A palavra de ordem entoada pelos mais de 600 estudantes deu o tom do 28º Congresso da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES), realizado nesta quarta-feira (13) na Casa de Portugal, no centro da capital paulista.
“Precisamos enterrar o golpismo de Bolsonaro e a sua ameaça à democracia”, declarou o estudante Lucca Gidra durante a abertura do Congresso, ao destacar a necessidade dos estudantes de emitirem seus títulos eleitorais e fazerem valer a sua voz nas urnas nas eleições de outubro.
“Passamos por dois anos muito difíceis, com a pandemia e o governo Bolsonaro e esse Congresso é fruto de muita luta dos estudantes, que se mobilizaram, que organizaram a campanha dos títulos e que estão lutando para derrotar Bolsonaro”, ressaltou Lucca, que assume agora a presidência da UMES para a gestão 2022-2024.
Diversas lideranças políticas, sindicais e dos movimentos sociais que atuam na cidade de São Paulo fizeram questão de participar do ato dos estudantes. Tais como: A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), União Nacional dos Estudantes (UNE), União Paulista dos Estudantes de São Paulo (UPES), além das juventudes partidárias Juventude Pátria Livre (JPL), União da Juventude Socialista (UJS) e do Movimento Juntos.
Do movimento sindical também estiveram presentes o Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, além do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). A Confederação das Mulheres do Brasil (CMB) e o Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) também se somaram ao encontro dos estudantes da capital paulista.
ORGULHO DO BRASIL
Bruna Brelaz, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), disse estar feliz ao ver tantos estudantes levantando a bandeira do Brasil “mesmo diante das dificuldades” carregando atos de esperança de que a gente pode vencer”
“Essa é a geração que vai reconstruir o Brasil após vencer Bolsonaro. É a geração que não abriu mão de estar nas ruas para falar sobre a democracia, para falar sobre os nossos direitos, principalmente o direito de estarmos vivos, de sermos felizes e de termos oportunidades”, disse.
Bruna destacou ainda o papel dos estudantes que mobilizam a juventude a emitir o seus títulos de eleitor, que fortalece o sentimento de esperança no futuro. “É essa esperança que vai nos mover pela frente. Com orgulho de sermos brasileiros e brasileiras e estampar o verde e o amarelo e nas nossas mãos a bandeira do Brasil”, ressaltou.
RESISTÊNCIA A BOLSONARO
A presidente da UBES, Rozana Barroso, destacou em sua intervenção que o país está em uma situação onde o agravamento da desigualdade atinge principalmente a juventude brasileira.
“Estamos vivendo uma situação muito difícil no Brasil. O cenário da educação pública é um dos piores dos últimos anos. Os jovens estão sem perspectiva de futuro. Os jovens estão sem escola, estão em subempregos, estão morrendo de tiro nas periferias, estão morrendo de fome, por conta do governo Bolsonaro”.
“Mas nós estamos resistindo ao governo Bolsonaro”, ressaltou.
Rozana destacou as conquistas obtidas durante o período de resistência ao governo Bolsonaro, dentre eles a aprovação no Congresso Nacional da regulamentação do Novo Fundeb – que torna a política de investimento em Educação permanente, a derrubada ao veto de Bolsonaro ao projeto que garante a distribuição de absorventes nas escolas e a do repasse para os Estados e Municípios de recursos para garantir o acesso à internet aos estudantes.
Rozana convocou todos os presentes a irem à luta contra Bolsonaro. “Não é à toa que Bolsonaro tem medo dos estudantes. Eles sabem que nós vamos derrubar esse governo”.
“A UMES é parte daqueles que não batem continência para a bandeira dos Estados Unidos. Vamos ocupar as urnas para dizer Fora Bolsonaro”, ressaltou.
CONTRA A CARESTIA
Representante da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), Karina Sampaio, condenou a política anti-povo do governo Bolsonaro, que permite que os preços dos alimentos disparem, enquanto os salários desabam. “Não é possível viver num governo que promove a fome e a carestia. Que faz com que a cesta básica custe 70% do salário mínimo e que
Karina saudou a campanha da UMES – “Todo Estudante Com Título da Mão”: “Essa é a geração que vai derrotar o Bolsonaro e seu projeto fascista. Viva os estudantes e as mulheres que lutam pelo Brasil a fora. Vamos juntos Fora Bolsonaro”.
