15-8-16 Merenda

O caso da merenda na ETEC Perus

15-8-16 Merenda

 

Há cerca de 4 meses atrás, desencadeou-se uma série de manifestações seguida por ocupações em algumas das instituições educacionais vinculadas ao Governo do Estado de São Paulo e ao Centro Paula Souza, nas ETECs.

A escassez e a inexistência de merenda nas escolas técnicas estaduais, ocasionada pelo corte de 78% dos recursos voltados as ETECs, foi uma das principais circunstâncias para a ascensão dos protestos que, por sua vez, durante seu ápice, bloqueou ambos os sentidos da Avenida Paulista, localizada na região central da cidade de São Paulo e causou a ocupação do prédio do CPS e da ETESP, além de outros prédios das unidades provenientes.

Os discentes das ETECs, que cursam a modalidade ETIM (Ensino Médio Integrado ao Técnico) afirmavam passar o dia inteiro no colégio, sem que houvesse o oferecimento algum de merenda, e tendo de levar marmita para ser aquecida em micro-ondas encontrados em condições precárias.

Já a assessoria do CPS informou, em nota, que não houve corte na merenda das escolas técnicas, e que absolutamente todas as unidades recebem merenda diretamente da Secretaria da Educação. Contudo, afirmou que está tomando providências para adaptar a infraestrutura das unidades que ainda não oferecem merenda, como a nossa, a ETEC Gildo Marçal Bezerra Brandão. Entretanto, essas são informações sobre as quais, todos nós estamos em plena consciência.

O que realmente nos importa é a seguinte informação: Segundo a diretora Akiyo Tamura Freire, algumas semanas atrás um engenheiro especialista contratado pelo CPS veio a nosso colégio observar a estrutura interna e visualizar a possibilidade de implantação de uma cozinha industrial, para que a entidade torne-se apta a oportunar merenda de qualidade e sem custo a seus alunos. Diante desta visita, as considerações finais foram que esta obra somente será possível ao longo dos próximos três anos, entretanto, a idealização de outros métodos passaram a afirmar que a nossa unidade disponibilizará merenda a partir da primeira quinzena do mês de setembro. Será?

 

Fonte: jornal do grêmio DIA (Desenvolvimento e Integração dos Alunos), da ETEC Gildo Marçal Bezerra Brandão (ETEC de Perus)

 

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Ildo Sauer: “criminosamente está se vendendo um bilhão de barris por um preço vil de US$ 2,5 dólares”

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A sessão extraordinária do Plenário de terça-feira (9) foi transformada em Comissão Geral para debater o Projeto de Lei 4567/16, que retira a obrigatoriedade de atuação da Petrobrás como operadora única de todos os blocos contratados pelo regime de partilha de produção em áreas do pré-sal. O debate contou com participação de parlamentares, ex-diretores da Petrobrás e lideranças sindicais, além de alguns lobistas das multinacionais, para discutir o projeto de autoria do senador José Serra (PSDB). O ex-diretor de Gás e Energia da Petrobrás e presidente do Instituto de Energia da USP, Ildo Sauer, disse que raras vezes assumiu um compromisso de falar no Congresso Nacional com tanta “apreensão e perplexidade”. Ele afirmou que a distância entre o que se está discutindo no parlamento e a realidade mundial “é abismal e paradoxal”.

“Hoje o mundo se debate num grande embate geopolítico. De um lado está a OCDE comandada pelos EUA, secundada pela China, e do outro lado os países da OPEP, secundados pela Rússia. É do lado deste grupo que Brasil deveria estar. Por que o preço do petróleo foi capaz de subir de 2005 até agora? Porque o presidente Chávez, junto com os líderes do Oriente Médio, especialmente a Arábia Saudita, foi capaz de controlar o ritmo de produção. Sem o controle do ritmo de produção exauriremos nossos recursos a preços de banana. Petróleo não é commoditie. Nos anos 60 mais de 80% do petróleo estava nas mãos das empresas. Hoje isso está menos de 10%. Por isso o centro do debate que nós temos aqui é geopolítico”.

“Todos têm falado do problema da Petrobrás. Ele é sério e gravíssimo mas o problema da Petrobrás não nasceu dentro da Petrobrás. Nasceu aqui em Brasília. Foi longamente cevado e o assalto que lá se fez foi em decorrência do processo político partidário”, denunciou. “Se o Brasil quer fazer valer o seu passaporte para o futuro com o pré-sal tem que compreender que o controle sobre o ritmo de produção do petróleo é uma questão de estado é uma questão de país. Não existe a possibilidade de aceitarmos os dogmas do censo comum que prosperam por aqui nesse debate ignorando a realidade mundial”. “Se a partilha talvez não fosse o melhor regime e sim a contratação direta da Petrobrás, o que se quer agora é abrir a porta de entrada para a entrega total. O projeto em discussão envergonha a nação e ignora completamente que o titular do petróleo é o povo brasileiro” prosseguiu Sauer.

Ele disse que “o Brasil deveria estar ao lado da OPEP e da Rússia para controlar o ritmo de produção e garantir que o preço volte, como pode e provavelmente voltará, ao patamar de 80 a 100 dólares. Neste momento de águas turvas estamos vendendo ativos da Petrobrás. Vergonhosa e criminosamente está se vendendo um bilhão de barris por um preço vil de 2,5 dólares o barril [Campo de Carcará]. Isso precisa ser contestado na Justiça. Até como referência, na capitalização da Petrobrás, ela aceitou pagar 10 dólares o barril. Vender ativos, vender petróleo num momento em que uma conjuntura desfavorável acontece é um crime de lesa-pátria”.

“Se queremos resolver o problema da Petrobrás é simples. Temos 350 bilhões de dólares em reservas internacionais. Façamos um fundo de investimento independente e vamos comprar as ações da Petrobrás, lá fora e aqui dentro. Vamos investir na Petrobrás. O Brasil hoje com suas reservas internacionais recebe juros negativos. 250 bilhões estão emprestados aos EUA. Aprendamos com o capitalismo. Durante a crise de 2008 a GM foi estatizada, os bancos foram estatizados e depois revendidos. Por que nós não podemos reorganizar a cadeia produtiva? Porque a competência da Petrobrás está intacta, independente dos ataques que se fazem contra ela. Se necessário façamos como os EUA e desapropriemos essas empresas [empreiteiras]. Vamos colocar todos os seus ativos num truste e voltamos a produzir. A saída é política, mas esse governo de baixíssima popularidade prefere se curvar às pressões internacionais e entregar a maior riqueza descoberta pelo Brasil nos últimos tempos” explicou.

