Bob’s usou trabalho escravo durante o Rock in Rio, aponta fiscalização

Após investigação, Ministério do Trabalho e Emprego conclui que rede de fast food é responsável pela situação a que 93 pessoas foram submetidas durante o festival

 

São Paulo – Após investigação detalhada, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) concluiu que a rede de fast food Bob’s se aproveitou de trabalho escravo durante o festival Rock in Rio. Ao todo, 93 pessoas, incluindo um adolescente, foram resgatadas por fiscais durante o evento, que reuniu 85 mil por dia entre 13 e 22 de setembro deste ano na capital fluminense. Eles vendiam água, cerveja e refrigerantes como ambulantes dentro da Cidade do Rock, onde o festival foi realizado. O relatório de fiscalização com registro da situação em que os trabalhadores foram encontrados, depoimentos colhidos na época, e documentação apontando a responsabilidade da empresa foi registrado nesta semana na Divisão de Fiscalização para Erradicação de Trabalho Escravo (Detrae), em Brasília.

O Bob’s é hoje a segunda maior rede de fast food e a décima maior cadeia de franquias do Brasil, com 1.011 lojas espalhadas pelo país, de acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF). No terceiro trimestre de 2013, a Brazil Fast Food Corporation, empresa que controla a marca Bob’s, anunciou R$ 335,7 milhões em vendas totais, um aumento de 26% em relação aos R$ 266,5 milhões no mesmo período em 2012 e creditou esta expansão, entre outros fatores, à participação no Rock in Rio, “onde o Bob’s tinha quatro pontos de venda”. Procurada pela Repórter Brasil, a assessoria de imprensa do grupo negou, em nota, que o caso seja de trabalho escravo e afirmou estar “à disposição das autoridades competentes para continuar prestando todos os esclarecimentos necessários”.

Entre os 93 resgatados, havia trabalhadores de outros estados que não receberam alimentação ou alojamento. Sem auxílio para pagar os aluguéis, eles ficaram em casas alugadas sem saneamento básico na favela Vila Autódromo, em condições degradantes em situação que violava a Norma Regulamentadora 24, segundo o MTE. Outros tiveram de esperar dias do lado de fora da Cidade do Rock pela credencial que daria acesso ao local para iniciar o trabalho. De acordo com o auditor fiscal do trabalho Cláudio Secchin, responsável pela operação, foram analisadas 362 carteiras de trabalho, mas o número de resgatados ficou em 93 porque muitos dos trabalhadores foram embora da cidade antes da finalização da ação, em 3 de outubro.

Para trabalhar, os contratados tiveram que assumir dívidas, o que também contribuiu para a caracterização de trabalho escravo pelos auditores fiscais. Todos foram obrigados a pagar R$ 150 para conseguir a credencial que os permitiria entrar e vender no evento. Muitos dos que ficaram esperando do lado de fora acabaram entrando só depois de comprar ingressos de cambistas.

De acordo com o artigo 149 do Código Penal, há quatro elementos que podem caracterizar o trabalho escravo: trabalhos forçados, jornada exaustiva, condições degradantes de trabalho ou a restrição de locomoção do trabalhador em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto.

Os 93 trabalhadores resgatados foram contratados pelo Bob’s por meio de terceirização ilegal que contraria a súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho, de acordo com os fiscais. Para preencher as vagas, a rede de fast food utilizou a empresa To East, que, por sua vez, subcontratou a 3D Eventos. O uso de empresas “interpostas” para contratar empregados para a mesma atividade-fim (venda de bebidas, no caso) é ilegal e, apesar da terceirização em série, para o MTE, não há dúvidas quanto à responsabilidade do Bob’s já que o grupo controlou a emissão das credenciais e o acesso dos contratados ao festival. A Repórter Brasil não conseguiu ouvir representantes da To East e da 3D Eventos sobre o caso.

Após a fiscalização, o Bob’s assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e pagou as verbas rescisórias no valor deR$ 102.485,57 em um acordo preliminar. Segundo o MTE, o valor total a ser pago é de R$170.389,57. Com a conclusão do relatório de fiscalização, agora o MPT do Rio de Janeiro pode fazer novas reuniões com a empresa e com a organização do Rock in Rio.

