Mostra Permanente de Cinema Italiano no Bixiga chega ao 9º ano – Veja a programação
“Nós Que Nos Amávamos Tanto”, de Ettore Scola
Situado no coração do Bixiga, o Cine-Teatro Denoy de Oliveira apresenta a 9ª Mostra Permanente de Cinema Italiano. Desde 2016, o Centro Popular de Cultura da UMES tem se dedicado a essa filmografia que se revelou uma grande surpresa: descobrimos que ela é muito mais vasta do que imaginávamos. Muito além dos clássicos eternizados, trouxemos à tela pequenos tesouros desconhecidos pelo público brasileiro.
Neste ano, escolhemos festejar o aniversário de 50 anos de estreia de “Nós Que Nos Amávamos Tanto” (Ettore Scola, 1974), além do centenário de Marcello Mastroianni e os 90 anos de Sophia Loren. Um filme e dois atores, três dos maiores símbolos italianos, três imortais na história do cinema. Além disso, prestamos nossas homenagens aos cineastas Francesco Maselli e Giuliano Montaldo, que faleceram em 2023.
A 9ª Mostra Permanente de Cinema Italiano traz 43 filmes de 27 diretores ao longo de todo o ano, sempre às segundas-feiras, 19h, com entrada gratuita. Participem!
PROGRAMAÇÃO DE 2024
19/02 – ONTEM, HOJE E AMANHÃ
Vittorio De Sica (1963), 118 min. Comédia/Romance
26/02 – UMBERTO D.
Vittorio De Sica (1952), 89 min. Drama
04/03 – PERIGO: DIABOLIK
Mario Bava (1968), 105 min. Crime/Ação
11/03 – OS REVOLTOSOS
Francesco Maselli (1955), 102 min. Drama/Guerra
18/03 – TOTÓ FORA DA LEI
Camillo Mastrocinque (1956), 104 min. Comédia
25/03 – DOIS DESTINOS
Valerio Zurlini (1962), 115 min. Drama
01/04 – A MOÇA COM A VALISE
Valerio Zurlini (1961), 111 min. Romance/Drama
08/04 – KAPO – UMA HISTÓRIA DO HOLOCAUSTO
Gillo Pontecorvo (1960), 116 min. Drama/Guerra
15/04 – A BATALHA DE ARGEL
Gillo Pontecorvo (1966), 121 min. Drama/Guerra
22/04 – O PRIMEIRO HOMEM
Gianni Amelio (2011), 101 min. Drama
29/04 – BLOW UP – DEPOIS DAQUELE BEIJO
Michelangelo Antonioni (1966), 111 min. Thriller/Mistério
06/05 – PROFISSÃO: REPÓRTER
Michelangelo Antonioni (1975), 119 min. Thriller/Mistério
13/05 – O MUNDO PERDIDO
Vittorio De Seta (1954-59), 120 min. Documentário/Curta-Metragem
20/05 – O LADRÃO APAIXONADO
Mario Monicelli (1960), 106 min. Comédia/Drama
27/05 – O MARQUÊS DO GRILO
Mario Monicelli (1981), 135 min. Comédia/Ficção Histórica
03/06 – SACCO E VANZETTI
Giuliano Montaldo (1971), 125 min. Drama/História
10/06 – AGNES VAI MORRER
Giuliano Montaldo (1976), 135 min. Drama/Guerra
17/06 – A DÉCIMA VÍTIMA
Elio Petri (1965), 93 min. Ficção Científica/Comédia
24/06 – A PROPRIEDADE NÃO É MAIS UM ROUBO
Elio Petri (1973), 125 min. Comédia/Thriller
01/07 – ABAIXO A MISÉRIA!
