PM retira à força estudantes que pediam CPI da “máfia da merenda” na Alesp

 

Estudantes são retirados à força pela Policia Militar de dentro da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo). Os manifestantes, que protestavam contra a "máfia da merenda", foram encaminhados para 36º Distrito Policial. O Deputado Coronel Telhada exigiu a retirada deles

 

Um grupo de estudantes fez um protesto hoje (1º) na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) pedindo a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o suposto esquema de fraudes na compra de produtos agrícolas destinados à merenda escolar. Eles foram retirados à força pela Polícia Militar.

 

A confusão teria começado quando o deputado Coronal Telhada (PSDB) exigiu a retirada dos estudantes, após alegar ter sido ofendido por eles.

 

De acordo com os manifestantes, dois jovens acabaram sendo levados para o 36º DP. Procurada, a Polícia Militar afirmou que os estudantes haviam acabado de chegar ao local e que, em breve, deve divulgar mais informações.

 

"Máfia da merenda"

 

As denúncias de pagamento de propinas a gestores do governo paulista para fechamento de contratos com creches e escolas públicas de 19 cidades estão sendo investigadas pela Operação Alba Branca, deflagrada no último dia 19. As irregularidades estariam ocorrendo há pelo menos dois anos.

 

O presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB), e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo estadual Luiz Roberto dos Santos, conhecido como Moita, estão entre os investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual de São Paulo. No dia 16, o desembargador Sérgio Rui da Fonseca, do Tribunal de Justiça de São Paulo, decretou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Capez.

 

Fonte: OUL Educação (Foto: Rogério Padula/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Alckmin esvazia programa de alfabetização de crianças

 

O governo Geraldo Alckmin (PSDB) esvaziou seu principal programa de alfabetização da rede estadual voltado para estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental.

 

Além de uma redução de 50% na previsão de gastos do projeto Ler e Escrever em 2016, em relação ao orçamento do ano passado, a Secretaria Estadual de Educação não renovou a contratação do grupo de especialistas que fazia formação de equipes nos últimos anos.

 

O Ler e Escrever foi criado em 2007 e era apontado pelo governo como uma das principais ações da área educacional.

 

Também era bem avaliado por especialistas e por professores que participaram do projeto, que prevê a elaboração e a distribuição de materiais pedagógicos, além do treinamento das equipes.

 

Fonte: Agora

Com país em recessão mais de um milhão de estudantes migram da rede privada para a pública

 

Entidades como a Confenem dizem que as transferências vão aumentar com o avanço da crise econômica. Enquanto isso o governo do Estado de São Paulo fecha salas e o governo federal segue com cortes bilionários na educação

 

O reflexo da crise que atinge a indústria e o comércio também é percebido na educação. As escolas particulares do País calculam ter perdido um milhão de alunos, desde o ano passado, por conta da retração econômica. De acordo com a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), a rede privada perdeu 12% dos mais de 9 milhões de alunos que tinha em 2014, segundo o censo escolar.

 

Já um levantamento da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo apontou que, apenas no ano passado, as redes estadual e municipais receberam 200 mil alunos que migraram das escolas particulares.

 

Para Roberto Geraldo Dornas, presidente da Confenen, apesar de já terem sentido os efeitos da crise no ano passado, as famílias teriam feito outros cortes no orçamento doméstico antes de decidirem pela troca de escola. "Quem coloca o filho na particular vê esse gasto como prioridade, um investimento. Por isso, tirar o filho da escola é a última alternativa".

 

Foi o que aconteceu com a professora Pérola do Amaral, de 41 anos, que estava com dificuldade para pagar a mensalidade das duas filhas, de 7 e 11 anos de idade, desde o segundo semestre do ano passado. Em janeiro, o marido perdeu o emprego e a família soube de imediato o que era preciso fazer: transferir as meninas para a rede pública de ensino.

 

"A gente gastava mais de R$ 1 mil por mês de mensalidade e ainda tinha despesa com material, uniforme, transporte e alimentação. No ano passado fizemos de tudo para mantê-las na escola, mas não deu para segurar", disse a mãe. O marido conseguiu um novo emprego, mas com salário menor, por isso, voltar as meninas para rede privada ainda não é uma opção.

