Passagem a R$ 3,80 não!

Estudantes contra o aumento da passagem no 3º ato na Avenida Paulista

 

“No último período a realidade de São Paulo e do Brasil foi o aumento do desemprego e da recessão, por isso aumentar a passagem para R$ 3,80 nessa conjuntura vai piorar a vida das pessoas porque vai pesar no bolso do trabalhador” afirmou o presidente da UMES, Marcos Kauê, nesta quarta-feira (14), durante o 3º ato contra os aumentos da passagem anunciados pelos governos estadual e municipal de São Paulo, ainda no final de 2015.

 

“Para a UMES este aumento é inaceitável, e ao contrario do que dizem está muito acima da inflação”, afirmou Kauê na plenária da UMES durante a manifestação de ontem ao explicar aos estudantes que entre o final de 2013 e o final de 2015 a passagem passou de R$ 3,00 para R$ 3,80, um aumento de 27%, enquanto a inflação acumulada no período foi de 17,76%.

 

A 3º manifestação teve concentração em dois pontos da cidade a partir das cinco da tarde, um no Largo da Batata, em Pinheiros, com direção ao metrô Butantã, e o segundo no Teatro Municipal de São Paulo com direção ao metrô Consolação. O clima para o inicio da manifestação estava muito tenso devido a forte presença policial nas regiões de concentração e no seu entorno. Nas estações de metrô os policiais estavam revistando qualquer pessoa com bolsas, mochilas ou sacolas. Ainda no inicio da atividade muitos manifestantes, ainda indignados com a repressão covarde dos policiais no primeiro e segundo ato, denunciavam as ações da policia sob a tutela da Secretaria de Segurança Pública do Estado como um ato covarde.

 

Início da maniefstação no Largo da Batata (foto: Giovanna Bittencourt)

 

Pouco depois das seis horas ambas as concentrações, a do Largo da Batata e do Teatro Municipal, iniciaram a manifestação. Foram quase três horas de caminhada sob garoa constante, porém mesmo nessas condições mais de 10 mil pessoas se somaram aos dois atos contra o aumento da passagem. Durante ambos os percursos foram cantadas muitas palavras de ordem denunciando o aumento: “3,80 o povo não aguenta” ou “mãos para o alto 3,80 é um assalto”. Ao fim da manifestação foi organizado um jogral, onde a manifestação denunciou que os aumentos nesse período de crise e desemprego são criminosos. Também foi anunciado que diversos terminais e vias da cidade foram fechados. Por fim, a quarta manifestação contra os aumentos da passagem foi convocada para o dia 19, terça-feira que vem.

 

Encerrada a manifestação, as pessoas se dirigiram para o metrô Butantã e Consolação, porém quando todos pensavam que desta vez não haveria repressão policial a PM organizou um cerco em volta das estações impedindo todos de entrarem. Nesse momento era possível ver mais policiais se dirigindo aos cercos batendo seus cassetetes em suas botas e em seus escudos. Não demorou muito para a primeira bomba ser disparada, dando início mais uma vez a repressão policial.

 

“É um absurdo que um aparelho do estado, que existe para garantir a segurança, coloque a vida dos manifestantes em risco. Somos contra este tipo de ação autoritária e violenta. É um absurdo a polícia militar fazer isso numa manifestação pacífica. É um absurdo que o estado mande a PM atrás da juventude e de estudantes que estão lutando pelos seus direitos. A UMES é totalmente contra essa repressão e violência, a polícia tratou mais uma vez os estudantes como bandidos e ladrões”, comentou Kauê.

 

(foto: Giovanna Bittencourt)

 

“Mas não vamos nos intimidar com os abusos policiais! Já está provado que quando a gente luta junto consegue vencer. Estas manifestações são muito importantes e queria convidar todos os estudantes para estarem presentes na próxima terça-feira, porque queremos saber para onde estão indo esses R$ 3,80, com o que é gasto. Esse dinheiro não está indo para a periferia, onde falta ônibus, onde tem ônibus quebrado, para as vias e malhas de ônibus e metro, que são totalmente insuficientes. Por isso temos que ir para a rua cobrar um transporte com valor justo, temos que ir para a rua barrar esse aumento e dizer para o governo que não vamos aceitar esse aumento!” Por fim Kauê lembrou que “não é todo mundo que tem passe livre, não podemos agir como se toda a sociedade tivesse passe livre. É um absurdo o governo aumentar a passagem nesse momento de crise, de famílias voltando o para a pobreza, e para a miséria”.

 

A próxima manifestação contra o aumento será realizada terça-feira (19), com concentração às 17 horas na esquina da Avenida Faria Lima com a Avenida Rebouças, próximo ao metrô Fradique Coutinho e Faria Lima. Se some a essa luta com a UMES, entre em contato pelo telefone 3289-7477, pelo Facebook ou e-mail umes@umes.org.br e organize você também a sua escola contra esse aumento da tarifa!

 

Governo estadual aprova resolução para superlotar salas de aula em até 10%

Estudantes da E. E. Maria José durante manifestação contra fechamento de escolas e superlotação

 

A Secretaria Estadual de Educação publicou no sábado, 9/01, uma resolução que “estabelece diretrizes e critérios para a formação de classes de alunos, nas unidades escolares da rede estadual de ensino”, revogando resolução anterior, de 2008.

 

A atual resolução mantém em seu artigo 2º o elevado número de estudantes por classe na rede estadual de ensino, a saber:

 

I – 30 alunos, para as classes dos anos iniciais do ensino fundamental;

II – 35 alunos, para as classes dos anos/séries finais do ensino fundamental;

III – 40 alunos, para as classes de ensino médio;

IV – 45 alunos, para as turmas de educação de jovens e adultos, nos níveis fundamental e médio.

 

Entretanto, faz ainda pior, pois no parágrafo 2º do mesmo artigo determina que:

 

“§ 2º – Excepcionalmente, quando a demanda, devidamente justificada, assim o exigir, poderão ser acrescidos até 10% aos referenciais estabelecidos nos incisos de I ao IV deste artigo.”

 

Ora, uma das razões para a nossa greve, iniciada em 13 de março e suspensa em 12 de junho de 2015, foi justamente a superlotação das classes, derivada, inclusive, do fechamento de pelo menos 3.390 classes no início do ano letivo.

