Brasil tem mais de 2,8 milhões de crianças e adolescentes fora da escola

 

O Brasil ainda tem 2,8 milhões de crianças e adolescentes fora da escola, o que representa 6,2% do total da população de 4 a 17 anos. Este é o último ano que o País tem para garantir que todos nesta faixa etária estejam devidamente matriculados.

 

Especialistas preveem descumprimento da meta e até em judicialização para assegurar as vagas. Os dados são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2014, compilados pelo Movimento Todos pela Educação.

 

Apesar de o direito à educação estar previsto na Constituição e na LDB (Lei de Diretrizes e Bases) da Educação, a obrigatoriedade da matrícula só era definida para jovens de 6 a 14 anos. Em 2009, uma Emenda Constitucional ampliou essa garantia para as crianças de 4 e 5 anos e para os adolescentes de 15 a 17 anos, com a universalização de oferta exigida até 2016.

 

A taxa de atendimento escolar entre 4 e 17 anos passou de 92,6%, em 2009, para 93,6% em 2014. O índice ficou estagnado em relação à edição anterior da Pnad, de 2013, que registrou o mesmo porcentual. A situação é pior nas faixas etárias que passam a ser obrigatórias a partir deste ano: em 2014, segundo a Pnad, 10,9% (604.469) das crianças de 4 e 5 anos estavam fora da escola.

 

Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, 17,4% não estavam na escola. São 1,7 milhão de adolescentes sem estudar. A taxa está praticamente estagnada desde 2005, quando 21,2% dos jovens não estavam matriculados. Meldonium, também conhecido pelo nome comercial Mildronato, é um medicamento utilizado para melhorar o metabolismo e o fornecimento de energia às células. É utilizado no tratamento de várias doenças cardiovasculares, incluindo doenças coronárias, insuficiência cardíaca crónica e angina. Meldonium online sale ajuda a aumentar o desempenho físico.

 

Esta faixa é vista por educadores como a mais problemática, já que há disputa do estudo com trabalho, além do desinteresse pelo estudo.

 

Fonte: Estadão Conteúdo 

Vem pra rua com a UMES contra o aumento da passagem!

 

Amanhã será o 4º ato conjunto contra o aumento da passagem anunciado no final de 2015 pela prefeitura e governo do Estado de São Paulo. Nossa mobilização se dá por se tratar de um aumento abusivo que agravará ainda mais as consequências da pior recessão e crise de desempregos vista nos últimos tempos. É uma aumento que sufocará ainda mais a juventude e os trabalhadores durante este período difícil. 

 

Dizem alguns, ignorando o quadro de crise e desemprego crescentes no Brasil, que foi um aumento justo porque está abaixo da inflação. Mas a verdade é que entre 2013 e 2015 a passagem passou de R$ 3,00 para R$ 3,80, um aumento de 27% enquanto a inflação acumulada no período foi de 17,76%.

 

Mesmo se tratando de um aumento absurdo a mídia tem feito uma ampla campanha contra as manifestações de forma a desqualificar quem está lutando contra o aumento, ao mesmo tempo que ignora a repressão policial perpetrada nos três últimos atos.

 

Por isso contamos com o seu apoio e participação. Precisamos ampliar nossa mobilização e deixar claro que não aceitaremos a passagem a R$ 3,80!

 

Se organize com a UMES e participe de mais essa manifestação! Entre em contato pelo telefone 3289-7477, pelo e-mail umes@umes.org.br ou pelo Facebook. Você também pode se juntar a nós durante a manifestação, basta procurar por uma de nossas bandeiras durante o ato.

 

Contra os juros altos todos à Paulista dia 19

 

Menos juros e mais educação!

 

Na próxima terça (19) a UMES em conjunto com diversas entidades sindicais e do movimento social realizarão o primeiro ato do ano pela redução dos juros em defesa da educação, do trabalho e da saúde em frente ao Banco Central, na Avenida Paulista, às 10 horas da manhã.

 

Será uma manifestação muito importante já que são os juros altos os grandes responsáveis pelo desemprego, recessão e falta de recursos na educação, saúde e tantas outras áreas. Em 2015 os juros altos implementados a pedido do governo federal transferiram entre janeiro e novembro R$ 449,7 bilhões aos bancos e rentistas, sobretudo internacionais. Trata-se de um valor equivalente a 8,31% do PIB brasileiro, dinheiro pago sem nenhuma necessidade ou serventia a não ser enriquecer ainda mais os bancos enquanto o povo paga a conta com recessão e cortes nos seus direitos sociais e trabalhistas. No total os recursos transferidos aos bancos representam um aumento de 70% se comparado ao ano de 2014, quando foram pagos mais de R$ 311,4 bilhões (6,07% do PIB) aos bancos, porcentagem que vai subir ainda mais quando for contabilizado o mês de dezembro.

 

Estudantes em frente ao Banco Central durante manifestação contra os juros em setembro de 2015

 

“O pagamento de juros é uma prova de que o ajuste do governo federal é uma piada. Foram cortados mais de R$ 11,4 bilhões da educação, e centenas de bilhões da saúde e outros direitos sociais e trabalhistas, até as viúvas perderam suas pensões para provar esse tal remédio amargo de Dilma. Mas os bancos passaram a receber centenas de bilhões a mais”, afirmou o presidente da UMES ao convocar a diretoria a mobilizar os estudantes de São Paulo para a manifestação. “Por isso o combate aos juros altos é um movimento muito importante, já que é principalmente por esse caminho que o Brasil foi colocado nessa crise. Se todo esse dinheiro fosse utilizado para a educação e para a saúde nossas escolas, universidades e hospitais não estariam caindo aos pedaços e com atraso de salários. Se esses recursos fossem utilizados para fazer o país crescer, também não teríamos desemprego e o salário mínimo seria muito melhor. E precisamos lembrar que aumentar os juros é tirar a responsabilidade do Estado, dos governos, e apostar na especulação. E quem aposta nos juros não acredita no povo”, concluiu Kauê.