Fonte: Sérgio Cruz do jornal Hora do Povo

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Dilma, Temer, Renan e Cunha são entulhos que atravancam o Brasil

15-8-16 Temer Dilma  Cia

 

Mas um sai em agosto e outro em setembro. Renan e Temer não tardarão a pegar os bonés

Em três meses de profundas articulações, declarações sagazes, percepções fundamentais e demonstrações de aderência extrema ao queijo – quer dizer, tremendo compromisso com o país – Dilma conseguiu ampliar o número de senadores que votaram contra ela. Pela abertura do processo (e consequente afastamento) votaram, em 12 de maio, 55 senadores. Na terça-feira, a favor da pronúncia (sua transformação em ré do processo), votaram 59 senadores. São necessários 54 votos, no julgamento, que deverá ocorrer no próximo dia 25, para tirá-la da Presidência em definitivo.

Todo esse sucesso esplendoroso foi obtido mesmo com a ameaça – Deus nos livre – de ser substituída por um sujeito lastimável, cujo carisma e serviços prestados ao país, se medidos por algum termômetro político, se aproximam do extremo pelo qual Lord Kelvin ficou conhecido: o zero absoluto.

VERSÃO

É verdade que mesmo Temer na Presidência é obra de Dilma, que o escolheu ou o aceitou como vice. Como já notamos, aqui, Temer sempre foi um medíocre, mas não era um desconhecido. Ninguém escolhe ou aceita Temer como vice para fazer uma política a favor do povo e do país.

Temer é, aliás, a maior prova de que estamos precisando, urgentemente, de eleições. Dilma não pode ser substituída por ela própria em versão masculina, mas tanto quanto nula, entreguista (qual a diferença entre entregar o campo de Libra, no pré-sal, ou o campo de Carcará, no pré-sal?), antipopular e antinacional – portanto, antidemocrática até as entranhas.

Mas essa versão de Dilma é, exatamente, Temer.

Dilma, é verdade, sempre excede a estupidez que todos esperam dela, mesmo que essa expectativa seja próxima ao infinito. Mas, dificilmente, convenhamos, isso é uma vantagem a favor dela ou de Temer.

No entanto, essa figura que não consegue juntar lé com lé nem cré com cré, corresponde ao fundo econômico do estelionato eleitoral – da adesão aos inimigos do país – que levou Dilma à execração pública e ao banco dos réus em pouco mais de um ano de seu segundo mandato.

Em recente artigo, o economista Felipe Rezende faz um bom resumo. Ainda que os leitores do HP já conheçam a história – a análise de Rezende é, essencialmente, a mesma que fizemos a partir de janeiro de 2011 – o artigo tem o mérito da concisão e de aparecer neste momento (v. F. Rezende, “Por que o Brasil sofre uma das piores crises de sua história?”, Valor Econômico, 04/08/2016).

Resumindo o resumo: as empresas brasileiras vinham desde 2007 (com exceção de 2009, quando a crise dos EUA atingiu o Brasil, devido aos juros do sr. Meirelles no Banco Central) aumentando os investimentos, inclusive recorrendo a empréstimos para fazê-los – ou seja, contando com lucros futuros para cobrir os investimentos.

Rezende chama isso de “esquema Ponzi” – a famosa “pirâmide” ou “corrente” – com o que não concordamos. Porém, mais importante, ele ressalta que a partir de 2011, com a derrubada do crescimento imposta por Dilma e Mantega, a perspectiva de lucros futuros se evaporou, deixando as empresas no pântano. Nas palavras de Rezende: “a partir de 2011 há uma forte queda da rentabilidade das empresas, principalmente da indústria, afetando a acumulação interna de lucros e o retorno esperado do investimento”.

Ele examina a questão sobretudo sob o ângulo do endividamento: “Os dados do Banco Central (BC), mostram que o endividamento das empresas e famílias passou de 35% do PIB em dezembro de 2005 para 75% do PIB em junho de 2015. Com a obtenção do grau de investimento, o total da dívida em moeda estrangeira das empresas não financeiras saltou de US$ 58 bilhões em março de 2008 para US$ 118 bilhões em junho de 2015”.

Para isso serviu o belo “investment grade”, de que tanto falava o sr. Mantega.

As empresas foram obrigadas a cortar os investimentos, porque eles se tornaram insustentáveis – e a dívida, crescente – devido à política econômica implementada já no primeiro mandato de Dilma, de frear o crescimento, portanto, os lucros, a perspectiva de lucros e a capacidade de pagamento empresarial.

“Logo”, diz o economista, “não deveria causar surpresa a queda dos investimentos há dez trimestres consecutivos”. E frisa: “As elevadas taxas de juros praticadas pelo BC elevaram as despesas financeiras do setor privado, agravando a recessão e o potencial de uma crise dentro do sistema financeiro”. Em seguida: “Por outro lado, as irresponsáveis medidas do ajuste fiscal implementadas ao longo de 2015 – além de causar um choque nos custos das empresas por meio do aumento brutal dos preços administrados – interromperam a ação dos estabilizadores automáticos – isto é, as variações de gastos e recolhimentos de impostos e tributos devido ao desaquecimento da economia – ao cortar fortemente os gastos reais do governo, empurrando a economia para uma das piores crises da sua história”.

Derrubada do crescimento, juros altíssimos, corte violento nos investimentos públicos e nos demais gastos governamentais – o que se poderia esperar disso, senão o afundamento do país em um abismo?

Poderíamos acrescentar que, sob a forma de juros, mais de meio trilhão de reais foram passados do setor público para os bancos, fundos e outros rentistas em apenas um ano (2015).

Os elogios de Dilma ao ministro da Fazenda de Temer, o malsinado Meirelles, são apenas a demonstração de que não há diferença qualitativa entre um governo e outro. Se eles brigam pelo poder, é apenas porque quadrilhas costumam brigar pelo controle da muamba, nesse caso, o papel de feitor dos monopólios externos sobre o Brasil. Essa é a razão de Dilma declarar que o “sucesso” do governo Temer (essa alienada acredita que o país está se recuperando) foi plantado pelo seu governo.

CRISE

O fato é que o Brasil enfrenta, devido à Dilma e Temer, a pior crise desde o início do século XX. Não por acaso, essa crise coincide com o apodrecimento dos partidos governistas – PT, PMDB, PSDB & satélites – que mal se distinguem, do ponto de vista do que querem fazer com o país: roubar, entregar, destruir. A crise econômica coincide com a podridão política na medida em que a rendição ao neoliberalismo – ao imperialismo, aos monopólios financeiros e cartéis sobretudo norte-americanos – é a decomposição acelerada dos cadáveres que se renderam.

Daí todos esses defuntos políticos – Dilma, Temer, Cunha, Renan – que açambarcaram o poder, em um dos maiores países, mais ricos em recursos, e com um povo trabalhador e criativo. Sem se livrar deles, é impossível voltar a crescer para contemplar as nossas necessidades.

Nosso maior escritor, Machado de Assis, escreveu sobre a contradição entre o Brasil real e o Brasil oficial. Nunca essa contradição foi tão aguda.

