Plenária da UMES: ocupar as ruas contra a superlotação das salas
“Foi uma grande vitória dos estudantes contra a proposta de fechar escolas. Revogamos a reorganização com a nossa luta, que realizou dezenas de manifestações e ocupou mais de 200 escolas. Agora a luta é ampliar a nossa mobilização e acabar com a superlotação de nossas salas”, afirmou Marcos Kauê, durante a plenária da UMES com lideranças secundaristas de toda a cidade, realizada para avaliar o resultado das ocupações e organizar a ação dos estudantes durante o próximo período.
A atividade foi realizada na última sexta (11) e reuniu mais de 40 jovens que acompanharam as ocupações contra o fechamento das escolas de São Paulo. Durante sua intervenção Kauê fez uma breve avaliação e convocou os estudantes presentes a aprofundar a luta em defesa da educação pública e de qualidade no estado. “As ocupações cumpriram o seu papel e revogaram o fechamento das escolas. Mas não será esse o caminho que ampliará o apoio da sociedade para derrotar de vez a superlotação de nossas salas e, assim, construir a educação pública que nossa cidade precisa. Para ampliar o apoio da sociedade na luta em defesa da educação pública de qualidade precisamos ir pra rua, levar a opinião dos estudantes a todos nas praças, nos metrôs, em toda a cidade. E esse será o caminho que vai nos permitir derrotar também a aprovação automática e todo o sucateamento da educação visto em São Paulo nos últimos 20 anos”.
“Os estudantes conquistaram uma das principais vitórias em defesa da educação dos últimos tempos. Foi a força dos estudantes que derrotou essa proposta para fechar 94 escolas e dividir mais de 700 em ciclos únicos, o que obrigaria milhares de alunos a se transferir compulsoriamente, e ainda pretendia acabar de vez com o ensino noturno [Educação de Jovens e Adultos (EJA)]. Foi a nossa luta que revogou esse decreto do Alckmin que autorizava a reorganização. E não parou por aí, junto com a revogação do decreto para fechar escolas obrigamos o secretário da educação [Herman Voorwald], e o seu chefe de gabinete [Fernando Padula], a pedir demissão”, disse o presidente da UMES. Kauê também ressaltou que o centro da campanha para o próximo período deve ser o combate à superlotação das salas, de forma a reduzir os alunos a no mínimo 40 por sala como exige a LDB (Lei de Diretrizes e Bases).
Após a fala de Kauê a plenária definiu ampliar as mobilizações contra a reorganização, que pode ser retomada ano que vem pelo governo Geraldo Alckmin, e dessa forma decidiram redigir um panfleto e um jornal para campanhas de panfletagem nas escolas, bem como em principais praças e pontos da cidade. Nesse sentido o vice-presidente da UMES, Tiago Cesar, defendeu a organização das comissões para redigir os materiais e as comissões responsáveis pela mobilização dentro das escolas.
Para o presidente do grêmio da E. E. Caetano de Campos da Consolação, Lucas Penteado (Kóka), é importante realizar atividades e ações para manter o apoio social favorável às reivindicações dos estudantes. “Esta é uma luta de todos por educação de qualidade”, lembrou Lucas. De acordo com o estudante entre as atividades poderiam ser realizadas manifestações nas escolas onde a direção incentivou a agressão contra os estudantes da ocupação. Para Islan Gonçalves, que também é estudante do Caetano, é importante manter diversas atividades para conscientizar os estudantes e assim soma-los a luta por educação pública de qualidade.
Já o grêmio da ETEC Getúlio Vargas, representado na plenária pelos estudantes Elizabeth, Luiza e Lucas, que é presidente do grêmio, levantaram que as panfletagens são instrumentos muito importantes para manter a população bem informada. Já Álvaro, estudante do Mazé (E. E. Maria José), escola onde Padula implementou pessoalmente a sua guerra contra as ocupações, afirmou que o avanço dessa luta pode levar a uma grande mudança na educação paulista, promovendo até mesmo uma “grande reforma do currículo da educação” no estado, de forma a melhorar a educação.
Por fim Keila Pereira afirmou que a luta contra a superlotação das salas de aula devem estar em sintonia com as reivindicações por melhores salários para os professores, por quadras poliesportivas, laboratórios, auditórios, e também por uma gestão democrática, por parte da direção, dentro das escolas. Para Thais Jorge, que também é membro da diretoria da UMES, a principal questão nesse momento é reverter todo o prestigio conquistado pelos estudantes, com a luta das ocupações e das manifestações contra a reorganização, para derrotar a superlotação e conquistar salas com no máximo 40 alunos.
Ao fim da plenária os estudantes organizaram uma dinâmica de grupo, coordenada por Kauê, propondo a reflexão sobre o trabalho em equipe de forma a descontrair a reunião. As primeiras panfletagens serão organizadas ainda esta semana, e uma nova plenária foi convocada para a próxima sexta (18), de forma que sejam avaliadas as mobilizações da semana.