Gennaro Righelli (1945), 90 min. Comédia/Drama
08/07 – A GRANDE BELEZA
Paolo Sorrentino (2013), 142 min.Comédia/Drama
15/07 – NÁPOLES MILIONÁRIA
Eduardo De Filippo (1950), 102 min. Comédia/Drama
22/07 – ERA UMA VEZ NO OESTE
Sergio Leone (1968), 175 min. Faroeste
29/07 – O BOM, O MAU E O FEIO (TRÊS HOMENS EM CONFLITO)
Sergio Leone (1966), 161 min. Faroeste
05/08 – MUSSOLINI – O ÚLTIMO ATO
Carlo Lizzani (1974), 135 min. Guerra/Drama
12/08 – OS PALHAÇOS
Federico Fellini (1970), 92 min. Comédia/Fantasia
19/08 – SESSÃO DUPLA: TOBY DAMMIT e ENSAIO DE ORQUESTRA
Federico Fellini (1968/1978), 115 min. Terror/Comédia
26/08 – AMORES NA CIDADE
Antonioni, Fellini, Lattuada, Lizzani, Maselli, Dino Risi, Zavattini (1953), 115 min. Drama/Romance
02/09 – SEM PIEDADE
Alberto Lattuada (1948), 95 min. Crime/Thriller
09/09 – O MAFIOSO
Alberto Lattuada (1962), 105 min. Comédia/Crime
16/09 – A VISITA
Antonio Pietrangeli (1964), 107 min. Comédia/Romance
23/09 – NÓS QUE NOS AMÁVAMOS TANTO
Ettore Scola (1974), 127 min. Comédia/Drama
30/09 – UM DIA MUITO ESPECIAL
Ettore Scola (1977), 106 min. Drama
07/10 – A IRRESISTÍVEL SABELLA
Dino Risi (1957), 99 min. Comédia
14/10 – ALMAS PERDIDAS
Dino Risi (1977), 102 min. Mistério
21/10 – SESSÃO DUPLA: A RICOTA e TEOREMA
Pier Paolo Pasolini (1963/1968), 133 min. Comédia/Mistério
28/10 – POCILGA
Pier Paolo Pasolini (1969), 99 min. Drama/Grotesco
04/11 – ALLEGRO NON TROPPO
Bruno Bozzetto (1976), 85 min. Fantasia/Musical
11/11 – OS GIRASSÓIS DA RÚSSIA
Vittorio De Sica (1970), 107 min. Guerra/Drama
18/11 – O LEOPARDO
Luchino Visconti (1963), 186 min. Drama/História
25/11 – POR UM DESTINO INSÓLITO
Lina Wertmüller (1974), 116 min. Comédia/Aventura
DIRETORES APRESENTADOS NA EDIÇÃO DE 2024
VITTORIO DE SICA (1901-1974)
Diretor, ator, escritor e produtor, Vittorio De Sica nasceu em Sora, mas cresceu em Nápoles e começou a trabalhar cedo como auxiliar de escritório, para sustentar a família. Sua paixão pelo teatro levou-o aos palcos. Ao final da década de 20, ele fazia sucesso como ator. Em 1933, montou sua própria companhia.
De Sica voltou-se para o cinema em 1940. Ao amadurecer, tornou-se um dos fundadores do neorrealismo, emplacando uma sequência de quatro clássicos que figuram em todas as antologias: “Vítimas da Tormenta” (1946), “Ladrões de Bicicletas” (1948), “Milagre em Milão” (1950), “Umberto D” (1951) – os dois primeiros realizados em parceria com o escritor Cesare Zavattini, outro papa do movimento. Também dirigiu “O Juízo Universal” (1961), “La Rifa” (1962, episódio de “Decameron 70”), “Ontem, Hoje, Amanhã” (1963), “O Ouro de Nápoles” (1964), “Matrimônio à Italiana” (1964), “Girassóis da Rússia” (1970), “Jardim dos Finzi-Contini” (1970), “Amargo Despertar” (1973).
MARIO BAVA (1914-1980)
Nasceu em Sanremo. Passou sua infância dentro de estúdios da era muda do cinema onde seu pai, Eugenio Bava, trabalhava com escultor, fotógrafo e câmera. A carreira de Bava começa como assistente de fotografia, para depois migrar para o departamento de efeitos especiais junto a seu pai. Como diretor, inicia com “I Vampiri” (1957), considerado o primeiro filme de terror italiano depois da era do cinema mudo. Depois, dirige “A Máscara do Demônio’ (1960), terror gótico de enorme sucesso. Suas obras mais conhecidas são: “A Garota Que Sabia Demais” (1963) e “Seis Mulheres Para o Assassino” (1964), que criaram as principais características do sub-gênero giallo.
