27-7-16 Bola de Sebo

“Bola de Sebo”: um grande filme soviético

27-7-16 Bola de Sebo

 

MARIA DO ROSÁRIO CAETANO

 

A turma do CPC-UMES (Centro Popular de Cultura da União Municipal de Estudantes Secundaristas de SP) vem lançando, em DVD, importantes títulos do cinema soviético (e russo). Neste exato momento coloca à venda (em seu site e em algumas lojas) três títulos: o soviético “O Velho e o Novo” (1929), de Sergei Eisenstein & Grigori Alexandrov; o também soviético “Bola de Sebo” (1934), de Mikhail Romm; e o russo “Tigre Branco”, de Karen Shakhazarov (2012).

Tenho para mim que “Bola de Sebo”, de Guy de Maupassant, constitui – junto com “Pai Contra Filho”, de Machado de Assis – o momento mais luminoso da história do conto mundial (pelo menos dos que já li). Sonhava conhecer uma adaptação para valer desta maravilha da literatura francesa (“No Tempo das Diligências”, de John Ford, 1939, e “Le Nuit de Varennes – Casanova e a Revolução”, de Ettore Scola, 1982, nele se inspiraram, mas livremente).

 

Adquira o DVD “Bola de Sebo”, de Mikhail Romm, na loja virtual do CPC-UMES Filmes

 

Pois a turma do CPC-UMES se empenhou em trazer o filme ao Brasil. Ei-lo, agora, em edição caprichada (legendas e intertítulos em amarelo). Trata-se da versão sonorizada (e com narrativa em off), de 1955, comandada pelo próprio Mikhail Romm. O original é MUDO. Não se assustem com a narração em off. Ela incomoda um pouquinho no início, depois quase desaparece.

O filme é magnífico. A rechonchuda prostituta Bola de Sebo (magistralmente interpretada por Galina Segeyeva) enche a tela e a diligência, que carrega aristocratas, comerciantes/burgueses e duas freiras, num tempo de guerra (1870, quando o Exército Prussiano ocupa a região de Rouen, na França).

Dois anos atrás, quando a turma do CPC-UMES promoveu a Mostra Mosfilm 90 Anos, conversei com o grande tradutor do russo para o português, o paraibano-carioca Paulo Bezerra, sobre os filmes selecionados (para matéria no Brasil de Fato). Ele destacou o documentário “O Fascismo de Todos os Dias”, do mesmo Mikhail Romm (1901-1971), que assistira nos anos 60, quando morava em Moscou. Contou que o filme causara imenso impacto e que imensas filas se formavam para vê-lo. O mesmo se deu com Bola de Sebo, um dos maiores sucessos da história do cinema soviético. A ponto de, passados 21 anos de seu lançamento, fazer jus (em 1955) à cópia sonorizada e musicada.

Jean Tullard, em seu Dicionário (L&PM), avalia a obra do judeu-soviético Romm e lamenta que entre dois grandes filmes, o primeiro (Bola de Sebo) e o último (O Fascismo de Todos os Dias) – entre 1934 e 1964 – “não tenha conseguido evitar os cânones do realismo socialista com suas evocações de Lenin ou do Almirante Ustchiakov, ainda que esses filmes não sejam desprovidos de ‘mouvement’”. E mais: “originário do jornalismo e da escultura, tradutor em russo de Flaubert e de Zola, roteirista inteligente e bom técnico, Romm poderia ter mais obras-primas no cinema russo”. Pois dele, o CPC-UMES já lançou “Lenin em Outubro” e  “Lênin em 1918”. Mas voltemos ao belíssimo “Bola de Sebo”.

O filme é uma sucessão de imagens impressionantes, em preto-e-branco, à altura de Urushev, com enquadramentos ousadíssimos. As sintéticas cenas que evocam a guerra estão à altura de Eisenstein. As vestimentas e gestos dos nobres, dos burgueses e das freiras dizem tudo com a potência do cinema mudo (a narrativa só ajuda a contextualizar o tempo histórico e a nos lembrar o texto primoroso de Maupassant).

E por que os marxistas de todos os tempos amam tanto “Bola de Sebo” (incluindo na lista Bertoldt Brecht, que criou a Jenny da “Ópera dos Três Vinténs” – por sua vez matriz da Geni, de Chico Buarque – a partir da personagem francesa)???

Porque não há como não ver no conto a mais potente metáfora das relações entre os poderosos e os desprovidos de poder. Bola de Sebo, prostituta que estava em lugar (a carruagem) onde jamais deveria estar, só é bajulada enquanto dispõe de um cesto cheio de comida para dividir com o grupo faminto (devido aos percalços da guerra). E depois, quando seu ofício (e seu instrumento de trabalho, o corpo) pode(m) resolver grave problema que impede a sequência da viagem. Se Romm só tivesse realizado esta versão muda de “Bola de Sebo”, seu lugar na história do cinema estaria garantido.

 

* Publicado originalmente em Almanakito (http://almanakito.wordpress.com), 19/07/2016.

