Abertura do 25° Congresso da UMES é unanime: Novas eleições!

 

“Aqui estão presentes estudantes de mais de 140 escolas diferentes de São Paulo, reunidos para discutir o rumo da escola pública, construir o nosso futuro e apontar propostas para os próximos dois anos de gestão da UMES”, afirmou Marcos Kauê, então presidente da UMES, durante a abertura do 25° congresso da entidade que elegeu a nova diretoria e as propostas que conduzirão a entidade durante os próximos dois anos.

 

Em sua fala, pouco antes de compor a mesa de abertura, Kauê agradeceu a presença dos estudantes e destacou alguns dos desafios que precisam ser superados na escola pública. “Eu quero agradecer a todos os estudantes que vieram das regiões pra montar esse maravilhoso congresso da UMES. É um momento muito importante porque a gente sabe que nesse último período a vida nas escolas tem sido mais difícil. Dentro da escola pública falta merenda, estrutura, professor e tem muita aula vaga”. Era tamanha a energia dos jovens presentes, que Kauê precisava revezar cada frase que falava com as palavras de ordens e batuques que vinham do plenário. “A UMES somos nós, nossa força e nossa voz”, foi a palavra de ordem que entoavam nesse momento.

 

 

Depois de esperar o plenário descarregar um pouco de energia, Kauê prosseguiu. “Há uma questão muito importante que precisamos derrotar, que é o governo Temer, que está acabando com o Brasil, com a escola pública e com o nosso sonho de entrar na universidade”. Com a fala de Kauê, denunciando o governo Temer o plenário vibrou e com muita energia cantaram “Fora Temer” por diversos minutos. Nesse momento ele ressaltou a força dos estudantes secundaristas e toda a mobilização para reunir os milhares de estudantes no 25º congresso da UMES.

 

Logo em seguida, Kauê compôs a mesa de abertura do congresso com o vice-presidente da UMES, Tiago Cesar, a Iva Mendes, representante da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Mariara Cruz, diretora de extensão da UNE, Gabriel Alves, presidente da Juventude Pátria Livre, Leonardo Ramos, do Juntos, Eliane Souza, da Confederação de Mulheres do Brasil, Ubiraci Oliveira (Bira), presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, Alfredo Neto, presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro, e Daniel Cruz, que é diretor da União Paulistas dos Estudantes Secundaristas.

 

Mesa de abertura. Da esquerda para a direita: Gabriel, Leonardo, Iva, Eliene, Mariara, Kauê, Bira, Alfredo e Daniel

 

Antes de dar início a intervenção dos convidados, e após o Hino Nacional, Kauê ressaltou algumas vitórias de sua gestão, como o passe-livre, que beneficia mais de 620 mil estudantes da cidade, o fim da reorganização para fechar mais de 90 escolas, a demissão do secretário da Educação de São Paulo, Herman Voorwald, responsável pela guerra as ocupações no final de 2015. Ou mesmo a abertura da CPI da merenda na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

 

Em seguida Kauê chamou o Bira da CGTB para dar o seu recado aos estudantes, que resgatou a participação da UMES no combate ao governo Dilma e seu cortes bilionários contra a educação e os direitos do povo, apontando que com Temer não pode ser diferente. “Precisamos tirar esse mordomo de filme de terror”, comentou denunciando os mais de 11 milhões de desempregados no país bem como a atual política de pagamento de juros, que ano passado transferiu R$ 502 bilhões dos cofres públicos aos bancos. Após convidar os estudantes a construir com a CGTB a manifestação contra os juros, no próximo dia 7, ele cantou o hino da independência, que incendiou o plenário. “Brava gente brasileira!/ Longe vá temor servil/ Ou ficar a Pátria livre/ Ou morrer pelo Brasil”.

 

Depois foi a vez do Alfredo do CNAB, que parabenizou os estudantes pelas ocupações de 2015. “A escola pertence a vocês”, comentou ao resgatar a vitória dos estudantes sobre o “governo do picolé de chuchu”, que queria fechar 94 escolas dando sequencia ao seu plano para destruir a educação. Ele também apontou para a necessidade de baixar os juros e realizar novas eleições para tirar o país da crise.