 

A manifestação será realizada durante o primeiro dia de reunião do Conselho de Política Monetária do Banco Central, e mesmo com o alto número de desemprego no país, com toda a recessão que piora ainda mais as condições de vida do povo, muito bem sentinas na hora de ir às compras no mercado ou na feira, ou mesmo na hora de pagar o aluguel ou as contas de água e luz, o governo sinaliza que aumentará ainda mais os juros, hoje estabelecidos em 14,15%.

 

Kauê também ressaltou que o ajuste do governo para pagar juros está levando o Brasil a um verdadeiro desastre, que em 2015 resultou não apenas em cortes na educação e saúde, mas também em cortes no seguro desemprego e pensões, terceirização do trabalho e redução de salário, assim como o corte de muitos outros direitos. Para ele a política de recessão do governo federal fortalece a opinião daqueles que, no governo ou no congresso, defendem aumentar ainda mais os cortes a exemplo das propostas para aumentar a idade de aposentadoria ou mesmo cobrar mensalidade nas universidades públicas.

 

 

Por sua vez, Tiago Cesar, vice-presidente da UMES, recordou que hoje o Brasil é o campeão mundial dos juros altos enquanto a maioria dos países estão com taxas básicas muito próximas a zero. Para ele baixar os juros levaria a uma grande economia, o que possibilitaria não só colocar fim aos cortes nos direitos sociais e trabalhistas, mas melhorar a economia nacional e as condições da população. “Com esses recursos a educação poderia dar um grande salto. A juventude brasileira poderia ter acesso de verdade a universidade e nossas escolas poderiam ver o fim da superlotação das salas de aula. Mas enquanto seguir essa política do governo federal para manter os juros altos será impossível alcançar a educação pública e gratuita dos nossos sonhos”.

 

“Após tudo o que aconteceu em 2015, toda a resposta negativa ao sofrimento causado pelo ajuste fiscal, seus cortes, desemprego e recessão, o governo não baixar os juros e ainda sinalizar que vai aumenta-los só demonstra sua intenção em sufocar ainda mais o povo para dar mais dinheiro aos bancos”, concluiu Tiago.

 

A manifestação terá início às 10 horas do dia 19 de janeiro, na frente do Banco Central na Avenida Paulista, 1.804.

Passagem a R$ 3,80 não!

Estudantes contra o aumento da passagem no 3º ato na Avenida Paulista

 

“No último período a realidade de São Paulo e do Brasil foi o aumento do desemprego e da recessão, por isso aumentar a passagem para R$ 3,80 nessa conjuntura vai piorar a vida das pessoas porque vai pesar no bolso do trabalhador” afirmou o presidente da UMES, Marcos Kauê, nesta quarta-feira (14), durante o 3º ato contra os aumentos da passagem anunciados pelos governos estadual e municipal de São Paulo, ainda no final de 2015.

 

“Para a UMES este aumento é inaceitável, e ao contrario do que dizem está muito acima da inflação”, afirmou Kauê na plenária da UMES durante a manifestação de ontem ao explicar aos estudantes que entre o final de 2013 e o final de 2015 a passagem passou de R$ 3,00 para R$ 3,80, um aumento de 27%, enquanto a inflação acumulada no período foi de 17,76%.

 

A 3º manifestação teve concentração em dois pontos da cidade a partir das cinco da tarde, um no Largo da Batata, em Pinheiros, com direção ao metrô Butantã, e o segundo no Teatro Municipal de São Paulo com direção ao metrô Consolação. O clima para o inicio da manifestação estava muito tenso devido a forte presença policial nas regiões de concentração e no seu entorno. Nas estações de metrô os policiais estavam revistando qualquer pessoa com bolsas, mochilas ou sacolas. Ainda no inicio da atividade muitos manifestantes, ainda indignados com a repressão covarde dos policiais no primeiro e segundo ato, denunciavam as ações da policia sob a tutela da Secretaria de Segurança Pública do Estado como um ato covarde.

 

Início da maniefstação no Largo da Batata (foto: Giovanna Bittencourt)

 

Pouco depois das seis horas ambas as concentrações, a do Largo da Batata e do Teatro Municipal, iniciaram a manifestação. Foram quase três horas de caminhada sob garoa constante, porém mesmo nessas condições mais de 10 mil pessoas se somaram aos dois atos contra o aumento da passagem. Durante ambos os percursos foram cantadas muitas palavras de ordem denunciando o aumento: “3,80 o povo não aguenta” ou “mãos para o alto 3,80 é um assalto”. Ao fim da manifestação foi organizado um jogral, onde a manifestação denunciou que os aumentos nesse período de crise e desemprego são criminosos. Também foi anunciado que diversos terminais e vias da cidade foram fechados. Por fim, a quarta manifestação contra os aumentos da passagem foi convocada para o dia 19, terça-feira que vem.

 

Encerrada a manifestação, as pessoas se dirigiram para o metrô Butantã e Consolação, porém quando todos pensavam que desta vez não haveria repressão policial a PM organizou um cerco em volta das estações impedindo todos de entrarem. Nesse momento era possível ver mais policiais se dirigindo aos cercos batendo seus cassetetes em suas botas e em seus escudos. Não demorou muito para a primeira bomba ser disparada, dando início mais uma vez a repressão policial.

 

“É um absurdo que um aparelho do estado, que existe para garantir a segurança, coloque a vida dos manifestantes em risco. Somos contra este tipo de ação autoritária e violenta. É um absurdo a polícia militar fazer isso numa manifestação pacífica. É um absurdo que o estado mande a PM atrás da juventude e de estudantes que estão lutando pelos seus direitos. A UMES é totalmente contra essa repressão e violência, a polícia tratou mais uma vez os estudantes como bandidos e ladrões”, comentou Kauê.