Procurada pela Repórter Brasil, a organização do festival reforçou que “a contratação de funcionários é de responsabilidade, firmada em contrato, dos operadores de bares e lanchonetes” e disse que, “ao tomar ciência das acusações, o Rock in Rio entrou em contato imediatamente com a empresa, nesse caso o Bob´s, para que a mesma tomasse as devidas providências”.

De acordo com o procurador Marcelo José Fernandes da Silva, nessa próxima fase, também poderão ser contemplados os demais trabalhadores não alcançados por essa fiscalização. Caso não haja acordo para impedir que o problema volte a acontecer, o MPT pode entrar na Justiça contra a empresa.

 

Fonte: Rede Brasil Atual

UBES aprova mobilização pela meia-entrada e convoca retomada do “O petróleo é Nosso!”

No último sábado, 30 de novembro, após três dias de debates, o 40º Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) elegeu, em sua plenária final, a nova diretoria da entidade, levando à presidência a estudante carioca Bárbara Melo. A chapa, composta pelos movimentos Vem pra rua, Mutirão, Para todos, Kizomba, Quilombo, Mudança e Reinventar, obteve 82% dos votos, totalizando 1.815 delegados.

 

PELA APROVAÇÃO DO PL QUE REGULAMENTA A MEIA-ENTRADA

Entre as propostas aprovadas no Congresso está a mobilização em defesa do projeto de Lei (PLS 188/2007) que regulamenta a meia-entrada, que está prestes a ser aprovado no Senado. Também foi aprovada no Congresso a convocação da Jornada Nacional de Lutas de 2014 que irá retomar a campanha “O Petróleo é Nosso!”.

Conforme a resolução de Movimento Estudantil, aprovada pelos estudantes, “após a nefasta MP 2208, publicada em 2OO1, qualquer papel passou a servir para comprovar o direito do estudante à meia-entrada e as fraudes cresceram de maneira absurda. Por isso dobraram os valores dos ingressos, fazendo com que os estudantes paguem inteira e os trabalhadores, que não recorrem as falsificações, paguem o dobro. Estamos próximos de aprovar o PL que além de acabar com as fraudes, devolve ao movimento estudantil o seu principal instrumento de financiamento, autonomia e organização. Por isso na terça-feira, 3 de dezembro, faremos uma grade mobilização em Brasília pela aprovação desse projeto. Essa será uma grande vitória para o Movimento Estudantil, a primeira lei nacional de meia entrada”.

 

NÃO AOS LEILÕES DO PRÉ-SAL!

A campanha contra a privatização do pré-sal também foi pauta do Congresso e na resolução de “Conjuntura Nacional” os estudantes condenaram os leilões. “Com a descoberta do pré-sal e suas novas reservas de bilhões de barris, o Brasil se posiciona entre os maiores produtores do mundo. Essa riqueza é a grande chance do Brasil solucionar os problemas que castigam nossa população. Por isso, a presidenta Dilma ao realizar o Leilão, e não garantir o monopólio da Petrobrás na exploração, fez o Brasil perder bilhões de dólares. Além disso, mais de 90 entidades, entre elas UBES, UNE, FUP, CUT, CGTB, CTB e MST, escreveram uma carta a presidenta Dilma se posicionando contra o Leilão e solicitando uma audiência para discutir o assunto com o governo”.  

“O pedido de diálogo foi solenemente ignorado, e além de não ter recebido as entidades, também mobilizou mais de mil guardas da Força Nacional e soldados do Exército. As tropas não tinham como objetivo garantir a realização do leilão, mas sim impedir a sociedade brasileira de protestar contra a entrega de suas riquezas. O resultado do Leilão foi que mais de 40% da exploração foi entregue para dois principais representantes dos monopólios da área do petróleo (Shell e Total). Nossa luta contra os leilões continua porque o governo já anunciou os próximos leilões para o ano de 2014. Grandes são os desafios, porém, maior ainda é o engajamento dos estudantes brasileiros para transformar o Brasil no país dos nossos sonhos”, afirma o documento.

 

PNE

A imediata aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) também foi uma das principais bandeiras do 40º Congresso da UBES. O PNE dita as diretrizes da educação pelos próximos 10 anos e é fruto  de mobilizações a partir dos processos de conferências em diversas cidades e estados no Brasil.

