segunda e maior derrota em larga escala da Alemanha nazista na guerra. A primeira havia sido na Batalha de Moscou (setembro de 1941 a abril de 1942).
Direção: Yuri Ozerov (1921-2001)
Yuri Ozerov nasceu em Moscou. Em 1939 inscreveu-se no Instituto de Teatro Lunacharski. Convocado para o Exército, participou da Batalha de Moscou e das campanhas da Ucrânia e Polônia. Em 1944 graduou-se na Academia Militar Frunze. Em 1945 retomou os estudos de teatro. Formou-se no Instituto Estatal de Cinematografia (VGIK), em 1951. Trabalhou, a partir de 1949, no estúdio Mosfilm. Em 1977 foi agraciado com o prêmio Artista do Povo da URSS. Entre seus filmes estão: “Filho” (1955), “Batalha de Berlim” (1971), “Você É o Mundo” (1981), encomendado pelo Comitê Olímpico Internacional, “O Comandante Georgy Zhukov” (1995). Suas séries “Libertação” (seis episódios, 1968-71), “A Batalha de Moscou” (quatro episódios, 1985) e Stalingrado (1989) traçam um vasto painel da 2ª. Guerra Mundial.
Argumento Original: Yuri Bondarev (1896-1988) e Oskar Kurganov (1907-97)
Nascido em Orsk, Rússia, Iuri Vasilyevich Bondarev participou da 2ª. Guerra Mundial como oficial de artilharia. Formou-se em 1951 pelo Instituto de Literatura Maxim Gorki. Tem 10 romances publicados, entre os quais “Os Últimos Tiros” (1959) e “Neve Ardente” (1969), levados ao cinema em 1960 e 1974 pelos diretores Lev Saakov e Gavriil Egiazarov. É autor do argumento do épico “A Libertação” (Yuri Ozerov, 1968). Foi membro do partido comunista e signatário, em 1991, do manifesto antiperestroika “A Palavra para o Povo”. Em 1994 recusou a medalha Ordem da Amizade dos Povos, concedida por Boris Ieltsin.
Oskar Iyeremievich Esterkin assina com Bonderiev o argumento dos cinco episódios de “Libertação”. Escreveu também os roteiros de “Os Combatentes da Liberdade” (Iuri Ozerov, 1977) e “Chelyunkintsy” (Mikhail Ershov,1984).
Música Original: Yuri Levitin (1912-93)
Yuri Abramovich Levitin nasceu em Poltava, Ucrânia, estudou piano no Conservatório de Leningrado. Em 1937 teve aulas de composição com Dmitri Shostakovich. Trabalhou como pianista na Filarmônica de Leningrado (1931-41). Foi responsável pelo setor musical do Teatro de Variedades em Tashkent (1941-42). Sua produção como compositor inclui quatro óperas, sete cantatas, duas sinfonias, canções, mais de cinquenta trilhas musicais para filmes e desenhos animados, entre os quais “Filho” (Iuri Ozerov, 1955), “Don Silencioso” (Serguey Gerasimov, 1957), “A Libertação” (Iuri Ozerov, 1969), “Os Milhões de Privalov” (Yaropolk Lapshin, 1972), “Stalingrado” (Yuri Ozerov, 1989). Recebeu o Prêmio Stalin (1952) pelo oratório “As Luzes do Volga”.
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A PROFESSORA DA ALDEIA
Mark Donskoy (1947), com Vera Maretskaya, Pavel Olenev, Daniil Sagal, Vladimir Lepeshinsky, URSS, 100 min.
Sinopse
Por volta de 1910, em São Petesburgo, Bárbara Vasilyena encontra no baile de sua formatura como professora o militante bolchevique Serguey Martinov, por quem se apaixona. Ele é preso ao raiar do dia. Decidida a ensinar as crianças camponesas, ela segue para a remota aldeia de Shatry, no interior da Sibéria. Dai em diante, serão muitas as batalhas que a professora irá enfrentar, a começar pela sua aceitação por aquela comunidade. Trinta e cinco anos de sua vida serão contados, tendo como pano de fundo as transformações ocorridas ao longo da história da Rússia e em seguida da URSS, até o término da 2ª. Guerra Mundial.