Porém, as coisas caminham. Ainda que às vezes com uma lentidão que desespera alguns – mas para isso, na verdade, não há motivo: o Brasil real avança e enterra os restos do carcomido Brasil oficial. Toda essa “vida política” das Dilmas e Temer não é mais do que passado ainda não sepultado.

Mas, Dilma e Cunha já estão com hora marcada para a execução.

Um para 25 de agosto, outro para 12 de setembro.

Falta Temer, Renan e outros fantasmas.

Fonte: Carlos Lopes do jornal Hora do Povo

11 08 2016 20 00 30

Dia do Estudante é dia de luta!

11 08 2016 20 00 30

Foto: Leonardo Varela             

 

Nesta quinta-feira, 11 de Agosto, os caras pintadas saíram às ruas para comemorar o Dia do Estudante. Todas as regiões de São Paulo se organizaram em um ato que se concentrou no vão livre do MASP reivindicando a luta por novas eleições, entendendo a situação política, econômica e social que o país vive. No Governo Estadual, tendem ainda mais a suprimir as necessidades da juventude, fechando salas de aula e, como houve há pouco, desviando verba da merenda escolar. “Temos aqui estudantes de todos os cantos da cidade, afirmando aqui que não queremos esse governo que corta da educação, que passa bilhões para os banqueiros e vende nosso pré-sal a multinacionais que não têm compromisso nenhum com o povo brasileiro. Essa política neoliberal que começou no governo Dilma, permanece e se agrava no governo interino do Temer. Queremos novas eleições já! Para que nós, estudantes, possamos ter uma escola de qualidade e um futuro melhor”, afirmou Caio Guilherme, presidente da UMES durante a manifestação.

 

Foto: Junior Fernandes

Foto: Junior Fernandes            

 

A manifestação foi organizada pela UMES, que contou com a participação de outras entidades estudantis, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), dezenas de grêmios estudantis da cidade e diversos centros acadêmicos e diretórios acadêmicos estudantis de grandes universidades do Estado. A manifestação contou ainda com diversos movimentos de juventude, de mulheres e centrais sindicais.

 

Durante o ato, o diretor de escolas técnicas da UMES e presidente do Grêmio da ETEC Getúlio Vargas, Lucas Chen, relata na sua fala a importância da luta contra os desmandos do Governo Estadual e Federal, afirmando que  “não vamos aceitar que o governo Alckmin precarize ainda mais nossa escola técnica. Não temos merenda digna em nossas escolas, falta estrutura e insumos básicos para a realização dos cursos. Alckmin e seus secretários roubaram da merenda e cortaram a verba das nossas unidades, tendo em vista que Temer caminha para intensificar ainda mais essa crise, prejudicando e liquidando nossas riquezas e acabando com nossos anseios. Fora, Temer!”.

 

O ato caminhou até a Assembléia Legislativa de São Paulo, a Alesp, para denunciar os ladrões da merenda e reforçar o compromisso da UMES em seguir na luta contra o fechamento de salas, os cortes na educação e a continuação com Temer da privatização do pré-sal.

 

Clique aqui e confira todas as fotos do ato!

 

 

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Dia do Estudante: contra o ajuste de Temer e Dilma!

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Lutar para construir a escola pública que o Brasil precisa! Contra o fechamento de salas em São Paulo. Abaixo a Lei da Mordaça e punição para os ladrões da merenda

 

Os secundaristas de São Paulo realizaram neste sábado (6) sua plenária preparatória para a manifestação do Dia do Estudante, que será realizado na quinta (11), com concentração no MASP a partir das 8 horas. Com muita empolgação Caio Guilherme, presidente da UMES, abriu a atividade resgatando as lutas dos estudantes e afirmando a importância de derrotar a política de ajuste iniciada por Dilma e agora continuada por Temer.

 

“A luta contra o ajuste, contra essa política que tira do povo pra enriquecer os banqueiros e rentistas, foi muito importante. Foi essa luta que permitiu que o nosso congresso [realizado no dia 2 de julho de 2016] decidisse por novas eleições! Desde então, as discussões foram se aflorando e a diretoria deu início a campanha pelo abaixo-assinado em defesa de eleições presidenciais, para que assim, o povo, por meio das assinaturas, afirmassem o seu direito de escolher novos representantes”.

 

8-8-16 Plenária 11A

 

“Durante esse processo ficou ainda mais claro que Dilma não é vista pelo povo como uma opção para governar. Muito pelo contrário, é considerada uma governante dos bancos, empreiteiras e multinacionais. Mas com o Temer também não é diferente, ele não é uma opção porquê segue o mesmo caminho dos cortes e privatização, a exemplo da entrega do campo de petróleo de Carcará. Por isso, para construir outro Brasil e outra escola, precisamos ampliar a nossa mobilização para o Dia do Estudante e convocar a todos para a manifestação. Chega de entreguistas e maus governantes, nem Dilma, nem Temer! Que o povo decida, novas eleições, já!”, conclamou Caio.

 

Após a fala do presidente da UMES, dezenas de lideranças secundaristas da cidade falaram sobre a mobilização para o 11 de Agosto, assim como aprofundaram denúncias importantes para os estudantes de São Paulo, a exemplo do projeto da “Escola Sem Partido”, em discussão no Congresso nacional e na Assembleia Legislativa de São Paulo, ou do roubo da merenda.

 

8-8-16 11A 2015Estudantes durante manifestação do 11 de Agosto de 2015 na Avenida Paulista

 

Para Jonatham Oliveira, tesoureiro da UMES e presidente do grêmio da escola Charles de Gaulle, sem educação não será possível desenvolver o país e libertar o nosso povo. “Sem educação pública de qualidade o país não se desenvolve. Sem educação libertadora o sonho do oprimido é virar opressor. A gente vê o caso do estado de São Paulo, que não investe em educação. A gente vê o caso do governador Alckmin que quer fechar escola, quer tirar aluno da sala de aula e que rouba merenda. Acompanhamos o Cunha aprovando a redução da maioridade penal com apoio do Alckmin e da Dilma. Eles estão juntos contra o povo e contra a educação. Agora estamos vendo a lei da mordaça que quer calar os nossos melhores professores”.

 

“Para esses governantes é mais fácil colocar um jovem da periferia na cadeia do que coloca-lo na escola, do que construir laboratório. Por isso esse 11 de agosto vai ser o maior dia do estudante já organizado em São Paulo. Vamos pra rua não só para comemorar o dia do estudante, mas para puxar novas eleições que é o que a conjuntura e o país conclamam. E os estudantes vão colocar um ponto final nessa história, como sempre fizemos, a exemplo de quando, com a luta das ocupações, colocamos o governador no bolso e demitimos seu secretário de Educação. Essa é a juventude que vai continuar lutando pelo Brasil”.