 

De acordo com Dornas, no ano passado, a Confenen chegou a estimar que a rede privada poderia perder até 20% dos alunos, mas, segundo ele, as empresas fizeram um esforço adicional para negociar alternativas com as famílias. "As escolas sabiam que seria um ano difícil. A inflação está muito alta, houve aumento de luz, água, internet e seria impossível não repassar para as mensalidades."

 

Mas nem sempre é assim. Desempregado desde agosto, o metalúrgico Sidnei Aparecido da Silva, de 36 anos, tentou negociar um desconto com a escola em que a filha de 8 anos estudava. "Já não tinha mais onde cortar no orçamento de casa. Troquei o carro por um mais barato, cortei passeios, não temos luxo. Sempre paguei a mensalidade em dia, mas a escola não quis nem negociar e não tivemos mais condições de pagar."

 

A decoradora Ana Paula Barone, de 35 anos, também tentou desconto na mensalidade antes de recorrer à escola pública para os filhos mais novos, de 7 e 8 anos. Sem sucesso, eles foram estudar na escola estadual Blanca Zwicker Simões, na zona leste. "É uma escola modelo, mas, como só vai até o 5º ano, matriculamos apenas os menores. O mais velho continua na particular".

 

Fonte: Exame

Câmara aprova projeto de lei antiterrorismo que criminaliza as manifestações populares

 

O projeto de lei antiterrorismo que Dilma enviou para a Câmara foi aprovado na última quarta-feira (24) pelo Congresso Nacional e volta para a presidente. O projeto inclui até depredação de ônibus como terrorismo e prevê prisão de 12 a 30 anos.

 

Mais de 90 entidades e organizações de direitos humanos já se manifestaram contra a proposta que pode claramente incriminar as manifestações e lutas dos movimentos sociais.

 

De acordo com as entidades, a legislação brasileira atual já penaliza os crimes de terrorismo e, por isso, não há necessidade de se criar uma nova norma. Além disso, lembram que combater o terrorismo não é uma necessidade brasileira e sim resultado de pressões externas.

 

Para Rafael Custódio, coordenador do programa de Justiça da Conectas, “mais uma vez, o terrorismo serviu como desculpa para restringir o espaço democrático de protesto e as liberdades individuais. Nenhum país do mundo se tornou mais seguro por endurecer suas leis contra o terrorismo”.

 

A principal razão do governo Dilma para apresentar a Lei do Terrorismo é a de agradar os órgãos internacionais. Tal como o Gafi (Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo) que exigia que o Brasil adotasse leis com punições específicas para o financiamento do terrorismo, sob ameaça de que caso não aprovada, o país teria suas notas de classificação de risco rebaixadas. “É um ato de sabujismo do governo”, criticou o líder do PSOL, Ivan Valente (RJ).

 

Relatores especiais da ONU afirmaram que “a definição do crime estabelecida pelo projeto de lei pode resultar em ambiguidade e confusão na determinação do que o Estado considera como crime de terrorismo, potencialmente prejudicando o exercício dos direitos humanos e das liberdades fundamentais”.

 

Fonte: Jornal Hora do Povo

 

‘Reorganização disfarçada’ fecha 1.363 salas de aula em SP

 

Desde o último balanço, realizado na semana passada, foi registrado aumento de 203 no número de turmas extintas

 

De acordo com levantamento do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), o número de salas de aula fechadas, apenas neste ano, na rede pública em todo o estado chegou a 1.363 no dia de hoje (25). O que vem sendo chamado de “reorganização disfarçada” por professores e estudantes é visto com preocupação pelo sindicato.

 

“Fechamento de classes e escolas não combina com qualidade da educação, mas esta não parece ser a preocupação do governo do estado de São Paulo”, afirma a Apeoesp. A capital e diversas cidades do interior tiveram salas fechadas, de acordo com o sindicato, com base em dados de 51 de suas 93 subsedes.

 

Apenas em Franca, no norte do estado, 45 salas foram fechadas pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB). O balanço anterior, divulgado na semana passada, registrava o fechamento de 1.160 salas. Foram 203 turmas extintas em uma semana.

 

Coletivos de estudantes e professores demonstram, pelas redes sociais, indignação com o que chamam de 'reorganização disfarçada'. “Infelizmente ou felizmente não fecharam a escola Emílio Souza Penna, na zona norte de São Paulo, mas sem autorização mudaram o horário do meu filho que já era estudante desta escola. Mas quando iniciaram as aulas a surpresa: ele terá que estudar à noite em um local de difícil acesso”, relata a mãe de um estudante na página “Não fechem minha escola”, do Facebook.