 

27-7-16 festa julina

Vem pra Festa Julina da UMES você também! Dia 29 às 15 horas

27-7-16 festa julina

 

“Os estudantes de São Paulo já tomarou a decisão! Queremos bandeirolas, bolo de milho e quentão!”

 

A UMES de São Paulo convida a todos para a sua Festa Julina de 2016. A festividade será realizada nesta próxima sexta (29), às 15 horas, com entrada franca.

Trata-se de uma festa que nos faz valorizar a cultura brasileira, além de proporcionar muita diversão. Teremos gincanas e muitos comes e bebes trazidos pelos grêmios estudantis de todas as regiões da cidade, tudo a preços acessíveis pra você!

Local: Rua Rui Barbosa, 323 – Bela Vista | Próximo ao metrô São Joaquim

27-7-16 P4-foto-A

MP questiona acordo de Alckmin com a líder do cartel do trensalão

27-7-16 P4-foto-A

Tucano fez acordo com a multinacional Alstom em que perdoou R$ 116 milhões em dívidas e permite que produto seja entregue com dez anos de atraso. Ministério Público diz que “o acordo viola o princípio da legalidade”

 

O Ministério Público vai questionar na Justiça o acordo o governador Geraldo Alckmin (PSDB) fez com a multinacional francesa Alstom em que perdoou dívidas que chegam a R$ 116 milhões da empresa com a estatal. A Alstom é acusada de ser a principal articuladora do esquema de fraude em licitações conhecido como cartel do trensalão tucano.

O Metrô de São Paulo contratou em 2008, durante gestão de José Serra (PSDB), por R$ 780 milhões, um sistema digital para melhoria no sistema de transporte. O prazo para entrega foi ampliado em dez anos – a previsão inicial era 2011 o governo Alckmin também aceitou que seja entregue até 2021.

O tempo a mais dado pelo tucano a multinacional é para instalar o sistema que melhorará a circulação de trens nas linhas 1 (Azul), 2 (Verde) e 3 (Vermelha) do Metrô de São Paulo. O produto é o sistema digital, conhecido como CTBC, controle de trens baseado em comunicação, usado para diminuir o intervalo entre os trens, agilizar o transporte de passageiros, reduzir a superlotação e aumentar o número de usuários.

Em janeiro deste ano, a demora na instalação e divergências sobre os valores do contrato provocaram um desentendimento entre o governo do estado e a empresa. Mas as partes acabaram fazendo um acordo, o Metrô desistiu do processo e abriu mão de receber da Alstom os R$116 milhões.

Este acordo foi fechado em uma câmara arbitral, sistema que substitui a Justiça e é recomendado pelo Banco Mundial, “por gerar decisões mais rápidas”. O Metrô defendia que os atrasos provocaram perdas de R$ 289,1 milhões para a companhia. Já a Alstom argumentava que os atrasos aumentaram o valor do contrato em R$ 173,1 milhões. Em agosto do ano passado, as empresas pediram a suspensão da arbitragem porque discutiam um acordo, que acabou homologado em 27 de janeiro deste ano.

O Ministério Público diz que o acordo é ilegal. “Ele viola o princípio da legalidade, ele viola o princípio da moralidade, principalmente ele viola o princípio da eficiência. Todos eles se caracterizando, podem se caracterizar em improbidade administrativa.”

Em nota, a Alstom disse que a repactuação do contrato foi aprovada por todos os órgãos competentes “após rigorosa análise técnica e que foi homologado pelo tribunal arbitral e pela corte da câmara de comércio internacional”.

Já o governo tucano, através do secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, tentou justificar a decisão que lesa a população e os cofres públicos. “tínhamos duas decisões a tomar: ou rescindíamos o contrato, depois teríamos que licitar novamente, ou fazíamos uma repactuação contratual”, afirma.

Até hoje, apenas a linha Verde conta com o sistema – que, por ora, tem gerado efeito contrário. Desde fevereiro esse sistema funciona na Linha -2 Verde. Um relatório do Metrô aponta que de janeiro a julho, houve dez falhas que atrasaram a operação. Cada uma de 23 minutos, em média. Já são mais registros que em todo o ano de 2015 e o dobro de 2014. O Metrô diz que as falhas vêm ocorrendo porque o sistema ainda opera em fase de testes.

O caso do sistema de controle digital também foi levado pelo Metrô ao Tribunal de Contas do Estado, que atualmente analisa o contrato. Em manifestação protocolada no tribunal em junho do ano passado, o Metrô alegou que teve perdas de R$ 315 milhões -R$ 26 milhões a mais em relação ao montante apresentado na arbitragem. Só com a receita perdida com a “demanda de usuários reprimida e prejuízo decorrente de trens parados” a companhia afirmou ter verificado um prejuízo de R$ 307,7 milhões.