 

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Aleksandr Nevsky, por Eisenstein

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Concluído em 1939, o artigo “Patriotismo, Meu Tema” é um dos mais importantes trabalhos teóricos do grande cineasta soviético Serguey Mihailovich Eisenstein. Nele Eisenstein analisa em profundidade os fundamentos da concepção estética em que baseou sua obra “Aleksandr Nevsky”, em especial os caminhos percorridos na construção de seu personagem central, o príncipe que levantou o povo russo contra a invasão dos Cavaleiros Teutônicos no século 13.

A vibração, a verdadeira empolgação revelada por Eisenstein ao longo do artigo mostra o estado de graça em que se encontrava após ter vencido uma árdua batalha contra algumas de suas concepções anteriores, em relação às quais “Aleksandr Nevsky” soa como heresia. Primeiro porque Aleksandr era um “herói positivo”, que expressava o coletivo, é fato, mas na condição de líder não se reduzia a ele. Segundo porque era um príncipe e, mais que isso, um santo!

Eisenstein foi entusiasta da ideia de que no cinema as massas deveriam ocupar, elas próprias, diretamente, o espaço do “herói positivo”, criando assim o “herói coletivo”, revolucionário, em contraposição ao “herói individual”, burguês. Seus primeiros filmes, “A Greve” (1925), “Encouraçado Potemkin” (1925) e “Outubro” (1928), foram construídos dentro dessa concepção. Os filmes são clássicos. Com jeitão semidocumental, como épicos cujo personagem central é o próprio povo, as massas, eles transmitem energia e sinceridade comoventes. Mas a tese é ingênua e reducionista. Não supera a concepção burguesa segundo a qual há um inconciliável antagonismo entre o individual e o coletivo. A opção que faz pelo coletivo, portanto, é pobre. Ao filmar “O Velho e o Novo”, em 1929, Eisenstein sentiu a necessidade de ultrapassar os limites desse esquema, destacando e transportando para o centro da trama a camponesa Marfa Lapkina. As conclusões teóricas, porém, ficariam para mais tarde.

O advento do cinema falado, ao possibilitar e exigir um tratamento estético mais rico e profundo do tema, tornou mais visíveis as limitações da tese do “herói coletivo”. A ela escapa a complexa interação propugnada pelo marxismo entre o líder e massas, na qual o realismo socialista, a partir de 1934, fundamentará a importância do “herói positivo” na estética revolucionária e fixará referenciais para a sua construção – a propósito desta concepção, nunca é demais lembrar que ela está mais distante da criação de personagens desprovidos de contradições internas do que o diabo da cruz. Eisenstein entrou meio enviesado na discussão, mas ao aprumar-se produziu duas obras-primas baseadas nesse princípio: o filme e o artigo.

Quanto aos grilos, não propriamente estéticos, mas políticos, provenientes do “herói positivo” nem operário, nem camponês e muito menos bolchevique, mas um santo canonizado pelos “popes”, Eisenstein brinca com a resistência que ele próprio havia oposto ao projeto: “Está distante o século 13… E como figura central do filme: um santo! De início essa posição desorienta. E, na primeira vez que se toma conhecimento do assunto, arrisca-se a possibilidade de não se ter a perspicácia necessária para descobrir, por trás, a figura de um homem de Estado realista, muito próximo de seu povo e com os dois pés na terra”.

Esse entendimento do papel histórico de Aleksandr Nevsky é o elo para a compreensão do significado dos bolcheviques resgatarem, naquele momento, a saga do príncipe de Novgorod: “Se a alma popular pôde esmagar o inimigo quando a Rússia definhava sob o jugo tártaro, não há força que possa vencer este país, agora que ele se libertou das cadeias da opressão para tornar-se socialista”, escrevia Eisenstein, empenhado em mobilizar para a guerra que se avizinhava os mitos que povoavam a alma popular.

O artigo, particularmente se cotejado com o filme, é uma aula de como numa obra cinematográfica a construção estética ganha vida e se nutre das questões históricas, políticas e ideológicas inscritas no tema. Até a solução cenográfica para a filmagem da batalha na neve, durante o verão, é elaborada a partir da relação entre esses elementos.

“A profundidade ideológica do tema e do assunto permanece e ficará para sempre como base verdadeira da estética”, escreveu Eisenstein em outro de seus artigos. “Aleksandr Nevsky” é um exemplo da exatidão dessa assertiva. “Patriotismo, Meu Tema” desvenda os bastidores de sua construção, mostrando como as soluções estéticas realmente adequadas, eficazes, verdadeiras, surgem do aprofundamento cada vez maior do tema.

A íntegra do texto pode ser encontrada em cpcumesfilmes.org.br . A publicação abaixo é uma condensação que não altera o original, apenas suprime algumas passagens para compatibilizá-lo com o espaço disponível.

SÉRGIO RUBENS DE A. TORRES

 

10-8-16 Patriotismo meu Tema

 

“Patriotismo, Meu Tema”

SERGUEY EISENSTEIN

Esqueletos. Crânios. Campos incendiados. Habitações calcinadas. Homens e mulheres mandados para longe, escravizados. Cidades saqueadas. A dignidade humana espezinhada. Tal é o quadro que se apresenta a primeira metade do século 13, na Rússia. Contornando a costa sul do mar Cáspio, as hordas mongólicas e tártaras de Gêngis-Kã penetram no Cáucaso.

A Rússia de Kiev e outros elementos da futura grande nação russa gemeram durante longos anos sob o peso do jugo tártaro, com toda avidez do conquistador voltando-se para os restos dos principados vencidos e dominados. Assim foi a Rússia mártir do século 13. Sem uma imagem clara disso tudo, é impossível compreender o heroísmo sublime com o qual o povo russo, já avassalado pelos bárbaros nômades do Oriente, levantou-se sob o comando de um grande capitão, Aleksandr Nevsky, para esmagar os Cavaleiros Teutônicos que procuravam tomar um pedaço da Rússia.

De onde vinham, esses cavaleiros? Nos começos do século 13, vamos encontrar em Jerusalém, depois durante o cerco de São João do Acre, um hospital de Santa Maria de Teutões. Ele se vai tornar o berço de uma das mais espantosas calamidades da humanidade, de uma lepra que tomaria conta da Europa.

Santa Maria dos Teutões nada mais é, originalmente, que um serviço de saúde militar mantido pelos cruzados alemães. Com a aprovação papal, ele se transforma em Ordem de Cavalaria, a 6 de fevereiro de 1191.

De início, limita-se ao tráfico de sua força militar e de sua experiência na guerra. Mas logo começa uma longa e sistemática ofensiva contra o leste europeu. Rivalizando com os tártaros na ferocidade contra os vencidos, os teutônicos (no intervalo eles absorvem outras ordens monásticas não menos primitivas) representam um perigo bem maior. Os tártaros faziam somente incursões, onde pilhavam, destruíam, mas não ocupavam as terras conquistadas.