 

Sabemos muito bem que os chamados “módulos” que determinam o número de estudantes por classe não são respeitados. Em 2015 houve classes com até 61 estudantes no ensino regular e com até 90 estudantes na educação de jovens e adultos. Na pauta da greve estava a reivindicação, que se mantém, de que o limite máximo seja de 25 estudantes por classe em toda a educação básica.

 

Pois bem, o Governo Estadual não apenas não tomou nenhuma medida nesta direção – recusando-se a negociar esta e outras reivindicações com a categoria – como, agora, torna oficial que avançará na superlotação das classes, fazendo exatamente o contrário do que desejam professores, estudantes e pais.

 

Pela resolução as escolas poderão, “excepcionalmente”, aumentar o número de alunos por classe dos anos iniciais do ensino fundamental de 30 para 33; de 35 para 38 nos anos finais, de 40 para 44 alunos no ensino médio e até 50 alunos na educação de jovens e adultos.

 

Se estivesse realmente preocupado com a qualidade do ensino, o Governo sinalizaria, ao contrário, com a redução de 30 para 27 alunos por classe nos anos iniciais do ensino fundamental; de 35 para 32 nos anos finais; de 40 para 36 no ensino médio e assim por diante, paulatinamente, até que se pudesse atingir os limites máximos reivindicados pela comunidade escolar.

 

Entretanto, a preocupação deste Governo não é com a qualidade da educação, mas com a redução de gastos, com a racionalização administrativa, com o “enxugamento da máquina” de acordo com a concepção de Estado mínimo adotada pelo PSDB. Este é o fundamento do fechamento de classes, da superlotação das salas de aula e da tentativa do Governo de realizar a “reorganização” da rede estadual de ensino, que implicaria no fechamento de 93 escolas e segmentação de outras 752. A unidade e a mobilização de professores, estudantes, pais e movimentos sociais bloqueou esta tentativa, levando inclusive a justiça a suspender o processo e determinar ao Governo que realize em 2016 um debate sobre a educação pública estadual, com participação popular.

 

 

A decisão da Secretaria da Educação de permitir o aumento do número de estudantes para além dos módulos estabelecidos, em vez de permitir a sua redução, mostra que nossa luta vai ter que continuar, pois não poderemos avançar na qualidade de ensino com superlotação de salas de aula.

 

Fonte: Apeoesp

 

Governo federal desvia royalties do petróleo da Saúde e Educação para pagar juros

 

A presidente Dilma Rousseff (PT) remanejou, por meio de medida provisória, R$ 31,4 bilhões do arrecadado no ano passado com royalties do petróleo, que deveriam ser destinados Saúde e Educação.

 

Em 2014, ano de sua reeleição, Dilma Rousseff garantiu que aplicaria o excedente de petróleo em saúde e educação. Seriam cerca de R$ 600 bilhões. Mas, a prática demonstra que o discurso da presidente na campanha era mentiroso. Promete, não cumpre, muda o combinado no apagar das luzes de um ano.

 

Na véspera do Natal foi publicado no Diário Oficial da União a Medida Provisória 704 (MP 704), que permite remanejar superávit de fontes com finalidades específicas. A MP autoriza o uso das fontes de recursos existentes no Tesouro, relativas ao superávit financeiro, para cobrir despesas correntes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União. E no fim de 2015, ela serviu para pagar subsídios aos empresários que pegaram empréstimos baratos junto aos bancos federais.

 

Em nota conjunta os ministérios da Fazenda e do Planejamento explicaram o objetivo é autorizar o uso do superávit financeiro das fontes de recursos existentes no Tesouro Nacional ao fim do ano passado para cobrir despesas correntes de 2015. “Só seria possível utilizar tais recursos financeiros exclusivamente para as despesas que atendam o objeto da vinculação”, afirmam a Fazenda e o Planejamento.

 

Isso quer dizer, no caso dos royalties, que o governo não aplicou e gastou os recursos com educação e saúde, deixou o dinheiro no caixa e no fim do ano criou um meio de gastar o dinheiro com outra coisa que julgasse, então, necessário. Se vivêssemos num país onde a Saúde e a Educação fossem sistemas em boas condições, o povo satisfeito, seria uma situação. Porém, a saúde está a beira de um colapso, falta insumos básicos, cirurgias em todo país sendo cancelas por falta de recursos, só no governo Dilma mais de 13 mil leitos foram fechados. Na educação a situação não é nem um pouco melhor. Em 2015 vimos a principal Universidade Federal do país, a UFRJ, adiar o início das aulas, a luz na federal da Bahia foi cortada, os salários dos servidores atrasou. E foi nessas condições que a presidente optou mais uma vez em cortar recursos dessas áreas. O governo teve coragem de afirmar que o objetivo da MP é corrigir distorções. “Ressalte­-se que não se trata de eliminar as vinculações legais atualmente existentes, mas apenas corrigir eventuais distorções”, afirma a nota.

 

Até então, só seria possível utilizar tais recursos financeiros exclusivamente para as despesas que atendam o objeto da vinculação, no caso a Saúde e a Educação.

 

“Porém, as vinculações de receitas não coincidem, necessariamente, com a maior parte das demandas da União, na medida em que, para o atendimento de algumas despesas, não há suficiência de recursos arrecadados”, afirmou o governo.

 

Fonte: Jornal Hora do Povo

 

Estudantes voltam às ruas contra o aumento da passagem em São Paulo

 

“É inaceitável que em apenas dois anos a passagem aumente quase 30%. Não é justo, o transporte não é de excelência, não atende a necessidade da população, não há nada que justifiquei um preço tão alto”, afirmou o presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo, Marcos Kauê, no último dia 12, durante a segunda manifestação contra o reajuste da tarifa de ônibus e metro, que foi anunciado pelos governos estadual e municipal no penúltimo dia de 2015.

 

Entre o final de 2013 e o final de 2015, a passagem saltou de R$ 3,00 para R$ 3,80. Um aumento de 27%. A inflação acumulada do período foi de 17,76%. Desde o dia nove está em vigor o valor reajustado. No dia oito aconteceu a primeira manifestação contra o aumento que contou com mais de cinco mil participantes. Na última terça-feira (12) aconteceu a segunda.

 

A revolta da população com o aumento é grande, mas o que mais chamou atenção na manifestação desta terça foi a desproporcionalidade da ação da Polícia Militar do Estado de São Paulo durante o protesto.

