CINEMA NO BIXIGA – Sinopse do próximo filme: Os Esquecidos

Neste sábado, 10/05, o Cinema no Bixiga apresenta o filme “Os Esquecidos”. O filme inicia às 16 horas, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Entrada franca! 

 

OS ESQUECIDOS

Luis Buñuel (1950), com Alfonso Mejía, Estela Inda, Miguel Inclán, Roberto Cobo, Alma Delia Fuentes, Francisco Jambrina e Jesús Navarro, MÉXICO, 85 min.

 

Sinopse

Nos subúrbios da Cidade do México jovens delinquentes tentam sobreviver num ambiente indigno e miserável cometendo pequenos roubos. A temperatura se eleva depois que El Jaibo, mais velho, experiente e diplomado em lei da selva, foge de um reformatório e se torna líder do bando. Prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes.

 

Direção: Luis Buñuel (1900-83)

Nascido em Calanda, Espanha, Buñuel iniciou os estudos com os jesuítas, mas foi expulso do colégio, aos 15 anos, por ateísmo. Em 1917, foi para Madri, tomando contacto com as vanguardas artísticas da época. Em 1925, trabalhou com Jean Epstein e estudou na Academie du Cinéma. Três anos depois, lança o curta “Um Cão Andaluz”. Ainda na França, sob influência do surrealismo, realiza “L’Âge D’Or” (1930). De volta à Espanha dirige o documentário “Terra Sem Pão” (1933) e “A Menina Raptada” (1936). Com a Guerra Civil (1936-39), tenta dar continuidade à carreira nos EUA. Após 10 anos sem filmar, naturalizou-se no México, dirigindo 20 filmes, entre os quais “Gran Cassino” (1947), “Os Esquecidos”(1950), “Susana” (1951), “El Bruto” (1952); “Él” (1952), “Robinson Crusoe” (1953); “Ensayo de un Crimen” (1955); “Nazarín” (1958). De novo na Europa,  realiza “Viridiana” (1961), Palma de Ouro no Festival de Cannes; “O Anjo Exterminador” (1962); “Simón del Deserto” (1965);  “A Bela da Tarde” (1966), Leão de Ouro no Festival de Veneza;  “O Discreto Charme da Burguesia” (1972).

 

Argumento Original: Luis Alcoriza (1920-92), Luis Buñuel (1900-83)

Nascido em Badajoz, o ator, roteirista e diretor de cinema Luís Alcoriza veio de uma família  de atores de teatro que viajou por toda a Espanha, partes da África e América do Sul apresentando seus espetáculos. Chegou ao México em 1940. Escreveu com  Buñuel. os roteiros de “Os Esquecidos” (1950) , “El Bruto” (1952),  “O Anjo Exterminador” (1962). Dirigiu “Tlayucan” (1961), “Tiburoneros” (1962), “Tarahumara” (1964) , “Mecânica Nacional” (1971) e “Esperanza” (1972).

 

Música Original: Rodolfo Halffter (1900-87) e Gustavo Pittaluga (1906-75)

Rodolfo Halffter Escriche estudou no Conservatório de Madrid, foi membro do grupo de compositores conhecidos como o Grupo dos Oito. Após a guerra civil, mudou-se para o México, tornou-se professor de análise musical no Conservatório Nacional e foi diretor de  Ediciones Mexicanas de Música.  Escreveu 28 trilhas para cinema, entre as quais, “Maria Candelaria” (Emilio Fernandez, 1944), “A Deusa Ajoelhada” (Roberto Gavaldón, 1947), “Toureiro” (Carlos Velo, 1956), “Os Esquecidos” e “Nazarin” (Luís Buñel, 1950 e 1960).  

Compositor e crítico musical, Gustavo Pittaluga nasceu em Madri. Integrou o Grupo dos Oito. Compôs para Buñuel as trilhas de “Os Esquecidos” (1950), “Subida Al Cielo” (1952), “Viridiana” (1961). Em 1962, retornou do exílio no México e estabeleceu-se em Madrid. Seu trabalho inclui obras para piano e orquestra e concertos.

Pronatec: Apenas 3,6% das vagas abertas são nas escolas federais

Cursos rápidos na iniciativa privada substituem expansão dos institutos federais de educação

 

Principal bandeira de Dilma para a educação, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) reforça a opção de seu governo pelo caminho da privatização da educação brasileira. Com um gasto de cerca de R$ 14 bilhões, o programa, ao invés de disponibilizar cursos técnicos de qualidade para a juventude brasileira, transfere recursos para a iniciativa privada para a criação de cursos rápidos e sem qualquer controle do estado.

Em seu discurso na última semana, durante a entrega de certificados de conclusão de cursos para participantes do programa no Mato Grosso, Dilma afirmou que “o Pronatec é uma prioridade para se construir um Brasil melhor, para cada um de nós. Por isso, venho para mostrar a importância que esse curso tem para o país”. Segundo a presidente, os cursos oferecidos no programa são fundamentais para o desenvolvimento do país.

Entretanto, o programa criado vai na contramão do caminho do desenvolvimento do ensino técnico do país. Pois injeta diretamente dinheiro público na iniciativa privada e esvazia a rede federal de ensino técnico, antes fortalecida pelo governo Lula.

Nas inscrições para a etapa mais recente do programa, ocorridas entre os dias 17 e 21 de março, foram oferecidas um total de 291.338 vagas em 122 cursos em 937 unidades de ensino. Deste total, apenas 8.040 vagas são nas escolas da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica; composta pelos Institutos Federais, Universidades Tecnológicas, CEFETs e escolas técnicas vinculadas à universidades.

Do restante, 37.070 são oferecidas pelas escolas do chamado Sistema S (Senai, Senac, Sesi, etc.), instituições vinculadas a industria e comércio e mantidas por contribuições das suas categorias.

E por fim, as 246.228 vagas ofertadas diretamente por instituições privadas que serão sustentadas diretamente com dinheiro público, já que o Pronatec, diferentemente do Prouni, não consiste em isenções fiscais, mas sim, dinheiro injetado diretamente nos bolsos dos tubarões de ensino.