A Alstom é acusada pelo Ministério Público de integrar o esquema de pagamento de propina a políticos tucanos para fraudar com superfaturamento as licitações do Metrô e trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O cartel formado com ajuda do PSDB operou no Estado entre 1998 e 2008, talvez não por coincidência mesmo ano do deste contrato questionado agora pelo MP-SP pelo perdão das dividas.

Nos últimos anos, os repetidos governos tucanos vem praticando o desmonte das estatais do Metrô e CPTM com o objetivo de privatizá-las. Terceirização de atividades e falta de manutenção adequada aumentam cada vez mais a quantidade de falhas no sistema de transporte por trilhos paulista.

Recentemente, um Plano de Demissão Voluntária (PDV) foi anunciado com o objetivo de afastar os funcionários mais experientes do Metrô.

Fonte: Hora do Povo

 

27-7-16 Marqueteiro de Dilma

Marketeiros e lobista revelam propina na campanha de Dilma

27-7-16 Marqueteiro de Dilma

Encurralada com as confissões deles, “mulher honesta” conta uma história diferente para se safar

A dificuldade de escrever sobre certos assuntos – o leitor que nos permita (e nos perdoe) tal digressão – é a extrema plasticidade (indefinição de forma, falta de caráter) de certos elementos. Todo mundo sabe que eles estão mentindo – mas eles continuam mentindo, como se pudessem zombar do povo para sempre. Às vezes, leitor, é preciso ter muita paciência…

Na segunda-feira, em uma entrevista à Rádio França Internacional, a senhora Dilma Rousseff contou outra história sobre os contêineres de propina que irrigaram a sua campanha eleitoral.

NOTÓRIO

Com aquele tom mavioso de sempre, disse ela para a entrevistadora, sobre o depoimento de seu marketeiro, João Santana, e a esposa deste, Mônica Moura: “Querida, nem o João Santana nem a mulher dele acusaram a minha campanha. Eles se referem a episódios que ocorreram depois de encerrada a campanha, e depois que o comitê financeiro da minha campanha foi dissolvido, dois anos depois. Então não há nenhuma afirmação que atinja a mim e a minha campanha. E é público e notório que eu jamais autorizei caixa dois na minha campanha”.

O que Santana e sua mulher falaram é que, em 2013, começaram a receber, por via ilegal, o que a campanha de Dilma ainda devia, pelos serviços do marketeiro na eleição de 2010.

Portanto, segundo Dilma, pagar atrasado a um marketeiro pelos serviços que prestou na campanha eleitoral, faz com que a campanha deixe de ser campanha ou a propina deixe de ser propina.

Nesse caso, não é burrice. É cinismo – simples e nojento.

Por que seria “público e notório” que ela “jamais autorizou caixa dois”? Desde quando essas “autorizações” são feitas em público?

Porém, o mais revelador do caráter da “mulher honesta” é que ela modificou, em quatro dias, a história que contava há meses. Antes, não havia um único centavo de caixa dois em sua campanha. Na quinta-feira, mudou para “eu não autorizei caixa dois”. Agora, o caixa dois “não atinge a mim e a minha campanha” porque aconteceu depois da campanha, embora para pagar serviços da própria campanha.

Trata-se de uma (aliás, mais de uma) metamorfose especialmente sem pudor, mesmo para quem se especializou no transformismo moral: desde quinta-feira, quando seu marketeiro, João Santana, a mulher deste, Mônica Moura – e o doleiro e lobista Zwi Skornicki, que abasteceu a conta de Santana com propinas auferidas pelo PT e por sua campanha presidencial – prestaram depoimento diante do juiz federal Sérgio Moro, não se sabe onde Dilma e os dilmistas acabarão. Talvez na cadeia, se isso realmente continuar.

Historiemos os fatos.

Até a quarta-feira, Dilma dizia que não houve qualquer “caixa dois”, recheado de propinas ou não (“Paguei R$ 70 milhões para o João Santana, tudo declarado para o TSE. Onde é que está o caixa dois?”).

Somente na conta Shellbill, aberta por Santana no Banque Heritage, na Suíça, ele recebeu, ilegalmente, US$ 7 milhões (sete milhões de dólares); há mais US$ 16,6 milhões (dezesseis milhões e 600 mil dólares) passados a ele pela Odebrecht, isto é, pelo departamento de propina (“setor de operações estruturadas”) dessa empreiteira; além disso, a PF localizou R$ 23,5 milhões que o marketeiro e sua mulher receberam, também ilegalmente, dentro do Brasil; e não se sabe ainda o que vai mais surgir do depoimento de Vinícius Veiga Borin, que cuidava de parte das contas ilegais, fora do Brasil, da Odebrecht.

Mas, segundo Dilma – até a última quarta-feira – nada disso era com ela.

Na quinta-feira, João Santana confessou ao juiz Moro que US$ 4,5 milhões (ou R$ 14,77 milhões, ao câmbio de segunda-feira) lhe foram passados pela campanha de Dilma, através de Zwi Skornicki, que representava um estaleiro de Singapura, o Keppel Fels – um dos contratados pela Sete Brasil, a empresa de propinas de Barusco, Duque, Esteves (& Vaccari), estabelecida para extorquir a Petrobrás.