FRANCESCO MASELLI (1930-2023)
Nasceu em Roma. O escritor e dramaturgo Luigi Pirandello, Prêmio Nobel de Literatura, foi seu padrinho de batismo. Durante a ocupação nazista, Maselli organizou os estudantes de ensino médio na União dos Estudantes Italianos. Após a libertação de Roma, ingressou no Partido Comunista Italiano. Rodou seu primeiro curta-metragem em oito milímetros em 1945 e em 1947 foi admitido no Centro Experimental de Cinematografia, graduando-se em 1949. Começou sua carreira como assistente de direção de Luigi Chiarini, Michelangelo Antonioni e Luchino Visconti. Seu longa de estreia foi “Os Revoltosos” (1955).
Ao longo de toda a vida, Francesco Maselli se dedicou às atividades políticas e em defesa da cultura. Foi membro do Comitê Cultural do Partido Comunista Italiano, presidiu a Associação Nacional de Autores de Cinema, foi fundador da Federação Europeia de Realizadores do Audiovisual, entre outras associações em defesa do Cinema.
Entre seus filmes de maior sucesso, estão: “Os Delfins” (1960), “Os Indiferentes” (1964) e “O Suspeito” (1975).
CAMILLO MASTROCINQUE (1901-1969)
Camillo Mastrocinque nasceu em Roma. Aos 24, já participava de grandes produções como o épico Ben-Hur (1925). Seu primeiro filme foi “Regina della Scala” (1937). Focou sua carreira em comédias, com uma parceria bem-sucedida com o ator Totó. Seus principais filmes são: “A Quadrilha dos Honestos” (1956), “Totò, Peppino e la…malafemmina” (1956) e “Totòtruffa ’62” (1961). Mastrocinque também assina produções do gênero horror, como “A Cripta do Vampiro” (1964), com Christopher Lee.
VALERIO ZURLINI (1926-1982)
Nascido em Bolonha, estudava Direito quando ingressou na Resistência, em 1943. Depois da 2ª Guerra Mundial, foi assistente de direção no Piccolo Teatro de Milão. Realizou em 1954 seu primeiro longa: “Quando o Amor é Mentira”, baseado no romance de Vasco Pratolini, “Le Ragazze di San Frediano”. Seu segundo longa, “Verão Violento” (1959), lhe trouxe notoriedade. “A Moça com a Valise” (1961) repetiu a dose. Mas Zurlini ficou mais conhecido por suas adaptações literárias: “Dois Destinos” (1962), adaptação de outro romance de Vasco Pratolini; “Mulheres no Front” (1965), baseado em romance de Ugo Pirro; “La Promessa” (1970) em uma peça de Aleksei Arbuzov e seu último filme “O Deserto dos Tártaros” (1976), em romance de Dino Buzzati.
GILLO PONTECORVO (1919-2006)
Gillo Pontecorvo foi um diretor de cinema italiano conhecido por suas obras com forte engajamento político. Nascido em Pisa, foi um cineasta influente no cinema realista. Sua obra mais famosa, “A Batalha de Argel” (1966), é um marco no cinema mundial, retratando a luta pela independência da Argélia. Pontecorvo combinou habilmente técnicas documentais com dramatização, gerando realismo e impacto social. Seu estilo autoral e comprometimento com questões sociais e políticas marcaram seu legado no cinema como um diretor visionário e provocador.
