Veja as escolas classificadas da etapa regional Oeste do JESP

A emoção estava garantida na etapa regional oeste do 3º Jogos Estudantis da Cidade de São Paulo (JESP). Nesta terça-feira (25), as partidas se iniciaram com o pessoal do Hand masculino no Piritubão, com o Solimeo vencendo o Ubaldo Costa Leite por 7 a 4. O segundo jogo entre o Joaquim Luis de Brito e o Ítalo Betarello foi disputadíssimo, com o Brito levando a melhor por 13 a 11. Na decisão pelo primeiro lugar entre Solimeo e Brito, o Brito arrancou a vitória por 12 a 9.

No Futsal, os meninos do Olinda Leite são os finalistas, passando pelo Gavião Peixoto (3 a 1) e pela bela disputa nos pênaltis a ETEC Basilides (4 a 4 (3 a 4)).

O classificado do voleibol masculino é a EE Gavião Peixoto, depois de jogar com a ETEC Basilides ( 2 a 0) e com a EE Carlos Lacerda (também por 2 a 0).

Nos jogos de Xadrez, a classificação ficou o Alexandre Von Humboldt no masculino e com a ETEC Pirituba no Feminino.

Veja abaixo a tabela de classificação da zona oeste:

 

 

Acompanhe os jogos masculinos da etapa regional Centro Norte do JESP

Nesta segunda-feira (24) a quadra ferveu nos jogos masculinos da etapa regional Centro Norte do JESP. No futsal, os meninos da EE Presidente Roosevelt garantiram a vaga na final municipal, passando pela EE Alcântara Machado (por 3×1) e pela EE Gustavo Barroso na disputa pelo primeiro lugar (por 5 X 0).

O Handebol começou com a disputa entre EE Brasílio Machado e EE Guilherme de Almeida, e quem levou a melhor foram os meninos do Brasílio, por 3 a 2. A segunda partida foi pura emoção, com a EE Buenos Aires balançando a rede 18 vezes contra o Conde José Vicente, que só fez 3 gols. Os meninos do Buenos não deixaram a disputa pela classificação para a etapa municipal por menos, que ganharam de 17 a 2 da equipe de hand do Brasílio.

No voleibol, quem levou a melhor e disputará a etapa municipal pela região é a equipe masculina da EE Conde José Vicente de Azevedo, não sem antes passar pelo Instituto Federal e pelo Albino César.

Veja abaixo a tabela de pontos e classificação da última etapa da região: 

 

Capoeira é reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) reconheceu, nesta quarta-feira (26) em Paris, a Capoeira, uma das manifestações artísticas mais tradicionais do Brasil, como Patrimônio Imaterial Cultural da Humanidade.

Ao som do berimbau, a capoeira mistura luta, dança e já foi levada para mais de 100 países.

“Nós estamos muito emocionados porque a capoeira, criada pelos escravos, proibida, interditada no Brasil por muitos anos, hoje é um patrimônio da humanidade, reconhecida pela Unesco e presente em vários países do mundo”, diz Jurema Machado, presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O reconhecimento da Unesco é a prova maior da força da tradição que resiste aos séculos sem perder as raízes, cada vez mais popular.

Hoje praticada por milhões de pessoas no Brasil e no mundo, a capoeira passou por períodos de proibição e perseguição desde a época colonial até início do século XX, quando deixou de ser classificada como contravenção penal. Somente após a Revolução de 30, que a capoeira deixou de ser ilegal. Foi, mais precisamente, em 9 de julho de 1937 que Manuel dos Reis Machado – mais conhecido como Mestre Bimba – conseguiu o registro para a primeira academia no país reconhecida pela Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública com o apoio do então presidente Getúlio Vargas.

“A Capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional”, disse o presidente Getúlio, durante uma apresentação de Mestre Bimba e seus alunos no palácio do Governo em Salvador, em 23 de julho de 1953. A partir daí, a capoeira ocupou academias, universidades, escolas, praças e ganhou o mundo com sua magia e filosofia. 

 

 

 

Para tornar a prática da capoeria cada vez mais popular, a UMES realiza, sob o comando do professor-instrutor Pavio, aulas gratuitas de capoeira na sede da entidade. A criação do grupo foi definida no último congresso da UMES e pretende apresentar a capoeira – uma das maiores representações da cultura nacional – aos estudantes da cidade inteira. 

“Estudar e praticar capoeira é manter viva e resgatar nossa cultura e a nossa identidade. O nosso grupo na UMES se propõe, além de oferecer as aulas gratuitas, a ser a porta de entrada para que a capoeira seja uma prática comum dentro das escolas”, explica Pavio. 

As aulas são gratuitas e acontecem na sede da entidade todas as segundas e quartas – das 19h30 às 21h; Terças e Quintas – das 14h às 15h30; e aos Sábados das 13h às 15h. Participe você também!