“A Conferência Nacional de Educação em 2010 formulou e encaminhou ao Congresso um PNE debatido por diversas pessoas do setor educacional, movimento estudantil e professores. Desde então, este projeto se arrasta de comissão em comissão. Todavia, no dia 26 de Junho de 2012 estudantes de todos os cantos do país com a UBES e a UNE ocuparam a Comissão de Educação da Câmara e arrancaram a vitória emblemática dos 10% do PIB para a Educação Pública. Vitória de extrema importância para a luta pela erradicação do analfabetismo, pela educação básica de qualidade, pela universalização do ensino superior, o que nos levará a superar programas emergenciais como o PROUNI, FIES E PRONATEC”, afirma resolução da entidade.  

Para a UBES é urgente “a aprovação imediata do PNE pelo Congresso Nacional contemplando os investimentos de 10% PIB para a educação pública”. 

ANP desconhece SBPC e Ministério Público e faz leilão do gás

Quase sem divulgação e à revelia das manifestações de diversos setores da sociedade,  a Agência Nacional de Petróleo (ANP) promoveu mais uma rodada de licitações – a sua 12ª. – desta vez para exploração de gás no subsolo do Brasil usando inclusive a técnica de fracionamento de rochas, o  “fracking”,  proibida em vários países por destruir o meio ambiente e as reservas naturais de água. A ANP realizou o leilão apesar das manifestações contra do Ministério Público Federal e da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC). (A presidente da ANP ignorou os protestos)

Previsto para durar dois dias, o leilão levou apenas três horas e contou com a participação de 12 empresas, oito nacionais e quatro estrangeiras. Ao todo, foram arrecadados R$ 165,9 milhões e o segundo dia foi cancelado. Dos 240 blocos ofertados, apenas 72 foram arrematados e das sete bacias sedimentares onde se localizam os blocos, duas não tiveram qualquer oferta – a de Parecis e a de São Francisco.

O leilão estava previsto para continuar na sexta-feira, mas foi encerrado devido a falta de interesse  pelo negócio que fez com que a arrecadação ficasse abaixo das expectativas. Caso todos os blocos tivessem sido vendidos, ainda que pelo valor mínimo, a arrecadação teria sido de ao menos R$ 2,2 bilhões. 21 empresas estavam habilitadas a participar do leilão.

O vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Fernando Siqueira, condenou o leilão pelo fato da ANP ter liberado para a exploração “áreas de folhelhos que estão embaixo dos principais aquíferos brasileiros,  inclusive o Aquífero Guarani na fronteira com a Argentina, o  Uruguai e o Paraguai”.

Segundo Siqueira, “há perigo imenso e quase iminente de contaminação e, além disto, nós brasileiros não precisamos desta  tecnologia não consagrada e não dominada, o fracking, para produzir gás”. A diferença entre o gás natural convencional e não convencional está na condição em que se encontram na natureza e, automaticamente, na dificuldade ou facilidade em seu processo de exploração.

O convencional é encontrado em reservatórios de maior porosidade; já os gases não convencionais têm exploração mais complexa, pois são encontrados em rochas denominadas  folhelhos, impossibilitando a extração através da tecnologia tradicional.

Uma das informações que a ANP está sonegando à opinião pública brasileira, na opinião de Fernando Siqueira, é que o processo de fracking exige muita água e as empresas multinacionais que irão produzir esse gás usarão os aquíferos brasileiros – sem nenhum tipo de restrição porque a ANP  está deixando a questão ambiental a cargo das empresas interessadas: “Isto é um absurdo’,  condenou Siqueira.

O leilão englobou sete bacias sedimentares com potencial para gás natural, ofertando 240 blocos exploratórios que vão desde o Acre até São Paulo, passando por 12 estados brasileiros. A área compreendida para a rodada que a ANP promoveu sem dar qualquer esclarecimento à opinião pública – totaliza 168.348,42 km².

 

Fonte: Portal do PDT

Requião: “Sucesso dos leilões de aeroportos é um engodo”

“Quando o assunto é privatização, o governo, a mídia e a oposição, por maior que seja a barbaridade cometida, estão todos juntos. Por isso que eu tenho dito que nada mais me parece o Fernando Henrique (Cardoso) no poder do que a nossa presidenta Dilma (Rousseff)”, afirmou o senador Roberto Requião (PMDB/PR) nesta terça-feira (26).