GIANNI AMELIO (1945 – )
De Catanzaro, região da Calábria, se formou em Filosofia na Universidade de Messina. Em 65, vai para Roma e trabalha como assistente de câmera. Pouco tempo depois, começa a dirigir seus próprios projetos para televisão. Em 1979, dirige seu maior sucesso na TV, “Il Piccolo Archimede”, que o faz ser comparado a Luchino Visconti. Em 1982, estreia no cinema com o filme “Colpi al Cuore”. Anos depois, filmaria seu primeiro grande sucesso “I ragazzi di via Panisperna” (1988), ganhador do prêmio de Melhor Filme no Festival de Albano. Em 1990, seu filme “As Portas da Justiça” é indicado ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Entre seus sucessos estão: “O Ladrão de Crianças” (1992), “América – O Sonho de Chegar” (1994) e “Assim É Que Se Ria” (1998), que lhe rendeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza.
MICHELANGELO ANTONIONI (1912-2007)
Nasceu em Ferrara. Graduado em Economia, chega a Roma em 1940, onde entra para o Centro Sperimentale di Cinematografia, na Cinecittà. O primeiro sucesso foi “A Aventura” (1960), seguido por “A Noite” (1961) e “O Eclipse” (1962), que formam uma trilogia. Em 1964, lança seu primeiro filme colorido “O Deserto Vermelho”. Em 1966, seu primeiro filme em inglês, “Blow-Up – Depois Daquele Beijo”, e “Zabriskie Point” (1970), rodado nos EUA. Em 1985, sofreu um AVC e, apesar de ficar parcialmente paralítico e quase impossibilitado de falar, dirigiu outro filme com ajuda de Wim Wenders, “Além das Nuvens” (1995). Nesse mesmo ano é premiado com um Oscar pelo conjunto da sua obra.
VITTORIO DE SETA (1923-2011)
Nascido em Palermo, Vittorio De Seta estudou Arquitetura em Roma, antes de se tornar diretor. Realizou dez documentários entre 1954 e 1959, antes de dirigir sua principal obra “Bandidos em Orgosolo” (1961). Seus documentários e filmes focavam essencialmente o dia-a-dia de muitos trabalhadores sicilianos pobres, e eram notáveis a sua capacidade de narração, melodias calmas e cores fortes. Apesar de sua curta cinematografia, De Seta possui importância histórica para o cinema italiano e mundial. Também dirigiu “Um Homem Pela Metade” (1966), “L’invitata” (1969) e “Lettere dal Sahara” (2006).
MARIO MONICELLI (1915-2010)
Crítico cinematográfico desde 1932, de 1939 a 1949 colaborou em cerca de 40 filmes, como argumentista, roteirista e assistente de direção. Como diretor, estreia em parceria com Stefano Vanzina em 1949 com “Totò Cerca Casa”. A colaboração dos dois diretores gerou oito filmes, entre eles, o célebre “Guardie e Ladri” (1951). “Os Eternos Desconhecidos” (1958), é considerado o primeiro do filão da commedia all`italiana. Em 1959, “A Grande Guerra” ganhou o Leão de Ouro do Festival de Veneza e rendeu sua primeira indicação ao Oscar. A segunda viria em 1963, com “Os Companheiros”. Diversas outras películas merecem destaque, em sua carreira de mais de 60 filmes: “O Incrível Exército de Brancaleone” (1966), “Meus Caros Amigos” (1975), “Um Burguês Muito Pequeno” (1977), “Quinteto Irreverente” (1982).
GIULIANO MONTALDO (1930-2023)
Nascido em Gênova, Giuliano Montaldo fez sua estréia como diretor com “Tiro Al Piccione” (1960), um filme sobre a Resistência Partisan. Seu segundo filme, “Una Bella Grinta”, estrelado por Norma Benguel, sobre um alpinista social durante a época do “milagre econômico italiano”, ganhou o prêmio especial do júri no Festival de Berlim (1965). Naquele ano, também foi assistente de direção da obra-prima de Pontecorvo “A Batalha de Argel”. Depois de ter filmado para a Paramount, nos EUA, voltou à Itália para realizar “Gott Mit Uns” (1969), “Sacco e Vanzetti” (1971) e “Giordano Bruno” (1973). Com “Agnes Vai Morrer” (1976), retomou o tema da Resistência. Em seguida, voltou-se para a televisão, tendo dirigido, entre outras, a minissérie Marco Polo (1982). Entre 1999 e 2003, foi presidente da RAI Cinema. Seus filmes mais recentes são: “Os Demônios de São Petersburgo” (2008), o documentário “O Ouro de Cuba” (2009) e “O Industrial” (2011).