Os depoimentos da mulher de Santana, Mônica Moura, e do próprio Zwi Skornicki, foram ainda mais contundentes.

Declarou Skornicki que o tesoureiro do PT, João Vaccari, designou Mônica Moura para receber parte da propina que o Keppel Fels passaria ao partido. “Os US$ 4,5 milhões”, que Santana e Mônica receberam, eram “propina da Petrobrás”, afirmou Skornicki.

“Foi feita uma conta corrente do sr. Vaccari. A conta corrente abrangia contratos da Petrobrás e da Sete Brasil. O Barusco me apresentou a Vaccari. O Barusco disse que ele faria a coordenação desses recebimentos [de propina]. Essa conta corrente foi feita e sendo paga a pessoas que o sr. Vaccari ia indicando no exterior ou no Brasil. Os pagamentos eram todos autorizados pelo sr. João Vaccari. Numa das visitas do sr. Vaccari no meu escritório, ele disse que tinha que fazer uns pagamentos para o sr. João Santana e para Mônica Moura e que a Mônica iria me procurar. Ela esteve no meu escritório”.

Vaccari falou a Skornicki para passar US$ 5 milhões (cinco milhões de dólares) para Santana. Na conversa com Mônica, Skornicki “disse a ela que não tinha como pagar de uma vez porque o que tinha de saldo dos contratos da Petrobrás não era suficiente. Ficou combinado o pagamento em 10 parcelas de 500 mil dólares. Paguei só 9 de 500 mil até novembro de 2014” (grifo nosso).

Santana e a mulher disseram que não sabiam que o “caixa 2” do PT, do qual receberam alguns milhões de dólares, era composto de propinas em negociatas às custas da Petrobrás. Não acharam estranho que o pagador, que Vaccari lhes indicara, tivesse seu escritório dentro de um estaleiro.

Resumindo o depoimento de Mônica Moura: “… tive uma conversa com o Vaccari, que acertava os pagamentos de campanha. Ele mandou procurar um empresário. Assim eu cheguei no sr. Zwi. O Vaccari me deu o contato dele, fui a um escritório dele no Rio. Fui acertar com ele a forma de pagamento”.

ASSINATURA

No mesmo dia desses depoimentos, a mulher honesta mudou o disco. Disse ela: “se houve caixa 2, não foi com meu conhecimento” ou “se houve, eu não autorizei”.

Na segunda, a conversa já era outra: se houve “caixa dois”, ela nada tem a ver com isso porque o pagamento foi atrasado (!?).

Além disso, ela não assinou um papel autorizando o “caixa dois” (por isso é que é “público e notório” que ela “não autorizou” – existe outra explicação?).

A senhora Rousseff acha que pode dizer qualquer coisa sobre qualquer coisa, não importa que todos saibam que é mentira. Sua campanha eleitoral, ao estilo Goebbels, não foi um acidente.

Depois que um certo Lula foi obrigado a dizer, em viagem a Pernambuco, que “ninguém se conformou de Dilma ter dito durante a campanha que não ia mexer no bolso do trabalhador e depois ela ter colocado em prática um programa que era do adversário”, ela resolveu rebatê-lo. Sabe como, leitor? Dizendo o seguinte:

“Não acredito que mexi no bolso do trabalhador”.

Com quatro milhões de desempregados desde janeiro de 2015 e uma queda de 10% ou mais no salário real, não achamos necessário comentar a fé da senhora Rousseff.

Fonte: Carlos Lopes da Hora do Povo

 

22-7-16 Shahknazarov

Karen Shakhnazarov: “o cinema forma o homem”

22-7-16 Shahknazarov

Elizabeta Boyarskaya e Maxim Matveev em “Anna Karenina”, do diretor Karen Shakhnazarov

 

Há alguns anos, propuseram a Karen Shakhnazarov filmar “Anna Karenina” para a televisão. O diretor não queria fazer mais uma produção tradicional, e decidiu explorar o romance por um ângulo diferente, colocando o acento principal sobre o personagem de Vronsky. Shakhnazarov escreveu o roteiro com o jovem Alexey Buzin. Os papeis principais ficaram com Elizabeta Boyarskaya (Anna Karenina), Maxim Matveev (Vronsky), Vitaly Kishchenko (Karenin), Viktoria Isakova (Dolly), Ivan Kolesnikov (Stiva Oblonsky).

Este é um projeto conjunto do canal de televisão Russia e do estúdio Mosfilm, sendo que a versão em longa metragem do filme e a versão em série para televisão foram realizadas sem o apoio financeiro do governo. No inicio do mês de julho terminou o período de filmagem, que durou sete meses. A repórter do site “Lenta.ru”, Natalya Oss, no dia 5 de julho reuniu-se com Karen Shakhnazarov, e perguntou-lhe como tinha filmado sua versão do romance de Tolstoi, por que Hollywood determina a influência dos EUA no mundo e se a Rússia precisa de seu próprio cinema.