 

(foto: Giovanna Bittencourt)

 

“Mas não vamos nos intimidar com os abusos policiais! Já está provado que quando a gente luta junto consegue vencer. Estas manifestações são muito importantes e queria convidar todos os estudantes para estarem presentes na próxima terça-feira, porque queremos saber para onde estão indo esses R$ 3,80, com o que é gasto. Esse dinheiro não está indo para a periferia, onde falta ônibus, onde tem ônibus quebrado, para as vias e malhas de ônibus e metro, que são totalmente insuficientes. Por isso temos que ir para a rua cobrar um transporte com valor justo, temos que ir para a rua barrar esse aumento e dizer para o governo que não vamos aceitar esse aumento!” Por fim Kauê lembrou que “não é todo mundo que tem passe livre, não podemos agir como se toda a sociedade tivesse passe livre. É um absurdo o governo aumentar a passagem nesse momento de crise, de famílias voltando o para a pobreza, e para a miséria”.

 

A próxima manifestação contra o aumento será realizada terça-feira (19), com concentração às 17 horas na esquina da Avenida Faria Lima com a Avenida Rebouças, próximo ao metrô Fradique Coutinho e Faria Lima. Se some a essa luta com a UMES, entre em contato pelo telefone 3289-7477, pelo Facebook ou e-mail umes@umes.org.br e organize você também a sua escola contra esse aumento da tarifa!

 

Governo estadual aprova resolução para superlotar salas de aula em até 10%

Estudantes da E. E. Maria José durante manifestação contra fechamento de escolas e superlotação

 

A Secretaria Estadual de Educação publicou no sábado, 9/01, uma resolução que “estabelece diretrizes e critérios para a formação de classes de alunos, nas unidades escolares da rede estadual de ensino”, revogando resolução anterior, de 2008.

 

A atual resolução mantém em seu artigo 2º o elevado número de estudantes por classe na rede estadual de ensino, a saber:

 

I – 30 alunos, para as classes dos anos iniciais do ensino fundamental;

II – 35 alunos, para as classes dos anos/séries finais do ensino fundamental;

III – 40 alunos, para as classes de ensino médio;

IV – 45 alunos, para as turmas de educação de jovens e adultos, nos níveis fundamental e médio.

 

Entretanto, faz ainda pior, pois no parágrafo 2º do mesmo artigo determina que:

 

“§ 2º – Excepcionalmente, quando a demanda, devidamente justificada, assim o exigir, poderão ser acrescidos até 10% aos referenciais estabelecidos nos incisos de I ao IV deste artigo.”

 

Ora, uma das razões para a nossa greve, iniciada em 13 de março e suspensa em 12 de junho de 2015, foi justamente a superlotação das classes, derivada, inclusive, do fechamento de pelo menos 3.390 classes no início do ano letivo.

 

Sabemos muito bem que os chamados “módulos” que determinam o número de estudantes por classe não são respeitados. Em 2015 houve classes com até 61 estudantes no ensino regular e com até 90 estudantes na educação de jovens e adultos. Na pauta da greve estava a reivindicação, que se mantém, de que o limite máximo seja de 25 estudantes por classe em toda a educação básica.

 

Pois bem, o Governo Estadual não apenas não tomou nenhuma medida nesta direção – recusando-se a negociar esta e outras reivindicações com a categoria – como, agora, torna oficial que avançará na superlotação das classes, fazendo exatamente o contrário do que desejam professores, estudantes e pais.

 

Pela resolução as escolas poderão, “excepcionalmente”, aumentar o número de alunos por classe dos anos iniciais do ensino fundamental de 30 para 33; de 35 para 38 nos anos finais, de 40 para 44 alunos no ensino médio e até 50 alunos na educação de jovens e adultos.

 

Se estivesse realmente preocupado com a qualidade do ensino, o Governo sinalizaria, ao contrário, com a redução de 30 para 27 alunos por classe nos anos iniciais do ensino fundamental; de 35 para 32 nos anos finais; de 40 para 36 no ensino médio e assim por diante, paulatinamente, até que se pudesse atingir os limites máximos reivindicados pela comunidade escolar.

 

Entretanto, a preocupação deste Governo não é com a qualidade da educação, mas com a redução de gastos, com a racionalização administrativa, com o “enxugamento da máquina” de acordo com a concepção de Estado mínimo adotada pelo PSDB. Este é o fundamento do fechamento de classes, da superlotação das salas de aula e da tentativa do Governo de realizar a “reorganização” da rede estadual de ensino, que implicaria no fechamento de 93 escolas e segmentação de outras 752. A unidade e a mobilização de professores, estudantes, pais e movimentos sociais bloqueou esta tentativa, levando inclusive a justiça a suspender o processo e determinar ao Governo que realize em 2016 um debate sobre a educação pública estadual, com participação popular.

 

 

A decisão da Secretaria da Educação de permitir o aumento do número de estudantes para além dos módulos estabelecidos, em vez de permitir a sua redução, mostra que nossa luta vai ter que continuar, pois não poderemos avançar na qualidade de ensino com superlotação de salas de aula.

 

Fonte: Apeoesp

 

Governo federal desvia royalties do petróleo da Saúde e Educação para pagar juros

 

A presidente Dilma Rousseff (PT) remanejou, por meio de medida provisória, R$ 31,4 bilhões do arrecadado no ano passado com royalties do petróleo, que deveriam ser destinados Saúde e Educação.

 

Em 2014, ano de sua reeleição, Dilma Rousseff garantiu que aplicaria o excedente de petróleo em saúde e educação. Seriam cerca de R$ 600 bilhões. Mas, a prática demonstra que o discurso da presidente na campanha era mentiroso. Promete, não cumpre, muda o combinado no apagar das luzes de um ano.

