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Estudantes tomam as ruas argentinas por uma educação pública gratuita e de qualidade


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Milhares de estudantes secundaristas e universitários se manifestaram, na sexta-feira 15, em várias cidades da Argentina lembrando o desaparecimento de seis adolescentes ocorrido 41 anos atrás, no episódio durante a ditadura (1976/83) encabeçada pelo general Jorge Videla, chamado ‘Noite dos Lápis’. Eles reivindicavam a carteira de estudante que lhes dava direito ao transporte gratuito.

 

Na capital da Província de Buenos Aires, La Plata, cidade onde aconteceu o crime, a manifestação foi convocada pela União de Estudantes Secundaristas e pela Federação de Estudantes Universitários e se concentrou nas portas do Ministério de Infra-estrutura provincial. “Presentes numa luta cotidiana para defender o que com tanto esforço conseguimos. Para defender nosso direito a uma educação pública, gratuita e de qualidade que mantenha uma escola que nos forme desde a inclusão e a diversidade”, destacaram os organizadores.

 

Em Buenos Aires os estudantes marcharam do Ministério de Educação Nacional até o Ministério de Educação da capital, onde realizaram uma assembléia aberta contra a ‘reforma educativa’, que o governo da Cidade busca implementar com o nome de “Secundário do futuro”. A farsa gerou a reação dos secundaristas que ocuparam mais de 30 das principais escolas da capital argentina.

 

Ignacio Mattos, diretor da Coordenadora de Estudantes de Base que nucleia as escolas secundaristas organizadas da capital disse no início da marcha que “estamos aqui, no Ministério de Educação porque entendemos que a melhor forma de lembrar a luta dos companheiros desaparecidos na Noite dos Lápis é levantando suas bandeiras e entendendo que a nossa luta pela escola pública é a mesma que a deles. É nos organizando nos colégios e nos mobilizando como melhor os podemos lembrar”.

 

Ficou marcada como Noite dos Lápis uma série de dez sequestros e assassinatos de estudantes secundaristas, ocorridos durante a noite do dia 16 de setembro de 1976 e dias posteriores, na cidade de La Plata.

 

Essa barbaridade foi um dos mais conhecidos atos de repressão cometidos pela última ditadura cívico-militar argentina (1976-1983), já que os desaparecidos eram estudantes, adolescentes menores de 18 anos, que foram torturados antes de ser assassinados. A polícia preparou um operativo de ‘lição’ para os garotos que tinham participado da campanha pela carteira estudantil, considerada pelo governo como «subversão nas escolas».

 

O caso ganhou notoriedade pública em 1985, depois do testemunho de Pablo Díaz, um dos sobreviventes. Além disso, Díaz participou da criação do roteiro que levou esse fato ao cinema dias antes que se completasse uma década do ocorrido. O filme intitulado ‘A noite dos lápis’ virou um clássico da cinematografia argentina. Quatro dos estudantes sequestrados sobreviveram às posteriores torturas e traslados impostos pela ditadura.

 

As manifestações, em todos os lugares, tiveram mais uma exigência marcada nas faixas e nas palavras de ordem cantadas pelos jovens: “Os lápis se perguntam Onde está Santiago Maldonado?”. A referência é sobre o desaparecimento do jovem artesão de 28 anos que estava solidarizando-se com a luta do povo Mapuche da comunidade Lof Cushamen na província de Chubut, na Patagônia Argentina. Os índios se manifestavam contra a usurpação de suas terras pela multinacional italiana Benetton. Santiago foi visto pela última vez no dia 1 de agosto.

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