Lenta.ru:  Por que um clássico resultou para você num material contemporâneo interessante?

Shakhnazarov: Nunca escondi o fato de que me convenceram. Anton Zlatopolsky me propôs fazer um seriado com “Anna Karenina”. Eu balancei, queria – há muito já – fazer “Anne Karenina”. Surgiu a ideia sobre a forma que seria interessante para mim, e concordamos que também faria um filme separado.  Tenho 15 filmes, mas nunca havia feito um filme especificamente sobre o amor. Se você quiser fazê-lo, melhor que “Karenina” não dá para imaginar. Esse romance é o máximo, nada melhor foi escrito sobre o tema, e nunca será. As relações entre homens e mulheres, e o mais importante, a essência da existência humana em geral.

Lenta.ru: Você teve dificuldades  trabalhando com jovens atores?

Shakhnazarov: Estou muito satisfeito com os jovens, eles trabalham bem, atuam de um jeito muito contemporâneo. Eu gosto disso. Talvez, então, aqui a minha ideia fosse correta – a idade dos atores deve coincidir com a idade dos heróis da novela.

Lenta.ru: Você é o diretor geral do Mosfilm.  Como o Estúdio está trabalhando hoje?

Shakhnazarov: Como uma fábrica de cinema capitalista. Nos criticam: “Mosfilm faz poucos filmes”. Bem, ouçam: o sistema mudou! Nós participamos de muitos filmes, alugamos nossas instalações, fazemos alguns filmes – às vezes até 10 por ano -, mas fazer uma quantidade como nos tempos soviéticos, quando o estúdio produzia 40, simplesmente não podemos. Por isso eu respondo a todas as reclamações: pessoal, então mudem o sistema! Voltem à  URSS, voltem ao GOSKINO, o Comitê do Estado de Cinematografia, voltem então ao Departamento de Cultura do Comitê Central do PCUS.

Lenta.ru: O sistema de financiamento do cinema, com o Estado como principal investidor, lhe satisfaz? É adequado às tarefas do cinema russo contemporâneo?

Shakhnazarov: Já disse muitas vezes que devemos ter um centro de cinema. Agora nós temos dois centros de controle. O financiamento vem do Ministério da Cultura e também do Fundo de Cinema. No sistema soviético, o cinema era tratado de modo mais eficaz. O GOSKINO da URSS tinha nível de ministério. Não importa como você o chame – Goskinofond (Fundo de Cinema do Estado), GOSKINO – mas deve haver um único centro, que lide com o apoio financeiro ao cinema e resolva os problemas, começando pelas contratações e distribuição e terminando na tecnologia. O paradoxo reside no fato de que o cinema soviético, em uma economia que não era de mercado, era rentável e o cinema russo atual não é rentável. Isso está errado.

Lenta.ru: A Rússia é capaz de alcançar o sucesso de antes no cinema? Ou, pelo menos, chegar perto dele?

Shakhnazarov: A União Soviética em muitas áreas, em um período muito curto, alcançou resultados fantásticos, criou setores inteiros. Entre eles, criou  a partir do zero a indústria cinematográfica, que se tornou parte da mundial. Ela não era mais poderosa do que a dos EUA durante a época soviética, mas impunha respeito no mundo; na Europa e na Ásia era conhecida. Agora estamos recomeçando do zero. Ouça, nós apenas estamos nos recuperando do choque! Se você chegasse em 1994 no Mosfilm ficaria com uma impressão terrível. Na verdade, era como se fosse depois da guerra. Corredores vazios destruídos, tudo estava em um estado lamentável. Muitos saíram do cinema para sempre, alguns morreram. Foi um grande drama. Eu digo que 80 filmes é pouco, mas, por outro lado, o fato de que existem já é bom, quer dizer que estamos vivos e recuperamos muito, nos mexemos.

Lenta.ru: E podemos recuperar a posição perdida no cinema?

Shakhnazarov: Vejo o futuro com otimismo. Aliás, acho que com as sanções Deus nos ajuda. Nós não nos atrapalhamos com elas. Hoje nosso objetivo não é alcançar a indústria cinematográfica norte-americana. A tarefa é criar um cinema nacional suficientemente forte.

Lenta.ru: O que é que  vai ajudar? A união dos cineastas, a vontade administrativa?

Shakhnazarov: Os cineastas não podem resolver o problema, em nenhum lugar do mundo acontece isso. Eu acho que é a vontade política. O Estado hoje não tem o entendimento de que o cinema é necessário. Na URSS, o cinema era parte da ideologia, os governantes estavam envolvidos. Talvez este seja um exemplo bobo, mas caracteriza a situação: todos os membros do Secretariado Político do PCUS, incluindo o Secretário-Geral, nas suas casas sempre assistiam o cinema soviético. As primeiras cópias de todos os filmes do Mosfilm sempre eram levadas para as datchas. Duvido muito que nossas elites políticas assistam agora o cinema russo. O cinema forma o homem. Especialmente nestes tempos, quando as pessoas não lêem quase nada. Converse com qualquer jovem – ele não conhece livros, mas conhece filmes. E, geralmente, filmes americanos. Esse é o poder de persuasão americano. É claro. Através do cinema os americanos têm uma tremenda influência na formação do ambiente em que operam como força política.