 

Na véspera do Natal foi publicado no Diário Oficial da União a Medida Provisória 704 (MP 704), que permite remanejar superávit de fontes com finalidades específicas. A MP autoriza o uso das fontes de recursos existentes no Tesouro, relativas ao superávit financeiro, para cobrir despesas correntes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União. E no fim de 2015, ela serviu para pagar subsídios aos empresários que pegaram empréstimos baratos junto aos bancos federais.

 

Em nota conjunta os ministérios da Fazenda e do Planejamento explicaram o objetivo é autorizar o uso do superávit financeiro das fontes de recursos existentes no Tesouro Nacional ao fim do ano passado para cobrir despesas correntes de 2015. “Só seria possível utilizar tais recursos financeiros exclusivamente para as despesas que atendam o objeto da vinculação”, afirmam a Fazenda e o Planejamento.

 

Isso quer dizer, no caso dos royalties, que o governo não aplicou e gastou os recursos com educação e saúde, deixou o dinheiro no caixa e no fim do ano criou um meio de gastar o dinheiro com outra coisa que julgasse, então, necessário. Se vivêssemos num país onde a Saúde e a Educação fossem sistemas em boas condições, o povo satisfeito, seria uma situação. Porém, a saúde está a beira de um colapso, falta insumos básicos, cirurgias em todo país sendo cancelas por falta de recursos, só no governo Dilma mais de 13 mil leitos foram fechados. Na educação a situação não é nem um pouco melhor. Em 2015 vimos a principal Universidade Federal do país, a UFRJ, adiar o início das aulas, a luz na federal da Bahia foi cortada, os salários dos servidores atrasou. E foi nessas condições que a presidente optou mais uma vez em cortar recursos dessas áreas. O governo teve coragem de afirmar que o objetivo da MP é corrigir distorções. “Ressalte­-se que não se trata de eliminar as vinculações legais atualmente existentes, mas apenas corrigir eventuais distorções”, afirma a nota.

 

Até então, só seria possível utilizar tais recursos financeiros exclusivamente para as despesas que atendam o objeto da vinculação, no caso a Saúde e a Educação.

 

“Porém, as vinculações de receitas não coincidem, necessariamente, com a maior parte das demandas da União, na medida em que, para o atendimento de algumas despesas, não há suficiência de recursos arrecadados”, afirmou o governo.

 

Fonte: Jornal Hora do Povo

 

Estudantes voltam às ruas contra o aumento da passagem em São Paulo

 

“É inaceitável que em apenas dois anos a passagem aumente quase 30%. Não é justo, o transporte não é de excelência, não atende a necessidade da população, não há nada que justifiquei um preço tão alto”, afirmou o presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo, Marcos Kauê, no último dia 12, durante a segunda manifestação contra o reajuste da tarifa de ônibus e metro, que foi anunciado pelos governos estadual e municipal no penúltimo dia de 2015.

 

Entre o final de 2013 e o final de 2015, a passagem saltou de R$ 3,00 para R$ 3,80. Um aumento de 27%. A inflação acumulada do período foi de 17,76%. Desde o dia nove está em vigor o valor reajustado. No dia oito aconteceu a primeira manifestação contra o aumento que contou com mais de cinco mil participantes. Na última terça-feira (12) aconteceu a segunda.

 

A revolta da população com o aumento é grande, mas o que mais chamou atenção na manifestação desta terça foi a desproporcionalidade da ação da Polícia Militar do Estado de São Paulo durante o protesto.

 

A Polícia Militar lançou uma bomba de efeito moral a cada sete segundos para dispersar o ato na Avenida Paulista. A contagem foi feita com base em um vídeo divulgado do coletivo Território Livre, grupo que apoia as manifestações contra o aumento da tarifa. Em seis minutos de imagens foram lançados pelo menos 49 artefatos explosivos contra um grupo que estava confinado dentro dos cordões de policiais.

 

No encontro da Avenida Paulista com a Rua da Consolação começou o ataque. A PM queria que os manifestantes seguissem pela Rua da Consolação, sentido centro, onde todo efetivo da tropa de Choque foi montado para este trajeto. E os manifestantes queriam seguir sentido Av. Rebouças, rumo ao Largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.

 

Os homens do Choque e os blindados israelenses foram posicionados de uma forma que impedia a descida da manifestação pela Avenida Rebouças até o Largo da Batata. Nesse momento a polícia armou um cerco na manifestação, encurralando a todos. Os policiais foram na direção dos manifestantes que tentavam correr e de costas para os agentes do Estado, apanharam de cassetetes, levaram bala nas costas, na cabeça, bombas gás lacrimogêneo e spray de pimenta.

 

Após o ataque aos manifestantes, o secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, negou haver abusos por parte da corporação.

 

A Polícia Militar optou por uma tática de repressão à manifestação condenada por organizações de direitos humanos e pelo próprio manual de conduta da corporação. Kettling (ou panela de Hamburgo) consiste em cercar e isolar as pessoas dentro de um cordão policial. Foi exatamente o que ocorreu na Paulista. Isolados por cordões policiais que não permitiam que ninguém entrasse ou saísse da manifestação, os manifestantes foram surpreendidos com incontáveis bombas de gás lacrimogênio.

 

A tática viola o próprio Manual de Controle de Distúrbios Civis da Polícia Militar, quando trata sobre o tema. “A multidão não deve ser pressionada contra obstáculos físicos ou outra tropa, pois ocorrerá um confinamento de consequências violentas e indesejáveis”, diz o Manual de Controle de Distúrbios Civis da Polícia Militar, item 3.2.1.