Requião citou o leilão dos aeroportos de Confins (Minas Gerais) e Galeão (Rio de Janeiro). “Então eles dizem: entrarão no cofre da União R$ 20,8 bilhões. Minha gente, R$ 10,24 milhões vão sair dos cofres da Infraero, que é uma estatal, que terá 49% dos consórcios”, afirmou.

“Além disso, noticia-se que o BNDES deve financiar até 70% dos investimentos previstos no Galeão. E tudo isso durante 25 a 30 anos. E eles não contabilizam o fato de que hoje os aeroportos – que são da União – já estão recebendo taxas de embarque e alugueis de espaços. Portanto, estes R$ 20,8 bilhões que serão recebidos ao longo de 25 a 30 anos não têm esta magnitude toda”, garantiu.

Requião também ressaltou que as empresas privadas que receberão dinheiro do BNDES vão fazer as obras pelo preço que quiserem e terão lucros aumentados pelas taxas e alugueis pagos pelos passageiros e usuários. “Portanto isto não foi nem uma privatização, nem uma concessão. Isso tudo não passou de uma ‘ação entre amigos’, doação de aeroportos públicos brasileiros a grupos privados”, finalizou.

 

Veja o vídeo no link abaixo:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Portal Viomundo

PL que regulamenta meia-entrada é aprovado em Comissão e vai a Plenário do Senado

A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado aprovou, nesta terça-feira (26), substitutivo da Câmara dos Deputados a projeto de lei do Senado (PLS 188/2007) que regulamenta o benefício da meia-entrada em espetáculos artísticos, culturais, esportivos e de entretenimento.

Os integrantes da comissão também aprovaram pedido de urgência para exame da matéria em Plenário. O requerimento foi apresentado pelo relator da matéria na comissão senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). A expectativa é de que o pedido seja confirmado prontamente pelos líderes partidários, para que a matéria seja agendada para votação final ainda nesta terça.

Para terem direito ao benefício, os estudantes devem comprovar a escolaridade por meio da apresentação da Carteira de Identificação Estudantil (CIE) emitida pelas entidades estudantis.  A confecção da CIE deverá seguir modelo único nacionalmente padronizado e publicamente disponibilizado pelas entidades estudantis qualificadas em lei e, mediante certificação digital, pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI).

Na justificação, os autores do projeto lembram a tradição da meia-entrada e registram que, historicamente, quem se responsabilizava pela emissão das carteiras eram as entidades estudantis. No entanto, a partir da Medida Provisória (MP) nº 2208, 17 de agosto de 2001, os estabelecimentos de ensino também foram autorizados a emitir o documento, o que permitiu a proliferação de documentos falsos, acarretando a elevação dos preços dos ingressos e o fim da meia-entrada na prática. O projeto agora em exame propõe, junto com as novas regras, a revogação da MP 2208. 

 

Informações: Agência Senado

MUTIRÃO! NÃO À PRIVATIZAÇÃO DO PRÉ-SAL! – Teses ao 40º Congresso da UBES

Na década de 40 os estudantes brasileiros sacudiram o país de norte a sul com a campanha “O Petróleo é Nosso!”. Vanguardeados pela UNE, estudantes universitários e secundaristas transformaram as ruas, escolas e universidades em palcos de uma das mais bonitas lutas que esse país já viu. O resultado dessa campanha foi a criação da Petrobrás pelo presidente Getulio Vargas e a garantia que o petróleo seria dos brasileiros e a riqueza que dele viesse se   transformaria em investimentos para a construção de um Brasil melhor.

Em 2006, a Petrobrás anuncia a descoberta de petróleo na camada pré-sal. Em seus 60 anos de história, a Petrobrás chegou a uma reserva de cerca de 15 bilhões de barris e só o campo de Libra, o maior do Pré-Sal, tem uma estimativa inicial de 15 bilhões de barris. Para descobrir o pré-sal, localizar seus poços, medir a quantidade de petróleo e desenvolver tecnologia para conseguir tirar o petróleo a mais de 8.000 metros de profundidade, foram investidos anos de esforços.

Porém, recentemente fomos surpreendidos pela proposta da presidente Dilma de vender toda essa riqueza, conquistada a duras penas por nós brasileiros. Acometida de um surto neoliberal e entreguista, a presidente desenterrou das catacumbas as ideias privatizantes dos anos FHC e marcou o leilão do campo de Libra.