Lenta.ru: Você acha que Obama, McCain e Kerry assistem o cinema deles?

Shakhnazarov: Acho que sim. Os americanos em geral gostam muito de cinema. Eles criaram o próprio conceito de indústria cinematográfica. E se referem a ela como a seu patrimônio nacional. O cinema é um dos pilares sobre os quais a América se sustenta. Até agora, a antiga cultura russa continua a ser uma importante fonte de nosso poder de persuasão – Tolstói, Dostoiévski. Infelizmente, o moderno cinema russo e a cultura não exercem mais essa influência. Tenho a sensação de que o nosso governo não entende a importância do cinema como um poder de persuasão.

Lenta.ru: Se você fosse atualmente um jovem cineasta, seria bem sucedido?

Shakhnazarov: Eu duvido. Essas oportunidades, que havia na União Soviética, agora não as temos. Nós éramos uma superpotência. Nossos filmes saiam ao mesmo tempo em Moscou, Varsóvia e Berlim. O público – mais de um bilhão de pessoas – assistia de forma normal. Agora, um jovem diretor faz um filme com recursos modestos e se chega a um festival já está bom. É totalmente outra sensação interna. Por isso, ninguém conhece os jovens diretores. Na URSS, o diretor era a estrela. Sim, eu amo meu trabalho, mas nunca pensei que o cinema fosse a única coisa que poderia fazer. Cinema é bom se é possível realizar-se nele, se não for possível, é terrível.

 

Fonte: jornal Hora do Povo

22-7-16 Mestre Ananias

Mestre Ananias, para sempre presente!

22-7-16 Mestre Ananias

 

Na noite desse 20 de julho faleceu Mestre Ananias. Manifestamos nossos sentimentos aos familiares, amigos, estando certo de que fica em nós sempre viva a força, energia e resistência de uma vida inteira dedicada à Capoeira e à cultura brasileira!

 

MESTRE ANANIAS

 

Ananias Ferreira nasceu em 1924 em São Félix (BA), nesta região que vivencia a força e influência africana em solo brasileiro e que oferece a Capoeira, o Samba e o Candomblé como alicerces formadores da nossa cultura. Sua infância, portanto, foi brincar e compartilhar esse universo, uma realidade cheia de contrastes em relação ao que vivemos hoje. Em suas lembranças, Ananias fala de um senhor que tocava berimbau de imbé, ou cipó caboclo, o Mestre Juvêncio, também de seus companheiros de roda: os irmãos Toy e Roxinho, Caial, Estevão, João de Zazá, Café e Vito. Ele lembra também de Inácio do Cavaquinho (que fazia samba com seu pai) e da roda de capoeira que armavam na venda do Seu Mané da Viola em Muritiba na rua do “Caga à Toa” (hehe).

Ainda muito jovem, Ananias trabalhou na lavoura de cana e nas indústrias de fumo, quando decidiu ir a Salvador em busca de melhores condições de vida. Na capital baiana, morou nos bairros do Engenho Velho de Brotas, Curuzu e Liberdade, onde é acolhido por um dos grandes mestres da Capoeira, Valdemar da Liberdade. Aí teve sua maior influência e passa a ser responsável pela bateria junto a Bugalho, Zacarias e Mucungê. Nessa época de formação da Capoeira (que se apresenta hoje) conviveu com grandes nomes como Mestres Pastinha, Nagé, Onça Preta, Noronha, Dorival (irmão de Mestre Valdemar), Traíra, Cobrinha Verde, Canjiquinha – de quem recebeu seu diploma – e tantos outros. Foi ali no Corta-Braço (assim é conhecida a região onde se localizava o Barracão do Mestre Valdemar) que os produtores Wilson e Sérgio Maia buscaram Mestre Ananias, Evaristo, Félix e algumas baianas para trabalhar na cena teatral paulistana…

 

Fonte: Casa Mestre Ananias

 

 

22-7-16 CMTT

“Nossa participação no Conselho de Transportes vai discutir a ampliação do passe livre”, afirma presidente da UMES

22-7-16 CMTT

“A participação dos estudantes no Conselho Municipal de Transporte e Trânsito (CMTT) foi muito importante. É nesse espaço onde podemos avançar as conquistas do passe livre junto à prefeitura e também aprofundar a discussão sobre a mobilidade da juventude na cidade”, afirmou Caio Guilherme, presidente da UMES, ao comentar sobre a apuração do resultado da eleição do conselho, publicado está quarta (20) no Diário Oficial.