Tamanho o descaramento do governo, assim como seu compromisso em priorizar as instituições privadas de ensino em detrimento à escola pública, que o programa permite ainda que as faculdades particulares forneçam os cursos ditos profissionalizantes. Segundo o Ministério da Educação, nada mais justo, pois elas possuem toda a infraestrutura e profissionais capacitados para oferecer esses cursos. As principais instituições que aderiram ao programa, são justamente àquelas vinculadas ao capital estrangeiro, como os grupos Kroton/Anhanguera, Estácio e Anhembi Morumbi.

 

CURSOS

Durante seu discurso, Dilma, pontuou que “a variedade de cursos é muito importante. É a primeira característica do Pronatec. A segunda é a qualidade do Pronatec”. De fato, podemos verificar a qualidade dos cursos oferecidos: tais como o de Massoterapia, oferecido por ensino à distância; o de cuidador de idosos; ou ainda o de batedor de massas para construções.

Outros cursos técnicos também chamaram a nossa atenção.

Podemos verificar o curso técnico de Adestrador de Cães, cuja descrição é “adestrar cães visando o controle do seu comportamento e obediência, utilizando métodos e técnicas apropriados”.

Temos ainda o curso de Disc Jóquei (DJ), na categoria Produção Cultural e Design que possui a seguinte descrição: “Seleciona e faz rodar as mais diferentes composições musicais previamente gravadas para um determinado público alvo utilizando vinil, CD ou meios e arquivos digitais sonoros”.

Agora, sem dúvida, a descrição mais fiel de um curso do Pronatec é o do curso de “Alemão Básico”, que “compreende e usa expressões familiares e cotidianas, assim como enunciados muito simples, que visam satisfazer necessidades concretas. Apresenta-se e apresenta a outros e é capaz de fazer perguntas e dar respostas sobre aspectos pessoais como, por exemplo, o local onde vive, as pessoas que conhece e as coisas que tem. Comunica-se de modo simples, se o interlocutor falar lenta e distintamente e se mostrar cooperante”.

Contudo, a juventude brasileira pode acreditar que está bem encaminhada graças ao Pronatec de Dilma. E que as gerações futuras fiquem tranquilas, já que nas suas palavras há o seu “compromisso de transformar o Pronatec em um programa do Estado brasileiro”.

 

ANDRÉ SANTANA

Fonte: Hora do Povo

CINEMA NO BIXIGA – Sinopse do próximo filme: Ladrões de Bicicleta

Neste sábado, 26/04, o Cinema no Bixiga apresenta o filme “Ladrões de Bicicleta”. O filme inicia às 16 horas, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Entrada franca! 

 

LADRÕES DE BICICLETAS

Vittorio De Sica (1948), com Lamberto Maggiorani, Enzo Staiola, Lianella Carell, ITÁLIA, 93 min.

 

Sinopse
Três anos depois do final da 2ª Guerra Mundial, na Roma assolada pelo desemprego, Antônio obtém trabalho como colador de cartazes. Mas a alegria se esvai quando sua bicicleta é roubada. Sem o meio de trabalho não há perspectiva de manter o emprego. Em companhia de Bruno, seu filho de nove anos, Antônio vasculha a cidade, buscando recuperar o que perdeu.

Obra-prima do neorrealismo, um dos filmes mais influentes da história do cinema.

Direção: Vittorio De Sica (1901-74)

Diretor, ator, escritor e produtor, Vittorio De Sica nasceu em Sora, mas cresceu em Nápoles e começou a trabalhar cedo como auxiliar de escritório, para sustentar a família. Sua paixão pelo teatro levou-o aos palcos. Ao final da década de 20, ele fazia sucesso como ator. Em 1933, montou sua própria companhia.
De Sica voltou-se para o cinema em 1940. Ao amadurecer, tornou-se um dos fundadores do neorrealismo, emplacando uma sequência de quatro clássicos que figuram em todas as antologias: “Vítimas da Tormenta” (1946), “Ladrões de Bicicletas” (1948), “Milagre em Milão” (1950), “Humberto D” (1951) – os dois primeiros realizados em parceria com o escritor Cesare Zavattini, outro papa do movimento. Também dirigiu “O Juízo Universal” (1961), “La Rifa” (1962, episódio de “Decameron 70”), “Ontem, Hoje, Amanhã” (1963), “O Ouro de Nápoles” (1964), “Matrimônio à Italiana” (1964), “Girassóis da Rússia” (1970), “Jardim dos Finzi-Contini” (1970), “Amargo Despertar” (1973).

Argumento Original: Luigi Bartolini (1892-1963)

Nascido em Cupramontana, Luigi Bartolini foi gravador, pintor, escritor, poeta e crítico de arte italiano. Com mais de 70 livros publicados, escreveu, em 1946, o romance “Ladrões de Bicicletas”, que Cesare Zavattini tomou como base para elaborar o roteiro do filme de Vittorio De Sica.

 

Música Original: Alessandro Cicognini (1906-95)

Alessandro Cicognini nasceu em Pescara, estudou no Conservatório de Música de Milão. Compôs a trilha de mais de 100 filmes. Trabalhou com diretores renomados como Vittorio De Sica (“Vítimas da Tormenta, 1946; “Ladrões de Bicicletas”, 1948; “Milagre em Milão”, 1950; “Humberto D”, 1951; “O Juízo Universal, 1961), Julien Duvivier (“O Pequeno Mundo de D. Camilo”, 1952), David Lean (“Quando o Coração Floresce”, 1955), Mario Monicelli (“Pais e Filhos”, 1957), Martin Ritt (“A Orquídea Negra, 1958).

“É inadmissível que os 10% do PIB financiem o setor privado”

Deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE) alerta que texto do PNE aprovado na Comissão Especial abre brecha para escoamento das verbas públicas

 

"O destaque para que se mantenha o texto da Câmara não gera impacto algum nos programas que já estão sob proteção do governo federal. Não haverá suspensão do ProUni, nem do Fies. O que já está contratado permanece. O que nós vamos estabelecer é que o recurso público daqui por diante não vai irrigar, alimentar uma cobra de duas cabeças. Dinheiro público para o que é público e não para financiamento do setor privado, isso é inadmissível”, salientou o deputado Paulo Rubens Santiago (PDT-PE) durante a reunião da Comissão Especial da Câmara dos Deputados, na última terça-feira (22), que antecedeu votação das modificações vindas do Senado Federal referentes ao Plano Nacional de Educação (PNE).