 

Alfredo fala sobre os juros e condena o governo rentista de Temer

 

Leonardo Ramos, da coordenação do Juntos de São Paulo, por sua vez, parabenizou a diretoria da UMES pela realização do congresso e condenou o fechamento de salas de aula pelo governo Alckmin, bem como denunciou os cortes bilionários do governo Dilma, apontando que os estudantes não vão aliviar o governo Temer enquanto não forem realizadas novas eleições. Já Daniel Cruz, da UPES, afirmou que a educação de São Paulo enfrenta hoje dois inimigos centrais: Alckmin e Temer. Ele também ressaltou que a luta pela merenda constitui uma bandeira fundamental para a mobilização dos estudantes da cidade.

 

Em nome das mulheres, Eliane Souza, da CMB, afirmou que “as mulheres precisam ser amadas e respeitadas”, ao condenar o recente estupro coletivo que repercutiu em todo o país. Para ela o governo federal, que tanto com Dilma, como agora com Temer, não prioriza a juventude ou as mulheres. “Educação começa com creche”, afirmou, defendendo que sem creche a mulher e as famílias não tem liberdade. Depois de sua fala, as jovens secundaristas cantaram “mulher, sempre guerreira. Vamos à luta pela pátria brasileira”.

 

Mariara da UNE, parabenizou os secundaristas de São Paulo pela vitória contra a reorganização, que levou a ocupação de mais de 200 escolas em 2015, pela conquista do passe-livre e pela derrota do governo Dilma, mas disse que a luta só começou. “Nossa luta não terminou. Precisamos de uma escola de qualidade, com estrutura e merenda. Até lá, estaremos na rua, porque do jeito que tá não dá mais. Eleições gerais, já”. Após pedir por eleições, as jovens secundaristas presentes emendaram outra palavra de ordem: “Nem recatada, nem do lar. A mulherada está na rua pra lutar”.

 

Mariara condena o governo Temer e pede eleições gerais

 

Iva, representando a Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Durante sua fala ela condenou o governo federal devido ao não cumprimento das metas previstas no Plano Nacional de Educação (PNE), a exemplo dos 2 milhões de crianças entre 4 e 17 anos de idade que estão fora da escola. Após as denúncias de Iva acerca do retrocesso no PNE, os estudantes cantaram “sou estudante, não abro mão. Vim pro congresso defender a educação”.

 

Para encerrar a abertura, Kauê chamou Pedro Campos, representante das gestões anteriores da UMES. Pedro exaltou o CPC-UMES como o responsável pelo maior trabalho cultural entre as entidades no Brasil, lembrando que quando falamos da UMES precisamos nos lembrar que estamos tratando da maior entidade municipal da America latina, que conquistou uma grande rede de passe estudantil e que  hoje possui o maior sistema de passe-livre do mundo.

 

 

Após todas as falas o plenário foi tomado por uma grande vibração, com estudantes cantando “cadê a merenda”, “a UMES somos nós, nossa força e nossa voz”, com muitos batuques e muitos gritos. Depois os estudantes se dividiram em três grupos de debates para organizar as resoluções de Educação, Cultura e Conjuntura Nacional que definirão os rumos da entidade.

 

Após o início aos grupos de debate, por volta do meio-dia e meia, passou pelo congresso o prefeito Fernando Haddad, que recebeu da UMES uma homenagem devido ao passe-livre e sua gestão de diálogo com os estudantes.

 

Haddad chega ao congresso e é recepcionado pelos estudantes

 

Ao fim do congresso foi eleito Caio Guilherme (19) como novo presidente, em conjunto com uma diretoria plena com 76 diretores, dos quais 23 da diretoria executiva. Caio é estudantes de nutrição da Etec Camargo Aranha.

 

Caio durante debate de Conjuntura Nacional

 

Haddad saúda delegados ao 25° Congresso da UMES

 
Entidade agradeceu gestão municipal pela criação do passe livre no transporte público da cidade
 
O prefeito Fernando Haddad participou na manhã desta quinta-feira (2) do 25º Congresso da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES), realizado no bairro da Liberdade, região central da cidade. O encontro debateu a atual situação do sistema educacional do país.
 
Durante o evento, o prefeito recebeu da UMES uma placa homenageando a atual gestão municipal pela criação do passe livre para estudantes, que oferece gratuidade no transporte público para 620 mil estudantes.
 
“Eu sei que ainda tem muita coisa para fazer. Mas é um grande começo. Você começar por 620 mil pessoas que gastavam mil reais por ano, pelo menos mil reais por ano, eles oneravam o orçamento familiar. Ou seja, mesmo estudando em uma escola pública, com o ensino gratuito, tinha que separar mil reais por ano para conseguir se deslocar até a faculdade, até a escola. Esses mil reais, para quem mora na periferia, para a família que ganha dois, três salários mínimos, é muito dinheiro”, disse Haddad.
 