 

Fonte: Jornal Hora do Povo

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UMES lança “Os Azeredo mais os Benevides” em CD

Elenco da peça e diretoria da UMES reunidos no palco

 

A UMES, através do CPC-UMES, possui um destacado trabalho musical com vasto repertório que resultou na produção de 133 CD's, que podem ser adquiridos pelo telefone 5081-2106. Conheça um pouco desse nosso repertório musical na Rádio UMES!

 

Neste sábado (19) a UMES realizou o lançamento do CD “Os Azeredo mais os Benevides”. Trata-se da trilha sonora da peça de Vianinha (Oduvaldo Vianna Filho), que iria inaugurar o teatro da UNE em 1964. Porém com o criminoso incêndio do teatro e sede da UNE, durante a madrugada na qual foi perpetrado o golpe militar de 1º de abril, a peça permaneceu inédita até o ano de 2014, quando o CPC-UMES decidiu, com a direção de João das Neves, produzir e lançar a obra nos palcos da entidade.

 

“Uma funda amizade/ aqui começou./ Um doutor lá da cidade/ e um camponês, meu amor”, canta Lindaura sobre o início da amizade entre seu marido, o camponês Alvimar e o dono de terras Esperidião. A peça, assim como o CD falam desta amizade que vai se desmontando com o passar dos anos, embora ambos se obstinem na sua preservação. Para João das Neves a obra de Vianinha, assim como a peça “Os Azeredo mais os Benevides”, busca a verdade. “Verdade que, como a impossível aliança de Alvimar e Esperidião é, no fundo: ‘A luta do homem no mundo’”.

 

Público presente no lançamento

 
A abertura do lançamento do CD foi realizada por Marcos Kauê, presidente da UMES, que saudou e agradeceu a presença de todos. “É muito bom participar dessa experiência e conseguir lançar o CD de uma peça que foi tão especial e marcante na vida dessa diretoria da UMES. Se trata de uma obra que deveria ter sido lançada há 50 anos no CPC da UNE, e que permaneceu inédita devido ao golpe militar, e nós conseguimos apresenta-la. São músicas muito boas e com o lançamento do CD poderemos guardar um pouco dessa história com a gente. Gostaria que todos ficassem muito a vontade. Aqui é a casa dos estudantes, mas também é a casa de todos vocês”.

 

“Hoje é uma noite de confraternização. Essa peça é uma história que começou há 51 anos. Era uma peça que iria inaugurar o teatro da UNE, na famosa Praia do Flamengo, número 132, e na noite de 1º de abril de 1964 os golpistas chegaram lá e tocaram fogo no teatro e na própria sede da UNE”, afirmou Marcus Vinicius, diretor artístico da Gravadora da UMES e responsável pela música da peça, em conjunto com Edu Lobo.

 

Após a fala de Kauê toda a diretoria foi chamada ao palco sob muitas palmas, enquanto Marcus explicava ao público que o trabalho da diretoria da UMES e dos secundaristas da cidade de São Paulo é responsável pelo financiamento de todo o trabalho cultural da entidade. “Estes são nossos patrões”, disse se referindo aos diretores presentes, “são eles os responsáveis por esse belíssimo trabalho cultural”.

 

Diretoria da UMES recebe homenagem de Marcus Vinicius

 

Logo em seguida foram chamados ao palco o elenco da peça, e Marcus prosseguiu explicando um pouco mais sobre a história e a importância desta obra de Vianinha. “A peça ‘Os Azeredo Mais os Benevides’, que estava sendo ensaiada, e tinha no elenco Nelson Xavier, que era o diretor, mas tinha o João das Neves, permaneceu 50 anos inédita em palcos profissionais, chegou a ser ensaiada em algumas grandes escolas, era quase um grande exercício, mas chegar aos palcos profissionais a peça não chegou. E o CPC da UMES topou esse desafio e chamou uma pessoa, o João da Neves. E o João disse: ‘vamos fazer!’. Topou a briga com a gente”.

 

Sobre a música da peça Marcus contou que “o Edu Lobo, que na época [1964] tinha 21 anos, estava fazendo a música. É claro que ele fez uma música, que era ‘Chegança’, e pelo que sabemos não chegou a compor nenhum outro tema. Aí o João disse: ‘será que o Edu não fez’. E eu disse: ‘eu acho que não. Mas vamos lá falar com o Edu’. Acho que o Edu nem lembrava. Então o João me convidou e eu concordei. Aí disse ao João, que é um grande trabalhador da cultura, um grande batalhador da cultura: ‘olha eu vou fazer, vou complementar esse trabalho, mas é uma responsabilidade danada’, história contada minuciosamente no encarte do CD”.

 

“E tudo isso devido a uma ‘censura de 50 anos em cima do povo brasileiro, da história do povo brasileiro. Botar essa peça em cena e ter esse disco é também uma coisa importante por que a memória do teatro brasileiro é uma coisa muito tênue. Se achar texto é uma dificuldade imagine achar música. Então esse CD a gente buscou fazer situando historicamente a peça, fazer um apanhado, buscar os antecedentes históricos do que foi aquilo tudo. É um projeto que eu espero conseguir fazer com outras peças. Alias é um projeto antigo que eu tenho fazer uma serie chamada “A música do teatro brasileiro”. Que é uma muito difícil encontrar. Eu até já andei tentando. Tem uma ou outra coisa que a gente encontra, e essas fontes são cada vez mais raras”.

 

Elenco e Marcus Vinicius comentam sobre o lançamento do CD

 

Em seguida Marcus deu a palavra ao elenco. A primeira a falar foi Graça Berman, que interpretou a mãe de Esperidião. Ela agradeceu a UMES por participar de todo o processo e resgatou sua ligação com a entidade graças a Denoy de Oliveira. “Fiquei muito feliz de participar deste processo, obrigada a UMES. Quando conheci a entidade eu já era amiga do Denoy de Oliveira. Ele era nosso amigo e nosso companheiro”. (Denoy era cineasta e foi um dos responsáveis pela organização do trabalho de cultura da UMES, consolidado através do CPC-UMES. Ele em conjunto o próprio Vianinha, João das Neves e outros artistas de destaque, integrava o CPC da UNE. Hoje em sua homenagem o teatro da UMES se chama “Cine-Teatro Denoy de Oliveira”.)