Direção: Mark Donskoy (1901-1981)
Mark Semyonovich Donskoy nasceu em Odessa, na Ucrânia. Durante a Guerra Civil (1918-21) lutou no Exército Vermelho. Graduou-se em direito na Universidade de Crimeia. Destacou-se como cineasta com a estreia de “Canção da Alegria” (1934). Em 1937 começou a filmar sua obra mais reconhecida, a “Trilogia Gorky” (Prêmio Stalin 1941), composta por “A Infância de Maksim Gorky” (1938), “Ganhando Meu Pão” (1939) e “Minhas Universidades” (1940). Do escritor, adaptou também “A Mãe” (1956) e “Foma Gordeev” (1960). Em 1942, levou às telas o popular romance “Assim Foi Temperado o Aço”, de Ostrowsky. O tema da ocupação nazista foi desenvolvido em “O Arco-Iris” (1943) e “A Família Taras”, Medalha de Ouro no Festival de Veneza (1946).
Donskoy dirigiu também “A Professora da Aldeia” (1947) e “Alô, Crianças” (1962). Realizou ao todo 26 longas. Trabalhou em diversos estúdios: Mosfilm, Belgoskino, Lenfilm e Soyuzdetfilm. Foi membro da União dos Cineastas da URSS.
Argumento Original: Maria Smirnova (1905-93)
A escritora, dramaturga e roteirista Maria Nikolaevna Smirnova nasceu na aldeia russa de Samaykino. Nos anos 1922-23 estudou no Instituto Pedagógico de Samara. Trabalhou como professora na província Orenburg e graduou-se em 1927 pela Oficina Experimental Lev Kuleshov. Entre seus trabalhos para cinema estão os roteiros de “Baba” (Vladimir Batalov, 1940), “A Professora da Aldeia” (Mark Donskoy, 1947), “História de um Homem de Verdade” (Aleksandr Stolper, 1948), “O Médico de Campanha” (Sergei Gerassimov, 1951), “Jornada Além de Três Mares” (Vasily Pronin e Ahmad Abbas, 1958), “Tosca” (Aleksandr Blank, 1969). Maria é também autora da peça “A Proeza” (1947).
Música Original: Lev Schwartz (1898-1962)
Nascido em Tashkent, o uzbeque Lev A. Schwartz graduou-se no Conservatório de Moscou e foi professor de piano na Academia Russa de Música. Entre suas obras estão concertos para piano, violino e orquestra, canções infantis, músicas para desenhos animados e para os filmes da “Trilogia Gorki” (Mark Donskoy, 1938, 1939, 1940), “Arco-Iris” (Mark Donskoy, 1943), “A Professora da Aldeia” (Mark Donskoy, 1947) e “Pavluha” (Semyon Tumanov, 1962).
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O RETORNO DE VASSILY BORTNIKOV
Vsevolod Pudovkin (1953), com Serguey Lukyanov, Natalya Medvedeva, Nikolai Timofeyev, URSS, 102 min.
Sinopse
Dado como desaparecido na guerra, Vassily Bortnikov regressa ao lar e encontra a mulher casada com outro. Comunista abnegado e voluntarioso, ele enfrenta a situação, em seguida assume a liderança da reconstrução do kholkóz, mergulha de cabeça na batalha pelo aumento da produção, mas com o passar do tempo vai se dando conta de que suas soluções para os problemas não estão funcionando bem. Os novos tempos exigem dele algo mais.