Além da criação do passe livre, o prefeito também destacou outras iniciativas da Prefeitura voltadas para a melhoria do ensino no município, como o Plano Municipal de Educação (PME) e a criação de universidades públicas dentro dos Centros Educacionais Unificados.
 
“Em cada CEU da cidade de São Paulo, nós estamos instalando uma universidade federal, a chamada UniCEU. Nós queremos transformar todos os bairros da cidade em bairros universitários. Nós queremos que cada CEU ofereça um conjunto de cursos superiores de universidades públicas estaduais e federais. Em 32 CEUs já há cursos disponíveis”, afirmou o prefeito.
 
Fonte: Prefeitura de São Paulo
 

Congresso da UMES repudia a violência contra a mulher

 
A UMES aprovou moção de repúdio a toda e qualquer violência contra à mulher durante o 25º Congresso da UMES. O documento denúncia algumas estatísticas assustadoras: "De acordo com  pesquisas realizadas no IPEA, 527 mil pessoas são estupradas por ano no  Brasil, sendo 89% das vítimas, mulheres."
 
"Crianças, adolescentes, solteiras, casadas, sóbrias, alcoolizadas, mães! Marias, Joanas, Amandas, Giovanas… Todas objetificadas, culpadas, sofrendo abuso diário que estão por toda parte e são naturalizados na televisão. Naturalizados à ponto de o ator pornô – Alexandre Frota – ter contado em TV aberta, em meio aos risos do apresentador e da plateia, que abusou sexualmente de uma mulher. E não bastasse, esse mesmo ator acaba de ser chamado pelo ministro da educação do governo de Michel Temer para dar sua 'contribuição' no nosso já tão negligenciado sistema educacional." Dessa forma o convite do governo Temer a Frota é uma grande ofensa ao povo e aos que lutam pela educação e por mais direitos para as mulheres.
 
A crise atual é grave a ponto de fazer com que deputados, os mais dados as psicopatias, sintam-se a vontade para prestar homenagem a "torturadores que usam a violência sexual como 'castigo'".
 
Delegados aprovam moção de repúdio a violência contra a mulher
 
O documento foi escrito como forma de apoiar e incentivar a indignação que tomou o país após as notícias do escândalo envolvendo o estupro de uma jovem mãe, de 16 anos, abusada por 33 homens. "Este ato fora desferido contra todos e todas nós. Não nos resta dúvidas de que tudo isso está interligado com a educação!"
 
Para os estudantes este é um desafio importante a ser superado, discutido e pautado pois, o que exigirá de nossa sociedade: esforço, autocompreensão, investimento do Estado, exige ensinar nossas crianças a respeitar corpos alheios, denunciar e exigir respeito, e não menos importante, NÃO SE CALAR e não aceitar o mesmo."
 
"Para isso precisamos falar sobre igualdade de gênero, discutir sobre a violência contra as mulheres, conscientizar nossa sociedade. E mais do que isso, garantir que a lei 12.845/13 onde deixa claro que a vítima tem o direito do atendimento hospitalar, policial e psicológico, JAMAIS seja derrubada por Marco Feliciano,  Bolsonaro e a bancada evangélica através do PL 6055/2013."
 

O discreto charme de Ettore Scola

 

Caio Plessmann*

 

 

A questão colocada por Ettore Scola em "O Terraço", filme exibido nesta segunda feira na mostra de cinema italiano do cineclube da UMES, é a da necessidade de percebermos o clima em que estamos mergulhados a partir da diluição de nossa função produtiva na sociedade contemporânea.

 

A situação central do filme é a do universo de cineastas, produtores, atores e atrizes cercados de enfado por todos os lados. Mas isso parece apenas um pretexto para o autor se debruçar sobre os impasses do povo italiano na entrada dos 80, ou seja, investigar o cenário onde a nação perde o rumo. 

 

A mágica da transposição ocorre pois Scola é craque em penetrar na transversal os seus temas. A pretexto de mostrar a vida do “cinemão” italiano e seu universo cultural decadente (mas endinheirado), ele discorre sobre os dramas daqueles personagens à beira do ostracismo, em crise de função, em uma Itália na qual eles já não se enquadram mas que paradoxalmente não têm melindres de exposição, ou seja, predominam vulgarmente.