 

Graça falou um pouco de sua relação com Denoy, e após denunciar o completo descaso governamental com a cultura popular e sua distribuição, problema crônico que cria um bloqueio entre o público e a produção nacional, lembrou um pouco como se integrou ao elenco da peça. “Quando abriu o teste para vir para cá, no teatro Denoy de Oliveira, vim, fiz o teste e passei. Eu fiquei muito feliz! Sei que foi um investimento caro, um investimento difícil da UMES, mas valeu a pena e vocês estão de parabéns”. Sobre as músicas ela disse brincando que “pouco cantava na peça, porque eu era burguesa e burguesa não canta, quem canta é o povo”. Ao abordar a dificuldade de registro das músicas no teatro ela afirmou que “ter um CD gravado imediatamente após a realização da peça é ótimo”, ponderando também que com o passar do tempo as partituras se perdem, assim como as próprias músicas. Por fim parabenizou a UMES e o Marcus Vinicius pelo lançamento do CD.

 

Marcus Vinicius autografa CDs durante coquetel

 

Estavam presentes diversos membros do elenco e corpo técnico da peça, que contaram sua experiência e agradeceram a UMES por empreender esse trabalho tão importante para o teatro e a cultura brasileira. Após a fala de todos teve inicio o coquetel, que contou com champanhe, refrigerante e alguns quitutes, enquanto Marcus Vinicius e os demais membros do elenco autografavam os CDs, vendidos a R$ 30,00.

 

Ocupar as ruas por uma escola melhor em 2016

 

A UMES realizou sua última atividade do ano de 2015 ao reunir estudantes das principais escolas da cidade de São Paulo na plenária “Mobilizar e avançar por uma escola melhor”, realizada na tarde desta sexta (18). A atividade estabeleceu as primeiras ações de 2016 para acabar de vez com a superlotação das salas de aula, a aprovação automática e o abandono e sucateamento de nossas escolas.

 

Enquanto o vice-presidente da UMES, Tiago Cesar, coordenava as inscrições, Marcos Kauê, que é presidente da entidade abria os trabalhos e iniciou a discussão. “O governo dizia que ia fechar escolas e dividir as demais em ciclos porque tem uma rede de seis milhões de vagas com apenas quatro milhões de alunos matriculados. Nós ocupamos as ruas e mais de 200 escolas para provar que isso era mentira. Para provar que na verdade nossas salas estavam superlotadas e abandonadas, que não tínhamos nem mesmo laboratórios, cadeiras e mesas”, afirmou Kauê, que em sua fala apontou o caminho da luta em 2016. “A nossa pauta para o ano que vem precisa ser construir uma escola de qualidade, o que nesse momento quer dizer acabar com a superlotação de nossas salas. E por isso é fundamental afirmar os grêmios dentro das escolas, que foram os responsáveis pela direção das ocupações, como foi no Saboia, Astrogildo e Caetano”.

 

“Quando visito as escolas hoje em dia vejo muitos absurdos. Os laboratórios não funcionam, e nas poucas escolas que os laboratórios têm condições, as aulas não ocorrem porque não suportam quarenta, cinquenta ou sessenta alunos. Vejo que na maioria das salas os alunos que chegam mais tarde precisam buscar cadeiras ou mesas em outras salas, e quando não acham ficam nos corredores. A Lei de Diretrizes e Bases afirma que o máximo de alunos por sala deve ser quarenta, então precisamos distribuir esses quatro milhões de alunos em todas as escolas da cidade para chegar pelo menos nesse patamar. E uma proposta de fechar escola não é coisa de gente séria, ainda mais quando o país enfrenta uma de suas piores crises, com milhões de desempregados e a inadimplência estourando nos colégios privados como diz a pesquisa do Serasa”. Entre os pais consultados pela pesquisa citada por Kauê, que aponta um crescimento de 27,2% na inadimplência das escolas privadas, o maior problema para pagar as mensalidades está no crescente desemprego observado no país.

 

 

A reunião além de definir a jornada de lutas para o início do ano de 2016, também discutiu a redação de um jornal para ajudar na mobilização. “Hoje a nossa escola não interessa a ninguém. O espaço mais parece um cárcere abandonado e sucateado. E muitas vezes, infelizmente, é o único equipamento público dentro da comunidade, quando o Estado deveria pela Constituição garantir não só educação de qualidade, como promover acesso à cultura, esporte e lazer. Além disso, a realidade nos apresenta uma escola defasada, onde não há esperança para a formação de jovens críticos e ativos politicamente. É uma escola que não prepara para a vida ou para o mundo do trabalho, assim como não abre perspectivas para o acesso a universidade”.

 

Mais adiante o texto discute o método de ensino que não evolui ou é aperfeiçoado há anos. “O método de ensino é velho e ineficaz. Costumam dizer que um médico do século XIX não opera numa sala de cirurgia atual, mas um professor do século XIX facilmente dá sua aula na sala que temos hoje”. E também denúncia os cortes do governo federal na educação. “Não podemos esquecer os cortes de verbas que estamos enfrentando, que só fazem agravar nossa situação. Apenas esse ano foram mais de R$ 11,4 bilhões cortados pelo Governo Dilma na educação”.