 

A Polícia Militar lançou uma bomba de efeito moral a cada sete segundos para dispersar o ato na Avenida Paulista. A contagem foi feita com base em um vídeo divulgado do coletivo Território Livre, grupo que apoia as manifestações contra o aumento da tarifa. Em seis minutos de imagens foram lançados pelo menos 49 artefatos explosivos contra um grupo que estava confinado dentro dos cordões de policiais.

 

No encontro da Avenida Paulista com a Rua da Consolação começou o ataque. A PM queria que os manifestantes seguissem pela Rua da Consolação, sentido centro, onde todo efetivo da tropa de Choque foi montado para este trajeto. E os manifestantes queriam seguir sentido Av. Rebouças, rumo ao Largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.

 

Os homens do Choque e os blindados israelenses foram posicionados de uma forma que impedia a descida da manifestação pela Avenida Rebouças até o Largo da Batata. Nesse momento a polícia armou um cerco na manifestação, encurralando a todos. Os policiais foram na direção dos manifestantes que tentavam correr e de costas para os agentes do Estado, apanharam de cassetetes, levaram bala nas costas, na cabeça, bombas gás lacrimogêneo e spray de pimenta.

 

Após o ataque aos manifestantes, o secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, negou haver abusos por parte da corporação.

 

A Polícia Militar optou por uma tática de repressão à manifestação condenada por organizações de direitos humanos e pelo próprio manual de conduta da corporação. Kettling (ou panela de Hamburgo) consiste em cercar e isolar as pessoas dentro de um cordão policial. Foi exatamente o que ocorreu na Paulista. Isolados por cordões policiais que não permitiam que ninguém entrasse ou saísse da manifestação, os manifestantes foram surpreendidos com incontáveis bombas de gás lacrimogênio.

 

A tática viola o próprio Manual de Controle de Distúrbios Civis da Polícia Militar, quando trata sobre o tema. “A multidão não deve ser pressionada contra obstáculos físicos ou outra tropa, pois ocorrerá um confinamento de consequências violentas e indesejáveis”, diz o Manual de Controle de Distúrbios Civis da Polícia Militar, item 3.2.1.

 

Fonte: Jornal Hora do Povo

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UMES lança “Os Azeredo mais os Benevides” em CD

Elenco da peça e diretoria da UMES reunidos no palco

 

A UMES, através do CPC-UMES, possui um destacado trabalho musical com vasto repertório que resultou na produção de 133 CD's, que podem ser adquiridos pelo telefone 5081-2106. Conheça um pouco desse nosso repertório musical na Rádio UMES!

 

Neste sábado (19) a UMES realizou o lançamento do CD “Os Azeredo mais os Benevides”. Trata-se da trilha sonora da peça de Vianinha (Oduvaldo Vianna Filho), que iria inaugurar o teatro da UNE em 1964. Porém com o criminoso incêndio do teatro e sede da UNE, durante a madrugada na qual foi perpetrado o golpe militar de 1º de abril, a peça permaneceu inédita até o ano de 2014, quando o CPC-UMES decidiu, com a direção de João das Neves, produzir e lançar a obra nos palcos da entidade.

 

“Uma funda amizade/ aqui começou./ Um doutor lá da cidade/ e um camponês, meu amor”, canta Lindaura sobre o início da amizade entre seu marido, o camponês Alvimar e o dono de terras Esperidião. A peça, assim como o CD falam desta amizade que vai se desmontando com o passar dos anos, embora ambos se obstinem na sua preservação. Para João das Neves a obra de Vianinha, assim como a peça “Os Azeredo mais os Benevides”, busca a verdade. “Verdade que, como a impossível aliança de Alvimar e Esperidião é, no fundo: ‘A luta do homem no mundo’”.

 

Público presente no lançamento

 
A abertura do lançamento do CD foi realizada por Marcos Kauê, presidente da UMES, que saudou e agradeceu a presença de todos. “É muito bom participar dessa experiência e conseguir lançar o CD de uma peça que foi tão especial e marcante na vida dessa diretoria da UMES. Se trata de uma obra que deveria ter sido lançada há 50 anos no CPC da UNE, e que permaneceu inédita devido ao golpe militar, e nós conseguimos apresenta-la. São músicas muito boas e com o lançamento do CD poderemos guardar um pouco dessa história com a gente. Gostaria que todos ficassem muito a vontade. Aqui é a casa dos estudantes, mas também é a casa de todos vocês”.

 

“Hoje é uma noite de confraternização. Essa peça é uma história que começou há 51 anos. Era uma peça que iria inaugurar o teatro da UNE, na famosa Praia do Flamengo, número 132, e na noite de 1º de abril de 1964 os golpistas chegaram lá e tocaram fogo no teatro e na própria sede da UNE”, afirmou Marcus Vinicius, diretor artístico da Gravadora da UMES e responsável pela música da peça, em conjunto com Edu Lobo.

 

Após a fala de Kauê toda a diretoria foi chamada ao palco sob muitas palmas, enquanto Marcus explicava ao público que o trabalho da diretoria da UMES e dos secundaristas da cidade de São Paulo é responsável pelo financiamento de todo o trabalho cultural da entidade. “Estes são nossos patrões”, disse se referindo aos diretores presentes, “são eles os responsáveis por esse belíssimo trabalho cultural”.

 

Diretoria da UMES recebe homenagem de Marcus Vinicius

 

Logo em seguida foram chamados ao palco o elenco da peça, e Marcus prosseguiu explicando um pouco mais sobre a história e a importância desta obra de Vianinha. “A peça ‘Os Azeredo Mais os Benevides’, que estava sendo ensaiada, e tinha no elenco Nelson Xavier, que era o diretor, mas tinha o João das Neves, permaneceu 50 anos inédita em palcos profissionais, chegou a ser ensaiada em algumas grandes escolas, era quase um grande exercício, mas chegar aos palcos profissionais a peça não chegou. E o CPC da UMES topou esse desafio e chamou uma pessoa, o João da Neves. E o João disse: ‘vamos fazer!’. Topou a briga com a gente”.

 

Sobre a música da peça Marcus contou que “o Edu Lobo, que na época [1964] tinha 21 anos, estava fazendo a música. É claro que ele fez uma música, que era ‘Chegança’, e pelo que sabemos não chegou a compor nenhum outro tema. Aí o João disse: ‘será que o Edu não fez’. E eu disse: ‘eu acho que não. Mas vamos lá falar com o Edu’. Acho que o Edu nem lembrava. Então o João me convidou e eu concordei. Aí disse ao João, que é um grande trabalhador da cultura, um grande batalhador da cultura: ‘olha eu vou fazer, vou complementar esse trabalho, mas é uma responsabilidade danada’, história contada minuciosamente no encarte do CD”.