Sabendo que tal traição não passaria batida, a presidente convocou para a frente do hotel onde se daria o leilão o exército e a força nacional de segurança (mais uma vez lembrando os anos FHC) para descerem o sarrafo nos estudantes e trabalhadores que lá estavam protestando em defesa do Brasil e contra o crime que lá acontecia.

Neste congresso da UBES o movimento MUTIRÃO convoca todos os estudantes a reeditarem a campanha do “Petróleo é Nosso!” e impedirem que o suor, sangue e sonho de tantos brasileiros que construíram a Petrobrás e levou ela até o Pré-sal seja trocado por trinta moedas. É hora de pintar nossos rostos de verde e amarelo, tomar as ruas, parar o Brasil e dizer em alto e bom som:

 

O PETRÓLEO É NOSSO! CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DO PRÉ-SAL!

 

Confira o conteúdo da Tese clicando nos títulos abaixo:

 

Pela volta do direito à meia-entrada

O petróleo é nosso! Não à privatização do pré-sal!

PNE: 10% do PIB para a educação PÚBLICA já!

Estudantes conquistam dinheiro do petróleo para a educação

Aprovação automática = ignorância continuada

Movimento Mutirão

 

Barbosa prende réus antes do julgamento findar para coagir STF a indeferir embargos

Flexibilização do governo Dilma em outras áreas abriu espaço para atentados contra a justiça feitos pelo STF

 

A arisão dos acusados na Ação Penal 470 (AP 470), em especial de José Dirceu e José Genoino, é o maior escândalo judiciário já acontecido no país. Nunca, mesmo em momentos infelizes do passado, o mais importante tribunal do país, o Supremo Tribunal Federal (STF), foi tão amesquinhado – e por um presidente que tem um profundo desprezo pelo Direito, pela Constituição que lhe cumpre guardar, pela lei, a ponto de ser ignorante dela, e por qualquer debate legal que não seja mero espelho dos seus rancores longamente aquecidos na medíocre chocadeira da sua alma.

Depois de Lula, José Dirceu, José Genoino, e outros companheiros, são a condensação da história progressista do PT e parte do que há de melhor na História do Brasil. Por isso estão sendo perseguidos. Por isso estão presos, sem que nenhum crime tenha sido provado. Daí os múltiplos orgasmos da mídia diante de sua prisão ilegal: a infâmia sempre dá prazer aos infames.

Para que fossem presos era preciso, pela lei, que houvesse “trânsito em julgado” – ou seja, que o julgamento acabasse com a sentença proferida, com os recursos a ela esgotados. Mas isso não existia. Logo, apareceu um “trânsito julgado parcial”, que um advogado denominou “coisa medonha”.

 

JURISPRUDÊNCIA

Diz o nosso Código de Processo Civil:

“Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário(grifo nosso).

Os juristas têm a sua linguagem especial. Mas o que isto quer dizer, corresponde ao bom senso: não existe “coisa julgada” – ou “trânsito em julgado” – antes que um julgamento acabe, antes que sejam esgotados todos os recursos.

Mas o ministro Barbosa, como jurista, é um fatiador de mortadela: assim como fatiou o próprio julgamento, agora quer fatiar a sentença – para prender Dirceu e Genoíno antes que exista sentença.

O mundo não vale um apartamento em Miami. Mas, para Barbosa, que se dane o fato de existir jurisprudência contra a mortadelização do Direito, que deu origem à única súmula de tribunal superior sobre a questão (STJ, Súmula nº 401 de 07/10/2009).

Por exemplo:

Sendo a ação una e indivisível, não há que se falar em fracionamento da sentença/acórdão, o que afasta a possibilidade do seu trânsito em julgado parcial” (STJ, julgamento do Recurso Especial nº 404.777 – DF. Relator: ministro Peçanha Martins, 09/06/2003).

Como diz o relator desse julgamento, sentença e fim do processo são a mesma coisa: “como enfatizado pelo Eminente Ministro Paulo Medina: ‘sentença é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo’” (STJ, proc. cit., pág. 10).

Não tem a menor importância que um réu não haja recorrido contra parte de uma decisão judicial que o condenou. Nem assim ele pode ser preso, por conta dessa “parte irrecorrida” (ou seja, da parte contra a qual ele não recorreu), antes da conclusão do julgamento: “a parte irrecorrida da sentença só adquire a eficácia de coisa julgada material quando a sentença/acórdão, em sua inteireza, na sua integridade, quando certa e líquida (se possível), põe termo ao processo, o extingue resolvendo todas as questões, extinguindo, pois, a lide” (idem, p. 12 – o relator, ministro Peçanha Martins, cita os artigos do Código de Processo Civil que fundamentam a sua sentença: arts. 162, § 1º, 163, 267 e 269).