Direção: Vsevolod Pudovkin (1893-1953)
As enciclopédias costumam situar Vsevolod Illarionovitch Pudovkin, ao lado de Serguey Eisenstein e Lev Kulechov, como um dos três fundadores do cinema soviético. Desde o início dos anos 20, eles exploravam as possiblidades da técnica de justaposição de planos para exprimir estados emocionais dos personagens, e viam na montagem o clímax do trabalho criador do diretor de cinema. Experimentaram e escreveram copiosamente sobre o tema. Nascido em Penza, Pudovkin estudou na Faculdade de Física e Matemática da Universidade de Moscou. Gravemente ferido, durante a 1ª. Guerra Mundial, foi feito prisioneiro, em 1915. Durante os três anos de cativeiro, aprendeu alemão, inglês e polonês. Fugiu da prisão em 1918. Em 1920, começa a trabalhar com Kuleshov. Desde seu curta de estreia, a comédia “A Febre de Xadrez” (1924), dirigiu 18 filmes, entre os quais obras-primas como “A Mãe” (1926), “O Fim de São Petersburgo” (1927), “Tempestade sobre a Ásia” (1928), “O Desertor” (1933), “Suvorov” (1941), “Em Nome da Pátria” (1943), “Almirante Nakhimov” (1947), “O Retorno de Vasili Bortinikov” (1953). Como ator, trabalhou em 13 filmes.
Argumento Original: Galina Nikolayeva (1911-63)
Galina Volianskaia nasceu na aldeia de Usmanka, distrito de Mariinsky, Sibéria Ocidental. Formou-se em medicina, em 1935, no Instituto Gorki. Em 1945, publicou seu primeiro conto, “A Morte do Comandante do Exército”. Escreveu poesia (“Através do Fogo”, 1946), o livro de ensaios “Contornos do Futuro” (1949). Em 1950, foi premiada pelo romance “A Colheita”, publicado em várias línguas, inclusive em português pela Editorial Vitória – é um dos 25 livros da coleção Romances do Povo, dirigida por Jorge Amado. Pudovkin levou a história para as telas, em 1953, com o título “O Retorno de Vassily Bortnikov”. Os romances de Nikolayeva receberam mais duas adaptações cinematográficas: “No Silêncio da Estepe” (Serguei Kasakov, 1959) e “A Batalha em Marcha” (Vladimir Basov, 1961).
Música Original: Kirill Molchanov (1922-82)
Kirill Molchanov nasceu em Moscou – sua mãe Natalia K. Molchanov era cantora lírica, atuando em produções do estúdio de ópera do Teatro Bolshoi. Em 1949, graduou-se em composição no Conservatório de Moscou. Escreveu oito óperas, balés, obras instrumentais, canções e música para teatro, cinema e televisão. Integrou o secretariado da União de Compositores Soviéticos (1951-57) e foi Diretor do Teatro Bolshoi (1973-75). Compòs a trilha de mais de 30 filmes, entre os quais “O Retorno de Vassily Bortnikov” (Vsevolod Pudovkin, 1953), “Aconteceu em Penkovo” (Stanislav Rotostky, 1957), “Licença Para Desembarcar” (Felix Mironer, 1962), “Férias no Cafundó” (Boris Barnet, 1963), “As Manhãs Aqui Estão Tranqüilas” (Stanislav Rotostky, 1972), “Dívidas Antigas” (Ilya Gurin, 1979).
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PRIMAVERA
Grigori Aleksandrov (1947), com Liubov Orlova, Nikolai Cherkasov, Faina Ranevskaia, URSS, 104 min.
Sinopse
Quinta comédia musical com direção de Grigori Aleksandrov e trilha composta por Isaak Dunaievsky, na qual Liubov Orlova contracena com Nikolai Cherkasov – o astro de Eisenstein em “Aleksandr Nevsky” e “Ivan, o Terrível”.A seqüência de abertura marca o ritmo febril da reconstrução do país no início do pós-guerra, período em que se situa o enredo do filme: uma sucessão de quiproquós que leva artistas e cientistas a superar preconceitos mútuos, aprendendo a conhecer melhor o papel de cada um na sociedade.