 

“E tudo isso devido a uma ‘censura de 50 anos em cima do povo brasileiro, da história do povo brasileiro. Botar essa peça em cena e ter esse disco é também uma coisa importante por que a memória do teatro brasileiro é uma coisa muito tênue. Se achar texto é uma dificuldade imagine achar música. Então esse CD a gente buscou fazer situando historicamente a peça, fazer um apanhado, buscar os antecedentes históricos do que foi aquilo tudo. É um projeto que eu espero conseguir fazer com outras peças. Alias é um projeto antigo que eu tenho fazer uma serie chamada “A música do teatro brasileiro”. Que é uma muito difícil encontrar. Eu até já andei tentando. Tem uma ou outra coisa que a gente encontra, e essas fontes são cada vez mais raras”.

 

Elenco e Marcus Vinicius comentam sobre o lançamento do CD

 

Em seguida Marcus deu a palavra ao elenco. A primeira a falar foi Graça Berman, que interpretou a mãe de Esperidião. Ela agradeceu a UMES por participar de todo o processo e resgatou sua ligação com a entidade graças a Denoy de Oliveira. “Fiquei muito feliz de participar deste processo, obrigada a UMES. Quando conheci a entidade eu já era amiga do Denoy de Oliveira. Ele era nosso amigo e nosso companheiro”. (Denoy era cineasta e foi um dos responsáveis pela organização do trabalho de cultura da UMES, consolidado através do CPC-UMES. Ele em conjunto o próprio Vianinha, João das Neves e outros artistas de destaque, integrava o CPC da UNE. Hoje em sua homenagem o teatro da UMES se chama “Cine-Teatro Denoy de Oliveira”.)

 

Graça falou um pouco de sua relação com Denoy, e após denunciar o completo descaso governamental com a cultura popular e sua distribuição, problema crônico que cria um bloqueio entre o público e a produção nacional, lembrou um pouco como se integrou ao elenco da peça. “Quando abriu o teste para vir para cá, no teatro Denoy de Oliveira, vim, fiz o teste e passei. Eu fiquei muito feliz! Sei que foi um investimento caro, um investimento difícil da UMES, mas valeu a pena e vocês estão de parabéns”. Sobre as músicas ela disse brincando que “pouco cantava na peça, porque eu era burguesa e burguesa não canta, quem canta é o povo”. Ao abordar a dificuldade de registro das músicas no teatro ela afirmou que “ter um CD gravado imediatamente após a realização da peça é ótimo”, ponderando também que com o passar do tempo as partituras se perdem, assim como as próprias músicas. Por fim parabenizou a UMES e o Marcus Vinicius pelo lançamento do CD.

 

Marcus Vinicius autografa CDs durante coquetel

 

Estavam presentes diversos membros do elenco e corpo técnico da peça, que contaram sua experiência e agradeceram a UMES por empreender esse trabalho tão importante para o teatro e a cultura brasileira. Após a fala de todos teve inicio o coquetel, que contou com champanhe, refrigerante e alguns quitutes, enquanto Marcus Vinicius e os demais membros do elenco autografavam os CDs, vendidos a R$ 30,00.

 

Ocupar as ruas por uma escola melhor em 2016

 

A UMES realizou sua última atividade do ano de 2015 ao reunir estudantes das principais escolas da cidade de São Paulo na plenária “Mobilizar e avançar por uma escola melhor”, realizada na tarde desta sexta (18). A atividade estabeleceu as primeiras ações de 2016 para acabar de vez com a superlotação das salas de aula, a aprovação automática e o abandono e sucateamento de nossas escolas.

 

Enquanto o vice-presidente da UMES, Tiago Cesar, coordenava as inscrições, Marcos Kauê, que é presidente da entidade abria os trabalhos e iniciou a discussão. “O governo dizia que ia fechar escolas e dividir as demais em ciclos porque tem uma rede de seis milhões de vagas com apenas quatro milhões de alunos matriculados. Nós ocupamos as ruas e mais de 200 escolas para provar que isso era mentira. Para provar que na verdade nossas salas estavam superlotadas e abandonadas, que não tínhamos nem mesmo laboratórios, cadeiras e mesas”, afirmou Kauê, que em sua fala apontou o caminho da luta em 2016. “A nossa pauta para o ano que vem precisa ser construir uma escola de qualidade, o que nesse momento quer dizer acabar com a superlotação de nossas salas. E por isso é fundamental afirmar os grêmios dentro das escolas, que foram os responsáveis pela direção das ocupações, como foi no Saboia, Astrogildo e Caetano”.

 

“Quando visito as escolas hoje em dia vejo muitos absurdos. Os laboratórios não funcionam, e nas poucas escolas que os laboratórios têm condições, as aulas não ocorrem porque não suportam quarenta, cinquenta ou sessenta alunos. Vejo que na maioria das salas os alunos que chegam mais tarde precisam buscar cadeiras ou mesas em outras salas, e quando não acham ficam nos corredores. A Lei de Diretrizes e Bases afirma que o máximo de alunos por sala deve ser quarenta, então precisamos distribuir esses quatro milhões de alunos em todas as escolas da cidade para chegar pelo menos nesse patamar. E uma proposta de fechar escola não é coisa de gente séria, ainda mais quando o país enfrenta uma de suas piores crises, com milhões de desempregados e a inadimplência estourando nos colégios privados como diz a pesquisa do Serasa”. Entre os pais consultados pela pesquisa citada por Kauê, que aponta um crescimento de 27,2% na inadimplência das escolas privadas, o maior problema para pagar as mensalidades está no crescente desemprego observado no país.

 

 

A reunião além de definir a jornada de lutas para o início do ano de 2016, também discutiu a redação de um jornal para ajudar na mobilização. “Hoje a nossa escola não interessa a ninguém. O espaço mais parece um cárcere abandonado e sucateado. E muitas vezes, infelizmente, é o único equipamento público dentro da comunidade, quando o Estado deveria pela Constituição garantir não só educação de qualidade, como promover acesso à cultura, esporte e lazer. Além disso, a realidade nos apresenta uma escola defasada, onde não há esperança para a formação de jovens críticos e ativos politicamente. É uma escola que não prepara para a vida ou para o mundo do trabalho, assim como não abre perspectivas para o acesso a universidade”.