 

Os Azeredo mais os Benevides é finalista no prêmio APCA como melhor espetáculo

Os críticos da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), indicaram a peça “Os Azeredo mais os Benevides”, de Oduvaldo Viana Filho, ao prêmio de melhor espetáculo do segundo semestre de 2014.

 

O texto, escrito em 1964, ganhou sua primeira montagem no Teatro Denoy de Oliveira, dirigido pelo Centro Popular de Cultura da UMES (CPC-UMES) neste ano, sob a direção do talentoso João das Neves.

Como lembra o diretor parceiro de Vianinha e muitos outros no antigo CPC da UNE, a peça iria inaugurar em 1964, com a trilha musical sendo composta por Edu Lobo, que já havia feito “Chegança” especialmente para o espetáculo. No entanto, o golpe que depôs o presidente João Goulart impediu que isso acontecesse, já que o prédio da UNE foi incendiado na madrugada de 1º de abril. 50 anos depois, o desafio de trazê-la à luz foi completado, no palco que leva o nome do multiartista Denoy de Oliveira, outro ex-integrante do antigo CPC. A trilha, iniciada por Edu Lobo, foi completada pelo maestro Marcus Vinicius.

Com um elenco de 20 atores, o espetáculo teve duas temporadas e, segundo afirmou o crítico de teatro Wellington Andrade, “cinqüenta anos depois de escrita, ainda tem muito o que dizer ao Brasil”.

As outras peças finalistas na categoria de melhor espetáculo são: O Homem de La Macha, dirigido por Miguel Falabella, e Pessoas Perfeitas, de Rodolfo Garcia Vázquez.

 

 

Ficha Técnica

Peça de Oduvaldo Vianna Filho

Direção: João das Neves

Música: Edu Lobo (Chegança); Marcus Vinícius

Elenco: Chico Américo; Danilo Caputo; Emerson Natividade; Erika Coracini; Ernandes Araujo; Graça Berman; Guilherme Vale; João Ribeiro; Junior Fernandes; Leonardo Horta; Léo Nascimento; Marcio Ribeiro; Mariana Blanski; Paula Bellaguarda; Pedro Monticelli; Rafaela Penteado; Rebeca Braia; Ricardo Mancini; Telma Dias; Zeca Mallembah.

Cenografia: João das Neves e Rodrigo Cohen

Figurinos: Rodrigo Cohen

Direção Musical: Léo Nascimento

Assistente de Direção: Alexandre Kavanji

Iluminação: Leandra Demarchi

Preparação Corporal e Orientação de Movimento: Alicio Amaral e Juliana Pardo  

MAIS EDUCAÇÃO, MENOS JUROS: Entidades convocam ato contra a política de juros altos

Um manifesto assinado pela UMES e por outras entidades do movimento sindical, estudantil, do movimento de mulheres e de negros convoca, para o próximo dia 02 de dezembro, um ato em frente à sede de São Paulo do Banco Central para exigir a redução dos juros. Confira abaixo a convocação na íntegra. 

O governo Dilma estabeleceu a maior taxa de juros do mundo, que desvia recursos públicos para meia dúzia de bancos e fundos financeiros, enquanto a economia está estagnada, o desemprego industrial e o subemprego se alastram e os serviços públicos se deterioram a olhos vistos.

Apenas nos últimos 12 meses, o governo federal forçou o setor público a transferir aos bancos R$ 280,793 bilhões em juros, sendo que somente de janeiro a setembro, foram torrados R$ 209,143 bilhões (5,53% do PIB). Cada ponto percentual de aumento na taxa básica de juros (Selic) significa um gasto a mais de R$ 14 bilhões com juros, o equivalente ao orçamento de 2014 (R$ 15 bilhões) do programa Minha Casa, Minha Vida.

Esse dinheiroduto dos cofres públicos (governos federal, estaduais, municipais e empresas estatais, exceto Petrobrás e Eletrobrás) para o setor rentista é o principal entrave para uma política de crescimento. A indústria, setor mais dinâmico da economia, definha dia após dia e a recessão – “crescimento negativo” em três dos últimos quatro trimestres – é uma dura realidade.

A taxa média de 2% de crescimento anual da economia nos últimos quatro anos é uma das menores da história do país. É fundamental estancar a sangria da especulação financeira para a promoção de uma política de retomada do crescimento; para melhorar a educação, a saúde, os transportes e a segurança pública; para pôr fim ao famigerado fator previdenciário; para que o povo e em especial a juventude tenham acesso a uma política relevante de cultura; para que o Brasil avance a uma efetiva igualdade racial e que acabe a odiosa discriminação à mulher, conquistando, na prática, o direito estabelecido na Constituição de trabalho igual salário igual.