Com os teutônicos e os seus aliados, a maneira de agir era diferente. Com estes, o caso era uma colonização sistemática acompanhada de transformação dos nativos em escravos, da destruição da religião, do sistema social e de qualquer traço de característica nacional.

Vencendo seus adversários não somente em material, mas como organização, os caridosos irmãos não se mostravam pios na escolha dos meios. As crônicas do tempo não somente nos conservaram os nomes dos valorosos defensores da pátria, mas também o do príncipe traidor Vladimir de Pskov que num abrir e fechar de olhos vendeu sua cidade aos alemães, recebendo uma polpuda comissão.

Está distante o século 13… E como figura central do filme: um santo! De início, essa posição desorienta. E, na primeira vez que se toma conhecimento do assunto, arrisca-se a possibilidade de não ter a perspicácia necessária para descobrir, por trás, a figura de um homem de Estado realista, muito próximo de seu povo, e com os seus dois pés na terra.

As características que possuímos do personagem são do tipo impressionante: “Pela nobreza de traços e imponência corporal, sua beleza singular o coloca fora de competição, não somente entre os demais príncipes de seu país, mas ainda entre os demais soberanos estrangeiros, desta terra, tal como o sol entre todos os astros do firmamento… Ele ultrapassa, pela estatura, o comum dos homens. Sua voz é a trombeta que chama o povo, seu rosto é o de José, o Esplêndido, que o Faraó fez rei do Egito. De uma força igual à de Sansão, recebeu de Deus ainda a sabedoria de Salomão e uma galhardia semelhante à de Vespasiano, imperador de Roma, que manteve cativa toda a terra da Judeia… Sua voz é a trombeta que chama o povo…”

Não obstante, não pretendo estourar o microfone com voz semelhante!

Pelo espírito, o século 13 mergulha na mesma tonalidade afetiva que o nosso. E ao pé da letra, mesmo, os acontecimentos são de tal modo familiares a ponto de parecer modelos. Jamais esquecerei o dia em que, pondo de lado o jornal onde acabava de ler a destruição de Guernica pelos fascistas, abri um livro de história e meus olhos tombaram sobre o relato da destruição de Guersik pelos cruzados; dir-se-ia uma cópia, palavra por palavra.

Mas como andávamos no século 13? Como comíamos e nos conduzíamos? Dever-se-ia reproduzir o estilo das encantadoras esculturas da catedral de Santa Sofia, e mesmo das miniaturas mais recentes da crônica de Koenigsberg? Como usar roupas que impõem, queiram ou não, gestos de “ícone” inspirados na escola de Novgorod? Como criar o contato com seres ao mesmo tempo longe e perto de nós?

Aqui, também, repentinamente tudo se esclarece. Estamos a contemplar a perfeição da Igreja do Salvador. Pela pureza das linhas e a elegância das proporções, esse monumento do século 12 talvez não tenha igual. Os homens que em poucos meses edificaram aquela catedral não eram ícones, nem miniaturas, nem estátuas ou estampas, mas gente como vocês e eu. Não são mais as pedras, agora, que nos falam e contam as suas histórias, mas os homens que as juntaram, talharam e carregaram.

Pelo amor que devotaram à pátria e o ódio ao inimigo eles são parentes, parentes próximos do soviético de nossos dias. Arcaísmo, imitação, erudição bacharelesca cedem depressa lugar ao que vai permitir que o leitmotiv patriótico do filme possa desenvolver-se sem entraves.

Partindo daí, vamos poder resolver a parte mais embaraçosa de nosso herói: a sua “santidade” vai tornar-se compreensível. O mais recomendável, sem dúvida, seria deixar desaparecer esse título, mandar de volta a auréola aos padres. Solução simplista… Resolvemos decifrar a “santidade” e acho que chegamos a adquirir cultura. De que valeu essa qualidade para Aleksandr – não no sentido das normas da Igreja, mas no do efeito que repercute no povo? André Bogolubski a teve porque foi martirizado. Mas ninguém assassinou Aleksandr. E então?

Vamos esclarecer, antes de mais nada, o que significa, em realidade, esse título de santo. Nas condições da época, nada mais do que o mais alto julgamento de valor concedido a um homem, quando suas qualidades atingem o limite das normas mais altas conhecidas, quando ele é mais do que “ousado”, “valoroso” e “sábio”.

Vista sob esse ângulo, a atribuição do título de santo a Aleksandr reveste-se do sentido profundo de uma prova, a prova que o pensamento daquele homem abrangia uma vastidão maior do que a ação, que aquele indivíduo genial, aquele chefe de exército, em anos distantes, sonhava claramente com a Rússia unificada. O povo também experimentava esse pressentimento diante daquela grande figura da História.

De uma só vez, os traços dominantes da figura central estavam desenhados. Dois ou três fatos alusivos tirados de crônicas completavam o esboço. Um deles nos agradou sobremaneira: a vitória não transformou a cabeça do vencedor, e este dirigiu à multidão em júbilo uma instrutiva, severa e edificante reflexão. Humanamente, tal fato ainda o aproximava mais dos homens de carne e osso. A sedução e o talento de Cherkassov [ator que fez o papel de Aleksandr Nevsky] completaram o resto.

Um ardor contido pela lucidez constituía, em suma, a essência do personagem. A síntese disso seria sublinhada pelas figuras de dois de seus companheiros: um que nos vinha das crônicas da batalha do Neva; e outro descenderia de um dos heróis intemporais das canções de gesta de Novgorod.

A intrepidez de Buslai e a sabedoria de Gavrilo emolduravam o vencedor de Peipus, que reunia uma e outra característica.

O gelo do lago Peipus! Que extensão! Que amplitude! E que tentação: o inverno russo, o cristal dos pedaços de gelo, as tempestades de neve, os traços deixados pelos patins, as barbas e os bigodes revestidos de branco…

Mas a gestação do roteiro prolongava-se. Uma única solução: adiar as tomadas de cena do inverno – sessenta por cento do filme – para janeiro/março de 1939. Ou então adotar a proposição audaciosa de um recém-chegado à nossa equipe, o diretor Dimitri Vassiliev: fotografar o inverno em pleno verão. No momento em que meditávamos dolorosamente sobre aquela ideia, o leitmotiv veio em nossa ajuda: pedaços de neve autênticos, ou autêntica bravura do povo russo? Neve verdadeira, ou verdadeiro heroísmo russo?

O inverno artificial nos saiu muito bem. Dizendo melhor: não levantou discussão; nem suscitou qualquer comentário; passou despercebido.

O segredo do êxito está em que não procuramos disfarçar. Não fingimos, não nós preocupamos em fazer crer que pedaços de vidro ou de arranjo postiço pudessem resolver detalhes reais da história russa. Apanhamos apenas o essencial, suas relações de valores sonoros e luminosos, o branco do terreno e o negro do céu, por exemplo.