E, mais claramente ainda: “… a sentença não pode ser dada pela metade (…). Dizem, porém, que a coisa julgada pode ocorrer em capítulos? Não há essa possibilidade. (…). … a ação e a sentença não se repartem; a ação é uma só e a sentença deve extinguir a lide. E só a sentença que extingue a lide tem força de coisa julgada material” (idem, p. 14, grifo nosso).

Esses aspectos jurídicos demonstram a aberração tera-tológica que é a prisão de Dirceu e Genoino. Mas, por que recorrer a tais abusos, ao fascismo despudorado – diante dos quais a palavra “chicana”, tão ao gosto de Barbosa, desfalece, de tão fraca – por cima das leis e de qualquer senso de justiça, fazendo com que os nossos juristas, inclusive os mais conservadores, para sua honra, protestem em peso?

Evidentemente, porque os réus são inocentes. Senão, bastariam as provas. Como não as há…

As reações da presidente Dilma a esse escárnio à justiça, às leis e à soberania popular – que ela jurou defender – são os sintomas da sua responsabilidade. Pois é evidente, para quem quiser ver, que seu recuo em relação à Lula, seja em relação à mídia mais reacionária – que Lula denunciava e Dilma bajula -, seja em relação aos tucanos – que ela crescentemente promove ao governo –, seja em relação a quase todas as questões econômicas nacionais, abrindo o país aos inimigos, derrubando os limites que Lula estabelecera – privatizações, entrega do petróleo do pré-sal, conchavos com o Tesouro dos EUA para desnacionalizar a nossa infraestrutura, etc. – são o pano de fundo, o caldo de cultura, aquilo que permitiu a avacalhação de nossas leis para que se prendessem os próprios companheiros de Dilma no PT.

Que ela não queira condenar a injustiça nem quando a vida de um companheiro – José Genoino – está em risco, pode parecer apenas mero e desumano eleitoralismo, a reeleição antes de um ser humano que lutou bravamente para colocá-la na Presidência. Mas, antes de tudo, reflete a opção que fez por ser uma continuidade não de Lula, mas de Fernando Henrique.

Isso destampou o esgoto para onde Lula remetera alguns anos de indignidade, antes de sua Presidência. Até valores elementares – a verdade, a justiça, a nação, por exemplo – passaram a ser outra vez desrespeitados, e de modo mais histérico ainda. A prisão ilegal de Genoino e Dirceu é o que deixa mais nítido esse destampamento, esse desrespeito, essa histeria – e a capitulação que conduziu a isso.

 

IMPROPÉRIOS

Na quarta-feira, dia 13, Barbosa estava perdendo o julgamento (desculpe-nos os juristas essa linguagem de jogo de futebol, mas é assim que o atual presidente do STF vê as coisas). Ao tentar extinguir os recursos de alguns réus (embargos infringentes), sem que o tribunal os apreciasse, simplesmente por classificá-los de “protelatórios”, foi derrotado pela posição do ministro Teori Zavascki, apoiada pelos ministros Celso de Mello, Rosa Weber, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello e Carmem Lúcia.

Barbosa prorrompeu em impropérios contra os colegas e contra o próprio tribunal que preside, acompanhado pelo notório Gilmar Dantas, aliás, Mendes. O objetivo era impedir que os recursos (embargos infringentes) de Dirceu e outros fossem devidamente apreciados e aprovados.

Esse objetivo ficou claro quando o ministro Zavascki levantou a incoerência das penas a que foram condenados os réus. Disse Barbosa: “nós não vamos nunca terminar este julgamento. A cada embargo, nós vamos revisitar o mérito, o que foi decidido no ano passado”. Apoiado pelos ministros Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello, Zavascki respondeu que os recursos anteriores (“embargos declaratórios”) não haviam recebido a atenção devida. Mas tudo o que Barbosa queria era fugir dessa discussão – a única que interessa quando se quer fazer justiça: se as penas foram adequadas ou não.