A reunião realizada nesta quarta-feira (23) aprovou por 11 votos a 8, o relatório do deputado Ângelo Vanhoni (PT-PR) em que se manteve o parágrafo 4º, artigo 5º inserido pelo Senado Federal na lei do PNE.

O texto do parágrafo considera que o investimento público em educação “engloba os recursos aplicados na forma do art. 212 da Constituição Federal e do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, bem como os recursos aplicados nos programas de expansão da educação profissional e superior, inclusive na forma de incentivo e isenção fiscal, as bolsas de estudos concedidas no Brasil e no exterior, os subsídios concedidos em programas de financiamento estudantil e o financiamento de creches, pré-escolas e de educação especial”. Ou seja, caso mantido o texto, constará como “investimento público em educação”, a concessão de bolsas de ensino na rede privada, assim como os programas Prouni, Fies, Pronatec.

Durante o debate do dia 22 as manobras do governo para manter como principal meio de financiamento da educação a injeção de recursos públicos no setor privado – que, no caso do ensino superior, já é cerca de um terço desnacionalizado, passaram desde ligações do ministro da Educação, Henrique Paim, pressionando os deputados da base governista a votar a favor do texto privatista, até deputados petistas afirmarem que a supressão do parágrafo 4º, artigo 5º acabaria imediatamente com os programas Fies, Prouni, Pronatec e Ciências Sem Fronteiras.

Segundo o deputado Artur Bruno (PT-CE) “nós estamos aqui fazendo uma falsa discussão”, segundo ele “o que o parágrafo 4º do artigo 5º esta corretamente mantendo é que a Constituição Federal, que é a lei maior, define claramente em que situações nós podemos considerar investimento público mesmo que não seja na escola pública, claramente: Prouni, Fies, Ciência Sem Fronteiras, Pronatec, são ou não recursos públicos? São! São programas que a sociedade brasileira comemora”, afirmou o deputado.

O petista não perdeu a chance de afirmar que “nós não temos enquanto estado condição de abarcar todas essas necessidades educacionais apenas nas instituições públicas”, disse o deputado, além de questionar “como é que nós vamos ter garantia legal para manter esses programas (Prouni, Fies, Pronatec e Ciências Sem Fronteiras) tão importantes?”.

Em resposta, Rubens Santiago clareou a questão. “Vossa Excelência diz que “não tem como expandir a universidade pública então vamos dar dinheiro para o Fies”. Claro, quanto mais dinheiro der pro Fies, menos nós vamos expandir exclusivamente recursos para universidade pública”. “O Prouni é renúncia fiscal. Sabe quem é que presta conta do Prouni? Não é o orçamento do MEC é o orçamento da Receita Federal, Gastos Tributários Indiretos (GTI), então é uma mentira, é uma vergonha se contestar aqui o nosso destaque dizendo que nós queremos acabar com o Prouni garantindo que os recursos do PNE sejam exclusivos para instituições públicas”, disse o deputado.

“As desonerações fiscais favoráveis ao Prouni para este ano estão estimadas em R$ 604 milhões de reais na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Mas o maior gasto público se deu na abertura das torneiras para o Fies, que contabilizou em 2012 R$ 4,3 bilhões de reais de origem pública para a iniciativa privada. Eu não quero ver isso no meu país. A educação superior 80% privada e desses 80%, 90% na mão dos fundos financeiros internacionais”, ressaltou Santiago.

Para finalizar o deputado pedetista afirmou “o ProUni, o Fies, as desonerações tributárias que hoje financiam a participação das instituições privadas, são mecanismos complementares. Se nós não estabelecermos a supremacia, a prioridade, e a exclusividade do investimento publico, 10%do PIB para educação pública, nós vamos vender gato por lebre”.

“Estamos votando de 7% a 8% do PIB nos próximos 10 anos [se a inclusão dessas políticas de isenção fiscal for mantida] para a educação pública, na melhor das possibilidades, já que não existe limitação para recursos públicos nas instituições privadas. Vamos continuar patinando em matéria de qualidade, de atendimento da educação pública no nosso país. A lógica aqui contida é privatista”, afirmou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

“A nossa meta era manter o texto aprovado na Câmara em junho de 2012 que propõe 10% do PIB [para educação pública]. Com a decisão de hoje, o investimento ficará entre 7 e 8%”, lamenta o deputado Glauber Braga (PSB-RJ), que votou contra a medida.

Para a secretária-geral da União Nacional dos Estudantes, Iara Cassano, “o texto aprovado na Comissão Especial da Câmara dos Deputados representa um golpe do governo na educação pública. Não é possível admitir como investimento público, investimento em instituições de ensino privadas. A sanha entreguista do governo Dilma Rousseff quer nos fazer engolir goela abaixo uma educação sem qualidade e compromisso com o país. Precisamos garantir no Plenário da Câmara que o parágrafo 4º do artigo 5º seja suprimido do projeto e assim garantir um PNE onde os 10% do PIB da verba pública seja para educação pública”.

O coordenador nacional da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, Daniel Cara, parabenizou o empenho dos deputados que votaram a favor dos destaques pela supressão do parágrafo 4º, artigo 5º do Plano. “Prevaleceu a posição do Poder Executivo: Pronatec, ProUni, Fies e convênios serão contabilizados na meta de 10% para educação pública. Parabenizo as bancadas do PDT, PSB, PCdoB, PSOL, DEM, PSC e PP pelo voto em favor do dinheiro público para a educação pública”.

Após a votação dos destaques restantes, que deve ocorrer no dia seis de maio, o texto segue para o Plenário da Câmara, onde poderá sofrer alterações, e o parágrafo 4º do artigo 5°, pode ser derrubado.

 

Fonte: Hora do Povo

Os azarados e os bem de vida no palco do Denoy de Oliveira

Com um elenco de 20 atores e estreia marcada para 9 de maio, o diretor João das Neves está montando no palco do Cine-Teatro Denoy de Oliveira a peça “Os Azeredo Mais Os Benevides”, de Oduvaldo Vianna Filho.

A peça iria inaugurar o teatro da UNE, no ano de 1964. A trilha musical estava sendo composta por Edu Lobo, que já havia feito “Chegança”, especialmente para o espetáculo. O golpe que depôs o presidente João Goulart impediu que isso acontecesse. O prédio da UNE foi incendiado na madrugada do dia 1º. de abril.

