“Noitada de Samba na UMES”: Tradição, memória e resistência da música no Bixiga

O Centro Popular de Cultura da UMES (CPC-UMES) promoverá, a partir do dia 29 de abril, o projeto Noitada de Samba na UMES. As atividades acontecerão no Cine- Teatro Denoy de Oliveira (Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista). Serão 20 shows, que acontecerão sempre às terças-feiras, a partir das 20h.

Na década de 70, o histórico espaço do Teatro Opinião era semanalmente tomado por uma eufórica plateia, que se deslocava de todos os cantos da cidade do Rio de Janeiro para ouvir os maiores nomes do samba da época que ali se apresentavam. Eram os tempos do “Noitada de Samba”, projeto idealizado por Jorge Coutinho, ator e produtor cultural, em parceria com o também ator Leonides Bayer. Ao longo de seus 13 anos de duração, foram realizadas 617 edições, com a presença de sambistas como Cartola, Clementina de Jesus, Nelson Cavaquinho, Xangô da Mangueira, Candeia, Clara Nunes, Martinho da Vila, Dona Ivone Lara, Ismael Silva, Beth Carvalho, Monarco e Leci Brandão. Foram noites marcadas para sempre na história da cultura brasileira.

O projeto Noitada de Samba na UMES marca a retomada da programação musical no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, reeditando e homenageando o projeto realizado pelo Opinião. São vinte apresentações com grandes interpretes do mais tradicional ritmo musical brasileiro. Sambistas de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais pedem passagem para chegar no Bixiga e subir no palco com seus versos e batucadas.

Com esses espetáculos, trazemos muitos aspectos de importância para a cultura brasileira: a valorização da mais autêntica das vertentes musicais brasileiras – o Samba; a valorização de artistas que, apesar de sua importância fundamental, muitas vezes são pouco lembrados pela mídia e, por isso, ficam distantes das gerações mais jovens; o acesso gratuito de jovens ao melhor da música brasileira, de forma gratuita e promovido por uma entidade que lhes é muito cara. O projeto conta com apoio do Ministério da Cultura e do Governo Federal, parceria fundamental para garantirmos a sua realização

Os convidados serão acompanhados pelos músicos Edmilson Capelupi (violão 7 cordas), João Poleto (sopro), Koka Peireira (percussão), Maik Oliveira (bandolim), Pedro Pita (percussão) e Rafael Toledo (percussão).

Nossas noites de samba serão dedicadas para Cristina Buarque, que nos deixou no dia 20 de abril. Homenageamos sua obra e sua vida, de batalhadora incansável do samba, de pesquisadora que nunca poupou esforços para resgatar e divulgar compositores essenciais de nossa música. Homenageamos porque o samba resiste, se mantém e se fortalece por pessoas como ela, exemplos que inspiram este projeto e nossa defesa da cultura brasileira. Chama Cristina Buarque!

PROGRAMAÇÃO BLOCO DE SHOWS

29/04/2025

Fabiana Cozza

06/05/2025

Adriana Moreira

13/05/2025

Claudio Jorge

20/05/2025

Thobias da Vai-Vai

27/05/2025

Roque Ferreira

03/06/2025

Raquel Tobias

10/06/2025

Aldo Bueno

17/06/2025

Sergio Santos

24/06/2025

Carlinhos Vergueiro

01/07/2025

Nei Lopes

CONVIDADOS

FABIANA COZZA – 29/04/2025

Reconhecida como uma das grandes vozes de sua geração, Fabiana Cozza é elogiada por sua técnica impecável e sua capacidade dramática no palco, sendo comparada a ícones como Elis Regina, Elizeth Cardoso e Clara Nunes. Seu talento notável foi coroado com troféus no Prêmio da Música Brasileira, onde foi premiada como “Melhor Cantora de Samba” em 2012 e pelo seu “Melhor Álbum em Língua Estrangeira” em 2018, demonstrando sua versatilidade e excelência em diferentes estilos musicais.

Possui uma trajetória de envolvimento social, tendo sido presidente do grêmio estudantil de sua escola, e também pesquisa e atuação em prol da cultura negra, elementos que se manifestam na sua obra. Também participou do disco “Sobras Repletas”, homenagem realizada pela AMAR/SOMBRÁS e CPC-UMES ao grande compositor Maurício Tapajós, gravando a música “Vou Deixar pra Amanhã”.