Direção e Argumento Original: Grigori Aleksandrov (1903-83)
Grigori Vasilyevich Aleksandrov nasceu em Yekaterinburg, distrito federal dos Urais. Em 1921 iniciou no Teatro Proletkult uma fecunda parceria com Eisenstein, que se estenderia ao cinema. Coescreveu o roteiro de “A Greve” (1924), codirigiu “Encouraçado Potemkin” (1925), “Outubro” (1928) e “Linha Geral” (1929). Em 1930 acompanhou Eisenstein em sua viagem aos EUA, participou, em 1932, das filmagens do inacabado “Que Viva México!” – em 1979 concluiu uma edição das imagens colhidas nesse trabalho. Retornou à URSS em 1933 e de uma conversação mantida com Stalin e Gorki surgiu o projeto de realizar comédias musicais estreladas por Lyubov Orlova, cantora extremamente popular, na época, que mais tarde se tornaria sua esposa. As produções deste ciclo são “Amigos Extraordinários” (1934), “Circus” (1936), “Volga-Volga” (1938), “Caminho Luminoso” (1940), “Primavera” (1947). Os musicais obtiveram estrondoso sucesso e abriram caminho para outros diretores que se notabilizaram no gênero, como Ivan Pyriev. De 1951 a 1957, Aleksandrov lecionou direção no Instituto Estatal de Cinematografia (VGIK). Entre seus filmes destacam-se também “Encontro no Elba” (1949), “Glinka” (1952), “Grande Luto” (1953), “Souvenir Russo” (1960), “Lenin na Polônia” (1961), “Lenin na Suiça” (1965), “Skovorets e Lira” (1974). Foi premiado três vezes com a Ordem de Lenin, e recebeu o Prêmio Stalin em 1941 e 1950.
Música Original: Isaak Dunaievsky (1900-55)
Considerado um dos maiores compositores soviéticos, Isaak Osipovich Dunaievsky nasceu em Lokhvitsa (Ucrânia). Em 1919 formou-se em violino e teoria musical no Conservatório Kharkiv. Transferiu-se para Moscou, em 1924, indo trabalhar no Teatro Hermitage. Foi diretor e regente do Music Hall de Leningrado (1929-34). Depois retornou a Moscou para trabalhar em suas operetas e músicas para cinema. Dunaievsky criou 14 operetas, 3 balés, 3 cantatas, 80 coros, 80 canções e romances, música de 88 peças teatrais e 42 filmes, 52 composições para orquestra sinfônica, 47 para piano e 12 para orquestra de jazz. Escreveu a trilha das cinco comédias musicais de Aleksandrov – “Amigos Extraordinários” (1934), “Circus” (1936), “Volga-Volga” (1938), “O Caminho Luminoso” (1940) e “Primavera” (1947). Compôs também, entre outras, as trilhas de “Três Camaradas” (Semyon Timoshenko, 1935), “Filhos do Capitão Grant” (Vladimir Weinstock, 1936), “Meu Amor” (Vladimir Korsh-Sablin, 1940), “Cossacos de Kuban” (Ivan Pyryev, 1949).
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A CIDADE DOS VENTOS
Karen Shakhnazarov (2008), com Aleksandr Lyapin, Lidiya Milyuzina, Egor Baranovskiy, URSS, 105 min.
Sinopse
Na década de 1970, jovem universitário que se proclama “dissidente” disputa com o amigo comunista o amor da doce Lyuda, enquanto o entusiasmo socialista na URSS vai sofrendo uma gradual, porém contínua, erosão.
Direção: Karen Shakhnazarov (1952)
Nascido em Krasnodar, na região de Kuban, no Cáucaso, Karen Georgievich Shakhnazarov formou-se, em 1975, pelo VGIK (Instituto Estatal de Cinema). Em 1987, seu filme “O Mensageiro” recebeu prêmio especial no 15º. Festival Internacional de Moscou. Dirigiu 13 longa-metragens, entre os quais “Cidade Zero” (1988), “O Assassino do Czar” (1991), “Sonhos” (1993), “A Filha Americana” (1995), “A Cidade dos Ventos” (2008), “A Enfermaria Número 6” (2009), “Tigre Branco” (2012). Com muitos prêmios nacionais e internacionais, seus filmes apresentam uma reflexão crítica sobre a restauração do capitalismo e o desmembramento da União Soviética. Assumiu em 1998 a direção geral do Mosfilm, o maior estúdio de cinema da Rússia.