Para encarar o desafio de trazê-la à luz, 50 anos depois, nada mais apropriado do que contar com o trabalho do diretor João das Neves, que no auge dos 80 anos de uma vida talentosa e coerente se lembra bem do dia em que teve que deixar o prédio da UNE que ardia em chamas. E montá-la no palco que leva o nome do multiartista Denoy de Oliveira, outro ex-integrante do CPC da UNE que estava lá naquela ocasião. A trilha musical iniciada por Edu Lobo foi completada pelo maestro Marcus Vinicius.

 

OS AZEREDO MAIS OS BENEVIDES

 

Sinopse

“Uma funda amizade/ aqui começou./ Um doutor de verdade/ e um camponês meu amor.” Assim canta Lindaura, sublinhando o início da amizade entre o camponês Alvimar e Esperidião, um jovem e empreendedor senhor de terras. Uma amizade que vai sendo desmontada com o passar dos anos, por mais que os dois homens se obstinem em preservá-la.

 

Ficha Técnica

Peça de Oduvaldo Vianna Filho

Direção: João das Neves

Música: Edu Lobo (Chegança); Marcus Vinícius

Elenco: Chico Américo; Danilo Caputo; Emerson Natividade; Erika Coracini; Ernandes Araujo; Graça Berman; Guilherme Vale; João Ribeiro; Junior Fernandes; Leonardo Horta; Léo Nascimento; Marcio Ribeiro; Mariana Blanski; Paula Bellaguarda; Pedro Monticelli; Rafaela Penteado; Rebeca Braia; Ricardo Mancini; Telma Dias; Zeca Mallembah.

Cenografia: João das Neves e Rodrigo Cohen

Figurinos: Rodrigo Cohen

Direção Musical: Léo Nascimento

Assistente de Direção: Alexandre Kavanji

Iluminação: Leandra Demarchi

Cenotécnico: Edson Freire Vieira

Assistente de Figurino: Arieli Marcondes

Preparação Corporal e Orientação de Movimento: Alicio Amaral e Juliana Pardo  

 

Produção: CPC-UMES

Ingressos: R$ 30,00 (meia-entrada R$ 15,00)

Horários: Sextas e Sábados 21h; Domingos 20h

Temporada: 9 de Maio a 8 de Junho

 

CINE-TEATRO DENOY DE OLIVEIRA

Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Tel: 3289-7475

Cardozo manda PF treinar tortura com a Blackwater para utilização na Copa

Corpo docente é formado pelos mercenários da desclassificada empresa, uma invenção da CIA

 

Algumas pessoas de boa fé manifestaram a sua perplexidade com a notícia de que a Blackwater (hoje Academi), maior empresa de mercenários e terceirização de assassinatos e tortura dos EUA, está treinando policiais brasileiros, em um convênio ou contrato entre a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (SESGE) e a embaixada dos EUA – mais especificamente, entre a SESGE e o Regional Security Office (RSO), que vem a ser a sucursal, dentro da embaixada e dos consulados norte-americanos, da agência “de segurança” do Departamento de Estado, o Diplomatic Security Service (DSS).

É compreensível a perplexidade, apesar dela demonstrar que essas pessoas de boa fé ainda não perceberam no que se tornou o governo Dilma. No entanto, depois da entrega de parte do maior campo de petróleo do mundo a duas petroleiras multinacionais, sem a menor necessidade, exceto a que provém da subserviência, o caso do treinamento de policiais nos EUA – e logo por quais “treinadores” – é esclarecedor sobre o rumo antinacional, antidemocrático e antipopular tomado pelo governo.

 

TREINAMENTO

Diz a SESGE, inventada em 2011 e subordinada ao ministro da Justiça, que os policiais foram fazer treinamento “anti-terrorista”. Disse, ao jornal “Folha de S. Paulo”, um dos participantes: “O foco do programa é passar as experiências práticas vividas pelas tropas americanas no combate ao terrorismo. Por isso, fomos enviados, pois somos a tropa especializada que será empregada durante uma ameaça de ataque terrorista em São Paulo”.

“Ameaça de ataque terrorista em São Paulo”? Sem desdouro do policial que apenas repetiu o que ouviu, parece invenção de nazista – com a diferença de que os nazistas realmente incendiaram o Reichstag e quase explodiram o gasômetro do Rio durante a ditadura, o que foi frustrado por um bravo oficial da Aeronáutica, que se recusou a obedecer a uma ordem criminosa, arcando com penosas consequências.

Já esse “ataque terrorista em São Paulo” é pura ficção para que alguns ingênuos – e outros nem tanto – considerem que o Brasil está na mesma situação que os EUA. Mas nós não invadimos o Iraque nem o Afeganistão, não bombardeamos a Líbia, não torturamos milhares de pessoas inocentes, nem sustentamos os crimes de Israel contra milhões de palestinos, nem instalamos campos de concentração que vão de Guantánamo até Bagram, passando pelos campos e prisões do Iraque, onde há 11 anos inocentes são mantidos sob condições indignas, desumanas, repugnantes.

Além disso, desde quando a chamada “guerra ao terror” dos EUA tem o objetivo de combater o terrorismo? Esse slogan, desde o início, serve para tudo – mais precisamente, para tudo o que não presta. Desde rasgar a Constituição dos EUA e instalar um Estado policial naquele país até bombardear e invadir outros países, chacinar governantes que jamais tiveram relação alguma com terrorismo – ou assassinar, com drones, líderes populares que somente são culpados de lutar pela independência de seus países e pelo progresso de seus povos – levando sofrimentos indizíveis a populações inteiras do planeta.

A “guerra ao terror” é, portanto, o rótulo que o governo dos EUA deu ao seu terrorismo como política de Estado. Sinteticamente, é o nome do terrorismo de Estado da casta financeira dos EUA.

Não se trata de uma revelação. Todo mundo sabe disso.

No entanto, disse a presidente Dilma, ao vistoriar os novos “robôs anti-bomba” que o governo comprou para a SESGE, que “o pior que pode acontecer em um país é essa sensação de insegurança”.

A sensação de insegurança que existe no país não é devida ao terrorismo, mas ao governo da presidente, com sua política anti-crescimento, anti-indústria, e de total submissão aos monopólios multinacionais, a começar pelos bancos estrangeiros. Portanto, é pouco provável que os robôs anti-bombas que o governo comprou resolvam o problema.