Os álbuns mais recentes de Fabiana Cozza, “Dos Santos” (2020) e “Urucungo” (2023), são o testemunho vivo de sua posição como herdeira das ricas tradições afro- brasileiras. Com sua voz poderosa e interpretações emotivas, ela não apenas celebra as influências africanas no panorama musical brasileiro, mas também as reinscreve no cenário contemporâneo, revitalizando e renovando sua importância para as gerações presentes e futuras.

ADRIANA MOREIRA – 06/05/2025

Adriana Moreira, intérprete e pesquisadora, possui um trabalho dedicado às diversas linguagens da música afro-brasileira. Nascida na cidade de São Paulo, onde conviveu com lideranças do movimento negro. Pelas mãos da mãe, frequentou a Escola de Samba Camisa Verde e Branco e as rodas de samba paulistanas. Foi também influenciada pela trajetória do avô, Jayme de Aguiar, jornalista, professor, fundador de um dos principais jornais da Imprensa Negra de São Paulo “O Clarim da Alvorada”. Essa vivência transborda em sua voz e é a essência do seu trabalho musical potente, com a força de quem é fruto e raiz do Samba, da ancestralidade de África e Brasil.

Adriana possui dois álbuns em carreira solo, Direito de Sambar (2004), que traz composições do baiano Batatinha, e Cordão (2015), pelo qual recebeu o Prêmio Catavento da Rádio Cultura na categoria Melhor Disco de Samba, e com o qual participou do Festival de Música de Marrocos – Visa For Music, representando o Brasil. Em 2025 lançará seu terceiro álbum de carreira, intitulado Roda, com canções inéditas, pela gravadora YB Music.

CLÁUDIO JORGE – 13/05/2025

O compositor, violonista, cantor, arranjador e produtor musical Cláudio Jorge é criador de um estilo próprio de tocar violão. Se tornou referência no instrumento com o qual acompanhou – ao longo de cinquenta anos de carreira – nomes como Martinho da Vila, João Nogueira, Nelson Gonçalves, Wilson Das Neves, Cartola, Leila Pinheiro, Ismael Silva e outros.

Como violonista atuou em centenas de gravações no Brasil, e no exterior, nos discos de Roberto Ribeiro, Beth Carvalho, Alcione, Renato Russo, Lisa Ono, Sérgio Mendes, Dione Warvick e outros.

Por sete anos foi o guitarrista da banda de Sivuca, através de quem conheceu mais profundamente a cultura nordestina. Gravou em vários discos do mestre do acordeom e foi com Sivuca que aprimorou a técnica de tocar em grupo.

Em 2020, seu CD Samba Jazz de Raiz Cláudio Jorge 70 foi agraciado com o prêmio Grammy Latino, como melhor disco na categoria Samba.

O show no Noitada de Samba na Umes será uma viagem pelos seus álbuns gravados desde 1980 até o mais recente, pontuada com histórias da sua carreira e dos seus parceiros.

THOBIAS DA VAI-VAI 20/05/2025

Thobias da Vai-Vai iniciou sua carreira como intérprete no então bloco Gaviões da Fiel. Em 1984 passou a integrar o Vai Vai, como intérprete oficial. Durante a década de 90 foi também Vice-Presidente e Presidente da escola. Com a tradicional agremiação obteve nove títulos do carnaval paulistano. Em 40 anos de carreira participou de inúmeras gravações, com artistas como Beth Carvalho, Osvaldinho da Cuíca, Demônios da Garoa, entre tantos outros.

Tem oito discos solo de carreira. Viajou por diversos países do mundo com espetáculos de samba e carnaval, em turnês pelo Caribe, Argentina, Uruguai, Paraguai, Coréia e China, ao lado de Sargentelli, e também com seu próprio espetáculo. Em 2006, Thobias participou como ator dos filmes “Antônia” e “O Cheiro do Ralo”. Como radialista, realizou programas nas rádios FM Imprensa, Brasil 2000 e América.

É também um dos fundadores da Afrobrás – Sociedade Afrobrasileira de Desenvolvimento Sociocultural, a mantenedora da UniPalmares – Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares, da qual é ‘Presidente de Honra’. Circulou com seu espetáculo “O Templo da Gafieira”, que deu origem ao seu único DVD. Em 2013 passou a integrar o elenco do espetáculo “Sampa, O Musical”, dirigido por Ulysses Cruz. No mesmo ano, participou do carnaval de Calabar, na Nigéria, com seu grupo Brasil Samba Show. Em 2023, atuou como ator e cantor no musical “O Homem da Máscara de Ferro”, dirigido também por Ulysses Cruz.

