Estudantes do Saboia paralisam a Avenida Santo Amaro contra o fechamento da escola por Alckmin
“Pode querer, pode tentar, mais o Saboia não vai fechar!”, cantavam os estudantes durante a manifestação
Mais de 400 estudantes ocuparam a Avenida Santo Amaro contra o fechamento da escola estadual Padre Saboia de Medeiros nesta terça (30). Os estudantes denunciaram que a distribuição dos alunos de acordo com o ciclo de aprendizagem, proposta por Geraldo Alckmin, servirá apenas para fechar escolas, superlotar salas e demitir mais professores.
A medida do governo foi anunciada semana passada, e fundamentalmente propõe a divisão das escolas estaduais em três ciclos: fundamental I (1º ao 5º ano), fundamental II (6º ao 9º ano) e ensino médio, o que forçará a transferência de centenas de milhares de estudantes. Para os professores, que se manifestaram através da Apeoesp, “não há nesta reorganização nenhuma preocupação pedagógica. Ela é uma mudança física, descolada de um verdadeiro projeto educacional”.
A Apeoesp afirma que pelo menos 1000 escolas serão fechadas com a medida. Em 1995 quando uma medida parecida foi tomada pelo então governador Mário Covas, onde parte considerável dos alunos do fundamental I foram separados do fundamental II e do ensino médio, mais de vinte mil professores foram demitidos.
“Puxamos essa manifestação porque achamos errado uma escola tradicional, com mais de 70 anos e muita historia no bairro, ser fechada por nada. Eles querem realocar agente simplesmente porque desejam um espaço para eles, querem transformar a escola em um prédio administrativo da diretoria de ensino só porque a nossa escola é bem localizada. Não estão pensando no bem estar dos estudantes, estão pensando neles próprios”, explicou Pedro, presidente do grêmio e responsável pela organização da manifestação.
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Para ele a manifestação foi muito positiva já que os estudantes conseguiram chamar a atenção da cidade e da mídia, demonstrando todo o descaso do governo com a educação do estado. “Já estamos em salas superlotadas e eles querem nos transferir para outra escola? Eles querem fechar a nossa escola!” alertou a liderança secundarista, que ao fim da atividade convidou a todos para a próxima manifestação contra o fechamento da escola no dia 2 de outubro, às 7 horas em frente ao Saboia.
Marcos Kauê, presidente da UMES, que representou a entidade e apoiou desde o início a construção da manifestação, disse em sua intervenção que os estudantes estarão na rua contra as medidas neoliberais de desmonte da educação. “Gostaria muito de agradecer a presença de todos. A UMES é a entidade que sempre estará ao lado dos estudantes. Ajudando a organizar manifestações como esta. Na próxima sexta-feira vamos organizar uma nova manifestação para denunciar essas medidas e o fechamento da escola, e nesse dia vamos marchar até a diretoria de ensino”.
Kauê ainda convidou os estudantes do Saboia para a manifestação do dia 9 de outubro, que será organizada contra os cortes de Dilma na educação, saúde e direitos trabalhistas, bem como contra as medidas dos tucanos contra a educação no estado. “A UMES tomou a decisão de fazer no dia 9 de outubro uma manifestação na Avenida Paulista para todos ficarem sabendo que os estudantes e a UMES são contra o fechamento das escolas”.
Para o estudante Guilherme Santana (16), que cursa o 2° ano do ensino médio no Saboia, a manifestação vai ajudar a “abrir a cabeça dos outros alunos. Estamos fazendo esse protesto para conseguir trazer outras escolas”. Para ele a proposta do governo de fechar escolas é absurda. “Nenhuma escola deve ser fechada, isso é um absurdo. Na minha opinião nenhuma escola deveria ser fechada. Nenhuma! Isso é um absurdo mesmo. Onde já se viu, querer cortar gasto cortando da educação de um país.” Já o estudante Tiago Souza, representante do 2° B, afirmou que a manifestação foi muito importante porque deixou claro que os estudantes não vão aceitar qualquer decisão.
Em nome dos professores da escola o professor Carlos, que da aula de física, afirmou a UMES que é “incabível o fechamento da escola. Para onde vão todos os alunos? Vão superlotar outras escolas que já estão superlotadas? E como que fica todo o quadro de professores. Em resumo, isso é sucateamento da educação. Na educação precisa abrir mais salas, e não fecha-las. Eu vejo dessa forma, que a educação esta um pouco precária, devido a um montão de critérios que estão sendo adotados. Então existe uma grande desmotivação dos próprios profissionais da área, o que acarreta prejuízos diretos aos alunos”.
Carlos também disse “que estamos em tempos de nos manifestar. Expressar realmente o que queremos e o que sentimos. Eu acho que a manifestação foi muito boa”.
Para Vicente, que trabalha na escola, “fechando escolas só criamos mais possibilidade de desemprego e de aumentar a criminalidade. Não ouvimos falar de inauguração de novas escolas municipais e estaduais, só ouvimos falar em fechamento de escolas”, por isso ele diz ser a favor de um ditado que diz: “mais giz, menos balas”.
Após a manifestação os estudantes em conjunto com os diretores da UMES organizaram panfletagens nas escolas próximas da região. Amanhã uma comissão de estudantes do Saboia junto com a Keila, diretora da UMES responsável pela zona sul, organizarão a impressão de panfletos e a confecção de cartazes para a manifestação de sexta-feira, no dia 2 de outubro.