Piorar essa política traz menos expectativas ainda – pelo menos, expectativas positivas – em relação ao governo. Submeter policiais brasileiros ao amestramento da Blackwater para servir à política norte-americana de falso combate ao terrorismo, é alinhar-se completamente por baixo do tacão mais reacionário, mais imperialista, mais criminoso e mais decadente dos tempos atuais. Não é preciso muita argúcia para perceber que isso é colaboração com o crime e servilismo diante dele.

Porém, o atual governo chegou a esse patamar de subserviência. Ou será que a presidente Dilma e o ministro Cardozo não sabem o que é a Blackwater? Pelo menos deveriam se lembrar do resultado dos treinamentos de brasileiros pelos americanos na década de 70, em insituições (Deus!) como a Escola das Américas, no canal do Panamá.

Não é por acaso que os professores designados para os nossos policiais foram os degenerados da Blackwater. Certamente, não é em atividades policiais que essa escória é especializada, ou pode ensinar alguma coisa. Aliás, qual foi a “ação terrorista” que eles combateram, preveniram, descobriram ou elucidaram? Sua especialidade é o assassinato e a tortura – como no Iraque, Afeganistão e Somália.

Desde quando nós precisamos desse tipo de “ajuda” e treinamento?

Como o jornalista norte-americano Adam Ciralsky demonstrou, a Blackwater é uma invenção da CIA para trapacear limites legais e desviar a atenção de si própria. Em suma, é um braço do programa de assassinatos da CIA e somente sobrevive com o dinheiro que esta última lhe repassa (v. HP 17/09/2010; a reportagem original de Ciralsky, por nós traduzida, com uma entrevista do fundador oficial da Blackwater, Erik Prince, saiu em “Vanity Fair”, janeiro de 2010, com o titulo: “Tycoon, Contractor, Soldier, Spy“).

 

FOLHA

Exceto esse ramo de assassinatos a mando da CIA, a Blackwater/Academi jamais foi competente em nada. Até mesmo abandonar um exército de mercenários no meio do deserto da Somália está em sua folha corrida (depois que guerrilheiros somalis executaram um instrutor sul-africano da Blackwater, os demais instrutores fugiram do país, “deixando os recrutas encalhados numa base no deserto” – v. Jason Ditz, “Blackwater Founder’s Mercenary Army Abandoned in Somali Desert”, Antiwar.com, October 05, 2012).

Considerando os acontecimentos de Fallujah em 2004, quando a resistência iraquiana, e, logo, uma verdadeira multidão, executou os mercenários da Blackwater que entraram na cidade, tratando-os, em seguida, como Judas em sábado de Aleluia, trata-se de criminosos sanguinários, mas estúpidos, sem muita noção do perigo, embora com muita pôse (v. HP 06/04/2004).

Em seu site, a SESGE propaga que o Brasil terá um “Centro de Cooperação Policial Internacional” durante a Copa e as Olimpíadas, formado por policiais dos vários países que participarão dos eventos. Como se as inúmeras agências policiais ou de espionagem ou de terorismo dos EUA pudessem estar, dentro do Brasil, em pé de igualdade com a polícia de Kiribati ou de São Tomé e Príncipe… É óbvio que o objetivo desse “Centro de Cooperação Policial Internacional” não é introduzir no país esses últimos.

C.L.

 

Fonte: Hora do Povo

Ensino básico: servidores federais iniciam greve contra aumento zero

Sindicato: “servidores estão dando resposta ao governo Dilma por sua intransigência”

 

O Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), que reúne professores e funcionários do setor, iniciou greve por tempo indeterminado nesta terça-feira.

A greve, que se soma à mobilização nacional dos servidores públicos federais, em campanha salarial unificada, foi aprovada durante o 28º Congresso da entidade no final de março. Desde o encontro, cerca de 50 campi de 11 estados já realizaram assembleias aderindo à paralisação, entre eles o Instituto Federal de Alagoas (IFAL), Instituto Federal do Acre (IFAC), os campi Campos dos Goytacazes Centro, Macaé e Quissamã do Instituto Federal Fluminense, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), o campus de Goiânia do Instituto Federal de Goiás, o campus Itapetininga do Instituto Federal Baiano, o campus Castanhal do Instituto Federal do Pará, o campus Maracanã do Instituto Federal do Maranhão, o campus de Caruaru do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco. Novas assembleias estão marcadas para esta semana.

A principal reivindicação dos servidores é reajuste salarial com a antecipação do índice previsto para 2015, de 5% – o índice é resultado da negociação da greve realizada em 2012. Como o reajuste concedido este ano sequer repôs a inflação, os servidores reivindicam a antecipação e a reabertura de negociação. O funcionalismo reivindica ainda a definição da data base dos profissionais em maio, reestruturação da carreira dos técnicos administrativos e dos docentes, 10% do PIB para a Educação Pública, entre outros pontos.

De acordo com o presidente do Sinasefe, Paulo Caxinguelê, “desde meados de 2013, estamos esperando uma negociação com o Governo Federal”, mas sem sucesso.

“A base do Sinasefe está dando a resposta ao governo Dilma por sua intransigência e desrespeito aos servidores: nossa greve, recém deflagrada, vai ser forte”, convoca o sindicato ressaltando que “a partir de agora e até que o governo atenda nossas reivindicações, estaremos em greve”.

Já em greve desde 17 de março, os técnicos administrativos das universidades federais também intensificaram a mobilização e pressionaram o governo federal exigindo a reabertura de negociação na última audiência pública com o representante do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, na Câmara dos Deputados.

Conforme a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnicos Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), a representação da entidade na audiência “afirmou que o resultado da Greve de 2012 não foi fruto de uma negociação e sim de uma imposição por parte do Governo Federal; imposição essa que se resumiu em aceitar ou não a proposta de reajuste salarial de 15% dividido em 3 parcelas (de 2013 à 2015), pois para ser um processo negocial deveria haver uma ressalva garantindo a reposição inflacionária  desse período”. Desde o início da paralisação já são 37 unidades paradas.

Os servidores também já realizaram duas marchas à Brasília e uma nova está sendo convocada para o dia 7. Os manifestantes se concentrarão em frente ao Bloco K – prédio que abriga o Ministério de Planejamento – para cobrar negociação em torno da pauta unificada dos servidores públicos, protocolada no início de fevereiro.