Durante a eleição, realizada no dia 16, Caio foi eleito pelo segmento “Movimento estudantil secundarista”, com 62,7% dos votos. Ao todo foram eleitos 11 conselheiros, das 21 cadeiras destinadas a sociedade civil, representando os segmentos de Ciclistas, Idosos, Juventude, Meio ambiente e saúde, Mobilidade a pé, Movimento estudantil secundarista, Movimento estudantil universitário, Movimentos sociais, Organizações não governamentais, Pessoas com deficiência e Sindicatos de trabalhadores. No próximo dia 30, o CMTT realizará as elições regionais ao conselho, onde serão  eleitos dois representantes por região (Centro, Norte, Leste, Sul e Oeste) ao CMTT. 

 

22-7-16 CMTT1

 

“As eleições do CMTT são de externa importância. Os estudantes precisam estar presentes para continuarem defendendo seus direitos a mobilidade, precisamos estar na luta para ampliar o passe livre, o estudante não é só estudante quando está na escola, é estudante quando tem acesso a cultura e ao lazer e devemos ter acesso gratuito a tudo isso”, disse a vice-presidente da UMES, Thaís Alves.

As eleições para o CMTT tiveram início no dia 16, na sede da universidade Uninove da rua Vergueiro, entre as 9h e 12h30. A atividade contou com diversos debates que antecederam o início da eleição.

 

22-7-16 juros BC

Copom eleva juro real para 8%, disparado o mais alto do mundo

22-7-16 juros BC

Interino Temer entre o presidente do BC e Meirelles: “não há espaço para flexibilização”

 

BC de Temer mantém taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano

 

 

Pela oitava reunião consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central – com nova diretoria – decidiu na quarta-feira (20) manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano, o maior patamar em dez anos.

Em um longo comunicado divulgado após a reunião, o Banco Central afirmou: “Tomados em conjunto, o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária”. Ou seja, os juros vão continuar na lua.

Levantamento do site MoneYou e pela Infinity Asset Management, na média das 40 maiores economias a taxa real de juros está negativa em -1,5% ao ano. 20 países estão com taxas negativas e 11 com taxas menores que 1,00%. O Brasil é o campeão mundial (8,00%), seguido da Rússia (2,98%), Indonésia (2,38%) e China (2,30%). A taxa dos Estados Unidos é de -1,99%, o que dá um diferencial de juros em relação ao Brasil de 9,99%. Essa brutal diferença de juros facilita o “carry trade”, a especulação com real.

A reunião do Copom aconteceu em meio da maior recessão dos últimos 25 anos. Após a queda de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, para este ano a estimativa é de um recuo de 3,3%. Mas mesmo assim o BC agora comandado por Ilan “Itaú” Goldfajn decidiu manter os juros mais altos do mundo e ainda dizendo que não há espaço para sua redução.

No final de junho, ele disse que seu objetivo é atingir o centro da meta (4,5%) da inflação, o que pelo andar da carruagem significa manter os juros altos. Em 12 meses encerrados em junho, a inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somou 8,84%, quase o dobro do centro da meta definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o que demonstra que manter os juros em 14,25% desde julho do ano passado não serviu para baixar a inflação.

No comunicado, o BC apontou o que chamou de riscos domésticos, como a inflação acima do esperado no curto prazo, decorrente, principalmente, de preços de alimentos, pode se mostrar persistente; as incertezas quanto à aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia permanecem; e um período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de queda da inflação.

A decisão do Copom de manter a Selic em 14,25% desagradou trabalhadores (v. página 5) e empresários. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a expectativa “é que a próxima reunião do Comitê de Política Econômica do Banco Central (Copom) inaugure o ciclo de redução dos juros. A manutenção da taxa Selic em 14,25% ao ano, decidida nesta quarta-feira, 20 de julho, representa mais um entrave à retomada da atividade econômica, pois encarece o crédito para os consumidores e as empresas, desestimulando o consumo e os investimentos”.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) “espera ainda que se mantenham as condições ideais para a redução contínua dos juros, entendendo que a economia está estrangulada por impostos demais e juros que permanecem muito elevados, mesmo diante de um quadro de acentuada crise com quedas do PIB superiores a 4% ao ano. A FecomercioSP deseja e acredita que a estrutura de juros caia em breve para que o comércio, os setores de turismo e de serviços possam começar a respirar um pouco mais aliviados”.

“Evidentemente, a taxa nesse patamar elevado leva a perspectiva de um novo gasto bilionário neste ano em juros da dívida. É como se o BC estivesse de costas viradas para necessária retomada do crescimento e olhando apenas para um lado, o de levar a inflação para o centro da meta”, disse o presidente do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya.

O governo interino anunciou que vai propor ao Congresso uma “autonomia técnica” para o Banco Central, sem previsão de mandatos fixos para presidente e diretores da instituição, mas com foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF) para toda a diretoria, que ninguém é de ferro.

Fonte: Valdo Albuquerque, do jornal Hora do Povo

 

22-7-16 Caio juros

Estudantes vão a Paulista contra os juros altos!