Enfim a questão prazo. Por mais ridículo que possa parecer em face de meus outros camaradas, com “Aleksandr Nevsky” eu fazia a minha estreia no filme sonoro. Como eu gostaria de aproveitar para experimentar em paz, sistematicamente, tudo o que tinha armazenado em matéria de ideias e desejos depois de anos em que sonhava com o filme sonoro! O canhoneio do lago Hassan dissipa esses sonhos idílicos. Mordendo os dedos de raiva porque o filme não terminava, impedindo que o atirássemos como uma granada ao rosto do agressor, a equipe redobra de ardor em silêncio e o prazo impossível, dia sete de novembro, começa a repercutir em nossa consciência como realidade. Confesso que, até o último dia, vivi com a ideia: “É impossível terminar o filme no dia sete de novembro, mas vamos terminar”.

Foi aí que o mestre feiticeiro Serguey Prokofiev acorreu em nosso auxílio. Quando este fabuloso musicista encontrou tempo para refletir sobre o espírito da obra, para compreender num simples esboço de montagem toda a lógica interna de uma cena, para repeti-la em termos de música, para traduzi-la numa orquestração prodigiosa e, durante as horas passadas no estúdio de gravação com Volski, o engenheiro de som, e Bogdankevitch, o operador, para harmonizar o método de gravação através de diversos microfones de uma maneira que até então não tinha sido feita entre nós?

Por essas qualidades ele igualava-se a toda a nossa imensa equipe cuja energia e entusiasmo poderiam evidenciar-se num tempo tão reduzido para aquela tarefa formidável.

Nosso tema era o patriotismo!

De que maneira estávamos à altura da tarefa?

Cabe ao espectador soviético responder.

A filmagem de “Alexandre Nevsky” foi concluída no dia 4 de novembro de 1938. A equipe recebeu a Bandeira Vermelha por completar o filme antes do prazo previsto para sua conclusão.

 

10-8-16 Bola de Sebo

‘Bola de Sebo’, filme soviético de 1934, ganha reedição em DVD pelo CPC-UMES Filmes

10-8-16 Bola de Sebo

 

Novela de Guy de Maupassant inspirou pelo menos 10 adaptações, esta entre elas

Em 1880, Guy de Maupassant publicou Bola de Sebo, novela classificada por Gustave Flaubert de “verdadeira obra-prima”. Tal julgamento do perfeccionista autor de Madame Bovary deve ser levado em consideração. A história é narrada com todo rigor. E o estilo realista presta-se com perfeição para o cinema, arte e indústria que não existiam no tempo do seu autor. Só viria a ser “inventado” 15 anos depois, na própria França, pelos irmãos Lumière.

Uma das primeiras adaptações da obra foi feita pelo cinema soviético. Ainda atuando na fase silenciosa, Mikhail Romm levou à tela a incrível história da personagem-título. Ela, na verdade, se chama Élizabeth Rousset, “Bola de Sebo” por ser meio gordinha. Está entre os dez passageiros de uma diligência que foge de Rouen rumo ao Havre, pois a cidade havia sido tomada pelos soldados inimigos. Estamos na guerra de 1970, que opôs França e Prússia. A ideia inicial da história é fazer da diligência um microcosmo da sociedade francesa. Neste, há representantes de várias camadas da sociedade. Nobres, burgueses e um comerciante de vinhos, todos acompanhados de suas esposas, e também Bola de Sebo, prostituta sobre quem se abatem os preconceitos das personalidades “respeitáveis”.

O que não os impede de partilhar as provisões de Bola de Sebo durante a viagem, pois foi ela a única a levar alimentos em sua cesta. Pode ser proletária e de “má vida”, mas a comida é bem-vinda entre os burgueses famintos. Na primeira parada, estes também não hesitarão em exigir de Bola de Sebo outro sacrifício em nome do bem comum. Atendido o pedido, a moça roliça será relegada ao canto de onde nunca havia saído, aquele reservado à escória que não merece conviver com os bem-nascidos e endinheirados.

Um tema como este não poderia passar despercebido ao cinema social soviético. Romm constrói sua versão como de praxe na era do chamado cinema mudo. Não podendo se apoiar em diálogos, é na expressividade das imagens que se concentram suas atenções.

O filme foi realizado em 1934 e, em 1955, ganhou versão sonora supervisionada por Romm. Acrescenta uma narração off para acompanhar a ação vista na tela. Não prejudica a obra, mas também nada lhe acrescenta.

O poder da prosa social e crítica de Maupassant é tal que Bola de Sebo inspirou pelo menos umas dez adaptações cinematográficas. A de Romm pertence ao grupo das pioneiras, mas há outras, clássicas, como No Tempo das Diligências (1939), de John Ford, e Casanova e a Revolução (1982), de Ettore Scola. A ideia de base é sempre a mesma. A carruagem é um mundo em miniatura, habitado por seres diferentes, obrigados a um convívio que não existe no tempo normal de vida e ao qual não estão habituados. Dessa convivência forçada, sai o retrato expressivo da sociedade de classes, com suas grandezas e abjeções, gestos de generosidade e deformações de caráter.

Em grandes traços, essa pintura pouco lisonjeira destaca a hipocrisia dos homens, que se aproveitam dos que de fato desprezam e não hesitam em lhes voltar as costas quando tudo retorna ao normal. Brecht se inspirou na personagem de Bola de Sebo para a criação de uma Jenny de temperamento oposto em sua Ópera dos Três Vinténs, enquanto no brasileiro A Ópera do Malandro, Chico Buarque e Ruy Guerra recriaram na personagem de Geni o modelo original de Maupassant. A hipocrisia é sempre um tema forte, mesmo quando nos habituamos a ela. Basta olhar em volta.

BOLA DE SEBO

Diretor: Mikhail Romm

Distribuição: CPC-Umes Filmes

Gênero: Drama, 1934, 90 min. P&B Versão sonorizada com narrativa em off

Preço: R$ 26

Fonte: Luiz Zanin Oricchio do jornal O Estado de S. Paulo

10-8-16 A tregua

Participe da sessão de “A Trégua”, de Francesco Rosi, na Mostra Permanente de Cinema Italiano da UMES

10-8-16 A tregua

 

Na próxima segunda (15), a Mostra Permanente de Cinema Italiano apresenta o filme “A Trégua”, de Francesco Rosi (1996). Aproveite, só na UMES você confere o melhor do cinema com entrada franca!

 

A sessão será iniciada às 19 horas no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Chame sua família e seus amigos, participe!

 

 

Confirme sua presença no Facebook!

 

 

A TRÉGUA (1996), de Francesco Rosi (1996), ITALIA, 125 min.