ELIO PETRI (1929-1982)
Um dos mais fascinantes e irreverentes diretores de toda a Europa, o romano Elio Petri dirigiu os clássicos “Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita” (1970), “A Classe Operária Vai ao Paraíso” (1972) e “Juízo Final” (1976). Começou a carreira como crítico de cinema do L’Unità, jornal do Partido Comunista Italiano. Escreveu roteiros para Giuseppe De Santis, Carlos Lizzani e Dino Risi. Estreou na direção com “O Assassino” (1961). Realizou 13 longas, entre os quais “A Décima Vítima” (1965), “Condenado Pela Máfia” (1967), “A Propriedade não é mais um Furto” (1973), “A Boa Notícia” (1979). Seu cinema político combinava a abordagem marxista com uma alta capacidade cinematográfica na utilização de gêneros e estilos diversos, contribuindo para o debate do período, com observações sobre a sociedade e o poder, explorando questões sociais ainda hoje relevantes, como o crime organizado, a relação entre autoridades e cidadãos, o papel do artista, os direitos de classe e o consumismo.
GENNARO RIGHELLI (1886-1949)
Nascido em Salerno, foi diretor, roteirista e ator. Seguindo os passos de seu pai, inicia sua carreira teatral em 1902 em uma “companhia dialetal”, ou seja, um grupo que se utilizava de um dialeto regional da Itália, ao invés de sua língua oficial. Chegou ao cinema em 1911, ainda na época do cinema mudo, realizando curtas nos quais também atuava. Dirigiu grandes filmes históricos, dramas populares e comédias sentimentais. Seu filme “Silêncio Por Amor” (1930) é considerado o primeiro filme sonoro da Itália. Dirigiu Anna Magnani em “Abaixo a Pobreza” (1945), logo após a atriz ficar mundialmente conhecida com “Roma, Cidade Aberta” (1945). Também dirigiu “O Correio Secreto” (1928), “Colpi di Timone” (1942) e “Abaixo a Riqueza!” (1946).
PAOLO SORRENTINO (1970 – )
Nasceu em Nápoles, começou a trabalhar com cinema aos 25 anos, depois de cursar a Faculdade de Economia e Negócios. Seu primeiro filme foi o curta “Un Paradiso”, em 1994. Em 2002 participa do documentário “La Primavera del 2002 – L’Italia Protesta, l’Italia Si Ferma”, junto a mais de 40 diretores como Marco Bellochio, Mario Monicelli, Gillo Pontecorvo e os Irmãos Taviani. Seu próximo filme, “As Consequências do Amor” (2004), foi apresentado no Festival de Cannes e indicado à Palma de Ouro. Seu primeiro sucesso, “Il Divo” (2008), conta a história das ligações do líder democrata-cristão Giulio Andreotti com a máfia. Dirigiu também “O Amigo da Família” (2006), “Aqui É o Meu Lugar” (2011), “A Grande Beleza” (2013), “Juventude” (2015), “O Jovem Papa” (2016, série para televisão).
EDUARDO DE FILIPPO (1900 – 1984)
Nascido em Nápoles, foi dramaturgo, diretor, roteirista e ator. Assim como seu pai, Eduardo Scarpetta, Eduardo De Filippo foi um dos atores e autores mais representativos do teatro popular napolitano. Diversos membros da família Scarpetta/De Filippo se consagraram por sua atuação no teatro e posteriormente no cinema. Por sua contribuição e defesa da cultura popular italiana, Eduardo De Filippo foi nomeado senador vitalício da Itália em 1981.
Já estabelecido no teatro, Eduardo De Filippo começou a trabalhar com cinema em 1932. Seu primeiro filme como diretor foi “In campagna è caduta una stella” (1940), no qual também atua junto com seu irmão Peppino. Colaborou com Vittorio de Sica em alguns filmes, como no roteiro de “Matrimônio à Italiana” (1964), uma refilmagem do filme “Filumena Marturano” (1951) do próprio Eduardo. Entre seus filmes de maior sucesso estão: “Nápoles Milionária” (1950), “Napolitani a Milano” (1953), “Miseria e Nobiltà” (1955) e “Le Voci di Dentro” (1978).
