Polícia de SP investiga novo desvio de salsichas da merenda
Caixas com os 300 kg de salsichas da merenda da rede estadual apreendidas pela polícia na Vila Maria (Foto: Reprodução)
A Polícia Civil investiga mais um desvio de merenda da rede estadual de ensino, do governo Geraldo Alckmin (PSDB). No último domingo (26), um comerciante de 38 anos foi preso em flagrante na zona norte da capital paulista com 300 quilos de salsicha vencidos.
Há duas semanas, um açougue na mesma região foi flagrado vendendo salsicha da merenda. Segundo a Polícia Civil, o suspeito preso no domingo (26) circulava pela avenida Educador Paulo Freire, na Vila Maria, por volta das 13h30, quando foi parado por PMs que desconfiaram do excesso de peso de seu carro.
Logo ao se aproximarem, segundo a verão policial, já avistaram as caixas de salsichas da marca Seara, com identificação da merenda escolar da rede estadual. A validade venceu em janeiro. “Não estava cheirando mal nem tinha cor diferente, mas o lote foi enviado para análise”, afirma José Roberto Toledo Rodrigues, delegado titular do 73º DP (Jaçanã), onde caso foi registrado.
Um inquérito foi instaurado para apurar como esse produto foi adquirido, de quem e para onde iria. “O suspeito disse que só fala em juízo”, disse Rodrigues. A polícia vai investigar se há ligação entre os dois flagrantes e se alguma quadrilha está envolvida no desvio.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o suspeito disse em depoimento que comprou a mercadoria para revender pois está desempregado, mas se negou a dizer de quem adquiriu as salsichas. Ele não tinha antecedentes criminais, foi liberado ontem, e vai responder em liberdade.
PRODUTO IRREGULAR
Há duas semanas, dois proprietários e dois gerentes de um açougue no Tucuruvi (zona norte) foram presos após serem flagrados vendendo salsicha com o logotipo do governo do Estado, destinada à merenda escolar da rede estadual. Apesar de os produtos estarem dentro da validade, não poderiam ser comercializados justamente por serem parte do cardápio de alunos.
Segundo a Polícia Civil, a dona do açougue contou que comprou a salsicha de um funcionário da BRF Brasil Foods, empresa responsável pelos produtos da Sadia e da Perdigão, por um preço menor. Ela não deu mais informações sobre o suposto fornecedor e disse que ele teria “sumido”.
No dia seguinte à prisão, diz a Polícia Civil, os quatro foram soltos após audiência de custódia e vão responder em liberdade.
A BRF disse, em nota que, por um erro de sistema, parte “ínfima” do produto destinado à merenda foi comercializada. Ao perceber o equívoco, substituiu o produto em todos os pontos de venda afetados. A empresa não comentou sobre o funcionário citado no depoimento.
‘CONSUMO APÓS PRAZO PODE MATAR’
Consumir produtos vencidos, em especial salsichas, é perigoso à saúde, segundo Rogério Machado, especialista em gestão ambiental e saúde pública do Mackenzie.
“O produto pode estar contaminado com a bactéria Clostridium botulinum. Ao ingerir o alimento, após fervura, elas se proliferam dentro do corpo”, diz. Isso pode levar ao botulismo, doença que ataca o sistema nervoso. “Pode matar em até cinco dias”, diz. O pacote fechado dura até nove dias. Após aberto, até 48 horas.
OUTRO LADO
A Seara, empresa da JBS, afirma que tão logo tomou conhecimento do caso, iniciou um processo de investigação, “visto que o fato apontado está em total desacordo com os processos e diretrizes da companhia”. A empresa diz manter rígidos processos e padrões de qualidade, que está à disposição das autoridades e tem “interesse no esclarecimento do assunto.”
A Secretaria de Estado da Educação, da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), diz que notificou a empresa e conta com o apoio da Polícia Civil para investigar o caso. A pasta diz que o cardápio da merenda está mantido em todas as unidades.
Fonte: Folha de São Paulo
Deixe uma resposta
Want to join the discussion?Feel free to contribute!