Ainda que em termos atenuados, o STF aprovou a prisão – mas não o recolhimento à penitenciária de réus, como Dirceu e Genoino, que estavam condenados a cumprir penas em regime semi-aberto, o uso de algemas (proibidas apenas quando o preso é algum escroque) no avião, etc., etc.

Alguém já disse, no passado, que o fascismo é a bandidagem política. Deveria ter acrescentado que a bandidagem política pode se disfarçar de bandidagem judiciária – o que o deixa mais longe, e não mais perto, do direito e da justiça.

 

CARLOS LOPES

Texto extraído da Hora do Povo – Edição 3.205

EE Caetano Miele: estudantes realizam Feira Cultural e reabrem escola aos finais de semana

Os estudantes e a direção da Escola Estadual Caetano Miele conquistaram uma antiga reivindicação: após 5 anos de luta, a escola será reaberta aos finais de semana para os alunos, professores, pais e comunidade escolar, para atividades culturais, de esporte e lazer, através do Programa Família.

Nos últimos dias 8 e 9 de novembro foi realizada na escola a Feira Cultural, que junto com o Programa, realizou atividades como Cineclube, que apresentou o tema “Acabar com a fome”, além de distribuição de brindes, atividade gastronômica, de reciclagem, e apresentação esportivas.

“A Feira Cultura foi ótima, com diversas atividades que

integraram bastante os alunos. Agora, com a escola aberta aos finais de semanas, vamos poder aproveitar 

bem esse espaço, com participação cada vez maior dos alunos”, afirmou Thaisa Maria, estudante da escola e diretora do departamento feminino da UMES, destacando que o apoio da vice-diretora Eliana Araújo tem ajudado bastante.

O Programa Família será realizado todos os finais de semana. A escola será aberta 9h às 16h. No calendário, já estão previstos campeonatos de xadrez, apresentações esportivas e palestras. 

 

 

Haddad: Investigação foi resposta ao descalabro que encontramos

Para prefeito, não se pode desconsiderar a relação dos auditores com a gestão anterior. “A fraude no IPTU pode ser pior que a do ISS”, completou

 

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou que a instalação da Controladoria Geral do Município (CGM), que iniciou as investigações sobre o esquema de pagamento de propinas de mega-construtoras a auditores da Prefeitura para abatimento do ISS, foi uma resposta “do Executivo a uma situação de descalabro”. O esquema desviou uma quantia estimada em R$ 500 milhões.

Segundo Haddad, “quando você monta uma controladoria, ou ela é um órgão de controle ou não é. Não tem meio-termo. Porque, se 10% do que ouvi em 2012 sobre a prefeitura fosse verdade, já era o caso de montar uma controladoria”.

Ao ser questionado sobre as críticas à sua gestão, o ex-prefeito Gilberto Kassab, num tom raivoso, acusou Haddad de agir com “desonestidade” ao criticar a falta de investigação na gestão Kassab do esquema. Segundo ele, a investigação do caso não prosseguiu porque sua gestão acabou e não porque ele mandou arquivar o processo como ocorreu.

Kassab alega que as acusações de que ele teria conhecimento sobre o esquema são “tentativas sórdidas de manchar minha imagem” e que se retiraria da vida pública, caso fosse provado algum envolvimento.

O possível conhecimento de Kassab sobre o esquema de propinas foi revelado em telefonema gravado com autorização judicial onde Ronilson Bezerra Rodrigues, subsecretário da Receita Municipal na gestão de Gilberto Kassab (PSD), preso desde o último dia 30, afirmou que o ex-prefeito consentia com o esquema de propina.

O diálogo ocorreu no dia 18 de setembro entre Rodrigues e a auditora fiscal Paula Sayuri Nagamati, ex-chefe de gabinete do secretário de Finanças na gestão Kassab, Mauro Ricardo, nele Rodrigues afirma que Kassab e Mauro Ricardo, também secretário do ex-prefeito “tinham ciência de tudo”.

Em 28 de dezembro do ano passado, ao apagar das luzes da gestão Kassab, seu secretário de Finanças, Mauro Ricardo, que chefiou os fiscais acusados de causar prejuízo de até R$ 500 milhões à Prefeitura, mandou arquivar uma denúncia sobre o esquema.

O subsecretário da Receita Municipal de Kassab reclama com a auditora de uma publicação no Diário Oficial da capital paulista em que era intimado a prestar esclarecimentos à Controladoria Geral.