OCUPAR O PODER
Aclamada pelos estudantes do Congresso da UMES, a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP) agitou os participantes ao colocar os exemplos de luta que nosso país já teve com os estudantes à frente. Ela saudou a campanha pelo título de eleitor para que o se “resolva a parada do Brasil já no primeiro turno e acabar com a esculhambação que temos hoje no nosso país”. “Eu confio em vocês e sei que vocês vão transformar essa nação que está destruída, que está em coma. Só vocês poderão salvar a nação brasileira”.
“Vim aqui olhar os olhos de vocês que estão cheios de esperança, cheios de coragem e cheios de ousadia e o principal, um lugar que está todo mundo. Tem preto, tem branco, tem todos e todas, misturados e embolados. Peço a Deus que proteja e ajude essa juventude a ocupar o poder de verdade. É bom que vocês ocupem os assentos do poder. Seja ele Executivo, Legislativo e Judiciário. Vocês vão ocupar, vocês tem capacidade, vocês são o futuro”, disse Leci sob aplausos.
RETOMAR O BRASIL
Representando o Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB), Ubiraci Dantas de Oliveira, Bira, colocou que o país enfrenta hoje um momento muito importante e que a juventude será fundamental para a derrubada do governo Bolsonaro. “Estão destruindo a indústria, acabando com a cultura, transformando a Educação num covil de corrupção… Não podemos permitir que essa roubalheira continue. Vamos tirar aquele que foi responsável pela morte de mais de 600 mil brasileiros por conta da pandemia e seu negacionismo”, disse Bira.
“Cabe a nós juntos, darmos as mãos e retomar o Brasil para os Brasileiros”, convocou o líder sindical.
LUTA PELA DEMOCRACIA
Presente no Congresso, o coordenador do Movimento “Direitos Já!”, Fernando Guimarães, considerou que as eleições de 2022 ocorrem no momento “mais decisivo da política brasileira neste século”. “Os próximos meses serão meses de muita luta, de um grande desafio que é virar a página deste projeto autoritário e interrompeu mais de trinta anos de uma da nova república que é a construção do projeto civilizatório da nossa Constituição Cidadã.
Fernando explicou que é necessário interromper esse processo “porque uma redenção a um projeto autoritário consiste numa ameaça muito maior do que os primeiros quatro anos de governo”. “Um segundo mandato do Bolsonaro seria de grande gravidade às nossas instituições. Este é um momento de união nacional. Um grande momento da nossa história e é preciso que os diferentes fiquem na mesma mesa com o diálogo”, disse.
“No Brasil hoje, o que deve unir todos os campos políticos, democráticos é a defesa da democracia, é o compromisso insuperável contra a fome que atingiu a metade da população brasileira. E é em cima desse compromisso de união que nós temos que caminhar. Unindo não apenas todo todo campo democrático político, aqueles que se juntam no primeiro turno, aqueles que se juntam no segundo mas com toda a sociedade”.
UNIR FORÇAS PARA DERROTAR BOLSONARO
O assessor especial da Prefeitura de São Paulo, Marcelo Barbieri, enalteceu o congresso e conclamou os estudantes a fazer história.Durante sua fala, Barbieri falou sobre o período de refundação da União Nacional dos Estudantes, sobre a ampliação da frente ampla para derrubar Bolsonaro, sobre a importância da realização de títulos de eleitor e pelo fortalecimento do movimento estudantil e social.
Barbieri enfatizou que a colisão de forças em prol da democracia foi crucial para fortalecer o movimento estudantil e acabar com a ditadura no país.
“Eu quero dizer a vocês que o Brasil avançou muito desde 1985, quando nós enterramos a ditadura militar. Nós avançamos muito e agora tivemos um retrocesso, com o presidente que aí está. Mas ele não é mais forte do que a democracia brasileira. Ele não é mais forte do que o brasileiro, ele pode pensar que é, mas não é. Se nós estamos aqui numa reunião democrática Lucca, numa ampla liberdade, em que cada um de nós está falando o que pensa, falando o que quer, o que sente, é porque que nós conquistamos isso na luta democrática e essa luta democrática, não será qualquer um que vai nos tirar, porque dessa luta por serem muitas vidas, custou muita luta, muito suor, muita lágrima”.