SERGIO LEONE (1929 – 1989)
Sergio Leone foi um renomado diretor de cinema, célebre por seu impacto nos filmes de Velho Oeste. Nasceu em Roma e tornou-se um ícone do cinema mundial com sua abordagem estética inovadora. Leone ganhou reconhecimento principalmente pela “trilogia dos dólares”, estrelando Clint Eastwood, que redefiniu o gênero western spaghetti. Sua direção caracterizava-se por closes intensos, trilhas sonoras marcantes e a ampliação dos silêncios dramáticos. Além do sucesso nos westerns, ele explorou outros gêneros, como o épico “Era Uma Vez na América”. Sua visão única e influência perduram, consolidando-o como um dos mestres do cinema mundial.
CARLO LIZZANI (1922-2013)
Carlo Lizzani nasceu em Roma e começou sua carreira como roteirista em filmes como “Alemanha, Ano Zero” (Roberto Rossellini, 1948), e “Arroz Amargo” (Giuseppe De Santis, 1949), pelo qual recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original. Como diretor, estreou com “Achtung! Banditi!” (1951), drama sobre a resistência antifascista. Seu filme “Os Amantes de Florença” (1954), adaptação do romance de Vasco Pratolini, recebeu o Prêmio Internacional do Festival de Cannes e duas Fitas de Prata. Pelo filme “Bandidos em Milão” (1968), ele ganhou o David di Donatello de Melhor Diretor e a Fita de Prata de Melhor Roteiro. Por seu filme de 1996, “Celluloide”, que fala das dificuldades enfrentadas por Roberto Rossellini durante as filmagens de “Roma, Cidade Aberta” (1945), recebeu outro David di Donatello.
FEDERICO FELLINI (1920-1993)
Nascido e criado em Rimini, região da Emilia-Romagna, Fellini se mudou para Roma em 1939, e começou escrever e desenhar caricaturas na revista Marc´Aurelio – vários desses textos foram adaptados para uma série de programas de rádio sobre os recém casados “Cico e Paullina”. Estreou no cinema em 1942, redigindo histórias para o comediante Aldo Fabrizzi. A partir de 1945, colaborou intensamente como roteirista com três dos principais criadores do movimento neorrealista (Roberto Rossellini, Alberto Lattuada, Pietro Germi), antes de desenvolver um estilo alegórico e barroco que se tornou sua marca registrada. Fellini participou da elaboração de 51 roteiros e dirigiu 25 filmes, entre os quais “Os Boas Vidas” (1953), “Estrada da Vida” (1954), “Noites de Cabíria” (1957), “A Doce Vida” (1960), “8½” (1963), “Roma” (1972)”, “Amarcord” (1973), “Ensaio de Orquestra” (1978). “E La Nave Va” (1983).
CESARE ZAVATTINI (1902 – 1989)
De Luzzara, região da Emilia-Romagna. Foi roteirista, jornalista, dramaturgo, escritor, poeta e pintor italiano. Cesare Zavattini é mais conhecido por ser um dos principais expoentes do neo-realismo italiano, tendo contribuído no argumento e roteiro de diversos filmes do gênero, como os de Vittorio de Sica: “Ladrões de Bicicleta” (1948) e “Milagre em Milão” (1951), este último baseado no livro “Totó o Bom” (1943) de Zavattini.
Entre os cineastas com quem Zavattini trabalhou em seus mais de 80 roteiros, estão: Michelangelo Antonioni, Mauro Bolognini, René Clément, Giuseppe De Santis, Federico Fellini, Pietro Germi, Alberto Lattuada, Mario Monicelli, Elio Petri, Dino Risi, Roberto Rossellini, Luchino Visconti e Damiano Damiani. Como diretor, assinou apenas três filmes: “Amores na Cidade” (1953) e “I Misteri di Roma” (1963), ambos filmes coletivos, e “La veritaaaà” (1982), filme para televisão.