Até o momento o governo vem se recusando a negociar com o funcionalismo. O Ministério do Planejamento chegou a formalizar em documento resposta às reivindicações reafirmando que não atenderá a pauta dos funcionários públicos.

Entidades emitiram notas de repúdio à postura do governo. A greve ganhou também o apoio de entidades estudantis. O presidente da Federação dos Estudantes de Campos, no Rio de Janeiro, Maycon Prado, considera que “a greve agora é necessária. Os salários dos professores e funcionários das IFE são aviltantes, não há estrutura nas escolas e o governo se recusa a negociar. Fica enchendo o bolso dos banqueiros de dinheiro, com juros estratosféricos, enquanto os professores amargam perdas salariais desde a década de 90, sendo que recebem muito menos do qualquer outro profissional com nível superior”.

O grêmio estudantil Itapetinguense São Felix (GEISF), do IF Baiano soltou uma nota em que declara seu total apoio ao movimento “por melhoras de condições de trabalho, valorização profissional dos trabalhadores e trabalhadoras da Rede Federal de Ensino e melhoras estruturais nos IFEs”.

Nos dias 26 e 27 será realizada uma plenária do Sinasefe, em Brasília-DF, que – dentre outras pautas – será responsável pela formação do Comando Nacional de Greve.

 

Fonte: Hora do Povo

UMES realiza, no dia 30 de maio, seu 23º Congresso no Sindicato dos Metalúrgicos de SP

A UMES irá realizar, no dia 30 de maio, o seu 23º Congresso e convoca os estudantes de São Paulo a se mobilizarem para este encontro.

No Congresso, que será realizado no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, os delegados mobilizados em escolas de todas as regiões da cidade debaterão temas como Educação, Cultura, Movimento Estudantil, entre outros, e definirão as bandeiras da entidade para os próximos dois anos.

 

23º CONGRESSO DA UMES

Local: Sindicato dos Metalúrgicos de SP – Rua Galvão Bueno, 782 – Liberdade

Data: 30 de Maio

Horário: A partir das 9 horas

CINEMA NO BIXIGA – Sinopse do próximo filme: Awaara – O Vagabundo

Neste sábado, 19/04, o Cinema no Bixiga apresenta o filme “Awaara – O Vagabundo”. O filme inicia às 16 horas, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Entrada franca! 

 

AWAARA – O VAGABUNDO

Raj Kapoor (1951), com Raj Kapoor, Nargis, Prithviraj Kapoor, KN Singh, ÍNDIA, 193 min.

 

Sinopse

Raj sempre viveu pobre e afastado da família. Acaba enveredando pelo caminho do crime. É preso e levado à corte. Ele conta apenas com a ajuda de uma ex-namorada, sua defensora no tribunal. Seu pai é o juiz que decidirá sua sentença. Ele crê que os bons e os criminosos já nascem feitos. O presidente Mao aplaudiu esse filme de pé e recomendou-o a todos os chineses.

 

Direção: Raj Kapoor (1924-88)

Nascido em Peshwar, hoje Paquistão, filho do ator indiano Prithviraj Kapoor, Raj Ranbir Kapoor estreou no cinema, aos 11 anos, em “Inquilab” (Debaki Bose, 1935). Em 1948, criou a RK Filmes, produziu, dirigiu e atuou em “Aag”. Nos anos seguintes, repetiu a dose com “Barsaat” (1949) e “Awaara” (1951), obtendo aclamação popular na Índia, URSS, China, África, Oriente Médio e Sudeste da Ásia. Seu estilo, que marca a produção de Bollywood até os dias de hoje, integra temática social, trama romântica, emprego do canto e dança como elementos da narrativa. Admirador de Chaplin, Kapoor o homenageia na criação de seu próprio “vagabundo”, que aparece como personagem em “Awaara” (1951), “Shree 420” (1955) e “Mera Naam Joker” (1972). Trabalhou em estreita parceria com grandes talentos do cinema indiano, o escritor Kwaja Ahmed Abbas e os compositores Jaikishan Dayabhai Pankal e Shankarsinh Raguwanshi. Dirigiu 10 filmes, o último dos quais “Ram Teri Ganga Maili” (1985), e atuou em 68. Um selo postal com seu rosto foi lançado na Índia em 2001.

 

Argumento Original: KA Abbas (1914-87)

Romancista, roteirista e diretor de cinema, Kwaja Ahmed Abbas nasceu em Panipat, 90 km ao norte de Nova Delhi, Estudou na Universidade Muçulmana de Aligarh, trabalhou como jornalista no Bombay Chronicle (1935-47), escrevendo sobre política e cinema. Inspirado no realismo social, criou histórias, roteiros e diálogos para mais de 30 filmes, entre os quais “Neecha Nagar” (Chetan Anand, 1946), Palma de Ouro no Festival de Cannes, e “Saat Hindustani” (1969), que ele próprio dirigiu. Também escreveu e dirigiu “Shear Aur Sapna” (1963) e, em parceria com Vasili Pronin, a produção indo-soviética “Pardesi” (1957), ambos indicados para a Palma de Ouro. É autor dos argumentos dos maiores sucessos de Raj Kapoor: “Awaara” (1951), “Shree 420” (1955), “Mera Naam Joker” (1972) e “Bobby” (1973). Entre seus romances destacam-se “O Amanhã é Nosso” (1943), “Inquilab” (1958), “Bobby” (1973), “Sonho Distante” (1975).

 

Música Original: Jaikishan Dayabhai Pankal (1929-71), Shankarsinh Raguwanshi (1922-87)

A dupla Shankar-Jaikishan possui músicas em cerca de 140 filmes, inclusive “Gravidade” (Alfonso Cuarón, 2013) e “Viagem a Dajeerling” (Wes Anderson, 2007). Escreve trilhas para cinema desde 1949, compondo música clássica indiana e sendo precursora do jazz indo. Trabalhou com os cantores mais importantes de sua época e diretores como Raj Kapoor (“Barsaat”, 1949; “Awaara”, 1951; “Shree 420”, 1955; “Mera Naam Joker”, 1972), Amyia Chakrabaerty (“Patita”, 1953), Mohan Segal (“Nova Delhi”, 1956; “Kanyadaan, 1968).