 

É nesse ambiente que vemos surgir o democratismo vicioso, a perda da libido, a repetição doentia, a falta de sentido, loucura, proselitismo, discussões formais, esquerdismo, reacionarismo, tudo misturado pra passar o tempo e fazer, imaginem, um pouco mais suportável a realidade.

 

Ettore Scola no festival de Anne em 2003 (Foto: Jean-Pierre Clatot/France Presse)

 

De fato nenhuma cinematografia vive sem público. A crise dos realizadores é sobretudo uma crise de bilheteria. A Itália apesar da exuberante cinematografia não é diferente em nada do restante do planeta, o que prova que não é (somente) a qualidade que faz a audiência em cinema, mas a oportunidade. Como se depreende dos diálogos e conflitos trata-se de um país ocupado objetivamente e fragmentado do ponto de vista do imaginário, sem público nem sintonia cultural popular, e por isso os realizadores não sabem mais sobre o que escrever, o que é engraçado ou trágico, e nisso reside seus repetitivos dramas. Dramas que o cineasta trata sem delongas nem deméritos, apenas expõe. Seus personagens vivem de tal modo encerrados na falta de sentido que não percebem nem a depressão nem a repetição que  encarcera seus anseios mais profundos.

 

Não tem como não lembrar "O Discreto Charme da Burguesia", de Buñuel. Mas em "O Terraço" as repetições são mais sutis de modo que a própria percepção do espectador desperta lentamente, o que não evita de colocá-lo, surpreendentemente, em posição paralela à dos personagens nesse perceber, e faz da própria tela um espelho: é a cena que se repete ou eu que a vejo repetida…? Efeito discutido também internamente entre alguns personagens.

 

Com essa estratégia Scola consegue estender a crise no metié primeiro ao público e deste à  contemporaneidade. O personagem de Vittorio Gasmann, um “deputado cultural de esquerda”, ao final expõe em um congresso do partido o seu drama sorrateiro: é correto se lançar à felicidade, se for causar infelicidade? É a denuncia do autor por um lado, do modo de vida acomodado, dos  impasses do imaginário e do  conservadorismo de sofá, e por outro da profunda crise moral que mergulha tanto o Partido Comunista italiano, quanto a democracia cristã após o assassinato de Aldo Moro

 

Sem função construtiva, todos perdem seus argumentos e veem defraldadas suas utopias. Scola parece não ter personangens que saibam por onde sair. Nada de pontificar: seus pares estão encalacrados em um domínio mental intrincado e se aproximar das causas começa pela percepção dos efeitos. Esse parece ser o caminho proposto pelo autor para recuperar a razão de viver.

 

 

*É diretor de cinema

 

Rumo ao 25º Congresso da UMES: mobilize sua escola!

 

Eu quero outra escola! Sem educação e sem merenda não dá!

 

No segundo semestre de 2015 o governador Alckmin anunciou na surdina um projeto de "desorganização" da escola pública de São Paulo, esse projeto significava o fechamento de mais de uma centena de escolas e atingia mais de um milhão de estudantes. Com base em muita luta os estudantes deram uma lição no inimigo da educação! Fomos às ruas, conversamos com a população e ocupamos escolas em uma das maiores mobilizações dos últimos anos, por isso derrotamos esse projeto e conseguimos a demissão do então secretário de educação Herman Voorwald!

 

Mas ainda temos muita coisa para conquistar! Na escola pública de São Paulo falta de tudo! Falta qualidade, falta professor, falta cadeira, mesa, lousa, laboratórios, qualquer tipo de estrutura e agora até merenda falta!

 

 

Desde o começo do ano toda a rede estadual sofre com a falta de merenda para os alunos. De norte a sul da cidade vemos escolas servindo bolachas de água e sal, farelo de bolo, biscoito quebrado e por aí vai. O pior de tudo é que o dinheiro para comprar a merenda (que falta na barriga de milhões de estudantes) existe, mas foi parar no bolso de vários funcionários do governo do estado e de deputados do PSDB, como o deputado Fernando Capez, o ex-secretário da Educação Herman Voorwald e seu chefe de gabinete Fernado Padula, por exemplo.

 

É a escola que não ensina, não alimenta e não protege.

 

Queremos outra escola e não vamos aceitar que o governo do tucano Alckmin continue destruindo nossa educação. Por isso vamos todos ao congresso da UMES, lutar por outra escola e depenar o tucano ladrão de merenda!