No próximo dia 2 de dezembro, às 10 horas, vamos à porta do Banco Central exigir a imediata redução da taxa de juros. Com o aumento na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a taxa básica real de juros ficou em 4,46%. A média internacional é negativa (-1,5%). Só existem seis países no mundo em que a taxa é maior do que 1%. Não há razão nenhuma para que o Brasil continue como campeão mundial dos juros, a não ser que o objetivo seja entupir o cofre dos bancos e manter a economia no chão.

Pelo crescimento, por mais empregos, mais salários, mais saúde, mais creches e mais educação, REDUÇÃO DOS JUROS, JÁ!


Assinam esta nota:

 

União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES)


Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB)


Confederação das Mulheres do Brasil (CMB)


Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB)

Dia: 02/12/2014 – 10 horas
Local: Banco Central do Brasil 
Av. Paulista, 1.804, São Paulo-SP

 

Conferência de Educação ignora reivindicações e vira evento de comemoração da reeleição

Em janeiro deste ano, o governo de Dilma Rousseff tomou a decisão de adiar a II Conferência Nacional de Educação (Conae), de forma arbitrária e contrariando o conjunto dos movimentos educacionais. Agora, no encerramento do ano, quando da realização da II Conae, o que vimos foi um evento esvaziado e que pouco contribuiu para a luta em defesa da educação pública.

O evento foi realizado entre os dias 20 e 24 de novembro. Dos oito mil delegados aptos a retirar seus crachás, apenas 2,6 mil compareceram a Brasília para os debates.

A manobra de transferir a realização da Conferência tinha exatamente este objetivo. Realizar a Conae naquele período abriria a possibilidade de que gestores públicos, professores, estudantes e representantes dos movimentos ligados à educação pressionassem o governo e o Congresso pela aprovação do Plano Nacional de Educação, destinando os 10% do PIB, de forma exclusiva para a Educação Pública.

A Conae aconteceria no mesmo período da votação do PNE na Câmara dos Deputados, já em caráter terminativo.

Como a bandeira dos 10% do PIB para a Educação Pública foi fruto da primeira conferência, realizada durante o governo Lula (2010), não era bandeira defendida pelo governo Dilma, adiar a Conae foi fundamental.

O governo queria manter no PNE a destinação dos recursos públicos para o ensino privado considerando como “investimento público” a concessão de bolsas e subsídios à iniciativa privada, como com os programas Fies, ProUni e Ciências sem Fronteiras.

Com o texto aprovado (a votação do PNE foi encerrada em junho), não há qualquer limite para que os 10% do PIB sejam destinados às instituições privadas, que, no caso do ensino superior, já estão em sua maioria, desnacionalizadas.

Enquanto isso, a expansão das vagas nas universidades federais permanece praticamente estagnada no governo Dilma.

Muitos dos participantes desta II Conae consideraram importantes os debates realizados, assim como, algumas resoluções aprovadas pelos delegados. Entretanto, a presidente da República, que esteve no evento e em sua fala não conseguiu apresentar nenhuma proposição concreta, se ateve a comemorar a vitória nas eleições.

Pouca atenção deu a carta de reivindicações entregue a ela pelas entidades, ou os 2,6 mil delegados presentes no evento.

O importante espaço de debate e consolidação da participação popular na educação se transformou em evento para comemorar uma vitória apertada na eleição presidencial.

Resumindo, o adiamento da Conae e a sua transformação num ato de bajulação demonstram que não há interesse do governo Dilma em realizar qualquer tipo de debate democrático, com a sociedade. A não ser é claro, que este sirva para endossar a sua política.

 

ANDRÉ SANTANA – Hora do Povo

Onde estão os resultados da Prova Brasil? – Artigo de João Batista Araújo e Oliveira

Como perguntar não ofende, cabe indagar: onde estão os resultados da Prova Brasil? Com eles, saberemos se a educação melhorou no país

 

*João Batista Araújo e Oliveira

 

Primeiro foi o Ipea, com a barbeiragem na pesquisa a respeito da violência sexual. Em seguida o IBGE, com os dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Será que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas) também vai entrar nessa? Como perguntar não ofende, cabe indagar: onde estão os resultados da Prova Brasil?

Ipea, IBGE e Inep são instituições respeitadas, que precisam ser preservadas da manipulação política. A pronta reação do Ipea e do IBGE confirmam a sua merecida reputação: onde há procedimentos sistemáticos, é fácil e rápido identificar e corrigir erros. E não há nenhum problema em reconhecer erros, isso é prova de maturidade.

Mas o Inep dá sinais de hesitação. Foi preciso a imprensa cobrar para que saíssem os resultados do Inep, que titubeou e acabou por dizer que não havia data para divulgação. Isso já demonstra fragilidade institucional.

Depois, deu a desculpa esfarrapada de que havia mais de 300 escolas com recursos. Ninguém explicou o que esses dados foram fazer na Casa Civil, antes de sua divulgação. Até agora, não temos os dados da Prova Brasil, mas apenas os do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Isso é muito grave.