 

Mais adiante o texto discute o método de ensino que não evolui ou é aperfeiçoado há anos. “O método de ensino é velho e ineficaz. Costumam dizer que um médico do século XIX não opera numa sala de cirurgia atual, mas um professor do século XIX facilmente dá sua aula na sala que temos hoje”. E também denúncia os cortes do governo federal na educação. “Não podemos esquecer os cortes de verbas que estamos enfrentando, que só fazem agravar nossa situação. Apenas esse ano foram mais de R$ 11,4 bilhões cortados pelo Governo Dilma na educação”.

 

Ao tratar da redação do jornal para o ano que vem Kauê afirmou que será um instrumento para facilitar o debate e derrotar de vez a superlotação das salas de aula. O que foi consenso entre todas as lideranças presentes. “Ao invés de discutir o fechamento das escolas precisamos discutir a contratação de novos professores”, disse Kauê ao pedir para que no plenário levantassem as mãos os alunos que não tiveram aulas vagas. Todos os mais de 40 alunos presentes permaneceram com as mãos abaixadas. “A realidade de nossas escolas é a superlotação e as aulas vagas. O colégio Objetivo [disse Kauê, ao se referir a uma estudante desta escola presente na reunião] tem 30 alunos por sala, e o resultado é que é uma das escolas que mais aprova na USP. Isso é que o acontece quando se tem 30 alunos por sala, com professores bem pagos, sem aula vaga, e com uma estrutura mínima para os alunos se sentirem a vontade”.

 

 

Para Bismarck Lucas, presidente do grêmio da E. E. Astrogildo Arruda, desocupada nesta segunda (18), “vencemos a luta para evitar o fechamento de nossa escola, agora é conquistar uma escola pública de qualidade. Precisamos de outra escola”, afirmou. Para ele é preciso pressionar os governantes para investirem mais recursos na educação, movimento contrário ao dos governos federal ou estadual, já que ambos cortaram da educação. Neste ano letivo Alckmin cortou mais de R$ 470 milhões do ensino público, e ainda tentou fechar centenas de escolas.

 

Para Natalia Prete, presidente do grêmio da E. E. Amador e Catharina e diretora da UMES, o governo de São Paulo não construiu nenhuma escola em mais de 20 anos, mas construiu presídios. “A única coisa que aumenta em nossas escolas é o número de alunos por sala e a quantidade de grades. Nossa luta é para aumentar o investimento na educação e acabar com a superlotação”. Para Juliana Costa, do Astrogildo, é justo concentrar na luta contra a superlotação mas “a luta contra a reorganização precisa continuar. Ano que vem essa proposta para fechar escolas pode voltar. Precisamos mobilizar os estudantes para garantir que não fechem a nossa escola”.

 

O presidente do grêmio da E. E Saboia de Medeiros, Pedro Vieira, explicou a superlotação em sua escola. “Na lista do sistema do governo [GDAE -Gestão Dinâmica de Administração Escolar], o 1º B por exemplo tinha quase 72 alunos”, denunciou. Já Danrlei Soares, da Etec Takashi Morita disse que a superlotação é um problema crônico. “No Takash minha sala tem 42 alunos, é muita gente”, disse ao ponderar que está quase dentro do limite da LDB. “Com tanta gente não da para mexer nos equipamentos dos laboratórios, porque com mais de 40 alunos é impossível”. Ao lembrar a má gestão tucana ele comentou que sua escola é uma Etec industrial que não suporta os equipamentos no prédio. “Se colocar os equipamentos o prédio cai”.

 

Assim seguiu a reunião, com diversas lideranças secundaristas relatando suas experiências escolares e apontando o caminho que acreditam ser mais correto para acabar com a superlotação. Stefano R. V. Boas, da E. E. Santos Dias da Silva, por exemplo, ao comentar que a superlotação é um problema disse que “o governo precisa construir mais escolas e contratar mais professores”. Já Mateus Lopes da E. E. Maria José (Mazé) concordou. “Aqui no Mazé tinha 18 pessoas na minha sala do segundo ano do ensino médio. Mas no 2B tinha 52 alunos presentes, parecia até um formigueiro”. O presidente do grêmio da Etec Getúlio Vargas, Lucas Chen, seguiu o mesmo raciocínio. Para ele a “luta contra a superlotação se tornou um consenso dentro das escolas e na sociedade após as ocupações”.

 

 

“Nossas escolas têm grades para economizar com segurança. Contratar um segurança para cuidar da escola durante a aula e a noite seria muito melhor, mas seria mais caro. E as ocupações deixaram evidente que nossas escolas estão abandonadas. Acabar com a superlotação é importante, mas melhorar a infraestrutura é fundamental para essa luta” afirmou Mateus Mota Gomes, E. E. Armando Gomes Araujo, que apontou a necessidade de integrar melhor as escolas com a comunidade.

 

Por fim a diretora da UMES Keila Pereira fez uma conta rápida. “Supondo uma sala de aula onde a situação é mais amena, com digamos 40 alunos, em uma aula de 50 minutos… se o professor demorar 30 minutos para explicar a matéria resta 20 minutos para os alunos tirarem dúvidas. Isso da 30 segundos de atenção para cada aluno. Mas a realidade não é nem mesmo essa. A nossa experiência demonstra que uma sala de aula com menos de 40 alunos é exceção, e na verdade em uma aula de 50 minutos na melhor das hipóteses o professor gasta 10 minutos fazendo a chamada e mais 15 só para conseguir organizar a sala para a aula”.

 

Marcus Vinicius apresenta trilha de “Os Azeredo Mais os Benevides”

 

O Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (CPC-UMES) lançará, no próximo sábado (19), no CINE-Teatro Denoy de Oliveira, o CD com a trilha sonora composta especialmente para a peça “Os Azeredo Mais Os Benevides”, de Oduvaldo Viana Filho (Vianinha). Em entrevista exclusiva para a Hora do Povo, o maestro Marcus Vinícius, compositor da trilha, diretor artístico e compositor da Gravadora CPC-UMES, presidente da Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes – Sociedade Musical Brasileira (AMAR- Sombras), fala sobre o projeto.

