ANP desconhece SBPC e Ministério Público e faz leilão do gás

Quase sem divulgação e à revelia das manifestações de diversos setores da sociedade,  a Agência Nacional de Petróleo (ANP) promoveu mais uma rodada de licitações – a sua 12ª. – desta vez para exploração de gás no subsolo do Brasil usando inclusive a técnica de fracionamento de rochas, o  “fracking”,  proibida em vários países por destruir o meio ambiente e as reservas naturais de água. A ANP realizou o leilão apesar das manifestações contra do Ministério Público Federal e da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC). (A presidente da ANP ignorou os protestos)

Previsto para durar dois dias, o leilão levou apenas três horas e contou com a participação de 12 empresas, oito nacionais e quatro estrangeiras. Ao todo, foram arrecadados R$ 165,9 milhões e o segundo dia foi cancelado. Dos 240 blocos ofertados, apenas 72 foram arrematados e das sete bacias sedimentares onde se localizam os blocos, duas não tiveram qualquer oferta – a de Parecis e a de São Francisco.

O leilão estava previsto para continuar na sexta-feira, mas foi encerrado devido a falta de interesse  pelo negócio que fez com que a arrecadação ficasse abaixo das expectativas. Caso todos os blocos tivessem sido vendidos, ainda que pelo valor mínimo, a arrecadação teria sido de ao menos R$ 2,2 bilhões. 21 empresas estavam habilitadas a participar do leilão.

O vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fernando Siqueira, condenou o leilão pelo fato da ANP ter liberado para a exploração “áreas de folhelhos que estão embaixo dos principais aquíferos brasileiros,  inclusive o Aquífero Guarani na fronteira com a Argentina, o  Uruguai e o Paraguai”.

Segundo Siqueira, “há perigo imenso e quase iminente de contaminação e, além disto, nós brasileiros não precisamos desta  tecnologia não consagrada e não dominada, o fracking, para produzir gás”. A diferença entre o gás natural convencional e não convencional está na condição em que se encontram na natureza e, automaticamente, na dificuldade ou facilidade em seu processo de exploração.

O convencional é encontrado em reservatórios de maior porosidade; já os gases não convencionais têm exploração mais complexa, pois são encontrados em rochas denominadas  folhelhos, impossibilitando a extração através da tecnologia tradicional.

Uma das informações que a ANP está sonegando à opinião pública brasileira, na opinião de Fernando Siqueira, é que o processo de fracking exige muita água e as empresas multinacionais que irão produzir esse gás usarão os aquíferos brasileiros – sem nenhum tipo de restrição porque a ANP  está deixando a questão ambiental a cargo das empresas interessadas: “Isto é um absurdo’,  condenou Siqueira.

O leilão englobou sete bacias sedimentares com potencial para gás natural, ofertando 240 blocos exploratórios que vão desde o Acre até São Paulo, passando por 12 estados brasileiros. A área compreendida para a rodada que a ANP promoveu sem dar qualquer esclarecimento à opinião pública – totaliza 168.348,42 km².

 

Fonte: Portal do PDT

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