Debate Umes Sérgio

Diretor Sérgio Rezende debate Barão de Mauá, a indústria nacional e os tempos atuais

Debate Umes Sérgio

 

Na noite de quinta-feira, o Cinema Com Partido – 2ª Mostra Democrática apresentou o filme “Mauá – O Imperador e o Rei”, de Sérgio Rezende.

O filme, que conta com Paulo Betti no papel principal, apresenta a vida de Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, um dos primeiros brasileiros a defender e investir no desenvolvimento industrial do Brasil.

A biografia apresenta os principais pontos da história do industrial brasileiro, desde o investimento na criação da indústria naval e em ferrovias, assim como sua visão contrária aos defensores de um país agrário, inclusive o Imperador Pedro II.

Ao final da sessão, foi realizado o debate com o diretor do filme, Sérgio Rezende, autor de obras fundamentais para se compreender a história brasileira, como, o próprio “Mauá”, “Zuzu Angel”, “Lamarca”, “Canudos” ou “O Paciente”, que aborda as últimas horas de vida de Tancredo Neves.

Ao iniciar o debate, Sérgio Rezende destacou sua admiração pela figura de Mauá. “Um dos personagens mais interessantes da história brasileira”.

A conversa foi mediada por Lucca Gidra, diretor de Cultura da UMES. Que comparou o período em que se passa o filme à realidade atual brasileira. “Lá, estávamos na época em que se acendia a luz. Agora, estamos diante do risco de se apagarem as luzes do Brasil, fazendo voltarmos ao que era há 200 anos atrás”, destacou Lucca.

Rezende relembrou que o filme foi produzido pouco depois de ele ter filmado “Canudos” (1996) e que foi muito interessante realizar duas grandes produções com contrastes tão diferentes em pouco tempo. Ele ressaltou que enquanto em Canudos se abordava a pobreza em torno de Antônio Conselheiro, Mauá compunha um universo da riqueza, o que do ponto de vista da filmografia, era muito interessante de se produzir.

Sobre o personagem histórico, o diretor explicou que Mauá “tinha um projeto muito importante para aquela época. Que como ele diz na cena final, foi um projeto derrotado, mas que era de promover o trabalho livre, de industrializar o país e de cuidar de comunicações e transporte. Isso que não vingou, atrasou nosso país em um século”.

“Acho que ter podido contar a história do Mauá e do Brasil nesse filme foi uma experiência muito rica”, ressaltou Sérgio.

“O Brasil cinco séculos depois, voltou ao extrativismo. Antes era pau-brasil, foi o açúcar, o ouro. E nós, no século XXI, o Brasil voltou a ser fornecedor de matéria-prima. A indústria brasileira, que o Mauá defendia e que lutou, arrasou-se, foi destruída. Nós que, por exemplo, produzíamos vacina, que produzíamos remédios, paramos de produzir”.

“A situação do Brasil, na área cultural, é realmente terrível. É uma coisa de se eliminar o pensamento. A cultura de uma maneira geral é a de incitar debates. Essa política de terra arrasada fecha teatros, cinemas, fecha tudo. Como se o povo precisasse era voltar à Roma Antiga, do pão e circo”. “Eu tenho certeza de que isso vai passar, porque é a lei natural das coisas que tudo se modifique, e tenho a esperança de que isso se modifique rápido”.

“Mas esse período que estamos vivendo, com a pandemia, favoreceu isso. Onde precisamos ficar trancados, não nos encontrar, não ir pra rua. Essa cilada que o governo nos joga, por que eles irresponsavelmente vão e mostram uma aparente força. Enquanto que a gente, com preocupação e cuidados óbvios, fica em casa. E parece que o cara está jogando sozinho. E parece que não tem mais ninguém. Mas vamos aguardar um pouquinho, porque o jogo só acaba, quando termina”.

 

Veja a íntegra do debate:

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