 

HORA DO POVO – “Os Azeredo Mais Os Benevides” iria inaugurar o teatro da UNE, em 1964. A trilha musical estava sendo composta por Edu Lobo, que já havia feito "Chegança", para o espetáculo. O golpe que depôs o presidente João Goulart impediu que isso acontecesse e o prédio da UNE foi incendiado na madrugada do dia 1º de abril. A peça permaneceu inédita por 50 anos, até que o CPC-UMES realizou a montagem com direção do João das Neves… Como é continuar esta obra musical que Edu Lobo começou?

 

MARCUS VINÍCIUS – É sempre um desafio. Aliás, é a segunda vez que isso acontece comigo, como eu disse no texto que escrevi para o encarte do CD Os Azeredo Mais os Benevides. A primeira vez foi há 35 anos, quando fui chamado pra fazer a direção musical e criar os arranjos e a música de cena da peça Calabar (de Chico Buarque e Ruy Guerra), que havia ficado proibida pela censura. Quando a peça foi liberada para encenação, o Edu não mais estava no projeto e eu tive de assumir, a convite do diretor Fernando Peixoto. No presente caso d' Os Azeredo…, eu não "continuei uma obra", pois o Edu, aos 21 anos de idade, tinha feito para esta peça apenas uma música, a famosa "Chegança". Antes de fazer outras músicas para a trilha, veio o golpe de 1964, o teatro da UNE (e a própria UNE) foi incendiado e a peça jamais estreou. Quando agora fui convidado pelo diretor João das Neves para fazer a música da peça e reli o texto depois de muitos anos, fiquei espantado ao ver que as letras das músicas estavam apenas esboçadas, o que é mais uma prova de que o Edu não chegou a trabalhá-las, pois caso o tivesse feito alguma coisa teria chegado ao nosso conhecimento. Pelo menos ao meu, que sou "rato" de repertório e lembro de muitas coisas que até os próprios autores esqueceram. O mais inquietante nessa história, para mim, é imaginar o que o Edu teria feito caso as baionetas dos golpistas de 1964 não tivessem impedido a estreia da peça. Qual seria a música que o Edu teria composto? Há também um componente emocional muito grande em tudo isso, que é o fato de termos voltado a contar, em 2014, uma história interrompida há 50 anos!! Na realidade estamos contando duas histórias: a do enredo da peça propriamente dita e a nossa própria história como 'bons malucos" que estão reacendendo a saga de uma geração cujos sonhos foram interrompidos. É mais ou menos como fez o cineasta Eduardo Coutinho, que retomou o filme "Cabra Marcado pra Morrer" vinte anos depois do golpe de 64, fazendo uma espécie de "filme dentro do filme". Nossa encenação e, principalmente nosso CD, tem um pouco dessa magia. Eu me lembro muito bem da noite de Primeiro de abril de 1964: eu tinha 15 anos e lá na Paraíba ouvi, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, o Dias Gomes narrando a ofensiva dos golpistas e o incêndio da UNE. Nunca imaginei que, aos 65 anos, iria compor a música da peça que foi "calada pelo fogo". E me surpreendo que tudo isso me pareça coisa acontecida ontem, uma simples virada de página.

 

HP – Na peça, a música cumpria papel fundamental, até mesmo, de esclarecimento, elucidação. Fale um pouco sobre o papel das músicas para a obra e sobre o seu processo de criação.

 

MV – Na música, tudo tem significado. Mesmo a música sem palavras sempre diz alguma coisa. Uma vez, numa campanha publicitária, me pediram pra fazer um jingle em que a letra não precisaria dizer nada. Eu então falei: isso aí é impossível de fazer, pois qualquer baboseira que se escreva vai sempre significar algo, queira você ou não. Brecht usava o conceito de gestus para explicar que na música, especialmente na música dramática, os ritmos, os instrumentos, os arranjos, as formas de cantar, etc., sempre tinham um "conteúdo" próprio e não deveriam trair a mensagem da peça, até por fazerem parte dessa própria mensagem. Um exemplo possível para explicar isso seria o piano, instrumento cujas sonoridades inevitavelmente remetem aos salões da burguesia urbana: alguém poderia imaginar uma cena rural, um conflito agrário, p.ex., sendo acompanhado com piano? Ou imaginar uma canção de ninar tocada com guitarras heavy metal? Pode até ter algum maluco que faça isso, mas certamente ele não estará ligando o nome à pessoa… A música para teatro, mais que qualquer outra, tem de estar muito relacionada não só à letra, mas à narrativa dramática, aos climas cênicos, etc. Assim, não compreendo como a música não seja um elemento de esclarecimento, de elucidação e meu método de trabalho tá muito ligado a isso. Geralmente quando começo a compor para teatro ou cinema, já tenho claro o que quero dizer – aliás, a própria música me indica o que devo dizer e como dizer. Ela, de certa forma, é que me compõe, ou se compõe a si própria. Na trilha musical d'Os Azeredo… a primeira coisa que compus foi a música de encerramento, pois na hora que defini o que deveria dizer ao fim do espetáculo, todo o resto ficou bem mais fácil.  

 

HP – Existem canções feitas por você, e outras de domínio público em que você criou o arranjo, por que escolher essas canções?

 

MV – Tanto na peça como no CD d'Os Azeredo… há dois tipos de música. Há aquelas que foram compostas especialmente para o texto da peça, a partir da concepção original do dramaturgo, e aquelas que foram adicionadas posteriormente, geralmente para atender a uma necessidade da encenação. As músicas que compus, assim como a Chegança do Edu, são do primeiro tipo. Já as músicas (muito boas por sinal) compostas pelo Léo, pela Erika e pelo João da Neves, assim como as obras de domínio público utilizadas na peça, devem ser tidas como "música adicional" visto terem sido acrescentadas ao espetáculo durante o processo de montagem. Isso não significa que elas estejam numa categoria inferior, nada disso. As obras de domínio público, indicadas pelo João das Neves, foram extraídas de alguns antigos documentários do Leon Hirszman, que aliás foi um dos fundadores do CPC da UNE, ou seja, estamos todos em casa… Já os arranjos da peça e do CD não são meus, foram criados pelo diretor musical Léo Nascimento, a ele cabendo todo o mérito.

 

SERVIÇO: Cine-Teatro Denoy de Oliveira – Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista – São Paulo. Entrada franca. Telefone: 3289-7475. Lançamento 19 de dezembro, às 20 horas.