Argumento Original: Evgueniy Nikishov (1939), Serguey Rokotov (1952-2015)
Evgueniy Nikishov nasceu em Moscou. Graduou-se em jornalismo, estudou historia do cinema e escrita de argumentos no VGIK, o tradicional Instituto Estatal de Cinema, hoje Universidade Estatal de Cinema Serguey Gerassimov. De 2005 a 2009 foi editor-chefe da revista de cinema do Mosfilm. Entre 2008-16 foi diretor-geral adjunto do canal de televisao TNT. A partir de 2016 é o produtor-geral do TV3. Escreveu roteiros para cinema e televisão, entre os quais “A Cidade dos Ventos” (Karen Shakhnazarov, 2008).
Serguey Rokotov nasceu em Moscou. Ator e escritor. Principais filmes em que atuou como escritor “A Cidade dos Ventos” (Karen Shakhnazarov, 2008), “Trigésimo Sétimo Romance” (Grigoriy Gyardushyan, 2011)
Música Original: Konstantin Shevelyov (1957)
Ator e compositor. Entre as trilhas sonoras criadas por Konstantin Shevelyov estão as dos filmes “Não Banque o Louco” (Valery Chikov, 1997), “A Cidade dos Ventos” (Karen Shakhnazarov, 2008). Recebeu o prêmio Aguia de Ouro, junto com Yuri Poteenko, pela musica de “Tigre Branco” (Karen Shakhnazarov, 2012).
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OLIGARCH
Pavel Lungin (2002), com Vladimir Mashkov, Mariya Mironova, Andrey Krasko, Russia, 123 min.
Sinopse
Durante os anos Gorbachev (1985-1991), Platão Makovski e seus amigos universitários entram na onda de assumir o controle de empresas para restabelecer o capitalismo na Rússia. Seu primeiro grande golpe foi a criação da sociedade privada LogoVAZ, que passa a parasitar a AutoVAZ, estatal fabricante de automóveis Lada. Avançando 15 anos no vale-tudo para se apossar da propriedade pública, Platão se torna o homem mais rico do pais, não se importando em sacrificar seus amigos para chegar ao topo. O filme é baseado no romance “Bolshaya Paika” de Iuly Dubov sobre Boris Berezovsky, o mais notório dos oligarcas que mandaram e desmandaram na Rússia durante o governo de Boris Yeltsin (1991-99). Este é o homem que Vladimir Mashkov retrata no personagem de Platão. O escritor Yuly Dubov foi um daqueles amigos que ele descartou no caminho. Mais tarde eles se reaproximariam no exílio em Londres, ambos foram condenados pela justiça russa por fraude contra a AutoVAZ.
Direção: Pavel Lungin (1949)
Filho da tradutora Liliana Lungina e do escritor Semyon Lungin, Pavel Semyonovich Lungin nasceu em Moscou. Trabalhou como roteirista. Estreou como diretor em “Taxi Blues” (1990), prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes. Também dirigiu “O Casamento” (2000), “Oligarch” (2002), “A Ilha” (2006), “Czar” (2009), “Pátria” (Série de TV, 2015).
Em 2009, foi presidente do júri do 31º. Festival Internacional de Cinema de Moscou.
Argumento Original: Iuly Dubov (1948)
Iuly Anatotyevich Dubov nasceu em Moscou. Graduou-se no Instituto de Energia de Moscou (1972). Trabalhou no Instituto de Ciências de Gestão da URSS, departamento de Estudos de Investigação de Sistemas (1977-95). Entrou para o “business” em 1992, como assessor do diretor-geral da LogoVAZ Boris Berezovsky e depois como diretor-geral da empresa. Em junho de 2009, a Corte da cidade de Krasnogorsk condenou os dois por desvio de US$ 140 milhões da AutoVAZ mediante fraude realizada pela LogoVAZ.
