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Cinemateca em Chamas

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Leonardo Ramos

Projecionista do Cine-Teatro Denoy de Oliveira
e colecionador de filmes em película

 

Na noite do dia 29/07, a Cinemateca Brasileira sofreu um novo incêndio, desta vez três coisas se diferenciam: Primeiro, o incêndio de ontem ocorreu em um dos depósitos da Cinemateca no bairro da Vila Leopoldina, enquanto os outros ocorreram na sede da Vila Clementino e no Parque Ibirapuera. Segundo, esse é o primeiro incêndio da Cinemateca que não ocorre com filmes de nitrato, desta vez o incêndio começou no aparelho de ar condicionado e acabou pegando fogo nas cópias de acetato e poliéster. Terceiro, é a imprudência do governo federal, pois, há cerca de um ano, todos os trabalhadores da Cinemateca foram demitidos, deixando os prédios por todo esse tempo sem nenhum funcionário para trabalhar na recuperação do acervo e na preservação dos filmes, especialmente os de suporte de nitrato.

Dos perigos do abandono da Cinemateca 

Um dos maiores perigos são os filmes de nitrato que podem entrar em autocombustão, mesmo embaixo d’água. Esse tipo de material já gerou incêndios em várias Cinematecas, o que torna “normal” a ocorrência desse tipo de incêndio. A unidade na Vila Clementino tem salas que possuem filmes com este tipo de suporte porém, não foi o mesmo que causou o incidente desta vez.

A instituição sempre sofreu com cortes de verbas, mas vinha mantendo a restauração e a duplicação das cópias para novos suportes como acetato, poliéster e digital. 

Com as circunstâncias atuais, de quase um ano de trabalhos parados, a Cinemateca continua sob riscos de novos incêndios pois, sem os funcionários especializados para dar o devido tratamento aos materiais, as obras continuam sob riscos de autocombustão.

O que fazer pela Cinemateca? 

A instituição precisa urgentemente voltar a ser gerida por funcionários competentes e qualificados e retomar seus projetos de restauro, como por exemplo, a parceria com a Petrobrás que tornou possível recuperar filmes como “O Corintiano”, do Mazzaropi, e a filmografia de Nelson Pereira Santos. Precisamos pressionar o governo federal e a Secretaria da Cultura para que novas tragédias como esta não voltem a ocorrer.

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