Canção dentro do pão 2

Acompanhe as Críticas de Atilio Bari e o Palco Paulistano sobre a peça Canção Dentro do Pão

Acompanhe na integra as criticas de José Cetra do Palco Paulistano e de Atílio Bari do programa Em Cartaz sobre a peça Canção dentro do Pão, exibida no Cine-Teatro Denoy de Oliveira pelo CPC-UMES. Abaixo o texto e o vídeo com a entrevista com Valerio Bemfica e Telma Dias.

 

 

CANÇÃO DENTRO DO PÃO – PALCO PAULISTANO

 

 

Canção dentro do pão 2

Foto Marcelo Kahn

 

O intelectual Raimundo Magalhães Junior (1907-1981) foi influente homem de teatro como dramaturgo e tradutor. Suas peças fizeram bastante sucesso quando encenadas nas décadas de 1940 e 1950. Canção dentro do Pão é de 1953 e foi dirigida e protagonizada por Sérgio Cardoso (Jacquot), tendo no elenco Nydia Licia (Jacqueline) e Leonardo Vilar (Finot).

 

Com o advento da “modernização” do teatro, essa e muitas obras do gênero foram esquecidas. Ao que se sabe a peça nunca mais foi montada nos últimos 60 anos e, no entanto, tem fôlego para falar aos tempos atuais como prova a bela montagem dirigida por Bete Dorgam para o CPC-UMES.

 

canção dentro do pão 3

Primeira montagem da Peça em 1953

 

O texto padece de certa ingenuidade própria das peças da época, no entanto é engenhoso ao ligar a trama à revolução francesa e à famosa fala “Ça ira”, algo como “Agora a coisa vai”, proclamada pelos revolucionários para derrubar a monarquia e a aristocracia. O momento que o Brasil vive é digno de um “ça ira” por parte da população, cada vez mais saturada de tantas falcatruas da escória que “dirige” o país. Outra característica que aproxima a peça aos dias de hoje é que as personagens se não são imorais (Finot) são no mínimo amorais (Jacqueline e o próprio Jacquot que muda de lado conforme a ocasião).

 

A montagem de Bete Dorgam é fiel ao original e enriquecida com as músicas criadas por Marcus Vinicius de Andrade e Léo Nascimento que servem tanto para ilustrar as cenas, como para distrair o espectador nos dois entreatos (originalmente a peça tem três atos). O simpático cenário de Caio Marinho, assim como os bolos criados por Vanessa Abreu remetem à ingenuidade da época, assim como os significativos figurinos de Atílio Beline Vaz. Louve-se em tudo isso os visíveis cuidados com a produção do espetáculo, apesar dos prováveis poucos recursos disponíveis.

 

Do elenco, saem-se bem João Ribeiro como o patético Finot e Ricardo Koch Mancini como o inspetor Jean. Rafinha Nascimento incumbe-se do ajudante surdo, do ajudante do inspetor e ainda do cantor/narrador. Rebeca Braia (muito bonita e lembrando uma jovem Maria Della Costa morena) tem bons momentos como Jacqueline, mas exagera nas caretas e nas “corridinhas”. O destaque fica com Pedro Monticelli (Jacquot) que tem excelente tempo de comédia dosando muito bem o gestual e o vocal e banhando todo o espetáculo com bem vindo toque clownesco que não nega a influência da sempre palhaça Bete Dorgam.

 

Canção dentro do Pão é espetáculo digno que fala ao espectador de hoje, além de diverti-lo. Isso não é pouco! Em cartaz no Teatro Denoy de Oliveira às sextas e sábados às 21h e aos domingos às 19h!

José Cetra – Palco Paulistano

 

 

Clique na imagem para ver a entrevista no Youtube

 

VIDESS

 

 

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