 

A gestão de Alckmin havia apresentado no ano passado a proposta de “reorganização” do ensino. Com ausência de diálogo com estudantes, professores e comunidade, a reação veio em cadeia. Para evitar o possível fechamento de ao menos 94 escolas, jovens iniciaram um movimento de ocupação de escolas por todo o estado. No auge, foram 213 escolas. Com o apoio de entidades sindicais, artistas e de toda a sociedade civil, a intensa mobilização culminou com a queda do então secretário da Educação, Herman Voorwald, e a rejeição do processo pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.

 

Fonte: APEOESP

 

Maioria dos jovens fora da escola não concluiu o ensino fundamental

 

Enquanto isso o governo federal corta bilhões da educação e em São Paulo mais de 1.366 salas já foram fechadas em 2016

 

A maioria dos jovens entre 15 e 17 anos que não estão na escola sequer conseguiu concluir o ensino fundamental. São 52% dos 1,3 milhão de adolescentes nestas condições. Gravidez e necessidade de trabalhar são os principais entraves.

 

Estas são as conclusões de um estudo realizado pelo Instituto Unibanco no boletim Aprendizagem em Foco, divulgado nesta semana. O Brasil ainda tem 2,8 milhões de crianças e adolescentes fora da escola, segundo o último balanço feito pelo Movimento Todos pela Educação (TPE) com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2014, os mais recentes.

 

A etapa mais prejudicada é exatamente a dos adolescentes entre 15 e 17 anos: 17,4% não estavam na escola naquele ano, taxa que se mantém praticamente estagnada desde 2005, quando 21,2% dos jovens não estavam matriculados. De acordo com o estudo do instituto, os meninos evadem mais que as meninas – 14% dos jovens de 15 a 17 anos estão fora da escola e não completaram o ensino médio.

 

Destes, 63% estavam trabalhando ou procurando emprego. Já entre as mulheres a proporção é de 12%. Do total de 1,3 milhão de jovens de 15 a 17 anos fora da escola sem ensino médio concluído, 610 mil são mulheres. Mais de um terço das jovens que deixaram de estudar já eram mães. As jovens mães que mantiveram os estudos representam 2%.

 

A pesquisa aponta que "a repetência e o desinteresse do jovem pelos estudos, motivados pela baixa qualidade do ensino e por um currículo, especialmente no ensino médio, enciclopédico e sem flexibilidade para escolhas" são fatores que aumentam o abandono escolar.

 

Fonte: Estadão Conteúdo

 

UMES apresenta “Capitães da Areia” na escola Gustavo Barroso

 

A apresentação do filme faz parte do ciclo de debates da UMES nas escolas de São Paulo visando resgatar a cultura nacional, discutir educação e movimento estudantil. A maratona de atividades também conta com apresentações capoeira, palestras e muito mais

 

Na manhã de hoje (26) a UMES deu início ao seu ciclo de debates na zona oeste da cidade, na E. E. Gustavo Barroso. A atividade contou com a participação dos três terceiros anos do ensino médio da escola, parte da direção e alguns professores.

 

Ao dar início a sessão de cinema Marcos Kauê, presidente da UMES, saudou os estudantes e agradeceu a diretora Brenda e aos professores presentes pelo incentivo a atividade. Para ele vivemos tempos difíceis que exigem mobilização dos estudantes contra os inimigos da escola pública, se referindo aos cortes na educação ou roubo da merenda. Kauê também convidou a todos os estudantes para a manifestação do dia 1º de março, na Avenida Paulista, contra os juros altos do governo federal. “Os juros roubam o futuro da juventude ao transferir bilhões de reais todos os anos aos bancos”.

 

O filme apresentado foi “Capitães da Areia”, de Cecília Amado (2011), que retrata a vida de meninos de rua em Salvador com base na obra de Jorge Amado de mesmo nome, publicada em 1937.