 

 

Confira os demais textos da tese da UMES nos linques abaixo

 

 

Eu quero outro Brasil! Eleições gerais já!

 

Alckmin tira 1/3 do dinheiro das ETECs numa bicada só Em um ano de conquista 620 mil estudantes já tem passe-livre!

 

Mostra Permanente de Cinema Italiano apresenta o filme “Concorrência Desleal”, de Ettore Scola (2000)

 

Na próxima segunda (6) a Mostra Permanente de Cinema Italiano apresenta o filme “Concorrência Desleal”, de Ettore Scola (2000). Com entrada franca, a sessão será iniciada às 19 horas no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Chame sua família e seus amigos, participe!

 

 

CONCORRÊNCIA DESLEAL – Ettore Scola (2000), FRANÇA/ ITALIA, 118 min.

 

Sinopse:

Umberto (Diego Abatantuono) é um alfaiate que repentinamente começa perder sua clientela para uma loja vizinha, de propriedade de Leone (Sergio Castellitto), que oferece roupas a preços mais baixos. Apesar da rivalidade, os filhos de ambos demonstram grande amizade entre si. Até que um dia vêm a público as diferenças que os concorrentes cultivavam em sigilo: durante uma discussão, Umberto se refere de forma depreciativa ao fato de Leone ser judeu, condição que ele ocultava. A polícia fascista presencia o bate-boca e o comerciante passa a ser perseguido, perdendo sua loja, seus direitos e sua dignidade. Ao testemunhar a desgraça do rival, Umberto se arrepende e trata de fazer o possível para ajudá-lo.

 

 

Direção: Ettore Scola (1931-2016)

Ettore Scola nasceu em Trevico, Itália. Ingressou na indústria cinematográfica como roteirista em 1953. Escreveu para Steno ("Um Americano em Roma", 1954), Luigi Zampa ("Gli Anni Ruggenti", 1962), Dino Risi ("Il Sorpaso", 1962). Dirigiu seu primeiro filme, "Vamos Falar Sobre as Mulheres", em 1964. Obteve reconhecimento internacional com "Nós Que Nos Amávamos Tanto" (1974), um tocante painel da Itália do pós-guerra. Em 1976, ganhou o Prêmio de Melhor Direção no 29º. Festival de Cannes, com "Feios, Sujos e Malvados". Desde então, realizou vários filmes de sucesso, incluindo "Um Dia Muito Especial" (1977), "Casanova e a Revolução" (1982), "O Baile" (1983), “Spendor” (1987), "O Jantar" (1998), "Concorrência Desleal" (2000). Em 2011 dirigiu “Que Estranho se Chamar Federico”, uma homenagem ao amigo Federico Fellini.

 

 

Para maiores informações entre em contato pelo telefone (11) 3289-7475 ou pelo Facebook. O Cine-Teatro Denoy de Oliveira fica na Rua Rui Barbosa 323, Bela Vista (Sede Central da UMES)

 

Confira nossa programação!

 

TCE-SP flagra escorpião e pombo junto a merenda escolar

 

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) realizou inspeção surpresa em 200 escolas, de 180 cidades, para avaliar a qualidade da merenda escolar. Entre as irregularidades, o TCE chegou a encontrar escorpiões e um pombo no mesmo ambiente em que estava a merenda dos alunos.

 

A operação flagrou alimentos vencidos e estocados em condições irregulares, em salas mofadas e úmidas. Na visita que ocorreu no dia 31, sem aviso prévio, foram fiscalizadas a qualidade dos alimentos, a higiene das escolas, a origem dos produtos e sua data de validade. Itens como a quantidade e a situação das refeições e lanches também foram avaliados. Os fiscais observaram também a limpeza e a segurança da cozinha, do refeitório e o estoque de produtos nas escolas.

 

Durante a operação, o TCE mobilizou 200 agentes de fiscalização durante cinco horas, entre às 8 e às 13 horas. Os dados serão consolidados para a construção de um relatório. Entre as 200 escolas estavam 114 escolas da rede municipal, 55 unidades estaduais e 31 escolas técnicas e profissionalizantes.

 

No dia 13 de maio o TCE havia exigido esclarecimentos de 25 prefeituras paulistas sobre os problemas enfrentados em decorrência do convênio com o governo estadual, para o fornecimento de merenda.

 

No último dia 25, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o roubo da merenda, envolvendo agentes públicos no esquema investigado pelo Ministério Público, através da Operação Alba Branca.