 

SINOPSE

“A Trégua” é o ultimo filme de Francesco Rosi, autor dos célebres “Caso Mattei” (1972) e “Bandido Giuliano” (1961). Relata a odisseia pouco heroica, porém pungente, de Primo Levi para retornar à sua casa em Turim, depois de ter sido libertado do campo de concentração de Auschwitz pelo Exército Vermelho. Baseado no romance autobiográfico de Primo Levi.

 

O DIRETOR

Nascido em Nápoles, o cineasta Francesco Rosi estudou Direito. No inicio dos anos 40 trabalhou no rádio como jornalista. Ingressou na indústria cinematográfica em 1948, foi assistente de vários cineastas, entre os quais Luchino Visconti com quem fez “La Terra Trema” (1948), “Belíssima” (1951) e “Senso” (1956). Sua carreira de diretor, marcada por obras de grande empenho social e político, começou em 1958 com “O Desafio”. Tem entre seus filmes grandes sucessos como “O Caso Mattei” (1972), “Lucky Luciano” (1973) e “Cadáveres Ilustres” (1976). Recebeu o Urso de Prata de Melhor Diretor em 1962 por “Bandido Giuliano” e o Prêmio de Ouro do 11° Festival de Moscou, de 1979 por “Cristo Parou em Eboli”. Em 2008 foi homenageado no Festival de Berlim com um Urso de Ouro pelo conjunto da obra.

 

ROTEIRISTA: Tonino Guerra (1920-2012)

Antonio Guerra nasceu em Santarcangelo di Romagna, foi poeta, escritor e roteirista. Durante a 2ª Guerra Mundial esteve preso num campo de concentração. Escreveu seu primeiro roteiro, em 1954, para “Nasce un Campione”, do diretor Elio Petri, com o qual colaborou em outras realizações, inclusive “Os Dias São Contados” (1962). Seu nome está presente nos créditos de mais de 100 filmes realizados por diretores de estilos diversos, italianos ou não, como “Vidas Vazias” (Damiano Damiani,1963), “Blow Up” (Michelangelo Antonioni, 1966), “Os Girassóis da Rússia” (Vittorio De Sica, 1970), “Caso Mattei” e “Cadáveres Ilustres” (Francesco Rosi, 1972 e 1976), “Amarcord” (Federico Fellini, 1974), “A Noite de São Lourenço” (Irmãos Taviani, 1982), “Nostalgia” (Andrei Tarkovsky, 1983), “O Apicultor” e “Paisagem na Neblina” (Theo Angelopoulos, 1986 e 1988), “Estamos Todos Bem” (Giuseppe Tornatore, 1990).

 

ARGUMENTO ORIGINAL: Primo Levi (1919-87)

Primo Levi inscreveu seu nome entre os maiores escritores do século XX, a partir da experiência de prisioneiro e sobrevivente do campo de extermínio de Auschwitz. Sua prosa literária tem a força expressiva das narrativas em que a voz da testemunha alia-se ao trabalho da memória e da recriação da vida nos limites máximos da dor e da destruição.

A trégua narra a longa e incrível viagem de volta para casa depois da libertação de Auschwitz e do fim da guerra. Numa Europa semidestruída, o autor e vários companheiros de estrada viajam sem destino pelo Leste até a URSS, premidos entre as ruínas da maior de todas as guerras e o absurdo da burocracia dos vencedores.

 

MÚSICA ORIGINAL: Luis Enríques Bacalov (1933)

Nascido na Argentina, o compositor, diretor de orquestra, pianista e arranjador Luis Enríques Bacalov trabalhou com diversos diretores e consolidou sou carreira, principalmente, através das trilhas sonoras cinematográficas.

Sua trajetória inclue desde trilhas de cinema e arranjos para rádios,atuação de maestro principal na Orquestra Della Magna Grecia de Taranto até o trabalho como professor na Act Multimedia – Scuola de Cinema Roma.

Pier Paolo Pasolini, Damiano Damiani, Ettore Scola, Fernando Di Leo, Gianni Serra e Franco Giraldi, Ennio Morricone e Federico Fellini estão entre os diretores com quem o músico trabalhou. Destacam entre suas trilhas sonoras a produção de ” O Evangelho Segundo São Mateus” (Pier Paolo Pasolini,1964)”, “Cidade das Mulheres” (Federico Fellini, 1980), “O Carteiro e o Poeta” ( Michael Radford 1994), e “Kill Bill: Volume I e II” (Quentin Tarantino, 2003 e 2004).

 

5-8-16 O caminho para Berlim

Cinemateca Paulo Amorim traz produções da série Cinema Soviético do CPC-UMES Filmes em sua programação semanal

5-8-16 O caminho para Berlim

“O Caminho para Berlim”, em cartaz até o dia 10

 

Cinemateca Paulo Amorim traz produções da série Cinema Soviético do CPC-UMES Filmes em sua programação semanal

A programação da Cinemateca Paulo Amorim, no Centro Cultural Mário Quintana, conhecida em Porto Alegre por apresentar filmes que normalmente não passam no circuito comercial, tem agora mais um motivo para agradar aos amantes do bom cinema. Desde janeiro, em todas as suas programações semanais, a Cinemateca apresenta um filme da série Cinema Soviético do CPC-UMES Filmes. As produções, que abarcam a era soviética e pós-soviética do maior e mais antigo estúdio de cinema da Rússia, o Mosfilm, são em sua maioria inéditas no Brasil e representam uma oportunidade única para o público conhecer uma das mais pujantes cinematografias do mundo.

Na programação desta semana, que vai até o dia 10 de agosto, o destaque é “O Caminho para Berlim”, filme de 1974 dirigido por Serguey Popov. Lançado por ocasião das comemorações do 70º aniversário da vitória do Exército Vermelho sobre o fascismo, o filme evoca acontecimentos ocorridos no verão de 1942, na Frente Sul, baseados no romance “Dois na Estepe” de Emmanuel Kazakevich e nos diários de guerra de Kostantin Simonov.

O filme conta a história de um tenente russo condenado por covardia à pena de fuzilamento, que cruza a estepe escoltado por soldado cazaque até o local da execução. Para chegarem ao destino, eles enfrentam juntos o cerco alemão.

Em 2015, “O Caminho para Berlim” foi premiado com a menção ecumênica do júri do Festival Internacional de Montreal.

Confira abaixo a programação completa da Cinemateca Paulo Amorim, até o dia 10, em suas três salas (na segunda-feira não há sessões):

 

Sala Norberto Lubisco

O Caminho para Berlim (Doroga na Berlin – Rússia, 2015, 90min). Direção de Sergei Popov, com Amir Abdykalov, Yuriy Borisov, Maksim Demchenko. Mos Film, 14 anos. Drama.

Sessões: 15h15min e 19h15min

 

Paulina (La Patota – Argentina/Brasil, 105min, 2016). Direção de Santiago Mitre, com Dolores Fonzi. Esfera Filmes, 14 anos. Drama.