ALBERTO LATTUADA (1914-2005)
Lattuada nasceu em Milão e desde jovem manifestava um grande interesse pela literatura, o que o levou a escrever muitos artigos sobre cinema e a fundar uma publicação – Camminare – juntamente com seu companheiro de colégio Alberto Mondadori. Foi um dos nomes do neorrealismo, atuando no chamado “Grupo de Milão”, onde, além dele, nomes como Luigi Comencini e Dino Risi também figuravam. Lattuada começou no cinema como decorador de sets em 1933. Em 1940 participou do roteiro do filme “Piccolo Mondo Antico”, de Mario Soldati, que foi premiado no Festival de Veneza. Dirigiu seu primeiro filme em 1942, “Giacomo L’ Idealista”, mas começou a ser notado e a fazer sucesso com “O Bandido” (1946), seguido de “Il Delitto di Giovanni Episcopo” (1947). Em sua extensa filmografia destacam-se ainda “La Spiaggia” (1954) e “Bianco, Rosso e…” (1972), estrelado por Sophia Loren.
ANTONIO PIETRANGELI (1919-1968)
Romano, escrevia resenhas de filmes para revistas. Como roteirista, destaca-se sua participação nas obras “Obsessão” (1943), de Visconti, e “Europa ’51” (1952), de Rossellini. Na direção, estreou em 1953 com o filme “O Sol nos Olhos”. “Adua e suas Companheiras” (1960) foi um filme de destaque. “Conheço Bem Essa Moça” lhe rendeu três prêmios Nastro d’Argento de melhor diretor, melhor roteiro e melhor ator coadjuvante (Ugo Tognazzi). Pietrangeli faleceu aos 49 anos enquanto trabalhava no filme “História de um Adultério”, finalizado pelo diretor Valerio Zurlini.
ETTORE SCOLA (1931-2016)
Nasceu em Trevico. Ingressou no cinema como roteirista em 1953. Escreveu para Steno (“Um Americano em Roma”, 1954), Luigi Zampa (“Gli Anni Ruggenti”, 1962), Dino Risi (“Il Sorpaso”, 1962). Seu primeiro filme foi “Fala-me de Mulheres”, em 1964. Obteve reconhecimento internacional com “Nós Que Nos Amávamos Tanto” (1974), tocante painel da Itália pós-guerra. Em 1976, ganhou o Prêmio de Melhor Direção no 29º Festival de Cannes, com “Feios, Sujos e Malvados”. Realizou vários filmes de sucesso, incluindo “Um Dia Muito Especial” (1977), “Casanova e a Revolução” (1982), “O Baile” (1983), “Splendor” (1987), “O Jantar” (1998), “Concorrência Desleal” (2000). Em 2011 dirigiu “Que Estranho se Chamar Federico”, uma homenagem ao amigo Federico Fellini.
DINO RISI (1916-2008)
O milanês Dino Risi estudou medicina e formou-se em psiquiatria. Foi crítico de cinema, roteirista e trabalhou como assistente de direção. Nos anos 50, mudou para Roma, se tornando um dos grandes criadores da commedia all’italiana, junto a Ettore Scola, Mario Monicelli e Pietro Germi. Dirigiu 54 filmes, entre eles: “O Signo de Vênus” (1955), “Um Vida Difícil ” (1961), “Aquele que Sabe Viver” (1962), “Operação San Genaro” (1966), “Esse Crime Chamado Justiça” (1971). “Perfume de Mulher” valeu a Vittorio Gassman o grande prêmio de interpretação masculina no Festival de Cannes de 1975. Em 2002, recebeu o Leão de Ouro, no Festival de Veneza, pelo conjunto da obra.