 

Governo de SP admite ter fechado salas em 158 escolas

 

O governo de São Paulo admitiu ter deixado de abrir classes de 1º e 6º anos do ensino fundamental e 1º ano do ensino médio em 2016, interrompendo novas matrículas em 158 escolas. O anúncio foi feito em resposta ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

 

Os dados da Secretaria Estadual da Educação foram revelados após a juíza Carmen Oliveira, da 5ª Vara da Fazenda Pública, exigir esclarecimentos sobre as denuncias do fechamento de milhares de salas. Para estudantes e professores, o fechamento de salas de aula em 2016 foi a forma que o governo encontrou para dar continuidade ao projeto de “reorganização”, através do qual seriam fechadas 93 escolas, aumentando ainda mais a superlotação das salas.

 

Por sua vez a gestão Geraldo Alckmin afirma que não existe superlotação das salas em São Paulo e diz que o fechamento de salas se dá pela falta de demanda. Mas parece que as justificativas não foram suficientes para o Ministério Público de Contas, que já sinalizou que entrará com uma representação pedindo mais esclarecimentos sobre o fechamento de salas.

 

"É necessário verificar se o fechamento de salas, de fato, corresponde a uma queda de demanda ou se o Estado está sendo omisso na busca ativa. Há jovens que deveriam estar na escola, seja nas séries finais, seja no ensino médio, e não estão. A única forma de comprovar que a diminuição é lícita é o Estado provar que esgotou todas as estratégias disponíveis de trazer de volta esses mais de 240 mil alunos", disse a procuradora do MPC, Élida Graziane Pinto.

 

Foto: Catraca Livre

 

Eu quero outro Brasil! Eleições gerais já!

 

Tese do 25º Congresso da UMES para conjuntura: mobilize a sua escola!

 

Graças à política neoliberal praticada pela dupla Dilma/Temer o Brasil foi enterrado em uma forte crise, enquanto temos de um lado um desemprego que já atingiu mais de 10 milhões de pessoas e uma educação que sofre com bilhões de reais cortados de seu orçamento, do outro vemos os bancos baterem recordes de lucro ano após ano. Dilma praticou essa política de entregar uma imensa parte de nossas riquezas aos bancos por todo seu governo e sempre fez isso com apoio do seu vice Michel Temer. Agora Temer traiu a presidente afastada, mas ele sinaliza que resolveu mudar tudo para tudo continuar igual. Ou seja, seu governo vai continuar pagando bilhões de reais para os bancos e afundando cada vez mais o país na crise.

 

Infelizmente em nosso estado a situação não é diferente, o governo Alckmin e o PSDB tem destruído a educação pública de São Paulo. No final de 2015 o governador tentou fechar nossas escolas e forçar centenas de milhares de jovens a estudar em outro lugar. Com nossa força e com muita luta conseguimos barrar essa medida. Mas, no começo do ano, fomos surpreendidos com denúncias e mais denúncias de funcionários do governo enriquecendo com o dinheiro que deveria ir para comprar merenda, cortes no orçamento das ETECs e nenhuma solução para os problemas de sempre, como a falta de estrutura das escolas e péssima remuneração aos professores.

 

Não vamos aceitar essa situação, vamos lutar contra ela e o lugar para levar essa indignação é o congresso da UMES! Neste congresso vamos organizar a luta dos estudantes de SP, eleger a próxima diretoria da entidade e lutar muito contra os inimigos da juventude: Dilma, Temer e Alckmin! Esse trio só se interessa por prejudicar o país e nossa juventude, por isso devemos organizar-nos contra eles e mudar a situação. Pra mudar de verdade, não adianta só trocar 6 por meia dúzia, por isso devemos exigir que o povo possa decidir mais uma vez os rumos nosso país: ELEIÇÕES GERAIS JÁ! Todos ao XXV Congresso da UMES!

 

Confira todos os textos aqui!