Sessões: 17h

 

Sala Paulo Amorim

Na Ventania (Risttuules – Estônia, 2014, 90min). Direção de Martti Helde, com Laura Peterson, Tarmo Song, Mirt Preegel. Zeta Filmes, 12 anos. Drama.

Sessões: 15h30min e 19h30min (não haverá sessão às 19h30min na quarta-feira, dia 10)

Janis: Little Girl Blue (Estados Unidos, 2015min, 107min). Documentário de Amy J. Berg, com narração de Cat Power. Zeta Filmes, 14 anos.

Sessões: 17h30min

 

Sala Eduardo Hirtz

Estive em Lisboa e Lembrei de Você (Brasil/Portugal, 2015, 95min). Direção de José Barahona, com Paulo Azevedo e Renata Ferraz. Fenix Filmes, 14 anos. Drama.

Sessões: 15h

Campo Grande (Brasil, 2015, 110min). Direção de Sandra Kogut, com Carla Ribas, Rayane do Amaral, Ygor Manoel. Imovision, 14 anos. Drama.

Sessões: 17h

Mãe Só Há Uma (Brasil, 2016, 80min). Direção de Anna Muylaert, com Naomi Nero, Matheus Nachtergaele e Dani Nefussi. Vitrine Filmes, 14 anos. Drama.

Sessões: 19h

 

Centro Cultural Mário Quintana – Cinemateca Paulo Amorim – Rua dos Andradas, 736 – Porto Alegre. Fones (51) 3226-5787 – (51) 9972-9096

 

Fonte: Hora do Povo

5-8-16 Rádio Independência

Maestro Marcus Vinícius saúda o nascimento da Rádio Independência

5-8-16 Rádio Independência

MARCUS VINICIUS DE ANDRADE*

Ao longo das três últimas décadas do séc. XX, o espaço da cultura e da informação sofreu uma significativa transformação.  Até os anos 1970 havia uma nítida demarcação entre os agentes que produziam bens culturais (criadores em geral, editores de publicações, produtores de discos e filmes, etc.) e os agentes que apenas difundiam tais bens para o grande público, sendo este o caso das emissoras de rádio e TV e os veículos de comunicação como um todo. Grosso modo, tínhamos de um lado o segmento da produção e, de outro, o segmento da divulgação, da mídia propriamente dita, ambos nutrindo uma relação de interdependência, já que o primeiro necessitava ter quem difundisse os bens que produzia, enquanto o último precisava ter conteúdo cultural para abastecer suas programações.

A transformação que mencionamos ocorreu a partir dos anos 1970 (e principalmente nas décadas de 1980 e 1990), quando as linhas demarcatórias entre universo da produção/universo da mídia começaram a ser diluídas, especialmente na área da música. Foi quando as grandes corporações da mídia transformaram-se também em agentes de produção, criando suas próprias gravadoras e editoras musicais: com isso, não apenas passaram a ocupar a maior parte de suas programações com seus próprios discos, fechando as portas aos repertórios produzidos por terceiros, como também passaram a usar seu poder de fogo comunicativo para promover gratuitamente seus produtos em maciças campanhas publicitárias, tornando inviável a livre concorrência no sufocado mercado. No Brasil, o exemplo da rede Globo (com sua gravadora Som Livre) é notório, mas tem-se também que não há hoje nenhuma grande empresa de rádio ou TV que não possua sua produtora de discos e de eventos musicais, com as quais explora comercialmente negócios paralelos à sombra da concessão do serviço público de comunicação outorgada pelo Estado.

A contrapartida a essa tendência não se fez esperar e rapidamente as grandes produtoras de discos, filmes, etc., resolveram dar o troco e transformar-se também em empresas de mídia, constituindo canais de rádio e TV próprios em muitas partes do mundo, como é o caso da Warner, da Sony, da EMI, da Disney e muitas outras. Hoje, elas não apenas produzem, mas dão dimensão midiática aos títulos de seus catálogos. Ou seja: o produto já sai de fábrica junto com a propaganda garantida em todo o mundo.

Nas altas esferas negociais, não mais existem empresas de produção e mídia em separado. Agora tá tudo junto e misturado. E o fato é que, ao passarem a acumular as funções de produzir/divulgar, sendo simultaneamente empresas de produção e de mídia, o poder daquelas corporações se ampliou em muito: se até há poucos anos elas já eram monopólios em suas áreas respectivas, elas hoje constituem supermonopólios que detêm redobrado poder no ciclo de produção/consumo de bens culturais, por elas controlado mundialmente, em grande parte.

Diante desse quadro, o que podem fazer os produtores, divulgadores e defensores da cultura independente, da cultura que se deseja livre das injunções dos monopólios e do repetitivismo papagaio da mediocrização imposta pelos donos do dinheiro?

Em primeiro lugar, devem ter consciência de que a produção cultural diferenciada, livre e independente, só encontrará seu verdadeiro espaço junto a projetos de mídia igualmente diferenciados, livres e independentes. Sim, porque mesmo diversas rádios e emissoras ditas comunitárias e independentes muitas vezes nada mais fazem senão reproduzir os padrões do mainstream cultural, replicando o modelo midiático em vigor e, paradoxalmente, obrigando os dominados a assumirem o discurso dominante.  O mesmo fenômeno ocorre na própria Internet, um espaço em que, segundo estudos recentes, predominam por larga margem as escolhas determinadas pelas grandes corporações da indústria cultural global.

Quando começamos a Gravadora CPC-UMES, há cerca de pouco mais de quinze anos, tínhamos duas convicções em mente: primeiro, a de que só conseguiríamos demarcar e ocupar nosso espaço na produção fonográfica se fizéssemos opções claras pela excelência musical, pela brasilidade acima de tudo, pela não-subserviência aos ditames da mídia mercadológica e, principalmente, pelo respeito à música que o Povo brasileiro efetivamente merece; nossa segunda convicção era a de que, com raras exceções, não encontraríamos lugar dentro da mídia convencional que, emburrecida e emburrecente, tinha à frente dos cascos a cenoura posta pelos cifrões da dominação cultural, sendo portanto necessário que buscássemos novos parceiros na área da comunicação para que nossos propósitos pudessem florescer.

No momento em que as grandes corporações da produção e da mídia se fundem e confundem seus projetos para dominar a vontade cultural de povos e nações, a chegada da Rádio Independência traz novo alento à nossa luta. Ela nasce com os mesmos ideais da nossa Gravadora: liberdade, qualidade, autonomia e coragem de mostrar-se parte de um projeto para o Brasil. Somos vinhos da mesma pipa, cachaças do mesmo alambique, estamos no mesmo barco e no meio da mesma tempestade, que saberemos enfrentar e vencer por estarmos juntos.

*Diretor Artístico da Gravadora CPC-UMES (artigo publicado originalmente no jornal Hora do Povo)