O Ideb é um índice controverso, apesar de sua popularidade. Mas ainda que não o fosse, o que interessa não é o Ideb, mas os dados que lhe dão origem, as notas dos alunos na Prova Brasil. São esses dados que permitiriam discutir se a educação melhorou e para quem melhorou. Tais resultados são os que interessam aos sistemas de ensino, aos pesquisadores e à população.

É a primeira vez que o Inep divulga o Ideb sem divulgar as notas da Prova Brasil. É um precedente não explicado e perigoso, e mais perigoso ainda porque não há prazos e normas a respeito da divulgação.

Além do precedente, a discussão se desloca do conteúdo, do que foi ou não aprendido pelos alunos, para um índice que pouco diz sobre eventuais avanços ou dificuldades de aprendizagem –o que deveria ser o objetivo da avaliação.

Com base nos dados de 1999, 2007 e 2011, observamos melhoria nas médias do 5º e 9º anos, mas tais avanços se distribuem muito desigualmente. Os dados indicam melhora geral no desempenho, mas também aumento da desigualdade.

O que melhorou na educação não conseguimos saber, mas identificamos que as pessoas de classes mais elevadas estão se beneficiando mais da experiência escolar e a distância vai aumentando.

Em recentes portarias, o Inep deu passos à frente e outros atrás. Avançou ao estabelecer datas para divulgar os dados da Provinha Brasil, mas retrocedeu ao chancelar a edição de uma prova cuja concepção é reconhecidamente equivocada.

Avançou ao falar em pesquisas de interesse do Estado (e não do governo) ou ao estabelecer critérios para acesso de pesquisadores aos microdados das provas, mas deu um perigoso passo atrás ao subordinar o acesso à decisão de burocratas.

Para não colocar apenas o Inep na berlinda, vale a pergunta. Se fossem os dados do Enem que estivessem retidos, a sociedade teria agido de forma diferente? E a imprensa? Não é curioso esse Brasil, dos brioches do vestibular e das migalhas do resto do povo?

 

JOÃO BATISTA ARAUJO E OLIVEIRA, 67, doutor em educação, é presidente do Instituto Alfa e Beto – Publicado na Folha de São Paulo

 

México se levanta contra desaparecimento dos 43 estudantes

 “Basta de traição e omissão, fora!”: repúdio ao desaparecimento dos 43 estudantes se espalha e abala plano de privatizar Pemex. México saqueado pelo Nafta e sangrado por narcos e Iniciativa Mérida

 

O México continua conflagrado pelo desaparecimento de 43 estudantes normalistas de Ayotzinapa, que foram presos pela polícia ao se manifestarem em Iguala, no estado de Guerrero, e entregues a narcotraficantes por ordem do prefeito e sua mulher e, em seguida, ao que tudo indica, chacinados, tendo seus corpos calcinados, envolvidos em sacos e jogados num rio. Desde então, não param as manifestações, e nesta quinta-feira (20) um protesto nacional, convocado pelas famílias, na praça central da capital do México,o Zócalo, exige uma resposta à convocação de “vivos os levaram, vivos os queremos”.

Já se passaram 50 dias, com a omissão do presidente mexicano e da Justiça levando multidões a transformarem sua indignação no protesto de “Fora Peña”. A compra, pela mulher do presidente, de uma mansão a um magnata com negócios com o governo, joga mais lenha na fogueira da revolta que abala o país. A divulgação de uma “confissão” por supostos autores não convenceu as famílias, pois não há sinal dos corpos, apesar de haver aparecido outras valas com dezenas de outros corpos, que não os dos jovens.

Os manifestantes retrucam “governo farsante, assassino de estudantes”, enquanto o procurador-geral geral, acintosa e desrespeitadoramente, se diz “cansado” com o caso. Declaração recebida com “nojo” pelas famílias. Enquanto não devolverem vivos os 43 estudantes, ou ficar provado que eles estão mortos, e tenham seus corpos entregues às famílias e os assassinos exemplarmente punidos, não haverá paz no país.

Além dos 43 desaparecidos, a polícia de Iguala matou no dia do seqüestro outras seis pessoas, sendo três estudantes, e feriu 25. A ordem de chacina foi dada por que os estudantes iriam “atrapalhar” discurso da mulher do prefeito, que este queria fazer sua sucessora. Os dois só foram presos muitos dias após o crime, e o chefe de polícia, que entregou os estudantes nas mãos dos traficantes, ainda está foragido. No dia do seqüestro, tropas federais deixaram sem socorro estudantes que haviam conseguido escapar, e estavam feridos.

Com isso, o governo estadual teve de renunciar; 100 mil se manifestaram há quinze dias e uma greve nacional de estudantes paralisou as escolas por três dias. A sede de governo de Guerrero foi incendiada, o que também, depois, aconteceu na porta do palácio do presidente Peña na capital. Em outros protestos, carros foram queimados e prédios públicos apedrejados. Ocupações de estradas, prédios públicos, postos de pedágio e escolas se sucedem: “somos todos Ayotzinapa”.