Escreveu “Bolshaya Paika” (1999), “Vikings e Ladrões” (2003), “O Mal Menor” (2004). “A Teoria da Catástrofe” (2005).
Música Original: Leonid Desyatnikov (1955)
Leonid Arkadyevich Desyatnikov nasceu em Kharkiv, Ucrânia. Graduou-se no Conservatório de Leningrado, onde estudou composição e instrumentação. Escreveu quatro óperas, várias cantatas e numerosas composições vocais e instrumentais. Criou as trilhas de 15 fillmes, entre os quais “Sunset” (Aleksandr Zeldovich, 1990), “Diário de Sua Esposa” (Alexey Uchitel, 2000), “Oligarch” (Pavel Lungin, 2002), “Sonhando com o Espaço” (Alexey Uchitel, 2006).
Berezovsky, MSI e o Corínthans
Em 2004, A Media Sports Investments (MSI), representada no Brasil pelo iraniano Kia Joorabchian, “testa de ferro” do oligarca russo Boris Berezovsky, celebrou contrato com o Sport Club Corínthians Paulista para dividir os lucros do futebol à base de 51% para a MSI e 49% para o Corínthians. Em troca a empresa de Berezovsky faria investimentos no Parque São Jorge por um período de 10 anos, contratando jogadores e construindo um estádio para o clube. Um conselho dirigente formado por quatro membros tinha o poder do departamento de futebol do Corinthians – dois membros da MSI e dois do clube, com Kia tendo o voto de minerva. No dia 24 de Julho de 2007, o Conselho Deliberativo do Corínthians, por unanimidade, pôs fim à tumultuada parceria com a MSI. A Operação Perestroika, realizada pela Polícia Federal, apurou que a intenção de Berezovsky com o Corínthians não era apenas lavar dinheiro, visava também a obtenção de asilo político no Brasil. O mafioso inclusive contratou o ex-ministro José Dirceu para promover o tráfico de influência junto ao governo do PT.
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SONHOS
Karen Shakhnazarov e Aleksandr Borodyansky (1993), com Amaliya Mordvinova, Oleg Basilashvili, Armen Dzhigarhanyan, Arnold Ides, Rússia, 78 min.
Sinopse
Na década de 90 do século 19, a condessa Prizorova sonha que é Masha Stepanova, faxineira de um bar em Moscou, no ano de 1993. Em suas incursões ao futuro a aristocrata vê o marido vender fotos dela nua na rua, a fim de ganhar o dinheiro necessário para comprar comida pelos preços altamente inflacionados – com Yeltsin chegaram a 2000%. Mais tarde, os funcionários do governo a intimam a servir de atração sexual para convencer um representante do FMI a liberar os créditos prometidos, mas não concedidos à Rússia. Ácida reflexão de Shakhnazarov sobre o vazio moral e a imitação das piores práticas ocidentais produzidas na Rússia pela restauração capitalista.
Direção e Argumento Original: Karen Shakhnazarov (1952), Aleksandr Borodyansky (1944)
Nascido em Krasnodar, na região de Kuban, no Cáucaso, Karen Georgievich Shakhnazarov formou-se, em 1975, pelo VGIK (Instituto Estatal de Cinema). Em 1987, seu filme “O Mensageiro” recebeu prêmio especial no 15o. Festival Internacional de Moscou. Dirigiu 13 longa-metragens, entre os quais “Cidade Zero” (1988), “O Assassino do Czar” (1991), “Sonhos” (1993), “A Filha Americana” (1995), “A Cidade dos Ventos” (2008), “A Enfermaria Número 6” (2009), “Tigre Branco” (2012). Com muitos prêmios nacionais e internacionais, seus filmes apresentam uma densa reflexão crítica sobre a restauração do capitalismo e o desmembramento da União Soviética. Assumiu em 1998 a direção geral do Mosfilm, o maior estúdio de cinema da Rússia.
