Manifestantes defendem no país: “BolsoNero sai, a Amazônia fica”
Entre a sexta (23) a segunda-feira (26), milhares de pessoas participaram de atos em ao menos 60 cidades do Brasil e do mundo contra o aumento desenfreado das queimadas na região da Amazônia. Segundo dados Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), durante os sete primeiros meses do governo Bolsonaro, as queimadas aumentaram em 82% na região, em comparação com o mesmo período de 2018.
Em São Paulo, milhares de pessoas se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, na noite de sexta-feira. Com gritos de ordem contra Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, eles ocuparam a Avenida no sentido Consolação por volta das 18h30 e bloquearam a pista instantes depois.
Os manifestantes pediram a saída do ministro Salles do cargo, e do próprio presidente. “Fora Salles” e “BolsoNero sai, a Amazônia fica” foram alguns dos coros que deram o tom da manifestação, que reuniu desde estudantes a empresários e representantes de ONGs.
No domingo, artistas, políticos e uma multidão de manifestantes se reuniram na orla de Ipanema, na zona sul do Rio. Em conjunto com Caetano Veloso e a atriz Sônia Braga, a “comissão de frente” da marcha foi formada pelo ator Antonio Pitanga, o rapper Criolo, o jornalista do The Intercept Brasil Glenn Greenwald e os deputados federais Alessandro Molon (PSB-RJ), Marcelo Freixo (PSOL-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Benedita da Silva (PT-RJ) e David Miranda (PSOL-RJ).
O ato caminhou ao som de clássicos da MPB como “Sal da Terra”, “Amor de índio” e “Asa branca” e gritos de ordem contra Bolsonaro , Salles, e em defesa da Floresta Amazônica, como: “Fora Salles”, “Todos pela Amazônia” e “Bolsonaro sai, Amazônia fica”.
Os manifestantes cantaram clássicos da música popular brasileira e ergueram cartazes com dizeres como “Não queimem o nosso futuro” e “A Amazônia não aguenta mais”.
“Estou aqui para levantar a bandeira de preservação do meio ambiente, as queimadas da Amazônia evidenciaram a importância de se fazer isso”, disse Caetano.
Entre os manifestantes havia crianças, idosos, jovens e adultos, e o ato transcorreu com tranquilidade. Não houve impacto no trânsito, já que a pista da Avenida Vieira Souto é fechada como espaço de lazer todos os domingos.
O ato foi chamado pelo grupo @342 Amazônia, movimento liderado pela produtora e empresária Paula Lavigne. Indígenas presentes também entoaram cantos e frases contra o Governo Bolsonaro.
“O governo Bolsonaro tem uma visão atrasada sobre o papel do meio ambiente em relação ao desenvolvimento econômico. Para ele, se tem meio ambiente não tem desenvolvimento”, disse o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ). Ele disse ter proposto ao presidente da Câmara dos Deputados a implantação de uma comissão geral — espécie de audiência pública — para discutir o tema no dia 5 de setembro, o Dia da Amazônia.
O deputado quer ainda recolher assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a “devastação da floresta”. “Não só as queimadas, mas também o desmatamento e o garimpo ilegal”, afirmou.
Ao fim do ato, Caetano Veloso pegou o microfone e cantou seu sucesso “Um índio”, acompanhado pelos manifestantes.
No sábado, manifestantes se reuniram no centro de Belém, no Pará, e caminharam pela cidade com faixas com os dizeres “Salve a Amazônia” e “Holocausto Amazônico”.
Em Manaus, um grupo também caminhou pelo centro da cidade carregando cartazes e faixas. Em Natal, a manifestação contou a participação de indígenas de uma aldeia do sul do Estado do Rio Grande do Norte. Os movimentos sociais de Belo Horizonte realizaram no domingo a em defesa da Amazônia, na Praça da Liberdade. Na Praça do Papa, no bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul da capital mineira, manifestantes se reuniram e saíram em passeata contra Bolsonaro pela Amazônia.
Em Salvador, além do grande protesto realizado na sexta-feira, no domingo, manifestantes invadiram o Shopping Barra com cartazes e gritando palavras de ordem.
Panelaços registrados durante discurso de Bolsonaro na TV
Panelaços foram realizados em diversas cidades brasileiras durante o pronunciamento de Bolsonaro na noite desta sexta-feira (23).
Na capital paulista, os protestos ocorreram com gritos de “Fora, Bolsonaro!” e “Ele não” nos bairros do centro e zona oeste, como Barra Funda, Santa Cecília, Higienópolis e Pinheiros.
No Rio, os relatos de protestos incluem bairros como Copacabana e Humaitá. Em Belo Horizonte houve registro no centro e, em Porto Alegre, em bairros, como Centro, Rio Branco, Petrópolis e Jardim Botânico.
Mais cedo, Bolsonaro assinou um decreto que autoriza o emprego das Forças Armadas na Amazônia para conter os incêndios florestais. O governo mantém conversas com EUA e Israel para tentar demonstrar que não age de forma isolada.
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