 

Após o filme Kauê propôs um debate sobre a cultura brasileira, afro-descendência e a redução da maioridade penal. A discussão foi coordenada por Kauê e a presidente do grêmio, Hellem. Durante o debate os estudantes afirmaram ser um absurdo a aprovação da lei que reduz a maioridade penal para 16 anos, considerando isso um descompromisso das autoridades que dirigem o Estado com a juventude, a sociedade e o futuro do país. Alguns levantavam que a juventude necessita de “mais investimentos na educação” e não de redução da maioridade, outros lembravam que não há trabalho ou saúde.

 

Para a diretora da escola a iniciativa da UMES é muito importante. “Precisamos recuperar os jovens” dessa medida que reduz a maioridade e tira do Estado a sua responsabilidade de educar, comentou. Por fim o estudante Jonathan encerrou a atividade cantando a música “Tempo Perdido”, do Legião Urbana.

 

Servidores paralisam universidades federais contra ataques à Educação e à Previdência

 

Técnicos-administrativos mobilizaram 40 instituições em todo o país

 

Os servidores técnico-administrativos das universidades federais paralisaram suas atividades e realizaram atos na quarta-feira, 24, em diversas regiões do país. A categoria protesta contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 395/2014, que legaliza a cobrança de mensalidade em cursos de extensão e pós-graduação lato sensu nas Instituições de Ensino Superior Públicas. Os trabalhadores também são contrários à reforma da previdência e a adesão dos hospitais universitários à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Segundo a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior do Público no Brasil (Fasubra), a greve de 24 horas da categoria ocorreu em 40 instituições.

 

Em Minas Gerais, os servidores realizaram diversas atividades para esclarecer os trabalhadores e a população sobre a necessidade de rechaçar os ataques a educação pública. Para o Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais (SINDIFES), a PEC que autoriza a cobrança dos cursos de especialização nas instituições federais de ensino “contradiz o artigo 206 da Constituição Federal que afirma ser dever do Estado garantir a gratuidade do ensino, em todos os níveis, nas instituições públicas”, e que, se aprovada trará precedente para que o mesmo ocorra nos demais níveis.

 

No Paraná, os funcionários do Hospital de Clínicas (HC), vinculado à Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Curitiba, cruzaram os braços para reivindicar melhores condições de trabalho. Segundo a servidora Carmem Miranda, “as cirurgias estão sendo suspensas por falta de material. Na verdade falta tudo. Nosso hospital entrou numa UTI. Está entubado para pior”, denunciou.

 

Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), houve a paralisação da biblioteca central, do Restaurante Universitário (RU) e laboratórios. E nota, a Associação dos servidores da UFSM, além de criticar a proposta de Emenda à Constituição 395/2014, denunciou que “governo e empresários preparam uma nova reforma da previdência que promete piorar ainda mais as condições para a aposentadoria no país, especialmente para as mulheres”.

 

No Rio Grande do Norte, houve um ato público em frente ao Hospital Universitário Onofre Lopes em Natal-RN e a realização de audiência pública com o tema: “Cessão de servidores dos hospitais universitários: solução, caos ou abandono?”.

 

Fonte: Jornal Hora do Povo

Dia 1º de março todos às ruas contra os juros altos

 
Na próxima terça (1), estudantes e trabalhadores de São Paulo ocuparão a sede do Banco Central na Avenida Paulista contra os juros altos do governo, que em 2015 transferiu R$ 501,7 bilhões aos bancos impondo cortes bilionários nos direitos sociais e trabalhistas, levando o país a recessão e ao desemprego.
 

"Mais uma vez é necessário que os estudantes ocupem as ruas contra os juros porque essa política está destruindo o nosso país. Em 2015 os cortes na educação foram de 11,4 bilhões, e neste ano o governo já cortou mais de 1 bilhão. Tudo por que a política do governo federal é dar cada vez mais dinheiro aos bancos enquanto o povo paga a conta com cortes nos direitos, desemprego redução salarial e inflação. Por isso dia primeiro de março os estudantes estarão nas ruas com os trabalhadores para colocar um basta a política de tudo aos bancos e nada ao povo", afirmou Marcos Kauê, presidente da UMES. 

 
As centrais sindicais Força Sindical, CGTB, UGT e Nova Central estão organizando sua mobilização desde o dia 17 de fevereiro. Para Ubiraci Dantas (Bira), presidente da CGTB, “a decisão de manter os juros nas alturas é inaceitável. É preciso baixar esses juros. São os mais altos do mundo. Não é possível o governo continuar sustentando banqueiros enquanto milhões perdem seus empregos, enquanto a miséria cresce, e a produção, a indústria, os serviços, tudo desaba”, disse o líder sindical que no site da entidade também condena a decisão do governo em estabelecer idade mínima para aposentadoria e a privatização do Pré-Sal.
 