ROQUE FERREIRA – 27/05/2025

Compositor, cantor e escritor. Nascido em Nazaré das Farinhas, começou a compor aos 14 anos, quando mudou-se para Salvador. Publicitário, trabalhou em várias agências durante 20 anos, abandonando a profissão para dedicar-se somente à música.

Compositor de mais de 400 canções, gravado por Clara Nunes, João Nogueira, Roberto Ribeiro, Alcione, Martinho da Vila, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Mariene de Castro, Maria Bethânia, Dona Edith do Prato, Fabiana Cozza, Roberta Sá, Pedro Miranda, Mônica Salmaso, e Zélia Duncan, Roque Ferreira é nome fundamental para compor a paisagem sonora brasileira dos séculos XX e XXI.

A obra abarca o riquíssimo universo do samba de roda do Recôncavo Baiano, patrimônio imaterial da humanidade, tombado pela Unesco, mergulha e reverencia a mitologia do Candomblé, e se espalha pela imensa diversidade do samba, para além da cultura baiana, misturado e consagrado no samba urbano, que se produz no Brasil todo, sobretudo no mercado fonográfico estabelecido no Sudeste.

Autor de grandes sucessos, como Samba pras Moças, lançado por Zeca Pagodinho em 1995, Roque é parceiro de importantes pilares da MPB, como Paulo César Pinheiro, Ederaldo Gentil, e também de nomes de uma geração mais recente de sambistas, como Dudu Nobre, Toninho Geraes e Mariene de Castro. A mesma transversalidade no tempo se nota em seus intérpretes: de Maria Bethânia e Martinho da Vila a Roberta Sá e Pedro Miranda.

RAQUEL TOBIAS – 03/06/2025

Raquel Tobias é compositora, cantora e intérprete paulista com vasto repertório de referências no samba raiz, samba contemporâneo, samba rock, soul e MPB. Possui timbre único, identidade forte, maestria e autenticidade no palco. Atualmente é intérprete das escolas de samba Moro da Casa Verde e Estrela do Terceiro Milênio, a última pertencente ao grupo especial das escolas de samba paulistas.

Começa sua carreira como pastora em um projeto paulista de roda de compositores chamado “Samba de Todos os Tempos”(2006), participando do lançamento do álbum independente “Samba de Todos os Tempos” (2014) e da coletânea independente “SP em retalhos”, um projeto de gravação de mulheres sambistas em São Paulo. Em 2012 Raquel Tobias se torna intérprete de escolas de samba em São Paulo e em Minas Gerais. No final de 2015 é convidada a ser a cantora principal do projeto “Resgatando Raízes”, que tem como intuito reconhecer toda mulher sambista e dar suporte resgatando talentos ainda no anonimato, trabalho que desenvolve até a atualidade.

ALDO BUENO – 10/06/2025

Aldo Bueno começou sua carreira de intérprete nos anos 1970, apadrinhado pelo baluarte Geraldo Filme. Incentivado por ele, assumiu o microfone no Paulistano da Glória e, tempos depois, seria intérprete da Vai-Vai, conduzindo o bicampeonato da escola em 1982 com o inesquecível samba “Orum Ayê – O Eterno Amanhecer”. Foi co-fundador da Banda Redonda, uma das mais antigas e tradicionais do carnaval paulistano, sob a tutela do dramaturgo Plínio Marcos. Com sua voz potente e marcante, dividiu o palco com nomes como Riachão, Moacyr Luz, Beth Carvalho, Nelson Sargento e o grupo Fundo de Quintal.

Como ator, participou de uma série de peças importantes no teatro, como “Ópera do malandro” e “Gota D’Água”, de Chico Buarque, e “Arena Conta Zumbi”. Além de inúmeros filmes, como “O Homem que Virou Suco” (1981), “Eles Não Usam Black Tie” (1981) e “A Próxima Vítima” (1983), onde ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Gramado de 1984.

É amigo de longa data do CPC-UMES. Foi apresentador e dividiu palco com os convidados no histórico “Fina Flor do Samba”, participou do espetáculo “História do Samba Paulista” e do disco de mesmo nome e também atuou no projeto “Balé de Arte Negra da UMES”. Em 2019 o CPC-UMES realizou uma exposição em homenagem à carreira desse grande artista.