Aleksandr Emmanuilovich Borodyansky nasceu em Vorkuta, Rússia. Estudou Engenharia Civil em Kiev, formou-se como roteirista no VGIK (Instituto Estatal de Cinematografia) em 1973. Escreveu mais de 50 roteiros para filmes e séries de televisão, entre os quais “Afonya” (Georgiy Daneliya, 1975), “Dusha” (Aleksander Stefanovich, 1981), “Cidade Zero” (Karen Shakhnazarov, 1989), “Sonhos” (Karen Shakhnazarov, 1993), “Oligarch” (Pavel Lugin, 2002), “A Estrela” (Nikolay Lebedev, 2002), “Tigre Branco” (Karen Shakhnazarov, 2012).
Música Original: Anatoly Kroll (1943)
Anatoly Kroll Oscherowitsch, pianista, arranjador, maestro, compositor de jazz e música popular, nasceu em Chelyabinsk, nos Urais. Em 1960, com apenas 17 anos, foi maestro e diretor musical da Orquestra de Variedades do Uzbequistão. Em 1963 fundou sua Tula Jazz Band. Em 1991 tornou-se diretor do teatro musical em Moscou “Temp”. Fundou a Big Band ISS (1992-99). É diretor artístico e maestro da Banda Akademik de Gnessin. Escreveu música para diversos filmes, especialmente de Karen Shakhnazarov.
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A FILHA AMERICANA
Karen Shakhnazarov (1995), com Allison Whitbeck, Vladimir Mashkov, Mariya Shukshina, Rússia
Sinopse
Abandonado pela mulher que decide viver com um americano rico no país do Tio Sam, músico russo vai ao seu encontro, dez anos mais tarde, visando restabelecer os laços com a filha pré-adolescente.
Direção: Karen Shakhnazarov (1952)
Nascido em Krasnodar, na região de Kuban, no Cáucaso, Karen Georgievich Shakhnazarov formou-se, em 1975, pelo VGIK (Instituto Estatal de Cinema). Em 1987, seu filme “O Mensageiro” recebeu prêmio especial no 15o. Festival Internacional de Moscou. Dirigiu 13 longa-metragens, entre os quais “Cidade Zero” (1988), “O Assassino do Czar” (1991), “Sonhos” (1993), “A Filha Americana” (1995), “A Cidade dos Ventos” (2008), “A Enfermaria Número 6” (2009), “Tigre Branco” (2012). Com muitos prêmios nacionais e internacionais, seus filmes apresentam uma densa reflexão crítica sobre a restauração do capitalismo e o desmembramento da União Soviética. Assumiu em 1998 a direção geral do Mosfilm, o maior estúdio de cinema da Rússia.
Argumento Original: Karen Shakhnazarov (1952), Aleksandr Borodyansky (1944)
Aleksandr Emmanuilovich Borodyansky nasceu em Vorkuta, Rússia. Estudou Engenharia Civil em Kiev, formou-se como roteirista no VGIK (Instituto Estatal de Cinematografia) em 1973. Escreveu mais de 50 roteiros para filmes e séries de televisão, entre os quais “Afonya” (Georgiy Daneliya, 1975), “Dusha” (Aleksander Stefanovich, 1981), “Cidade Zero” (Karen Shakhnazarov, 1989), “Sonhos” (Karen Shakhnazarov, 1993), “Oligarch” (Pavel Lugin, 2002), “A Estrela” (Nikolay Lebedev, 2002), “Tigre Branco” (Karen Shakhnazarov, 2012).
Música Original: Anatoly Kroll (1943)
Anatoly Kroll Oscherowitsch, pianista, arranjador, maestro, compositor de jazz e música popular, nasceu em Chelyabinsk, nos Urais. Em 1960, com apenas 17 anos, foi maestro e diretor musical da Orquestra de Variedades do Uzbequistão. Em 1963 fundou sua Tula Jazz Band. Em 1991 tornou-se diretor do teatro musical em Moscou “Temp”. Fundou a Big Band ISS (1992-99). É diretor artístico e maestro da Banda Akademik de Gnessin. Escreveu música para diversos filmes, especialmente de Karen Shakhnazarov.
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