Mas tamanha atrocidade não surge do nada, nem se trata de um fato isolado. É o resultado ineludível da sujeição aos monopólios dos EUA sob o acordo Nafta, levada a cabo pelo PRI e aprofundada pelo PAN, com a população à mercê das ‘maquiadoras’, a agricultura destruída, as estatais privatizadas e largas camadas mal sobrevivendo com o ínfimo salário mínimo abaixo da linha de pobreza, caso único na América Latina, segundo a Cepal, ou sequer isso. Quatro em cada dez mexicanos não conseguem dinheiro para pagar por uma cesta básica, e quase 60% dos empregos, de acordo com a OIT, são informais. Não há seguro-desemprego, nem programas de renda mínima, sendo que 40% dos habitantes está abaixo da linha de pobreza e 13% são indigentes. Mais de 75% da população não tem cobertura previdenciária.

E é a este país, dizimado pela submissão aos EUA, que os áulicos do neoliberalismo exaltam como líder da “Aliança do Pacífico”. Essa depauperação profunda da população mexicana explica sua fragilidade diante do narcotráfico, impulsionado pela CIA desde a década de 1980 com sua aliança com os narcos da Colômbia em apoio aos Contras anti-Nicarágua, e que levou o crack para os bairros negros de Los Angeles. Com o país transformado num corredor até o “mercado consumidor” nas metrópoles dos EUA – e até os bancos que lavavam o dinheiro da droga -, o México se viu sob o poder crescente de cartéis da droga, que se mesclaram intensamente com todo tipo de oportunista político, ainda mais numa quadra em que os principais partidos se dedicavam a amarrar bem amarrada a vaca para os americanos mamarem.

 

ENCENAÇÃO

 

Mas, assim como em outras terras aonde a CIA alavancou o tráfico, outras agências de Washington cuidaram de encenar o combate às drogas – e talvez não haja exemplo mais didático do que a proliferação da produção de heroína no Afeganistão sob a ocupação norte-americana. Assim, Washington desencadeou a “Iniciativa Mérida”, versão mexicana do “Plan Colômbia”, e que engolfou o país na “guerra às drogas”, com mais de 130 mil mortos e 22 mil desaparecidos, e onde não faltaram episódios nebulosos como o fornecimento, pelo DEA, de armas aos cartéis da droga mexicanos, supostamente para “descobrir o roteiro” via fronteira”.

A conflagração tornou-se um empecilho inesperado aos planos de Peña para privatizar a Pemex e o setor elétrico, presenteá-los ao Big Oil dos EUA, dentro do seu “Pacto pelo México” em que o “novo PRI” prometia fazer tudo o que o PAN, desgastado, já não conseguia leiloar. Tudo marchava tão bem,e do nada o desvario de alguns bandidos de quinta categoria – um deles trajado de prefeito e “oposicionista” – põe em risco as grandes jogadas dos entreguistas de alto coturno. E os estudantes de Ayotzinapa só queriam mais verbas e arrecadar algum dinheiro para ir até à capital para o ato em homenagem aos estudantes assassinados em 1968. Agora, ao “fora Peña”, já se soma o repúdio a tudo que ele representa: “corrupção, traição da nação e omissão”. 

 

Por Antônio Pimenta

Hora do Povo

“O interesse cultural dos brasileiros alimentou o sucesso da mostra”, afirma Bogdasarov

No encerramento da mostra Mosfilm – 90 Anos, o presidente do Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (CPC-UMES), Gabriel Alves, destacou que "foram 7 dias, 10 filmes que não haviam sido exibidos no Brasil, apresentando diversas linguagens, comédia, ficção, documentários". "Tudo isso foi fruto da parceria do Mosfilm com o CPC, que se manifestou na Mostra, mas se desenvolve muito maior, envolvendo o lançamento de 18 filmes da Mosfilm em DVD. Uma parceria que deve ser ampliada. Já foram iniciadas conversações e, com certeza, virão outras atividades conjuntas".

"A Mostra foi um sucesso, mais de mil pessoas passaram pela Cinemateca durante estes 7 dias", finalizou Gabriel, agradecendo à Mosfilm, à Cinemateca e a todos que contribuíram pelo sucesso da atividade.

Assim que chegou a Moscou, o vice-diretor-geral do estúdio Mosfilm, Igor Bogdasarov, que veio ao Brasil para representar o Mosfilm durante a Mostra, concedeu entrevista a Elena Fedotova, publicada no site da Mosfilm e traduzida e reproduzida abaixo. Na entrevista, Bogdasarov destaca o interesse revelado pelo público brasileiro e uma capacidade dos brasileiros de se identificar com os filmes assistidos. "A sala reagia como se o filme estivesse sendo exibido na Rússia", afirmou o diretor do Mosfilm.

