Ataque de Bolsonaro com insinuações sexuais contra jornalista da Folha é criminoso e inadmissível
Ao ofender a jornalista Patrícia Campos Mello, com insinuações sexuais que causam nojo a qualquer pessoa de bom senso, o cidadão está na cadeira da Presidência da República demonstra seu completo desrespeito às mulheres e à democracia. Seu comportamento misógino não é compatível com o posto que ocupa.
Disse ele: “Olha, a jornalista da Folha, tem mais um vídeo dela aí”, referindo-se exatamente a um fake news divulgado pela milícia bolsonarista com montagens grotescas e difamações à profissional.
“Eu não vou falar aqui porque tem senhora do meu lado. Ela falando eu sou a ‘tatata’ do PT. Tá certo? E o depoimento do Hans River foi no final de 2018 para o Ministério Público, ele diz do assédio da jornalista em cima dele. Ela queria um furo. Ela queria dar um furo [pausa, pessoas riem] a qualquer preço contra mim. Lá em 2018, ele já dizia que eles chegavam perguntando ‘o Bolsonaro pagou para você divulgar informações por Whatsapp?’”, continuou Bolsonaro.
Bolsonaro fala sobre o ex-funcionário da empresa de marketing digital Yacows, Hans River do Nascimento, que mentiu em seu depoimento à CPI das Fake News, dizendo que a jornalista teria se insinuado para ele em troca de informações sobre a campanha de Bolsonaro. A empresa onde Hans trabalhava é investigada no esquema de disparo em massa de mensagens falsas por meio das redes sociais durante as eleições. Hans tinha entrado em litígio com a empresa e depois se entendeu com sua direção.
A UMES de São Paulo demonstra seu completo repúdio aos ataques de Bolsonaro contra a jornalista. Além de desrespeitar uma profissional que exerce uma função fundamental para a democracia, o presidente comete crime de Misoginia, contra as mulheres. Tal comportamento não pode ser tolerado em qualquer circunstância, ainda mais para alguém que está no principal cargo da nação brasileira.
Para a Associação Brasileira de Imprensa, Bolsonaro adota um “comportamento misógino” e afirmou que ele necessita de “tratamento terapêutico”.
“Este comportamento misógino desmerece o cargo de Presidente da República e afronta a Constituição Federal. O que temos visto e ouvido, quase cotidianamente, não se trata de uma questão política ou ideológica. Cada dia mais, fica patente que o presidente precisa, urgentemente, de buscar um tratamento terapêutico.”
A Federação Nacional de Jornalistas enxergou na fala um “grave episódio de machismo, sexismo e misoginia”. O órgão avisou que estará atento para denunciar o que vierem a ser outros ataques do mandatário do país contra profissionais da imprensa e mulheres em geral. “Repúdio ao teor do pronunciamento do presidente e, junto com sua Comissão Nacional de Mulheres, coloca-se como incansável na tarefa de denunciar, tão sistemático quanto forem, os absurdos declarados por Jair Bolsonaro”. Por fim, a entidade se colocou à disposição para dar apoio político e jurídico à jornalista Patrícia Campos Mello.
Repúdio de parlamentares e políticos
O caso também foi condenado por parlamentares, governadores, políticos e sindicalistas.
A líder da Minoria na Câmara, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), afirmou que o presidente precisará responder na Justiça pela sua fala. “Bolsonaro tem que responder na Justiça à Patrícia Campos Mello pela insinuação criminosa feita hoje. Não há muito o que esperar dessa criatura neandertal que se acocora na poltrona presidencial. No mais, não vou divulgar o vídeo da fala asquerosa. É o que ele quer de nós, mas não terá”, disse a parlamentar.
O PSL, antigo partido de Jair Bolsonaro, aderiu ao coro de repúdio. Pelo Twitter, o partido condenou os ataques à jornalista. “O PSL preza pela liberdade de imprensa e respeito pelos indivíduos. As agressões contra a jornalista Patrícia Campos Mello são inaceitáveis e merecem o repúdio dos brasileiros de bem. A atitude, além de ofensiva, demonstra pouco apreço pela democracia”.
