Ato no Clube de Engenharia reúne entidades e lideranças contra o leilão de Libra
“Minha esperança é que a Presidenta Dilma Rousseff, uma nacionalista com boa visão em favor do povo brasileiro, suspenda o leilão de Libra e abra uma discussão com a sociedade organizada principalmente agora que a presidente da Petrobrás, Graça Foster, afirmou no Senado que não agora, mas dentro um ano, ano e meio, a Petrobrás tem condições de operar 100% o campo de Libra se for contratada para isto pelo Governo”, afirmou o geólogo Guilherme Estrella, descobridor do petróleo no pré-sal, durante almoço pelos 60 anos de criação da Petrobrás, no dia 3 de outubro, organizado pela Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), o Clube de Engenharia.
O evento contou com a presença de mais de 400 pessoas – com a participação de entidades como o Movimento em Defesa da Economia Nacional (Modecon), Sindipetro-RJ, Central Geral dos Trabalhadores Brasileiros (CGTB), UNE, além de movimentos sociais, teve como tema a necessidade de garantir a soberania brasileira sobre o megacampo de Libra. No evento, o brigadeiro Rui Moreira Lima, que faleceu recentemente aos 94 anos e foi um grande lutador pelo monopólio estatal da Petrobrás, foi homenageado. A Aepet também comemorou 52 anos de atividade em defesa da Petrobrás.
Estrella, um dos descobridores do campo de Majnoon, no Iraque, em 1975, pelo braço internacional da Petrobrás (Braspetro), lembrou a atitude do Governo de Saddam Hussein, naquela ocasião, quando se comprovou que as reservas de Majnoon alcançavam cerca de 25 bilhões de barris de petróleo.
“Os iraquianos nos convocaram, disseram que tinham grande amizade pelo Brasil, respeitavam nosso trabalho, mas Majnoon era muito grande e por uma questão de soberania, eles nacionalizariam o campo. E foi o que eles fizeram”, relatou Estrella.
SOBERANIA NACIONAL
Libra, com reservas estimadas de 15 bilhões de barris, ao lado do campo de Franco, com reservas estimadas de 9 bilhões de barris de petróleo, na opinião dos geólogos, formam um único reservatório com reservas de no mínimo 24 bilhões de barris de petróleo. A legislação em vigor, a lei da partilha, prevê que em caso defesa da soberania, em se tratando de reservas estratégicas, o governo pode optar em ter a Petrobrás como única operadora. Exatamente o caso de Libra, na opinião dos especialistas da área não ligados às petrolíferas internacionais.
Por isto, na opinião de Estrella, o leilão deveria ser evitado: “Libra é uma formação gigantesca de petróleo ao lado de Franco. Do ponto de vista geopolítico, na minha opinião, não é interessante para nós, brasileiros, termos sócios na exploração desta jazida mesmo que sejam estrangeiros amigos. Isto não interessa ao Brasil”, frisou geólogo.
O professor Ildo Sauer, também ex-diretor da Petrobrás, ressaltou que a estatal é a mãe da soberania brasileira, por ser a principal empresa e indutora do desenvolvimento econômico do país. “Temos que chamar a atenção do governo porque o caminho do leilão do campo de Libra mostra um papel subalterno nas relações geopolíticas do Brasil que não podemos aceitar”, disse.
O PETRÓLEO É NOSSO!
O vice-presidente da Aepet e do Clube de Engenharia, Fernando Siqueira, explicou que pelo artigo 2° da Lei 12.351/10 (lei da partilha) Libra é uma área estratégica e, sendo assim, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) deveria assinar um contrato de partilha com a Petrobrás para manter toda esta riqueza no país. Siqueira lembrou que a Petrobrás “nasceu nos braços do povo, através da campanha do petróleo é nosso e por seu excelente desempenho em todas as áreas, conseguiu ir além das próprias expectativas dos brasileiros”. Ele citou, como exemplo de capacidade tecnológica da estatal, o fato da petrolífera anglo-holandesa Shell ter feito um poço em cima da jazida de Libra, de cerca de 3.990 metros, e o ter abandonado seco.
COMITÊ NACIONAL PELO FIM DOS LEILÕES DO PRÉ-SAL
Siqueira anunciou a criação do Comitê Nacional pelo Fim dos Leilões do Pré-Sal e em Defesa da Petrobrás que já tem representantes no RS, SP, BA, ES e na maioria dos estados brasileiros. Um manifesto do comitê foi divulgado. “A solução para o País no caso do Campo de Libra é o cumprimento do estabelecido no Art.12º da Lei 12 351/10 do Regime de Partilha, negociando com a Petrobrás um contrato de partilha para a exploração dessa riqueza. Não conseguimos entender que esse Campo não seja considerado do mais alto interesse do País, colocando em leilão o maior campo do mundo atual, descoberto, testado e com risco zero”, diz o documento.
O presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, destacou que o clube “está totalmente alinhado à luta para que riqueza do pré-sal fique no Brasil”. O deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ) defendeu que as reservas de Libra sejam “100% da Petrobrás”. O presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), afirmou que “nesses 60 anos de Petrobrás, nunca houve tanta unidade do povo brasileiro e de suas entidades em defesa do petróleo e contra o leilão. As centrais sindicais, intelectuais, artistas, estudantes, MST, MAB e diversas entidades populares estão firmes nessa luta”.
Fonte: Portal do PDT e Hora do Povo
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