Astrogildo: foi muito gratificante revogar o fechamento da escola

 

Durante desocupação estudantes comemoram vitória sobre decreto que instituía o fechamento de unidades escolares

 

Nesta segunda-feira os estudantes da E. E. Prof. Astrogildo Arruda realizaram a desocupação da escola após 29 dias de ocupação. “’Não tem arrego, queremos educação de qualidade!’ Esse foi o nosso recado para aqueles que pretendiam fechar o Astrogildo e tantas outras escolas”, disse o presidente da UMES, Marcos Kauê, durante reunião com estudantes da ocupação, pouco antes da chegada dos funcionários da Diretoria de Ensino e da direção escolar que receberiam dos alunos as chaves da escola.

 

“A primeira etapa da nossa luta, por educação pública de qualidade, nós vencemos. E essa luta foi conseguir ocupar as escolas contra o decreto da reorganização que instituía o fechamento das escolas. Agora precisamos nos organizar para o ano que vem”, disse Kauê, que convidou os estudantes para a plenária da próxima sexta (18), às 14 horas. “Porquê? Porque precisamos chamar essa galera das ocupações e nos preparar para o ano que vem. O governo já disse que vai discutir no ano que vem a reorganização. E os estudantes de cada escola precisam ter um documento dizendo que somos contra a reorganização, afirmando o que queremos dentro da escola. E isso nós vamos entregar para os nossos pais e para toda a comunidade”.

 

“Essa nossa foi a nossa primeira vitória. E com ela conseguimos derrubar um secretário de Educação que defendeu fechar escola, e junto foi o seu chefe de gabinete. E isso não acontece há muito tempo em São Paulo, foi uma vitória muito grande. Então precisamos nos organizar para esse próximo período. A nossa plenária vai discutir duas coisas, o documento que vamos escrever e as nossas ações contra a reorganização, contra a aprovação automática, por melhores salários para nossos professores. Por uma escola do tamanho dos nossos sonhos”, completou.

 

 

Durante a reunião os estudantes organizaram os últimos preparativos para a entrega das chaves a diretora do Astrogildo, Sandra Ferreira, e ao representante da Diretoria de Ensino Leste 2, Paulo Ferreira, que se definiu como “executivo público”. Ambos chegaram por volta das 13:20 horas, e deram início a vistoria da escola, que foi realizada com a presença de uma comissão composta pelo presidente do grêmio da escola, Bismarck Lucas, e por caio Guilherme, membro da diretoria da UMES.

 

Enquanto realisavam a vistoria Bismarck salientava o trabalho dos estudantes em cada espaço vistoriado, ressaltando que as salas de aula, corredores e outros espaços da escola foram varridos, assim como foram limpas as pichações, um trabalho que deixou o banheiro da escola limpo como nunca se viu antes. Até mesmo a diretora reconheceu em muitos momentos que os estudantes deixaram a escola melhor do que a encontraram antes da ocupação.

 

Da direita para esquerda, Paulo Fernandes, da Diretoria de Ensino, Bismarck, presidente do grêmio, e a diretora Sandra de vestido preto junto a alunos e funcionários da escola durante vistoria

 

Ainda no início da vistoria o representante da Diretoria de Ensino orientou a diretora Sandra a redigir um relatório sobre a ocupação contendo um levantamento completo das ações dos alunos na escola, documento que deve incluir um inventário completo dos bens da escola. A ação, organizada pela Secretaria de Ensino, teve início pela secretaria escolar, e assim seguiu até o pátio da escola com Sandra e Paulo fotografando cada item depredado na escola.

 

Caio, preocupado com a possibilidade da secretaria incriminar a ocupação pela depredação e abandono de anos, devido ao sucateamento dos últimos anos observado nas escolas de São Paulo, indagou Paulo se “as diversas portas quebradas e salas com o forro ou teto furado e esburacado” seriam relatados no relatório com o compromisso de não incriminar os estudantes injustamente, se referindo a diversos casos relatados pela Secretaria de Ensino, e repercutidos na grande imprensa, na tentativa de constranger as ocupações e os estudantes. “A cozinha tinha uma porta quebrada e também um buraco no teto. Temos o seu compromisso de que esse relatório vai ser honesto e não responsabilizar a ocupação por todos esses problemas que já existiam antes da ocupação?” Paulo respondeu que o relatório vai ser redigido em conjunto com os estudantes, e vai levantar todos os problemas.

 

Paulo Fernandes, Bismarck Lucas e Sandra Fernandes assinam juntos o termo de compromisso do grêmio

 

Depois disso ao chegar a cozinha Paulo indagou a diretora sobre uma porta quebrada ao meio e um buraco no teto. Sandra disse que a escola havia sido invadida duas vezes nos últimos meses, e perguntou ao representante da secretaria se era necessário fazer um Boletim de Ocorrência, ele respondeu de forma positiva. Outro problema verificado foi uma invasão a escola durante a ocupação, onde jovens do bairro fizeram uma fogueira na porta de entrada da secretaria, que fica do lado de fora da escola, e de frente para um muro que da para a rua. A fogueira danificou a pintura e uma pequena parte do forro do teto da pequena área localizada na frente da secretaria escolar. A esse respeito Bismarck disse que fará o Boletim de Ocorrência ainda esta semana, para garantir que a ocupação não seja prejudicada.

 

Ao fim da vistoria Sandra, Paulo e Bismarck assinaram um termo de compromisso, redigido pelo grêmio, onde a escola e a Diretoria de Ensino se comprometiam a devolver para o grêmio a sala do grêmio. O documento também atestava a integridade da escola após a ocupação. Ambas as autoridades assinaram o termo sem nenhum problema. Nesse momento estava presente também o advogado da ocupação, sr. João Ananias, morador do bairro que atuou em outras ocupações da zona leste por se sensibilizar com a luta dos estudantes (veja abaixo trecho de sua entrevista).

 

Grêmio

 

“No começo estávamos meio perdidos, e a conscientização do movimento foi puxada por mim e outros estudantes. Nós estávamos com isso na cabeça e começamos a falar com os estudantes que precisávamos ocupar. A ideia ficou mais concreta, e ocupamos no dia 16 de novembro. E conforme estávamos ocupados tomamos mais consciência das leis, das liminares que nos protegiam e asseguravam a ocupação. E para além da vitória, construímos uma irmandade entre os estudantes. Dormimos na escola durante quase um mês, criamos um laço muito grande. Eu mesmo fiquei amigo de pessoas que eu nem imaginava, que eram totalmente distintas. E vimos pessoas que não tinham ciência nenhuma de política desenvolver senso crítico”, comentou Bismarck Lucas, presidente do grêmio da escola, que se forma em 2015, no 3º ano do ensino médio. Ele diz sair tranquilo da escola, com a certeza de que o grêmio e a organização dos estudantes se fortaleceram na ocupação.