Barbieri relembrou a sua ligação com o ex-vice presidente do PCdoB, Sérgio Rubens, que faleceu em dezembro de 2021. “Falando aqui me lembrei, de um grande amigo nosso, que era dirigente secundarista, que recentemente nos deixou, que alguns já conhecem muito e eu posso também falar que foi o meu amigo Sérgio Rubens, que era o presidente do PPL. E Valério você que muito com Sérgio Rubens, o Sérgio era um entusiasta da UMES, era um entusiasta da cultura estudantil, ele foi dirigente da UNE, na área da cultura no CPC-UNE, e conversando com o Sérgio, poucos dias antes do seu falecimento, ele me falava isso, ele dizia: ‘Marcelo, eles pensam que mandam mais do que o povo brasileiro, eles pensam que vão impedir o povo brasileiro de poder se manifestar, mas nós que derrubamos a Ditadura Militar, da forma como nós derrubamos, sabemos que eles não tem força para segurar a vontade soberana do povo brasileiro de garantir e ampliar a democracia nesse país, e é isso que nós vamos fazer’”.
Por fim, Marcelo Barbieri relembrou que é fundamental unir forças para derrotar Bolsonaro, para a garantia da democracia, justiça e liberdade, sem qualquer distinção de orientação política.
“Por isso é fundamental que todos nós estejamos com o nosso título de eleitor, que representa a nossa alforria, a nossa liberdade e a nossa democracia. Por isso a nossa necessidade, onde agora acabou de se formar uma federação do PT, do PCdoB e do PV, que foi uma conquista também dessa luta democrática e o Sérgio Rubens foi um dos grandes responsáveis para que essa Federação, que saiu agora, tenha a saída para um país melhor. E é por isso que eu estou aqui hoje, pra dizer pra vocês o seguinte, mais do que nunca Lucas, é fundamental fortalecer as nossas entidades, a UMES, a UBES, e UNE, as entidades estaduais, todas as entidades do país. É fundamental a ampliação do movimento, nós não fizemos um congresso em Salvador somente com estudantes que estavam à esquerda, tinha estudantes de esquerda e estudantes de centro e direita também, que foram lá e acabaram fortalecendo o nosso congresso”, completou Barbieri.
TODO ESTUDANTE COM TÍTULO NA MÃO
Presente na abertura do Congresso, a secretária de Educação do Estado de São Paulo, Renilda Peres, fez uma enfática defesa da escola pública. “Ela é que vai criar oportunidade para os todos os estudantes seguirem seus caminhos”, destacou.
Em tom de amizade e respeito, Renilda relembrou o início de sua atuação política justamente no grêmio estudantil e defendeu a liberdade de atuação dos estudantes nas escolas.
Ela informou ainda aos estudantes que a Secretaria de Educação do Estado em conjunto com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) vão intensificar a mobilização pela emissão dos títulos eleitorais dentro das escolas no próximo período, de forma a ampliar a participação dos jovens no processo eleitoral que será realizado em outubro. Segundo Renilda, São Paulo realizará um “Dia D” de emissão de títulos em todas as escolas estaduais.
“Se a gente não votar, vamos deixar que escolham o pior para a gente”, ressaltou a secretária.
PDDE
Renilda fez ainda um histórico da atuação da atual gestão com a implantação de importantes projetos. Ela destacou a parceria histórica com os estudantes que fortalece a Educação. “É o movimento estudantil que vai mudar a cara da sociedade”.
O principal ponto destacado pela secretária foi a implantação do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que repassou em média, cerca de R$ 200 mil para cada escola do Estado por ano. Estudantes e gestores são unânimes em apontar o PDDE como fundamental para a melhoria da qualidade da Educação.
Se somando à reivindicação estudantil, Renilda defendeu que o PDDE torne-se uma política de investimento permanente no Estado.