Perpétua Almeida, líder do PCdoB, pediu união para superar o machismo ainda existente no país. “Eu não vou colocar aqui a fala vil, ordinária e misógina do Presidente sobre a jornalista Patrícia Campos Mello. Precisamos nos unir para defender nossa democracia, exigir deste senhor postura de um presidente e combater o machismo! Minha solidariedade”, disse.
Também do PCdoB, Alice Portugal (BA) apontou que a fala do presidente só colabora com a violência contra as mulheres. “Bolsonaro insulta com insinuação sexual à jornalista Patrícia Campos Mello. Mais um episódio grotesco de violência contra a mulher, ataque covarde. Todo nosso repúdio. Não vamos tolerar!!!!”, disse ela.
A senadora Katia Abreu (PDT) repudiou o ataque á Jornalista da Folha. “Insinuam sobre aspectos sexuais porque ela é mulher”, disse. O PSDB se manifestou em solidariedade à jornalista. “Reafirmamos nossa solidariedade com a repórter @camposmello, que vem sendo perseguida com insinuações em torno do seu trabalho. Defendemos uma imprensa livre, mesmo que passível de críticas quando necessário”.
Lídice da Mata (PSB-BA), deputada federal e relatora da CPMI das Fake News, condenou a “atitude covarde, descabida e grotesca do presidente da República com a jornalista Patrícia. Em mais de 30 anos de vida pública, nunca imaginei ver algo tão ridículo de um mandatário da Nação”.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também se pronunciou: “Qual o limite do absurdo? Em que democracia sã um presidente da República se sente à vontade agredindo, assediando mulheres? O Brasil nunca esteve diante de tanta covardia! As instituições não podem se calar! Toda minha solidariedade à jornalista!” disse o líder da oposição no Senado.
Miguel Torres, presidente da Força Sindical, disse que “a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de São Paulo, merece todo o nosso apoio contra os que, feito o Bolsonaro, tentam depreciar o trabalho jornalístico, a dignidade da mulher, a democracia e a busca pela veracidade dos fatos”. Vários parlamentares do PT também repudiaram as declarações de Bolsonaro, entre eles, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o senador Humberto Costa (PT-PE).
Janaina Paschoal (PSL-SP), deputada estadual, também protestou. “Seria prudente o presidente se policiar e seus auxiliares não o instigarem. Essas situações não ajudam ninguém. Por mais que ele tenha sido eleito com esse estilo, todo ser humano pode se esforçar para melhorar”, disse. Ivan Valente (PSOL-SP), afirmou que “o país experimenta total degradação das relações institucionais. A agressão de Bolsonaro contra a jornalista @camposmello atinge todas as mulheres do Brasil. O ocupante do Planalto falta com decoro, atenta e viola a dignidade do cargo. O impeachment será inevitável. Basta!”
João Doria (PSDB-SP), governador de São Paulo, e o ex-presidente Lula também se pronunciaram. “Quero reafirmar todo respeito a liberdade de imprensa. Respeito pelos jornalistas, por aqueles que fazem a notícia. Considero muito desrespeitosa a atitude do presidente mais uma vez em relação aos jornalistas, em especial a uma jornalista mulher. Desrespeitosa e condenável a atitude do presidente”, disse Dória. “Esse comportamento do presidente já virou um comportamento cotidiano dele”, disse Lula.
A mensagem contra a jornalista também foi criticada pela deputada Luizianne Lins, do PT-CE. “Incapaz de governar, Bolsonaro volta a agredir com acusações de cunho sexual jornalista da Folha de SP. Patrícia Campos Mello vem revelando a ligação da família Bolsonaro com a disseminação organizada de fake news. Não nos calaremos!”, protestou.
Margarida Salomão (PT-MG) pediu e prestou apoio à jornalista listando os erros presidenciais. “Todos os dias Bolsonaro testa os limites da democracia. Todos os dias ele mente. Todos os dias, portanto, Bolsonaro comete crimes. Crimes contra o decoro, contra as mulheres, contra a democracia. Está na hora de pagar por seus erros.”
Com informações do Jornal Hora do Povo
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