 

Os azarados e os bem de vida no palco do Denoy de Oliveira

A peça, Os Azeredo mais os Benevides, de autoria de Oduvaldo Vianna Filho, prevista para estrear em 1964, permanceu inédita até hoje e será encenada pela primeira vez pelo Centro Popular de Cultura da UMES

 

Com um elenco de 20 atores, trabalhando 10 horas por dia, desde meados de fevereiro, o consagrado diretor João da Neves está montando no palco do Cine-Teatro Denoy de Oliveira a peça “Os Azeredo Mais Os Benevides”, de Oduvaldo Vianna Filho.

A peça iria inaugurar o teatro da UNE, no ano da graça de 1964. A trilha musical estava sendo composta por Edu Lobo, que já havia feito “Chegança”, especialmente para o espetáculo. O paulista Nelson Xavier, que desde 1962 participava em Recife das atividades do Movimento de Cultura Popular (MCP), já estava no Rio para assumir a direção da peça. O teatro estava tinindo. A expectativa era de uma grande estreia.

O golpe que depôs o presidente João Goulart, ocorrido há 50 anos, impediu que isso acontecesse. O prédio da UNE, e consequentemente o teatro, foi incendiado na madrugada do dia 1º. de abril. Depois veio a censura. “Os Azeredo…” ainda chegou a obter premiação, em 1966, pelo Serviço Nacional de Teatro (SNT), órgão do então Ministério da Educação e Cultura, e publicação em 1968. Mas montá-la, nem pensar.

A peça foi para o limbo e após o fim da censura, inexplicavelmente, permaneceu inédita. Há quem considere o texto excessivamente radical. Não vamos dizer que não seja radical, pois seu foco é a luta de classes, mas também é brilhante e transpira verdade por todos os poros. Outros avaliam que a montagem é complexa e a história datada, mas se isso fosse certo que razão haveria para encenar Shakespeare nos dias de hoje?

Por uma razão ou por outra, o fato é que fora do circuito das escolas de teatro – das boas, diga-se de passagem -, “Os Azeredo Mais Os Benevides” permanece inédita, 50 anos depois.

Para encarar o desafio de trazê-la à luz, nada mais apropriado do que contar com o trabalho do diretor João das Neves, que no auge dos 80 anos de uma vida talentosa, produtiva e coerente se lembra bem do dia em que teve que deixar o prédio da UNE que ardia em chamas. E montá-la no palco que leva o nome do multiartista Denoy de Oliveira, outro ex-integrante do CPC da UNE que estava lá naquela ocasião. A trilha musical iniciada por Edu Lobo foi completada pelo maestro Marcus Vinicius, pernambucano atraído para a vida artística pelos ventos emanados da experiência do MCP.

O time está formado e a estreia prevista para final do mês de abril. A produção é do Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (CPC-UMES). Vianinha, do céu, agradece. Nós, o público, também.

 

Os Azeredo mais os Benevides

 

JOÃO DAS NEVES

 

Havíamos saído da sede da UNE que estava em chamas, pulando o muro do quintal. Do alto de um edifício, ao lado, os moradores nos apontavam aos invasores. Conseguimos, não sei como, pegar um táxi na Rua do Catete. Tivemos de ir até a Glória e retornar pela praia do Flamengo, pois o Largo do Machado estava interditado por caminhões de lixo. A passagem pela frente do prédio em chamas permanece indelével em minhas retinas: eu, Vianinha e Carlos Vereza nos abraçamos chorando. Reedição cabocla do incêndio do Reichstag, ali ardia a utopia de transformar o Brasil num país menos injusto. Ardiam sonhos, esperanças, ardia também o nosso teatro que deveria ser inaugurado com “Os Azeredo Mais Os Benevides”.

Relendo hoje o texto para esta apresentação me vem à lembrança as palavras de Vianinha naquele instante: “apesar de tudo, eu não acredito num retrocesso do processo democrático”. O que me faz pensar na curiosa dicotomia que, às vezes, se estabelece entre o artista e sua obra. No caso, Vianinha, o militante político não conseguia perceber o que o artista já dizia com admirável clareza em Os Azeredo Mais Os Benevides”: que era irrealizável a aliança entre opressores e oprimidos; que aqueles sempre acabariam colocando em primeiro plano os seus interesses, e só eles, não importando as razões e (ou) emoções destes.

“Uma funda amizade

aqui começou.

Um doutor de verdade

e um camponês meu amor.”

Assim canta Lindaura, sublinhando o início da amizade entre seu homem, o camponês Alvimar e Esperidião, um jovem e empreendedor senhor de terras. Uma amizade que vai sendo desmontada ao longo do texto, por mais que os dois homens se obstinem em preservá-la. O olhar frontal, reflexo não apenas da nascente confiança mútua e da confiança em si mesmo, mas também do engajamento no projeto comum de redenção da terra vai sendo substituído, passo a passo, pela submissão e humilhação finais de Alvimar.

A terra redimida aumentou a fortuna dos senhores e a miséria dos camponeses. E o canto de Lindaura, com ligeira variação – “Uma funda amizade / aqui continuou…” – só faz ressaltar o absurdo desta amizade e o aviltamento que agora representa o ser amigo do inimigo de sua classe. A contradição sem solução possível que não a destruição do mais fraco.

Outro fato a ressaltar é o grande salto qualitativo que a dramaturgia de Vianinha realiza em tão curto espaço de tempo. Vale a pena ler “Os Azeredo…” logo após “Quatro Quadras de Terra”, pois as duas têm muitos pontos em comum.

Vianinha era um perfeccionista obsessivo e a impressão que se tem é que, não satisfeito com o texto anterior, voltou a se debruçar sobre a temática, a conviver com seus personagens e a aprofundá-los, resultando deste mergulho “Os Azeredo Mais Os Benevides”. Um dos textos fundamentais no conjunto de uma obra que necessita uma correta reavaliação crítica para que dela possamos tirar, para além das afirmações categóricas e sectárias, as lições que seus caminhos e descaminhos podem nos proporcionar; caminhos e descaminhos que são o fruto de uma obstinada procura da verdade. Verdade que, como a impossível aliança de Alvimar e Esperidião é, no fundo:

“A luta do homem no mundo

A luta do homem no mundo”

 

O diretor João das Neves

O carioca João das Neves reúne em seu currículo prêmios Molière (vários), Bienal Internacional de São Paulo, APCA, Golfinho de Ouro, Quadrienal de Praga. Escreveu livros sobre teoria e história do teatro, entre os quais “Análise do Texto Teatral”, “1950-1980: Trinta anos de Teatro Brasileiro” (inédito); obras de ficção infantil, como “História do Boizinho Estrela”, e cerca de duas dezenas de peças teatrais.