A manifestação contra os juros altos acontece a cada 45 dias durante as reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central). A concentração da manifestação terá início às 10 horas da manhã na Avenida Paulista, 1804.
 

Em conluio com Serra, governo federal golpeia a Petrobrás no pré-sal

 

Substitutivo acertado entre Serra e o governo tira da Petrobrás a condição de operadora única no pré-sal por 40 a 26 votos e 2 abstenções

 

O que se pode concluir da votação de quarta-feira, no Senado, em que foi aprovada a entrada das multinacionais petroleiras, como operadoras, no pré-sal, é que o ideólogo do governo Dilma chama-se José Serra. Não precisou ser eleito para mandar (e, principalmente, desmandar) na Presidência – bastou a adesão de sua ocupante, agora uma sequaz histérica do entreguismo serrista.

 

O projeto ainda vai ser remetido para a Câmara – e existem as ruas. Mas, se não fosse o apoio do governo, o destino do projeto Serra no Senado teria sido duvidoso, ou, no mínimo, muito mais difícil, como disse um senador governista:

 

O SR. LINDBERGH FARIAS (PT/RJ): … nós fomos derrotados por uma aliança do Governo com o PSDB. Eu estive hoje pela manhã no Palácio do Planalto, e a orientação era de lutar para manter a Petrobras como operadora única e os 30% – eu conversei com o Ministro Berzoini. Só que à tarde, já aqui na discussão, há uma mudança de posição. E, sinceramente, eu acreditava que podíamos ter ganho essa votação. Nós nos sentimos aqui abandonados numa matéria que é estratégica.

 

Berzoini e também o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner – segundo vários relatos – disseram aos senadores que a posição do governo era contra o projeto, quando até as baratas que transitam pela Praça dos Três Poderes sabiam que Dilma dissera ao presidente do Senado, Renan Calheiros, que “não tinha objeções” ao projeto de Serra (v. HP 19/02/2016).

 

O senador Roberto Requião abordou o apoio do governo por outro ângulo:

 

O SR. ROBERTO REQUIÃO: … algumas lideranças nas quais o povo depositava a confiança e a esperança foram engolidas em um processo de corrupção, e isso abre um espaço terrível para que interesses que não são propriamente do Brasil caminhem, de forma firme e forte, em um processo de fragilização e mesmo de extinção de um projeto nacional. (…) com esse amortecimento da consciência nacional, com a frustração causada pela corrupção evidente de alguns líderes partidários, que tinham a confiança e eram depositários da esperança do povo, nós ficamos extremamente fragilizados. (…)  A corrupção é séria. Eu quero ver essa gente toda na cadeia, punida…

 

Realmente, a tentativa de entregar o pré-sal à Chevron, Shell, Exxon, BP e outros monopólios petroleiros externos é o que há de mais coerente (!) com o assalto à Petrobrás. Repugnante coerência essa, a da pilhagem e do banditismo!

 

Um assessor parlamentar relatou que, antes do governo fechar com Serra, a avaliação era que o projeto seria derrotado por 36 a 34 – o que parece, pelo menos, possível, pois a urgência para esse projeto, no dia anterior, passara por apenas 33 a 31: “O Senado tem gente bem definida, de direita e de esquerda. Mas tem um miolo que navega de acordo com a conveniência. Com o acordo, mudaram de lado”.

 

Um apoiador de Serra – e também do governo Dilma (há muito as duas coisas deixaram se ser contraditórias) – saudou o cambalacho serro-dilmista:

 

O SR. OMAR AZIZ (PSD/AM): … é necessário parabenizar a lucidez da Presidente Dilma, do Ministro Jaques Wagner e do Ministro Ricardo Berzoini (…). Qualquer discurso ao contrário é de pessoas que ainda pensam que nós estamos na época do Getúlio Vargas, quando foi criada a Petrobras. (…) E o Governo brasileiro, neste momento, através da Presidente Dilma, demonstra claramente humildade para reconhecer este momento difícil e ajudar a fazer esse substitutivo que o Senador Romero Jucá acabou…

 

Segundo esse luminar, por não estarmos mais na época de Getúlio, ao invés de avançar em relação à ela, temos de regredir à época de Campos Salles, ou, talvez, D. Maria, a Louca. Equivale a dizer que devíamos ser anexados aos EUA, porque não estamos mais no tempo de D. Pedro I…

 

Depois da indecente e despudorada cafua em que se converteu o plenário do Senado, o projeto – ou, melhor, o substitutivo acertado entre Serra e o governo – foi aprovado por 40 a 26, com duas abstenções.