 

Jefferson Fernando, Erick Soares, Kauê, Bismarck e Caio

 

Bismarck comentou que está muito orgulhoso de ter participado da ocupação, e disse que foi uma grande satisfação garantir que sua escola permaneça em funcionamento. “Foi uma experiência fora de serio. A visibilidade que conquistamos. E no fundo os meus planos são de continuar na escola, temos diversos projetos, tem a UMES que posso ajudar muito, quem sabe ser um diretor específico do Astrogildo”. Pensando no futuro ele comentou que deseja continuar trabalhando na escola. “E vamos dizer que de uma forma ou de outra, eu não diria ganhar a vida, mas ganhar satisfação na vida aqui”.

 

Para Jefferson Fernando, estudante do 2º ano do ensino médio da escola, “acima de tudo a ocupação foi uma experiência gratificante. Foi muito gratificante ter feito parte de tudo isso. No começo fomos pegos de surpresa, mas quando a gente ficou sabendo, a gente se uniu. Todos se uniram e decidimos que íamos lutar por essa causa, decidimos que íamos comprar e apoiar essa causa. A gente foi vendo as outras ocupações e os projetos. A nossa escola foi a primeira escola da Leste 2 a ser ocupada”.

 

“No começo foi meio tenso, porque enfrentávamos alguns que não apoiavam, pessoas que eram contra. Enfrentava até um pouco de reprovação por parte de alguns alunos. Mas conseguimos, nos mantemos firmes e fortes até o final, e conseguimos essa conquista de manter a escola aberta. E agora a gente tem o apoio de grande parte dos alunos, porque eles viram que da resultado. Porque na maioria das vezes que falávamos com eles, eles falavam ‘isso não vai dar certo, isso não tem jeito, eles [o governo] já decidiram’. E deu certo. A nossa força, a nossa união, o nosso coletivo teve força, não somente a nossa escola, mas diversas escolas, para revogar a reorganização. É um sentimento de gratificação mesmo”.

 

Ao falar dos projetos do grêmio para o ano que vem Jefferson disse que a grande luta será manter os alunos conscientizados e integra-los junto a suas famílias a escola.

 

Solidariedade

 

Um dos professores da escola, que preferiu se manter anônimo devido a possíveis perseguições por parte da Secretaria de Ensino, afirmou que a ocupação e todo o cuidado dos estudantes pela escola foi “uma surpresa”. “Eles exerceram o direito deles de cidadãos, afinal é um espaço deles. Foi também uma surpresa ver que a escola está bem preservada pelos alunos, os banheiros estão limpos, aliás nunca estiveram tão limpos. Foi um movimento legítimo deles, não houve nenhuma violência ou depredação. E fica a lição de como lidar com eles, de saber que são capazes de ser cidadãos e exercerem coisas maiores”. Para o professor a conquista dos estudantes foi uma vitória histórica. “Não deixem que isso seja esquecido. A luta pela educação não acabou, haverá novos passos”.

 

Vistoria do banheiro da escola, que devido a ocupação estava limpo e sem nenhum pichação

 

Para o advogado da ocupação defender os estudantes “foi uma experiência muito diferente. Em 1995 tive familiares envolvidos na reorganização que demitiu milhares de professores e fechou dezenas de escolas, e a partir dali me lembrei dessa época, me sensibilizei e decidi ajudar quando percebi que diversas pessoas seriam transferidas para outras escolas, correndo o risco de serem assaltadas e roubadas”, explicou o advogado João Ananias, responsável pela consultoria jurídica da ocupação do Astrogildo, a imprensa da UMES.

 

João fez vigília na frente de diversas escolas que estavam sob ameaça de invasão, levando a liminar que proibiu a reintegração de posse de forma a persuadir policiais ou mesmo membros da Secretaria de Ensino a recuarem de sua “guerra contra as ocupações”. Por fim João desejou boa sorte aos estudantes e os orientou a estudar. “Aproveitem esse momento, e estudem. Essa foi uma organização para estudar. Quem tem vontade de estudar chega a qualquer lugar. Eu sempre estudei em escola pública e por isso me sensibilizei.”

 

 

 

 

 

 

 

Marchinha do Japonês da Federal

Clique na foto para assistir ao vídeo. Acima o "japonês da federal" leva em cana o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari, sob acusação de corrupção contra a Petrobras

 

"Aí meu Deus, me dei mal

Bateu à minha porta

O Japonês da Federal!"

 

Dormia o sono dos justos

Raiava o dia, eram quase seis

Escutei um barulhão

Avistei o camburão

Abri a porta e o Japonês, então, falou:

– Vem pra cá!

Você ganhou uma viagem ao Paraná!

 

"Aí meu Deus, me dei mal

Bateu à minha porta

O Japonês da Federal!"

 

Com o coração na mão

Eu respondi: o senhor está errado!

Sou Trabalhador…

Não sou lobista, senador ou deputado!

 

Autores: Thiago SP, Dani Batistonne, Rogério Villanova (Jabolinha) e Tigrão

CPC-UMES convida para o lançamento da trilha sonora “Os Azeredo + os Benevides”

 

O CPC-UMES convida a todos para o lançamento do CD com a trilha sonora da peça “Os Azeredo + os Benevides”, que será realizado na sede da UMES no próximo dia 19 de dezembro, às 20 horas, com entrada franca.

 

A peça foi escrita por Oduvaldo Vianna Filho (Vianinha) em 1964, e iria inaugurar o teatro da UNE. Porém com o criminoso incêndio perpetrado pela ditadura militar, na madrugada de 1º de abril, a peça permaneceu inédita até ganhar sua primeira montagem no Teatro Denoy de Oliveira, com produção do Centro Popular de Cultura da UMES (CPC-UMES) e direção do talentoso João das Neves.

 

A peça foi indicada ao prêmio de melhor espetáculo de 2014 pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

 

Onde: Cine-Teatro Denoy de Oliveira, rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista

Telefone: 3289-7475