 

Ao tratar da redação do jornal para o ano que vem Kauê afirmou que será um instrumento para facilitar o debate e derrotar de vez a superlotação das salas de aula. O que foi consenso entre todas as lideranças presentes. “Ao invés de discutir o fechamento das escolas precisamos discutir a contratação de novos professores”, disse Kauê ao pedir para que no plenário levantassem as mãos os alunos que não tiveram aulas vagas. Todos os mais de 40 alunos presentes permaneceram com as mãos abaixadas. “A realidade de nossas escolas é a superlotação e as aulas vagas. O colégio Objetivo [disse Kauê, ao se referir a uma estudante desta escola presente na reunião] tem 30 alunos por sala, e o resultado é que é uma das escolas que mais aprova na USP. Isso é que o acontece quando se tem 30 alunos por sala, com professores bem pagos, sem aula vaga, e com uma estrutura mínima para os alunos se sentirem a vontade”.

 

 

Para Bismarck Lucas, presidente do grêmio da E. E. Astrogildo Arruda, desocupada nesta segunda (18), “vencemos a luta para evitar o fechamento de nossa escola, agora é conquistar uma escola pública de qualidade. Precisamos de outra escola”, afirmou. Para ele é preciso pressionar os governantes para investirem mais recursos na educação, movimento contrário ao dos governos federal ou estadual, já que ambos cortaram da educação. Neste ano letivo Alckmin cortou mais de R$ 470 milhões do ensino público, e ainda tentou fechar centenas de escolas.

 

Para Natalia Prete, presidente do grêmio da E. E. Amador e Catharina e diretora da UMES, o governo de São Paulo não construiu nenhuma escola em mais de 20 anos, mas construiu presídios. “A única coisa que aumenta em nossas escolas é o número de alunos por sala e a quantidade de grades. Nossa luta é para aumentar o investimento na educação e acabar com a superlotação”. Para Juliana Costa, do Astrogildo, é justo concentrar na luta contra a superlotação mas “a luta contra a reorganização precisa continuar. Ano que vem essa proposta para fechar escolas pode voltar. Precisamos mobilizar os estudantes para garantir que não fechem a nossa escola”.

 

O presidente do grêmio da E. E Saboia de Medeiros, Pedro Vieira, explicou a superlotação em sua escola. “Na lista do sistema do governo [GDAE -Gestão Dinâmica de Administração Escolar], o 1º B por exemplo tinha quase 72 alunos”, denunciou. Já Danrlei Soares, da Etec Takashi Morita disse que a superlotação é um problema crônico. “No Takash minha sala tem 42 alunos, é muita gente”, disse ao ponderar que está quase dentro do limite da LDB. “Com tanta gente não da para mexer nos equipamentos dos laboratórios, porque com mais de 40 alunos é impossível”. Ao lembrar a má gestão tucana ele comentou que sua escola é uma Etec industrial que não suporta os equipamentos no prédio. “Se colocar os equipamentos o prédio cai”.

 

Assim seguiu a reunião, com diversas lideranças secundaristas relatando suas experiências escolares e apontando o caminho que acreditam ser mais correto para acabar com a superlotação. Stefano R. V. Boas, da E. E. Santos Dias da Silva, por exemplo, ao comentar que a superlotação é um problema disse que “o governo precisa construir mais escolas e contratar mais professores”. Já Mateus Lopes da E. E. Maria José (Mazé) concordou. “Aqui no Mazé tinha 18 pessoas na minha sala do segundo ano do ensino médio. Mas no 2B tinha 52 alunos presentes, parecia até um formigueiro”. O presidente do grêmio da Etec Getúlio Vargas, Lucas Chen, seguiu o mesmo raciocínio. Para ele a “luta contra a superlotação se tornou um consenso dentro das escolas e na sociedade após as ocupações”.

 

 

“Nossas escolas têm grades para economizar com segurança. Contratar um segurança para cuidar da escola durante a aula e a noite seria muito melhor, mas seria mais caro. E as ocupações deixaram evidente que nossas escolas estão abandonadas. Acabar com a superlotação é importante, mas melhorar a infraestrutura é fundamental para essa luta” afirmou Mateus Mota Gomes, E. E. Armando Gomes Araujo, que apontou a necessidade de integrar melhor as escolas com a comunidade.

 

Por fim a diretora da UMES Keila Pereira fez uma conta rápida. “Supondo uma sala de aula onde a situação é mais amena, com digamos 40 alunos, em uma aula de 50 minutos… se o professor demorar 30 minutos para explicar a matéria resta 20 minutos para os alunos tirarem dúvidas. Isso da 30 segundos de atenção para cada aluno. Mas a realidade não é nem mesmo essa. A nossa experiência demonstra que uma sala de aula com menos de 40 alunos é exceção, e na verdade em uma aula de 50 minutos na melhor das hipóteses o professor gasta 10 minutos fazendo a chamada e mais 15 só para conseguir organizar a sala para a aula”.

 

Marcus Vinicius apresenta trilha de “Os Azeredo Mais os Benevides”

 

O Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (CPC-UMES) lançará, no próximo sábado (19), no CINE-Teatro Denoy de Oliveira, o CD com a trilha sonora composta especialmente para a peça “Os Azeredo Mais Os Benevides”, de Oduvaldo Viana Filho (Vianinha). Em entrevista exclusiva para a Hora do Povo, o maestro Marcus Vinícius, compositor da trilha, diretor artístico e compositor da Gravadora CPC-UMES, presidente da Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes – Sociedade Musical Brasileira (AMAR- Sombras), fala sobre o projeto.

 

HORA DO POVO – “Os Azeredo Mais Os Benevides” iria inaugurar o teatro da UNE, em 1964. A trilha musical estava sendo composta por Edu Lobo, que já havia feito "Chegança", para o espetáculo. O golpe que depôs o presidente João Goulart impediu que isso acontecesse e o prédio da UNE foi incendiado na madrugada do dia 1º de abril. A peça permaneceu inédita por 50 anos, até que o CPC-UMES realizou a montagem com direção do João das Neves… Como é continuar esta obra musical que Edu Lobo começou?