SÉRGIO SANTOS – 17/06/2025

Cantor, violonista, arranjador e compositor mineiro, nascido em Varginha, sul de Minas Gerais. Possui longa trajetória musical, tendo participado em 1982 como cantor do espetáculo “Missa dos Quilombos” de Milton Nascimento. Em 1991, conhece o poeta Paulo César Pinheiro que vem a se tornar o seu grande parceiro. Com ele compõe uma obra de mais de 300 músicas. Essa obra é cantada por artistas como Leila Pinheiro, MPB4, Alcione, João Nogueira, Mônica Salmaso, Fátima Guedes, Olívia Hime e Milton Nascimento. É parceiro também de nomes como Francis Hime, Olívia Hime, Murilo Antunes, Fernando Brant, Joyce e André Mehmari.

Tem 10 discos gravados, nos quais participam artistas como Dori Caymmi, Raphael Rabello, Mônica Salmaso, Leila Pinheiro, Sivuca e Francis Hime. Sergio foi vencedor do Prêmio Rival BR em 2002, como o Melhor Disco do Ano, com seu CD ÁFRICO. Esse disco foi o primeiro a integrar a Discoteca Básica do Século XXI do Museu da Imagem e do Som. Em 2009 é indicado ao 11º Grammy Latino por seu CD LITORAL E INTERIOR. Já se apresentou em alguns dos mais importantes palcos do mundo, como o Hollywood Bowl em Los Angeles, no Herbst Theater em San Francisco, no Blue Note em Tokyo, e na sede da Unesco em Paris.

CARLINHOS VERGUEIRO – 24/06/2025

Carlinhos Vergueiro iniciou a carreira artística em 1973, gravando dois compactos quando ainda trabalhava na Bolsa de Valores de São Paulo. Em 1974 lançou “Brecha”, seu primeiro disco, quando passou a viver exclusivamente de música, o que faz até hoje. Em 1975 venceu o Festival Abertura na Rede Globo de Televisão, com a música “Como um Ladrão”, de sua autoria.

Ainda que o samba o tenha consagrado com composições como “Torresmo à Milanesa” (parceria com Adoniran Barbosa), “Dia Seguinte” (com J. Petrolino), “Lições de Vida” (com Toquinho) e “Leve” (dele e Chico Buarque), Carlinhos sempre teve a inspiração a serviço dos encontros. Isso o permitiu, ao longo das últimas décadas, interpretar Belchior ou Nelson Gonçalves, ser autor de boleros, ou valsas, e atuar como produtor musical de Chico Buarque, Geraldo Filme e Nelson Cavaquinho.

Trabalhou também como produtor fonográfico, tendo sido responsável pelos LPs “Geraldo Filme” (1980), “As flores em vida” (1985), último disco de Nelson Cavaquinho, “A ópera do malandro” (1985), de Chico Buarque – filme de Ruy Guerra – e pelo trabalho que reuniu sambas inéditos do compositor Candeia, em 1986.

NEI LOPES – 01/07/2025

Destacando-se inicialmente como compositor de música popular, consolidou um amplo repertório gravado, a partir de 1972, por grandes nomes da música popular brasileira, como Alcione, Beth Carvalho, Clara Nunes, Elza Soares, Elizeth Cardoso, Fátima Guedes, Grupo Fundo de Quintal, Guinga, Ivan Lins, MPB4, Zeca Pagodinho, Zezé Motta, entre outros, além de registros em sua própria voz.

Intérprete de suas próprias canções, Nei Lopes tem vários discos gravados, em registros solo ou em conjunto com outros artistas, como o CD “Nei Lopes – De Letra & Música” (Velas, 2000), em que recebe convidados como Chico Buarque, Emílio Santiago, Dona Ivone Lara, Martinho da Vila, entre outros. No ano de 1999 lança pelo CPC-UMES o disco “Sincopando o Breque”, que busca destacar o sofisticado samba sincopado. Em 2005, seu CD “Partido ao Cubo” (Fina Flor) foi eleito o melhor disco de samba no Prêmio da Música Brasileira.

A partir de 1981, Nei Lopes se tornou escritor profissional. Desde então, vem publicando vasta obra de estudos africanos, centrada em livros de referência, sendo também autor de ensaios, romances, coletâneas de contos e de poemas. Essa produção também possui grande reconhecimento, já tendo conquistado dois Prêmios Jabuti.