Café da Lulu

“Café à Italiana” debate participação da mulher na indústria do cinema

 

 Café da Lulu 

Na noite desta terça-feira foi realizado o segundo “Café à Italiana”, série de lives sobre cinema produzida pela equipe do Cine-Teatro Denoy de Oliveira. O encontro, que teve como tema “Mulheres no Cinema”, contou com a participação de Débora Ivanov, uma das mais importantes produtoras do cinema brasileiro e ex-presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine).

Ao se apresentar, Débora demonstrou seu carinho pelo trabalho cultural da UMES, relembrando que foi produtora do documentário Geraldo Filme (Carlos Cortes, 1998), realizado em parceria com a entidade.

“O filme fala sobre a cultura negra na cidade de São Paulo, através do samba, e como essa cultura negra que era vandalizada, era criminalizada, se tornou um símbolo da cultura nacional. Esse filme foi muito importante na minha carreira”, explicou.

“Então queria dizer que a UMES faz parte da minha história”, destacou Débora.

As mulheres e a indústria

A conversa com a curadora da Mostra Permanente de Cinema Italiano, Luisa Lopes, abordou a participação das mulheres na indústria do cinema. Segundo Débora, a ampliação do espaço das mulheres nas comissões julgadoras dos festivais é fundamental para garantir a representatividade do cinema.

Débora, que já participou da produção de mais de 60 filmes, destacou que enquanto as mulheres são mais de 50% da população, somente 20% dos filmes brasileiros são dirigidos por elas. E apontou ainda que a situação não é diferente na Europa, onde as mulheres dirigem ainda os filmes com orçamentos menores que dirigidos por homens.   

“Em uma base de dados da Ancine com 2.500 filmes, apenas 20% mulheres estavam na direção e 20% no roteiro. Este número nos ajudou a saber os problemas que temos que enfrentar”.

“Infelizmente, no período que estamos passando no Brasil, esta pauta, da diversidade, caiu completamente… Como vou falar em diversidade se o setor [áudio-visual] está parado?”, indagou

Cinema Italiano

A produtora destacou o trabalho de Lina Wertmüller, cineasta italiana precursora em um meio onde as mulheres possuíam quase nenhum espaço. Lina foi a primeira mulher indicada ao Oscar pela direção de “Pasqualino Settebellezze” (1975)

Em 2019, Lina foi premiada com um Oscar Honorário pelo conjunto de sua obra.

“Além de todo este pioneirismo, de ter sido indicada ao Oscar, o fato de ter uma mulher, trazendo filmes que trazem política, trazem uma visão de crítica social, uma visão crítica sobre o machismo e sobre a questão da mulher… Fazendo tudo isso com irreverência… Isso é genial”, destacou Débora.

 

Veja a segunda edição do “Café à Italiana”:

 

 

Débora Ivanov

Produtora audiovisual paulistana, foi sócia da Gullane Entretenimento de 2000 a 2015. Em outubro de 2015 passou a integrar a diretoria colegiada da Ancine. Ficou interinamente no cargo de presidente da Ancine até janeiro de 2018. Ao fim do seu mandato, em setembro de 2019, desligou-se da Agência. Nascida em 1961, formou-se em Direito e cursou artes plásticas. Sua trajetória inclui a realização de mais de 60 obras audiovisuais – entre curtas, médias e longas-metragens, telefilmes e séries para televisão , projetos que participaram dos mais importantes festivais nacionais e internacionais, acumulando mais de 200 prêmios e conquistando as maiores bilheterias do cinema nacional nos anos de 2012 e 2014. Foi diretora executiva do Sindicato da Indústria do Audiovisual do Estado de São Paulo – SIAESP, filiado à FIESP, que representa empresas produtoras de cinema, televisão, publicidade, games e infraestrutura. Foi membro do Conselho Consultivo da SPCine, empresa pública de cinema vinculada à prefeitura e ao governo do Estado de São Paulo. Por indicação do Conselho Superior do Cinema foi titular do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual. Fundou e foi Diretora Executiva voluntária do Instituto Querô, organização sem fins lucrativos, dedicado à capacitação e inserção no mercado audiovisual de jovens em situação de risco social na região portuária de Santos.

Geraldo Filme

Foi produzido em 1997 e conta a trajetória do notável sambista revelando as origens e peculiaridades do samba paulista. O filme recebeu o prêmio de Melhor Documentário, no 3º É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários de São Paulo (1998), Prêmio Especial do Júri no 26° Festival de Gramado, o de Melhor Média Metragem no Festival de Cuiabá, e os prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Montagem no 10° Festival de Cinema de Brasília.

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