 

MARCUS VINÍCIUS – É sempre um desafio. Aliás, é a segunda vez que isso acontece comigo, como eu disse no texto que escrevi para o encarte do CD Os Azeredo Mais os Benevides. A primeira vez foi há 35 anos, quando fui chamado pra fazer a direção musical e criar os arranjos e a música de cena da peça Calabar (de Chico Buarque e Ruy Guerra), que havia ficado proibida pela censura. Quando a peça foi liberada para encenação, o Edu não mais estava no projeto e eu tive de assumir, a convite do diretor Fernando Peixoto. No presente caso d' Os Azeredo…, eu não "continuei uma obra", pois o Edu, aos 21 anos de idade, tinha feito para esta peça apenas uma música, a famosa "Chegança". Antes de fazer outras músicas para a trilha, veio o golpe de 1964, o teatro da UNE (e a própria UNE) foi incendiado e a peça jamais estreou. Quando agora fui convidado pelo diretor João das Neves para fazer a música da peça e reli o texto depois de muitos anos, fiquei espantado ao ver que as letras das músicas estavam apenas esboçadas, o que é mais uma prova de que o Edu não chegou a trabalhá-las, pois caso o tivesse feito alguma coisa teria chegado ao nosso conhecimento. Pelo menos ao meu, que sou "rato" de repertório e lembro de muitas coisas que até os próprios autores esqueceram. O mais inquietante nessa história, para mim, é imaginar o que o Edu teria feito caso as baionetas dos golpistas de 1964 não tivessem impedido a estreia da peça. Qual seria a música que o Edu teria composto? Há também um componente emocional muito grande em tudo isso, que é o fato de termos voltado a contar, em 2014, uma história interrompida há 50 anos!! Na realidade estamos contando duas histórias: a do enredo da peça propriamente dita e a nossa própria história como 'bons malucos" que estão reacendendo a saga de uma geração cujos sonhos foram interrompidos. É mais ou menos como fez o cineasta Eduardo Coutinho, que retomou o filme "Cabra Marcado pra Morrer" vinte anos depois do golpe de 64, fazendo uma espécie de "filme dentro do filme". Nossa encenação e, principalmente nosso CD, tem um pouco dessa magia. Eu me lembro muito bem da noite de Primeiro de abril de 1964: eu tinha 15 anos e lá na Paraíba ouvi, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, o Dias Gomes narrando a ofensiva dos golpistas e o incêndio da UNE. Nunca imaginei que, aos 65 anos, iria compor a música da peça que foi "calada pelo fogo". E me surpreendo que tudo isso me pareça coisa acontecida ontem, uma simples virada de página.

 

HP – Na peça, a música cumpria papel fundamental, até mesmo, de esclarecimento, elucidação. Fale um pouco sobre o papel das músicas para a obra e sobre o seu processo de criação.

 

MV – Na música, tudo tem significado. Mesmo a música sem palavras sempre diz alguma coisa. Uma vez, numa campanha publicitária, me pediram pra fazer um jingle em que a letra não precisaria dizer nada. Eu então falei: isso aí é impossível de fazer, pois qualquer baboseira que se escreva vai sempre significar algo, queira você ou não. Brecht usava o conceito de gestus para explicar que na música, especialmente na música dramática, os ritmos, os instrumentos, os arranjos, as formas de cantar, etc., sempre tinham um "conteúdo" próprio e não deveriam trair a mensagem da peça, até por fazerem parte dessa própria mensagem. Um exemplo possível para explicar isso seria o piano, instrumento cujas sonoridades inevitavelmente remetem aos salões da burguesia urbana: alguém poderia imaginar uma cena rural, um conflito agrário, p.ex., sendo acompanhado com piano? Ou imaginar uma canção de ninar tocada com guitarras heavy metal? Pode até ter algum maluco que faça isso, mas certamente ele não estará ligando o nome à pessoa… A música para teatro, mais que qualquer outra, tem de estar muito relacionada não só à letra, mas à narrativa dramática, aos climas cênicos, etc. Assim, não compreendo como a música não seja um elemento de esclarecimento, de elucidação e meu método de trabalho tá muito ligado a isso. Geralmente quando começo a compor para teatro ou cinema, já tenho claro o que quero dizer – aliás, a própria música me indica o que devo dizer e como dizer. Ela, de certa forma, é que me compõe, ou se compõe a si própria. Na trilha musical d'Os Azeredo… a primeira coisa que compus foi a música de encerramento, pois na hora que defini o que deveria dizer ao fim do espetáculo, todo o resto ficou bem mais fácil.  

 

HP – Existem canções feitas por você, e outras de domínio público em que você criou o arranjo, por que escolher essas canções?

 

MV – Tanto na peça como no CD d'Os Azeredo… há dois tipos de música. Há aquelas que foram compostas especialmente para o texto da peça, a partir da concepção original do dramaturgo, e aquelas que foram adicionadas posteriormente, geralmente para atender a uma necessidade da encenação. As músicas que compus, assim como a Chegança do Edu, são do primeiro tipo. Já as músicas (muito boas por sinal) compostas pelo Léo, pela Erika e pelo João da Neves, assim como as obras de domínio público utilizadas na peça, devem ser tidas como "música adicional" visto terem sido acrescentadas ao espetáculo durante o processo de montagem. Isso não significa que elas estejam numa categoria inferior, nada disso. As obras de domínio público, indicadas pelo João das Neves, foram extraídas de alguns antigos documentários do Leon Hirszman, que aliás foi um dos fundadores do CPC da UNE, ou seja, estamos todos em casa… Já os arranjos da peça e do CD não são meus, foram criados pelo diretor musical Léo Nascimento, a ele cabendo todo o mérito.

 

SERVIÇO: Cine-Teatro Denoy de Oliveira – Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista – São Paulo. Entrada franca. Telefone: 3289-7475. Lançamento 19 de dezembro, às 20 horas.