 

Papete e Naná Vasconcelos: magos dos ritmos do Brasil

Desde aquele 9 de março em que Naná  se foi e este 26 de maio em que perdemos Papete, os ritmos do Brasil passaram a soar mais tristes e tímidos, menos arrojados e mais carentes de brilho

 

 

 

Ao verificar a trajetória de músicos como Naná Vasconcelos e Papete, é forçoso concluir que a busca por uma cultura nacional-popular, ao contrário do que dizem certos falastrões equivocados, não se confunde com a defesa dos valores artesanais, do passadismo canhestro, da rusticidade ‘folquilórica’, da caducidade de linguagem e da precariedade criativa. Nada disso: Papete e Naná Vasconcelos provaram – e muito bem – que o nacional-popular se nutre e convive com a modernidade e com a invenção, sendo um conceito que continuamente se renova e se recicla

 

 

 

MARCUS VINICIUS DE ANDRADE*

 

A vida deu-me o privilégio de conviver e trabalhar com dois dos maiores percussionistas do Brasil: Papete e Naná Vasconcelos. Infelizmente, neste ano de 2016 tive a desventura de perder ambos os amigos, mortos num intervalo de dois meses e meio de diferença. Desde aquele 9 de março em que Naná se foi e este 26 de maio em que perdemos Papete, os ritmos do Brasil passaram a soar mais tristes e tímidos, menos arrojados e mais carentes de brilho, como se sentissem a ausência daqueles dois magos que os trataram com tanta dignidade e competência, a ponto de trazê-los para a linha de frente da cena musical.

 

Conheci Naná em 1966, quando o professor, multiartista e agitador cultural Jomard Muniz de Britto promoveu no Recife um espetáculo de que participávamos eu, Terezinha Calazans (depois conhecida nacionalmente como Teca Calazans), Marcelo Melo e Toinho Alves (que viriam a fundar o Quinteto Violado), o que seria meu futuro parceiro Geraldo Azevedo e outros artistas, entre os quais um crioulinho simpaticíssimo que sabíamos apenas ser baterista do Quarteto Iansã e antigo músico da Banda da Prefeitura do Recife. Era Naná, também conhecido como Juvenal de Holanda Vasconcelos. Naquele espetáculo, ele literalmente "deu um show" quando, largando a bateria, cantou e dançou maravilhosamente uma música de Ataulfo Alves, tocando também vários instrumentos de percussão. A partir de então, Naná passou a ser figura essencial na música pernambucana. Na época, embora ainda no auge, a bossa-nova começava a tornar-se repetitiva e algo enfadonha, e alguns compositores (eu, inclusive) já andavam atrás de novas opções em termos de linguagem, buscando fugir daquele esquema clássico de banquinho-e-violão e, mais ainda, daquele acompanhamento rítmico de bateria cool, com vassourinha na caixa, bumbo leve e toques sincopados de caixeta. Isso era muito bom para a bossa-nova, mas insuficiente para quem quisesse enveredar por outros toques e caminhos que nos eram oferecidos pela exuberância rítmica brasileira. Ao ouvir Naná fazendo música nova e sofisticada com instrumentos de percussão tradicionais, retirando-os de seus contextos sonoros habituais e trazendo-os da cozinha acompanhante para a sala da frente do discurso musical, percebemos que havia ali um imenso campo de possibilidades. Em 1969, quando da diáspora musical pernambucana (em grande parte causada pelo terror que foi o AI-5, promulgado em dezembro do ano anterior), muitos de nós já estavam residindo no Rio de Janeiro, onde passei a dividir um apartamento com Naná.  Não eram raros os shows coletivos com todo o ‘grupo pernambucano’ exilado no Rio, no entanto éramos eu, Geraldo Azevedo e Naná os que mais costumavam se apresentar juntos, a ponto de pensarem que formávamos um trio. Nesses espetáculos, executávamos músicas do Nordeste, dizíamos um monte de bobagens divertidas e mostrávamos as primeiras obras de minha parceria com Geraldo. Mas foi ali que Naná, abandonando definitivamente a bateria, começou também a mostrar seus experimentos com a tumbadora e o berimbau, este até então um instrumento restrito ao universo da capoeira. Nas mãos de Naná, porém, tanto o berimbau como a tumbadora ganhavam aspectos de alta contemporaneidade, produzindo timbres e acentos inusitados, comparáveis aos sons de Varése, Boulez, Messiaen e outros magos da contemporaneidade vanguardista. Em nossos ensaios no apartamento do Flamengo (ao qual eventualmente assistiam Milton Nascimento, Elomar e outros amigos), eu já me admirava com o tanto de novidade que Naná podia extrair daqueles instrumentos tão ‘batidos’. O mundo – duas doses atrasado, como dizia Humphrey Bogart – só veio a ouvir isso algum tempo depois. Verdade é que Naná tava mesmo lá na frente.