22-7-16 Caio juros

Na manhã desta terça os estudantes em conjunto com os trabalhadores exigiram a redução da taxa de juros durante a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que ocorreu entre os dias 19 e 20. “A luta contra os juros é fundamental. É essa política de transferência de recursos públicos para os bancos que faz aumentar o preço do mercado, que corta da educação, saúde e direitos trabalhistas. Os juros altos são os responsáveis pela piora na qualidade de vida estudantes e dos trabalhadores”, disse Caio Guilherme, presidente da UMES.

Para a vice-presidente da UMES, Thaís Alves, “a participação dos estudantes secundaristas cumpre um papel fundamental nas manifestações contra o aumento da taxa de juros. Continuaremos nas ruas enquanto a chapa Dilma/Temer estiver mais preocupada em passar dinheiro para os bancos ao invés de para a educação”, completou ao se referir a taxa Selic que está em 14,25%, resultando na maior taxa de juros real do mundo.

 

20-7-16 juros

 

Em nota a Força Sindical diz que “a grave crise econômica que nosso País vivencia vem quebrando empresas de todos os setores, ceifando milhões de postos de trabalho – são quase 12 milhões de trabalhadores desempregados – e corroendo sem piedade os rendimentos daqueles que, a duras penas, vêm mantendo seus empregos e o sustento dos seus, tem, como um de seus grandes vilões causadores, a altíssima taxa de juros (Selic) praticada hoje no Brasil”.

 

20-7-16 juros13

 

Para o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), “essa política de juros altos do governo afastado e defendida pelo governo interino é um verdadeiro crime contra a economia nacional. Além de não servir para o combate à inflação, trava os investimentos e desvia rios de dinheiro público para os bancos e demais rentistas. Por isso a economia está parada. Chega de engordar banqueiro”.

Também estavam presentes as centrais sindicais: CUT, UGT, Nova Central, CSB e CTB.

20-7-16 Ciro Gomes

Ciro Gomes diz que Dilma errou nos juros altos e ao abrir mão do desenvolvimento nacional durante atividade da UNE

20-7-16 Ciro Gomes

O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, apontou erros do governo Dilma e conclamou a esquerda para se unir à frente de um novo projeto de desenvolvimento nacional, durante o 64º Conselho de Entidades Gerais da União Nacional dos Estudantes (Coneg/UNE), realizado entre os dias 15 e 17 deste mês, em São Paulo.

“Estamos perdendo a batalha não só para esse bando de picaretas, mas para os nossos erros. Precisamos aclarar essa confusão e seguir o rumo da unidade”, disse Ciro.

Ciro também destacou que a alta taxa de juros implementada durante o governo Dilma foi um dos principais entraves do nosso desenvolvimento. “Praticamente em todos os setores o Brasil não tem uma plataforma de desenvolvimento nacional. Não tem uma plataforma nacional de indústria automobilística, o Brasil não tem uma plataforma nacional de indústria de eletroeletrônico, não tem uma plataforma nacional de indústria farmacêutica. Sabe o quanto é o buraco na conta externa do Brasil com a indústria farmacêutica, só com royalties, são cinco bilhões de dólares”.

Outra questão nacional importante abordada por Ciro foi sobre o setor das comunicações do Brasil. “O acesso do Brasil a todas as suas comunicações militares ainda, 13 anos depois do PT estar no poder, é feito através dos satélites norte-americanos. O GPS que guia os submarinos e os navios da Marinha é norte-americano. Basta o americano mexer um botãozinho para gerar uma imprecisão no GPS e a Marinha brasileira vai bater na África, querendo chegar na Amazônia”, afirmou Ciro Gomes.

“A esquerda precisa recelebrar a ideia de desenvolvimento no Brasil e banir a ideia de que desenvolvimento é assunto do mercado. Nunca houve prática disso na história da humanidade ou alguém aqui imagina América do Norte, a maior potência imperialista do mundo, ser o que é pelo espontaneísmo individualista do mercado?”, questionou.

Para Ciro, a política econômica do governo Dilma foi estúpida. “Quem é que está escapando do colapso neoliberal dessas últimas duas décadas não é o Brasil, nem a América, nem a Europa que está morta. Quem está escapando é a Coreia que não fez essa economia política estúpida; quem está escapando é a China, que não fez essa economia estúpida”.

“Para sair da crise nós temos que debater um novo modelo de desenvolvimento para o Brasil. Eu advogo que é o Estado Nacional, recuperado, saneado, restaurado na sua condição de financiamento, o que quer dizer uma batalha política depois da outra. Isso tem a ver com política industrial de comércio exterior, tem a ver com uma política de relações internacionais completamente diferente dessa que está aí. O desenvolvimento que precisa ser criado no Brasil tem a ver com a superação da desigualdade e o investimento em gente, em que o gasto per capita em educação não decline”, pontuou Ciro.

Fonte: Maíra Campos do jornal Hora do Povo