Black blocs borram as calças e passam a se acusar mutuamente

Acusado de acender rojão que causou a morte de cinegrafista se entrega à polícia

 

O black block suspeito de acender o rojão que causou a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Ilídio Santiago Andrade, durante manifestação contra o aumento das passagens de ônibus de R$ 2,75 para R$ 3,00 na quinta-feira (6), no Rio de Janeiro, foi preso nesta quarta-feira (12) em Feira de Santana, cidade a cerca de cem quilômetros da capital baiana, Salvador.

Caio Silva de Souza tem 23 anos, estava a caminho da casa dos avós no Ceará, teria desistido e decido se entregar à polícia em Feira de Santana após ter sido denunciado por outro integrante do grupo, Fábio Raposo, e ter conversado com a namorada. Em uma delegacia da capital baiana, falou à imprensa que não sabia que tinha acendido um rojão, mas outro artefato de menor potência, um “cabeça de nego”.

O cinegrafista Santiago Andrade foi atingido na cabeça pelo rojão, levado para o Hospital Souza Aguiar, onde após quatro dias internado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo), teve morte encefálica diagnosticada na segunda-feira (10).

Um mandato de prisão contra ele, pelo crime de homicídio doloso qualificado por uso de explosivo, foi expedido na segunda-feira (10) pela Justiça do Rio de Janeiro. Caio tem duas passagens por tráfico de drogas nas delegacias de Mesquita (53ª DP) e de Comendador Soares (56ª DP). Além das passagens por tráfico, ele teve seu nome citado em outros dois boletins de ocorrência, ambos registrados após manifestações no Rio.

Fábio Raposo, que permanece preso desde o dia 9, admitiu que entregou o rojão a outro membro do grupo. Ele fez um retrato falado descrevendo Caio em afirmou que ele teria acendido o rojão. Ele também está sendo indiciado por homicídio.

Segundo o advogado Jonas Tadeu Nunes, que defende Caio e Fábio Raposo, os manifestantes recebem dinheiro para participar dos atos. Ele atribui o pagamento a “diretórios regionais de partidos políticos, vereadores, determinados deputados estaduais”.

Em reportagem publicada pelo jornal O Globo, no domingo (9), Nunes afirmou ter recebido uma ligação da ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, nessa ligação, ela teria dito que um dos responsáveis por acender o rojão que matou o cinegrafista tinha ligações com deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). O deputado negou o fato e lembrou que o advogado Nunes representou o ex-deputado estadual Natalino Guimarães, que perdeu o mandato após investigações da CPI das Milícias em 2008, presidida por Freixo.

“Natalino foi preso em 2008 graças às investigações da CPI das Milícias, presidida por mim na Assembleia Legislativa. À época, mais de 200 pessoas, entre elas várias autoridades, foram indiciadas. Natalino e seu irmão, Jerominho, que dividiam o poder, cumprem pena em presídios federais”, disse Freixo.

 

Fonte: Hora do Povo

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