 

O mesmo ocorria com a música de Papete, que conheci em 1976, quando ele integrava o elenco do Jogral, templo da música paulistana, então capitaneado por Paulo Vanzolini, Luis Carlos Paraná e Marcus Pereira, três bambas que dispensam comentários. A exemplo do que fazia Naná ao descapoeirar o berimbau, também Papete (José de Ribamar Viana, um Ribamar como todo maranhense que se preza) costumava meter seus instrumentos em fria, convocando-os sem o menor pudor para todo e qualquer gênero que se tocasse na casa. Assim, nas madrugadas do Jogral, não era raro ouvir o berimbau de Papete intrometendo-se num fado cantado pela Paula Ribas, ou seu tambor-onça maranhense saracoteando numa guarânia do Luis Carlos Paraná. E o mais interessante é que tudo combinava maravilhosamente, só faltando mesmo ouvir-se um pandeiro acompanhando uma marcha-fúnebre, o que não ocorreria então porque ninguém ali tinha a desagradável ideia de morrer. Algum tempo depois, Paraná, Marcus Pereira e Vanzolini tiveram de aceitar essa ideia, mas sei que o fizeram a contragosto, sob protestos.

 

Pois bem, voltando a Papete… Em 1976, ele tinha gravado pelo legendário selo Discos Marcus Pereira, um LP intitulado Pepete, Berimbau e Percussão, no qual exibia todas as estripulias sonoras que apresentava no Jogral. Como se achasse pouco, Marcus Pereira exigiu-lhe mais: dois anos depois (já tendo eu assumido a Direção Artística daquela gravadora), Marcus sugeriu a Papete que se voltasse para a música de seu Maranhão natal, daí surgindo Bandeira de Aço, um disco referencial, que mudaria para sempre a história musical daquele estado. Pela primeira vez, o ritmo e as melodias das toadas do bumba-meu-boi chegavam ao disco em linguagem moderna, a partir do que os festejos maranhenses de S. João nunca mais seriam os mesmos. Com esse disco, Papete não só revelou uma talentosa geração de autores locais (Josias Sobrinho, Godão, Sergio Habibe e outros), como também chamou a atenção do Brasil para a riqueza musical do bumba-meu-boi, transformado hoje em principal referência cultural do estado. Os festejos juninos do Boi, outrora tratados como mera curiosidade popularesca, estão hoje, para o povo maranhense, como estão o carnaval dos trios e do axé para o povo baiano.

 

Estive ao lado de Naná e, principalmente de Papete, em quase todos os momentos de suas vidas. Extinta a Discos Marcus Pereira, tomei a iniciativa de convocar Papete (assim como vários outros velhos companheiros de propostas discográficas) para a Gravadora CPC-UMES, onde damos continuidade à boa e velha luta pelo melhor da Música Brasileira, que, tal como a luta com as palavras, é aquela luta mais vã pela qual “no entanto lutamos, mal rompe a manhã”, como diz o grande Drummond. Na CPC-UMES, Papete gravou o CD Jambo e, no ano passado, aquele que é o seu último registro fonográfico, um CD duplo que agrega um disco com obras recentes (Sr. José) e outro que é uma releitura do clássico Bandeira de Aço. Creio que nossa parceria com Papete não poderia ter tido termo mais honroso.

 

Ao verificar a trajetória de músicos como Naná Vasconcelos e Papete, é forçoso concluir que a busca por uma cultura nacional-popular, ao contrário do que dizem certos falastrões equivocados, não se confunde com a defesa dos valores artesanais, do passadismo canhestro, da rusticidade ‘folquilórica’, da caducidade de linguagem e da precariedade criativa. Nada disso: Papete e Naná Vasconcelos provaram – e muito bem – que o nacional-popular se nutre e convive com a modernidade e com a invenção, sendo um conceito que continuamente se renova e se recicla. Junto a estes dois percussionistas se poderia citar também Airto Moreira, outro notável renovador, nacional, popular, moderno e eterno como tudo que é verdadeiramente bom. Essa santíssima trindade da percussão brasileira reúne, pois, os primeiros nomes que, individualmente, se projetaram como performers e virtuoses dos instrumentos que executam. Com Naná, Papete e Airto Moreira, a percussão do Brasil passou a ocupar também o centro dos palcos, ganhando seus próprios e merecidos holofotes. Já não era sem tempo, na terra onde se diz que o ritmo está em tudo.

 

* Maestro, compositor, diretor-artístico da Gravadora CPC-UMES

 

Fonte: Hora do Povo