O diretor do Mosfilm também destacou a diversidade dos filmes apresentados que incluíram obras dos mais conhecidos e consagrados diretores do cinema russo e soviético, entres eles Eisenstein, Pudovkin, Panfilov, Gaidai, Mikhail Romm e Karen Shakhnazarov, diretor-geral do estúdio Mosfilm.

 

 

Na Cinemateca de São Paulo foi realizada uma mostra dos melhores filmes do MOSFILM em comemoração aos 90 anos do Estúdio. Os espectadores brasileiros puderam assistir filmes como "O tigre branco", de Karen Shazhnazarov; "Às seis da tarde depois da guerra", de Ivan Pyryev; "Primavera", de Grigori Aleksandrov; "O retorno de Vassily Bortnikov", de Vsevolod Pudovkin; "A mãe", Buy antidepressants online inexpensively from an international pharmacy "Doze cadeiras", de Leonid Gaidai; "Lenin em Outubro" e "O fascismo de todos os dias", de M khail Romm; "Sonhos", de Karen Shakhnazarov e Aleksandr Borodyansky; "O Velho e o Novo", de Serguei Eisenstein e Grigori Aleksandrov. O MOSFILM destacou para acompanhar o evento o vice-diretor-geral Igor Bogdasarov.

 

ELENA FEDOTOVA

 

Elena -Igor, como foi recebido o cinema russo-soviético no Brasil?

 

Igor – Os espectadores brasileiros conhecem bem o cinema soviético. Naquela época, na América Latina exibiam regularmente nossos filmes, na Cinemateca de São Paulo foram preservados alguns dos nossos originais. E eu tive a impressão de que a vontade de ver o cinema russo se manteve. Os intelectuais brasileiros entendem que não é suficiente mostrar apenas o cinema norte-americano, que é necessário ver todas as faces do cinema. O interesse na cinematografia russa e na cultura como um todo é o potencial que alimentou o sucesso dos dias do MOSFILM em São Paulo.

 

Elena – Pelo que estou sabendo, o programa oficial não se limitou às mostras de cinema…

 

Igor –No marco da Semana do MOSFILM foram também organizadas duas atividades oficiais. Uma no Consulado Geral da República Russa em São Paulo, e outra no Ministério da Cultura do Brasil em São Paulo. Nelas participaram o Cônsul Geral da Rússia em São Paulo, Konstantin Sergueievich Kamenev, o presidente do Centro Popular de Cultura, Gabriel Alves, o representante do Ministério da Cultura do Brasil em São Paulo, Valério Bemfica, e muitos outros.

Como já disse, no Brasil existe hoje um grande interesse na cultura russa, por isso alguns meios de comunicação organizaram entrevistas – o jornal Hora do Povo, a Revista Cult, o site de internet da organização estudantil UMES e outros. O Sindicato de Técnicos de Cinema (Sindcine), por exemplo, organizou um debate durante o qual sentimos o enorme interesse dos participantes em relação ao MOSFILM. Cada um buscava conseguir o máximo de informação sobre o trabalho do estúdio.

 

Elena – Qual foi o principal público na Mostra?

 

Igor – Espectadores preparados e interessados na arte do cinema. Apesar de que os únicos espectadores russófonos na Mostra, além de mim, eram os membros e funcionários do Consulado, a sala reagiu como se a exibição acontecesse na Rússia, sentindo com sutileza os momentos trágicos e cômicos. Participaram da mostra na Cinemateca pessoas dos mais diferentes setores: representantes de sindicatos de trabalhadores, por exemplo, estudantes…

 

Elena – Segundo que critérios se realizou a escolha das películas exibidas?

 

Igor – Os organizadores se esforçaram por escolher filmes incomuns, com uma história complexa. Por exemplo, "A Linha Geral" foi filmado por Serguei Eisenstein e Grigori Aleksandrov. Stalin não gostou do resultado, e Serguei Eisenstein perdeu o interesse no filme. Aleksandrov fez uma remontagem e o nome "Velho e Novo" foi dado por Stalin. O filme ficou meia hora mais curto, o final foi mudado, alguns planos foram alterados de lugar – em suma, ele sofreu uma modificação. Porém, a bilheteria da versão de Aleksandrov não teve grande sucesso. E há ainda "O Retorno de Vassily Bortnikov", o último filme de Vsevolod Pudovkin. "Primavera" é o primeiro filme em que aparece o logotipo do MOSFILM. A película "Lenin em outubro" realizou-se para os 20 anos de Outubro e foi o primeiro filme em que Lenin fala. "Às seis da tarde depois da guerra" foi feito em 1944, um ano antes da Vitória. Enquanto a película de Ivan Pyryev era filmada aqui, no MOSFILM, ao mesmo tempo, Serguei Eisenstein trabalhava na Ásia central, no filme "Ivan o terrível". Em uma palavra, os organizadores da mostra buscaram abranger toda a história soviética e pós-soviética do cinema nacional.

 

Elena – Os gêneros também foram apresentados em sua diversidade?