 

O substitutivo que foi votado, na essência – a de tirar da Petrobrás a operação única no pré-sal – é idêntico ao projeto de Serra, e não é à toa que este último o reivindicou como sendo de sua autoria, sem nenhuma contestação, muito menos do suposto autor desse substitutivo, Romero Jucá.

 

Apenas, o substitutivo é mais cínico, com um artigo onde diz: “O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), considerando o interesse nacional, oferecerá à Petrobras a preferência para ser o operador exclusivo de blocos a serem contratados sob o regime de partilha de produção. Parágrafo único. Caso aceite a preferência referida no caput, a Petrobras deverá, etc.” (grifo nosso).

 

Obviamente, nada impede que o CNPE (isto é, o governo) considere que o interesse nacional é não “oferecer” a preferência à Petrobrás ou que não há interesse nacional envolvido; portanto, a Petrobrás não deve ter “preferência” – foi o que o governo fez no maior campo petrolífero do mundo, Libra, ao fechar a exploração com a Shell e a Total. Mas não pôde, então, mudar a operadora, pois a lei impedia que não fosse a Petrobrás, nem alijá-la da participação mínima de 30% no consórcio de exploração.

 

Por isso, o substitutivo Jucá é apenas uma versão do projeto Serra para enganar trouxas. Inclusive oferece duas oportunidades de afastar a Petrobrás do pré-sal: via CNPE e via uma diretoria reacionária qualquer que seja colocada na Petrobrás.

 

Serra, não contente em assumir o projeto, fez, ainda, uma homenagem:

 

O SR. JOSÉ SERRA (Bloco Oposição/PSDB – SP): … eu queria aqui, novamente, homenagear alguém que faz falta aqui, neste Plenário, faz falta o seu pensamento, que é o Haroldo Lima, que foi Presidente da ANP durante todo o governo Lula. Pode-se acusar o Haroldo Lima de muita coisa, menos de ser um homem desonesto, incoerente e de não ser nacionalista, democrático, comunista, do PCdoB. Haroldo Lima escreveu um artigo, que recomendo para todos os Senadores, defendendo o projeto. Creio que ninguém vá achar que Haroldo Lima está a serviço de alguma multinacional de petróleo ou de fábrica de bolinha de pingue-pongue. É um homem que escreve de acordo com as suas convicções, com a sua experiência, com o seu conhecimento.

 

Nem mesmo a senadora Vanessa Grazziotin, correligionária do Lima – nacionalista entreguista ou comunista serrista – conseguiu aguentar… Houve um charivari no plenário, mas, convenhamos, nesse caso a culpa não é do Serra. Mas, é justo registrar, a senadora votou contra o projeto de Serra e Lima.

 

O senador Requião sintetizou a jornada: “Deixamos de derrotar a proposta do Serra porque o governo se aliou a ele. Fique o registro para a história”.

 

E lembrou o telegrama de dezembro de 2009, divulgado pelo “Wikileaks”, em que Dennis Hearne, cônsul dos EUA no Brasil, relata ao Departamento de Estado, em Washington, a conversa de Serra com Patricia Pradal, diretora da Chevron: “Deixa esses caras fazerem o que eles quiserem”, disse Serra sobre o então projeto de lei que instituía a Petrobrás como operadora única do pré-sal, “nós mudaremos de volta” (cf. HP 15/12/2010).

 

O projeto que o governo aprovou, disse Requião, “prejudica o futuro do País, a viabilidade de um projeto nacional. É um projeto que quebra a Petrobrás, porque, sem o pré-sal, a Petrobrás não sobrevive à crise, que pode ser ultrapassada rapidamente”.

 

Fonte: Jornal Hora do Povo – Carlos Lopes