“É um absurdo, Paula. Tinha de chamar o secretário e o prefeito também, você não acha? Chama o secretário e o prefeito com quem eu trabalhei. Eles tinham ciência de tudo”, afirma Rodrigues.

Ronilson também foi flagrado em escutas discutindo sobre dinheiro e as consequências da investigação com os fiscais Luís Alexandre Magalhães, inicialmente preso, mas liberado depois de firmar acordo de delação premiada e Carlos Augusto Di Lallo Amaral.

Na gravação Luís Alexandre diz que “não tava nessa sozinho. Eu tenho todos – todos – os números de certificado. Eu não vou ser bode expiatório”; Ronilson em seguida afirma, “isso aí pra mim é uma ameaça”; Luís Alexandre rebate. “Não, é um aviso. Eu não vou sozinho nessa porra”. Ronilson diz que “não vai. Porque eu vou estar contigo”. Luís Alexandre enfatiza que “eu, o Lallo e o Barcellos não vamos pagar o pato nessa porra toda”; Nesse momento, Di Lallo entra na conversa e afirma que “não vai, não vai”; Ronilson então questiona Luís Alexandre. “Você não vai precisar me entregar. Sabe por quê?”, que responde, “eu levo a secretaria inteira. Vai todo mundo comigo. Eu te dei muito dinheiro. Te dei muito dinheiro”; Ronilson então diz “você sabe por que que você me deu dinheiro? Você sabe por quê? Porque eu te deixei lá” e por fim Luís Alexandre diz “Isso. Então tá todo mundo junto”.

Foi no apartamento do fiscal Luís Alexandre Magalhães que os investigadores descobriram o que chamam de “a prova mais importante, até agora”, contra os homens de confiança de Kassab em sua gestão. O Ministério Público confirmou que as vozes pertencem ao trio.

Segundo os promotores, a reunião aconteceu depois de março deste ano, assim que o grupo descobriu que a CGM investigava todos eles por suspeita de enriquecimento ilícito.

A conversa foi gravada pelo próprio Alexandre. Segundo ele, como forma de proteção. O fiscal acreditava que os companheiros de trabalho poderiam tentar colocar o crime inteiramente em sua conta quando as investigações avançassem.

 

INVESTIGAÇÕES

O conhecimento ou não de Kassab sobre o esquema de propinas ainda não foi discutido publicamente pela CGM ou pelo Ministério Público estadual. Mas, o fato é que foram cerca de R$ 500 milhões desviados (que também não tiveram seu paradeiro revelado) e outros nomes ainda serão revelados. Segundo o MP-SP, são ao menos 40 pessoas ainda estão sob investigação.

Durante a entrevista com Haddad, a seguinte pergunta é feita: “Num telefonema gravado, o chefe da máfia do ISS diz que o prefeito sabia de tudo. O sr. sabe quem é esse prefeito?”

“Olha… Não é possível desconsiderar que [Ronilson] ocupou um cargo da maior importância durante muito tempo na gestão anterior”, responde o prefeito.

Segundo Haddad, “existem evidências fortes de que esses fiscais também atuavam no cadastro do IPTU. A fraude no IPTU pode ser pior que a do ISS”.

 

Texto extraído da Hora do Povo – Edição 3.203

Documentário mostra descaso da Shell com trabalhadores após contaminação em Paulínia

Caso Shell: O Lucro Acima da Vida é um documentário que trata da contaminação promovida pelas multinacionais Shell Brasil e Basf S.A. no bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia/SP. Os efeitos da contaminação sobre os trabalhadores e moradores vizinhos à planta industrial e a luta pelo direito à saúde são retratados em depoimentos marcantes.

O vídeo foi uma das três produções premiadas na 5ª Mostra CINETrabalho, organizada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília/SP, em maio último.

A produção do documentário é do Centro Organizativo dos Trabalhadores (COT), com apoio do Sindicato Químicos Unificados e da Associação dos Trabalhadores Expostos a Substâncias Químicas (Atesq), entidade coordenada pelos ex-trabalhadores da Shell/Basf. A direção é de Denise Simeão e ele tem 26 minutos de duração.

 

Veja abaixo o documentário, dividido em 5 partes:

 

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

 

Fonte: Sindicato Químicos Unificados – Campinas, Osasco Vinhedo e Região