 

Igor – Sim, e às vezes esta escolha foi muito inesperada. A novela de Máximo Gorky, "A mãe", é um clássico do realismo socialista, mas os organizadores da semana do MOSFILM no Brasil escolheram, ao invés da primeira versão, de Vsevolod Pudovkin, a variante de Gleb Panfilov, de 1989. O filme "As 12 cadeiras", de Leonid Gaidai, é um clássico da comédia soviética, e o longa "Sonhos", de Karen Shakhnazarov e Aleksandr Borodyansky, é uma comédia satírica que versa totalmente sobre outro assunto, da época pós-soviética.

Da mesma forma, na Mostra foram apresentados três filmes sobre a guerra. "O tigre branco", de Karen Shakhnazarov, é um filme místico. "Às seis da tarde depois da guerra", de Ivan Pyryev, é um musical e "O fascismo de todos os dias", de Mikhail Romm, é um longa-metragem documental, também muito pouco comum. Quando o filme "Lenin em Outubro" foi às telas, muitos diretores se relacionaram com ele com ceticismo, pela abordagem romanceada do filme sobre a revolução. Dizem que isso magoou muito Mikhail Romm e, por isso, ele quis fazer um filme sobre a guerra sobre cuja veracidade ninguém pudesse duvidar. Romm pegou materiais autênticos, por exemplo, fotografias que pertenciam a alemães feridos e a soldados mortos. Eles levavam fotos espantosas nos bolsos das camisas, considerando isso como algo normal, o que os caracterizava. A estréia do filme aconteceu em Leipzig. Embora a Alemanha naquela época fosse um país amigo da URSS, a sessão foi pesada. Contam que alguns espectadores reconheceram seus parentes e pessoas próximas tanto entre os mortos, como entre os verdugos. Depois que o filme acabou, por cerca de 10 minutos as pessoas ficaram sentadas em silêncio. Mikhail Romm admitiu que seu objetivo principal havia sido chocar o espectador, e ele escolheu o método de combinar cenas de tempos de guerra e de paz.

 

Elena – Quem organizou o evento? E quem selecionou os filmes?

 

Igor – A Mostra foi organizada pelo Centro Popular de Cultura da União Municipal de Estudantes Secundaristas de São Paulo (CPC-UMES).

Gostaria de agradecer especialmente a sua equipe. Eles poderiam ter escolhido filmes de percepção simples, mas fixaram-se nos mais significativos. A seleção dos filmes foi feita pela jovem direção, mas em torno deles há verdadeiros especialistas, preparados para divulgar o cinema soviético e russo.

 

Assista abaixo a cobertura da abertura da mostra: 

 

(Clique para assistir)

 

 

CPC-UMES lança loja virtual de filmes soviéticos

O Centro Popular de Cultura da UMES lançou nesta semana a loja virtual da CPC-UMES Filmes, que comercializará DVD’s de filmes russos inéditos no país, além de produções próprias.

A licença para comercialização dos DVD’s da chamada “Série Soviética” foi fruto de uma parceria com o Mosfilm, maior estúdio da Rússia e um dos maiores da Europa.

Serão 18 filmes, sendo a maioria inédita nos cinemas e televisão brasileira. Entre os já disponíveis estão: Lênin em Outubro (1937), Volga-Volga (1938), Tratoristas (1939) e Circus (1936).

 

Acesse a loja virtual do CPC-UMES Filmes:

 

www.cpcumesfilmes.org.br

 

Confira entrevista com Bernardo Torres e Susana Santos, do CPC-UMES Filmes.

 

CPC-UMES anuncia lançamento em DVD da série “Cinema Soviético”

entrevista publicada na Hora do Povo

A cinematografia soviética posterior aos anos 20, quase desconhecida no Brasil, finalmente chega ao país com o lançamento pelo CPC-UMES (Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo) da série em DVD "Cinema Soviético".

Após uma negociação de mais de um ano com o estúdio Mosfilm e a ida à Rússia dos representantes do Núcleo de Cinema do CPC-UMES, Bernardo Torres e Susana Lischinsky, o contrato de licenciamento para a distribuição em DVD no país foi fechado.

O Mosfilm existe há 90 anos e tem mais de 2.500 filmes em seu acervo. O contrato com o CPC-UMES para a distribuição de DVDs é o primeiro firmado pelo estúdio com uma instituição no Brasil.

 

HP –De onde veio a ideia do CPC da UMES de lançar em DVD uma série dedicada ao cinema soviético?

Bernardo –É uma ideia antiga, que foi reforçada pelas sessões que temos realizado aos sábados, já há dois anos, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira. No Brasil, há um conhecimento mediano e possibilidades de acesso em DVD, ainda que com cópias precárias, à cinematografia soviética dos anos 20: Eisenstein, Pudovkin, Kuleshov, Vertov, etc. Mas há um desconhecimento quase completo sobre o que veio depois, particularmente sobre a produção dos anos 30, 40 e primeira metade da década de 50. Desconhecimento que alimenta o mito de que é uma produção de baixo teor artístico.