PIER PAOLO PASOLINI (1922-1975)
Poeta, escritor e cineasta, Pasolini nasceu em Bolonha. Compôs os primeiros poemas em dialeto friulano, “Poesia a Casarsa” (1942). Seus romances “Vadios” (1954) e “Uma Vida Violenta” (1959) lhe asseguraram o êxito literário. Dirigiu, entre 1955 e 1959, a revista Officina, escrevendo depois roteiros e realizando vários filmes, entre os quais “Accattone” (1961), “Mamma Roma” (1962), “O Evangelho Segundo Mateus” (1964), “Gaviões e Passarinhos” (1966), “Édipo Rei” (1967), “Teorema” (1968), “Medeia” (1969), “Pocilga” (1969), “Decameron” (1971), “Salò ou os 120 Dias de Sodoma” (1975). Repudiado pelo Vaticano, quando lançado em 1964 no Festival de Veneza, “O Evangelho…” foi reabilitado em 2014, um ano após a posse do Papa Francisco, como “o melhor filme já feito sobre a vida de Jesus Cristo”.
BRUNO BOZZETTO (1938 – )
Bruno Bozzetto, nascido em Milão, é um renomado animador, ilustrador e diretor italiano. Reconhecido por seu estilo único de animação, Bozzetto tornou-se um ícone do cinema de animação europeu. Ganhou destaque com curtas como “Mister Tao” e “Europe and Italy”, além de filmes como “Allegro non Troppo” (1976), uma sátira genial à animação clássica. Seu humor inteligente e crítico aborda questões sociais e políticas de maneira cativante, conquistando fãs ao redor do mundo. Bozzetto é celebrado por sua inventividade e contribuição significativa para o universo da animação.
LUCHINO VISCONTI (1906-1976)
Luchino Visconti di Modrone, conde de Lonate Pozzolo, nasceu em Milão e descende da família Visconti da antiga nobreza italiana. Começou seu trabalho no cinema como assistente do diretor francês Jean Renoir nos filmes “Toni” (1934), “Les Bas-Fonds” (1936), “Partie de Campagne” (1936). Ingressou no Partido Comunista da Itália em 1942. Seu primeiro filme como diretor foi “Obsessão” (1943). Voltou-se em seguida para o teatro. Em 1948, realizou “La Terra Trema”, um clássico do cinema neo-realista. Recebeu sua primeira premiação no Festival de Veneza (Leão de Prata), em 1957, pelo filme “As Noites Brancas” – baseado em conto de Fiodor Dostoievski. Em 1960, chega aos cinemas “Rocco e Seus Irmãos” e, em 1963, o mais aplaudido de seus trabalhos, “O Leopardo”, adaptação do romance de mesmo nome de Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Depois vieram “As Vagas Estrelas da Ursa” (1965), “O Estrangeiro” (1967), “Os Deuses Malditos” (1969), “Morte em Veneza” (1971), “Ludwig” (1972), “Violência e Paixão” (1974) e “O Intruso” (1976). Assina também a direção de 42 peças teatrais e 20 óperas encenadas entre 1945 e 1973.
LINA WERTMÜLLER (1928-2021)
Nascida em Roma, Arcangela Felice Assunta Wertmüller von Elgg Spanol von Braucich estudou teatro e trabalhou como assistente de direção de Giorgio Lullo nos anos 50. No cinema, foi assistente de Federico Fellini em “Oito e Meio” (1963). Estreou como diretora com “I Basilischi” (1963). Em 1965 dirigiu o filme em episódios “Questa Volta Parliamo di Uomini” e para a televisão “Il Giornalino di Gian Burrasca”, adaptação do romance homônimo de Vamba. Assinou outras dezessete longa-metragens, entre os quais “Mimi, o Metalúrgico” (1972), “Amor e Anarquia” (1973), “Pasqualino Sete Belezas” (1975), “Sábado, Domingo e Segunda” (1990), “Ninfa Plebeia” (1996). Em 2001 lançou “A Pequena Orfã”, telefilme estrelado por Sophia Loren, extraído do romance homônimo da escritora napolitana Maria Orsini Natale. Lina foi a primeira mulher indicada ao Oscar de Melhor Direção, por “Pasqualino Sete Belezas” e, em 2019, a cineasta foi agraciada com um Oscar pelo conjunto de sua obra.
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