Dirigiu o teatro de rua do CPC da UNE até a sua extinção em 1º de abril de 1964. Alguns meses depois participa da fundação do Grupo Opinião, em parceria com Vianinha, Paulo Pontes, Armando Costa, Denoy de Oliveira e Ferreira Gullar, que também integravam o CPC. O grupo estreia com o espetáculo “Opinião”, reunindo no palco Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale. Seguem-se os sucessos de “Liberdade, Liberdade” (1965), “Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come” (1966), “Jornada de um Imbecil até o Entendimento” (1968). “O Último Carro”, peça escrita e dirigida por João das Neves em 1976, ficou mais de 2 anos em cartaz.

Em 1979, João faz na Alemanha o curso de Ciências Teatrais e trabalha no Westdeutscher Rundfunk (Setor de Peças Radiofônicas da WDR). Em 1986 transfere-se para o Acre e funda o Grupo Poronga, conhecido pela montagem de “Tributo a Chico Mendes”, de sua autoria. Em 1988 volta ao Rio de Janeiro onde encena, no centenário da Abolição, “A Missa dos Quilombos”, de Milton Nascimento, Pedro Tierra e D. Pedro Casaldáliga. O espetáculo ocupou o centro histórico da cidade, atraindo mais de 40 mil espectadores. Voltando ao Acre, encena “Caderno de Acontecimentos”.

Em 1991 e 1992 dirige a convite da Secretaria de Cultura de Belo Horizonte uma oficina de interpretação no Parque Ecológico Lagoa do Nado, da qual resulta o projeto “Primeiras Estórias” – adaptação de 11 contos de Guimarães Rosa. Em 1997, dirige o concerto cênico “A História do Soldado”, de Stravinski. No ano seguinte, escreve e dirige o espetáculo “Uma Noite com Brecht”.

No final de 2001, adapta e encena o clássico mexicano “Pedro Páramo” de Juan Rulfo. Em 2002, dirige “Território Interno”, solo de dança com a bailarina Diane Ichimaru. Em 2006, realiza a montagem de “Besouro Cordão de Ouro”, peça do poeta e compositor Paulo César Pinheiro. O espetáculo percorre diversas cidades e retorna ao Rio de Janeiro, em 2012, para nova temporada. Em 2013, dirige “Zumbi”, remontando com 10 atores negros o clássico de Boal e Guarnieri, musicado por Edu Lobo, “Arena Conta Zumbi” (1965).

 

Oduvaldo Vianna Filho (1936-74)

Vianinha viveu apenas 38 anos, mas de intensa atividade.

Foi um dos fundadores do Teatro de Arena (1955), com José Renato e Gianfrancesco Guarnieri. Junto com eles participou da revolução estética produzida pela montagem da peça “Eles Não Usam Black Tie” (1958), escrita por Guarnieri, com direção de José Renato e músicas de Adoniran Barbosa.

No Rio de Janeiro, criou o Centro Popular de Cultura da UNE (1960-1964) e foi se destacando como um autor de peças sintonizadas com a realidade brasileira, que tiveram importante significado no desenvolvimento da estética nacional-popular.

Em 1964, foi criador do Grupo Opinião, com Paulo Pontes, Armando Costa, João das Neves, Denoy de Oliveira, Ferreira Gullar, Pichin Plá e Thereza Aragão.

Também trabalhou como ator de teatro, cinema e como autor de televisão – onde fez sucesso com a série “A Grande Família”, na Rede Globo (1973).

Entre suas peças encontram-se “Bilbao, Via Copacabana” (1957), “Chapetuba Futebol Clube” (1959), “A Mais-Valia Vai Acabar, Seu Edgar” (1960), “Auto dos 99%” (1962), “Quatro Quadras de Terra” (1963), “Os Azeredo Mais Os Benevides” (1964), “Opinião” (1964), “Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come” (1965), “Moço em Estado de Sítio” (1965), “Mão na Luva” (1966), “Meia Volta Vou Ver” (1967), “Papa Highirte” (1968), “A Longa Noite de Cristal” (1971), “Corpo a Corpo” (1971), “Em Família” (1972), “Allegro Desbum” (1973) e “Rasga Coração” (1974).”

 

Marcus Vinicius

Violonista, maestro e compositor, Marcus Vinicius ganhou, em 1967, o primeiro, segundo e quarto lugar da Feira de Música do Nordeste, realizada em Recife, sendo ainda escolhido o “Melhor Autor-Compositor” pelo conjunto da obra apresentada. Foi para o Rio de Janeiro em 1968 e formou, com Geraldo Azevedo e Naná Vasconcelos, um grupo de pernambucanos que se apresentavam em diversos locais. Em 1970, completou o curso superior de música no Instituto Villa-Lobos, onde passou a lecionar. No mesmo período, participou com Sérgio Ricardo e Sidney Muller do show “Opção”.

Em 1974, lançou seu primeiro disco, o LP “Dedalus”, seguido de “Trem dos Condenados” (1976) e “Nordestino” (1979). Foi diretor artístico da gravadora Marcus Pereira, que empreendeu uma importante série de gravações com intuito de preservar a memória musical popular de diversas regiões do Brasil. É autor das peças “Domingo Zeppelin” e “Boca do Inferno”, premiadas em 1975 e 1978 pelo Serviço Nacional do Teatro (SNT).

Compôs trilhas para cinema, como as de “O Evangelho Segundo Teotônio” (Vladimir Carvalho, 1984), “A Hora da Estrela” (Susana Amaral, 1985), “Uma Questão de Terra” (Manfredo Caldas, 1993), “São Paulo, Cidade Aberta” (Caio Plessmann, 2010), e teatro – “Sonho de Uma Noite de Verão” (1984), “O Burguês Ridículo” (1996), “Turandot” (1999). Em 1997 lançou o CD duplo “Música do Cinema Brasileiro”, com suas composições para diversos filmes.

Nos anos 90 passou a dirigir a gravadora CPC-UMES, voltada para a difusão da música brasileira de qualidade, cujo espaço nas majors é cada vez mais reduzido.

 

Fonte: Hora do Povo