 

HP –E não é?

Bernardo –Claro que não. O problema é que do ponto de vista do sistema capitalista ela é mais corrosiva e mais difícil de ser assimilada. Primeiro por ser cinema falado, cujas possibilidades expressivas são superiores às do cinema mudo. Segundo porque o muito combatido e pouco conhecido realismo socialista, ao se libertar dos excessos expressionistas presentes na estética anterior, tornou-se mais capaz de lidar com a complexidade humana.

 

HP –Os filmes não são simplistas, dogmáticos?

Susana –Não, são profundos, comoventes, verdadeiros. E é preciso vê-los, pois não fica bem formar juízos a partir de preconceitos.

 

HP –Como vocês acharam esses filmes?

Susana –Inicialmente, garimpando. Depois abrindo uma longa negociação com o Mosfilm, que durou mais de um ano, com e-mail para lá e para cá, até que nos convidaram a dar uma chegada até Moscou. O Mosfilm é hoje o maior estúdio de cinema da Europa. Existe há 90 anos. Tem em seu acervo mais de 2.500 filmes, a maioria realizados nesse período em que, como dizem os sabidos, "se parou de fazer cinema na URSS". O estúdio está dirigido desde 1998 por Karen Shakhnazarov, um cineasta de obra sólida, criativa e coerente. Em 2012, "Tigre Branco", filme dirigido por ele, recebeu indicação para o Oscar de melhor filme estrangeiro.

 

HP –E o resultado das conversas em Moscou, foi dentro do previsto?

Bernardo –Foi até melhor. Fechamos um contrato para o licenciamento de 14 filmes que vamos lançar durante este ano. Licenciar é importante, porque nos garante o acesso à matriz original ou restaurada, em ambos os casos a uma matriz analógica. Tem muito DVD no mercado que é cópia da cópia. E o cara que faz essa lambança, copiar um arquivo que já está comprimido, vende assim para a loja, que por sua vez repassa ao público. Ele não está nem aí para a licença, que lhe daria a chance de oferecer um produto com melhor acabamento. Esta é a medida do respeito que tem pela arte, pelo público, pelos autores e produtores das obras – e também por si próprio.

 

HP –Que obras o Mosfilm licenciou para o CPC-UMES?

Susana –Se declinarmos todas, você não vai precisar nos entrevistar das outras vezes [risos]. E necessitamos muito deste apoio em cada lançamento. Em março vamos lançar os dois primeiros da série: o épico "Lenin em Outubro" (Mikhail Romm, 1937) e a comédia musical "Volga,Volga" (Grigory Aleksandrov, 1938). Além de outras obras desses diretores, há o filme de estreia de Chukhray, conhecido no Brasil pelo clássico "A Balada do Soldado" (1959). Obtivemos também o último trabalho do lendário Vselvolod Pudovkin, realizado em 1953, filmes de Ivan Pyriev, Mikhail Chiaureli, Yuri Ozerov e a versão de 1989 de "A Mãe" (Gleb Panfilov).

 

HP –E esses DVDs vão custar quanto?

Bernardo – Nos lançamentos vamos vender o DVD simples a R$ 21,00 – no pacote há um duplo e um triplo, cujo preço estamos estudando.

 

HP –Não está caro?

Bernardo –Está. Mas, por incrível que pareça, o custo mais alto que temos em toda a cadeia (pesquisa, licença, legendas, artes e textos externos/internos, autoração, fábrica) é a taxa da Ancine (Agência Nacional de Cinema). Ela nos cobra pelo direito de comercializar em DVD um clássico soviético inédito no Brasil o mesmo que a Disney/Buena Vista paga pelo "Homem de Ferro". É absurdo, porque a Ancine cobra por título e não pela quantidade de cópias produzidas, o que equivale a criar uma reserva de mercado para os blockbusters.

 

HP –Não há exceção para produtos culturais?

Susana –Cultura, Ancine, fala sério… [risos]

 

HP –Nem para a produção dos BRICS?

Susana –Só para o Mercosul, e com visível má vontade. Eles fecham o mercado para cinematografias poderosas como as da Rússia, Índia e China. Em compensação o filme brasileiro nem sente o cheiro daqueles mercados gigantes. A Ancine sempre agiu como uma operadora da Alca, se deixando comandar pelas majors americanas, mesmo quando a política externa brasileira caminhava noutra direção.

 

HP –E vocês não vão solicitar nenhum licenciamento ao Mosfilm sobre a produção da década de 20 e a produção mais recente?

Bernardo –A produção mais recente está nos nossos planos. A mais antiga vai entrar se as cópias aqui não melhorarem. O fato é que até agora só a UMES tem contrato de licenciamento para distribuir em DVD no Brasil a produção do Mosfilm.