CINEMA NO BIXIGA – Sinopse do próximo filme: O Arco-Íris

No próximo sábado, 29/06, o Cinema no Bixiga apresenta o filme “O Arco-Íris”. O filme inicia às 17 horas, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Entrada franca!

 

O ARCO-ÍRIS

Mark Donskoy (1943), com Nina Alisova. Natalya Uzhviy, Vera Ivashova, Yelena Tyapkina, Hans Klering, URSS. 98 min

 

Sinopse
Durante a invasão da URSS, uma aldeia ucraniana é ocupada pela Wehrmacht. Para quebrar o espírito de seus prisioneiros, na maioria mulheres, velhos e crianças, os conquistadores não se detêm diante de nada. Mas, à exceção de dois traidores, o prefeito Gaplik e Pusia, amante do comandante alemão Kurt, os soviéticos se negam a colaborar.  E os guerrilheiros estão por perto, preparando a contra-ofensiva.


Direção: Mark Donskoi (1901-1981)

Mark Semyonovich Donskoy nasceu em Odessa, na Ucrânia. Durante a Guerra Civil (1918-21) lutou no Exército Vermelho. Graduou-se em direito na Universidade de Crimeia. Destacou-se como cineasta com a estreia de “Canção da Alegria” (1934). Em 1937 começou a filmar sua obra mais reconhecida, a “Trilogia Gorky” (Prêmio Stalin em 1941), composta por “A Infância de Maxim Gorky”, “Ganhando Meu Pão” e “Minhas Universidades. Do escritor, adaptou também “A Mãe” (1956) e “Foma Gordeev” (1960). Em 1942, levou às telas o popular romance “Assim Foi Temperado o Aço”, de Ostrowsky. O tema da ocupação nazista foi desenvolvido em “O Arco-Iris” (1943) e “A Família Taras” (Medalha de Ouro no Festival de Veneza, 1946).

Donskoy dirigiu “A Professora da Aldeia” (1947) e “Alô, Crianças” (1962). Realizou ao todo 26 longas. Trabalhou em diversos estúdios: Mosfilm, Belgoskino, Lenfilm e Soyuzdetfilm. Foi membro da União dos Cineastas da URSS.

 

Argumento Original: Wanda Wasilewska (1905-1964)

A escritora polonesa Wanda Wasilewska estudou filosofia na Universidade de Varsóvia e  literatura na Universidade Jaguelônica em Cracóvia. Filha de um ativista do Partido Socialista Polonês, integrou a União da Juventude Socialista e a Sociedade dos Trabalhadores de Universidades. Após a invasão nazista em 1939, alistou-se no Exercito Vermelho onde atuou como correspondente de guerra e do comando político, recebendo a patente de coronel. Em Lvov trabalhou unindo os comunistas locais, ucranianos e poloneses.Foi presidente do Teatro Dramático de Lvov. Tornou-se líder da União de Patriotas Poloneses e vice-presidente do Comitê para a Libertação da Polônia.

Considerada uma escritora clássica da literatura soviética, Wanda teve vários trabalhos incluídos no currículo escolar e por três vezes recebeu o Prêmio Stalin de Literatura (1943, 1946, 1952). Seus principais livros são  “A Face do Dia” (1934), “Pátria” (1935), “Canção das Águas” (Triologia, 1940, 1950, 1952) e “Arco-Íris” (1943).

 

Música Original: Lev Schwartz (1898-1962)

Nascido em Tashkent,  o uzbeque Lev A.Schwartz  graduou-se  no Conservatório de Moscou e foi professor de piano na Academia Russa de Música. Entre suas obras estão concertos para piano, violino e orquestra, canções infantis, músicas para desenhos animados e para os filmes da “Trilogia Gorki” (Mark Donskoy, 1938, 1939, 1940), “Arco-Iris” (Mark Donskoi, 1943), “A Professora da Aldeia” (Mark Donskoi, 1947) e “Pavluha” (Semyon Tumanov, 1962).

Portaria de Lobão para privatizar o pré-sal tira mais dinheiro do Brasil

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, publicou no Diário Oficial da União (DOU), na sexta-feira (21), a Portaria Nº 218, com as regras para o edital do primeiro leilão do pré-sal, no campo de Libra, marcado para outubro deste ano.

De acordo com a portaria, o leilão será promovido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que deverá “preparar a minuta de edital, audiência pública, qualificação e habilitação das sociedades empresárias interessadas, apresentação de ofertas e julgamento, adjudicação do objeto e homologação e minuta de contrato de partilha de produção”, a serem aprovados pelo Ministério.

Segundo o texto, “o percentual do excedente em óleo para a União a ser ofertado pelos licitantes, deverá referir-se ao valor de barril de petróleo entre US$ 100.00 (cem dólares norte-americanos) e US$ 110.00 (cento e dez dólares norte-americanos) e a produção média de 12 mil barris/dia, por poço produtor ativo”.

Conforme a portaria, o Ministério de Minas e Energia celebrará os contratos de partilha de produção, que terão prazo de 35 anos.

Os leilões de petróleo têm sido denunciados como privatização por diversas entidades como a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), Federação Única dos Petroleiros (FUP), Clube de Engenharia, as Centrais CGTB e CUT e recentemente no 53º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) e diversas outras entidades.

Pressionada pela voz da mídia, Dilma está recuando numa questão de interesse fundamental para todos os brasileiros.

Veja abaixo o que ela disse, na campanha eleitoral, sobre essa ideia de entregar a exploração do pré-sal para empresas privadas internacionais:

“David Zylbersztajn o principal assessor para a área energética, de petróleo, do candidato Serra disse que é a favor da privatização do pré-sal, ou seja, da exploração do pré-sal ser realizada pelas empresas privadas internacionais.

Defender a privatização do pré-sal significa tirar dinheiro do país, sacrificar o investimento em educação de qualidade, em ciência e tecnologia, meio ambiente, cultura, em saúde, impedir que o Brasil tenha um passaporte para o futuro.

“Desde já, eu afirmo a minha posição: é um crime privatizar a Petrobrás ou o pré-sal. Nós acreditamos que o fortalecimento das nossas empresas é bom para todo o povo brasileiro”.

(Dilma Rousseff em debate com José Serra na TV Bandeirantes, durante a campanha eleitoral)

Pagamento de juro a bancos tirou da Educação, Saúde e Transporte R$ 448 bilhões em 2 anos

Em seu pronunciamento de sexta-feira, a presidente Dilma propôs “um grande pacto em torno da melhoria dos serviços públicos” – sobretudo os transportes urbanos, a Saúde e a Educação. Disse, também, que além de “convidar os governadores e os prefeitos das principais cidades do país”, iria ouvir “os líderes das manifestações pacíficas, os representantes das organizações de jovens, das entidades sindicais, dos movimentos de trabalhadores, das associações populares”.

Na segunda-feira, a presidente reuniu-se com alguns integrantes do Movimento Passe Livre e fez outro pronunciamento ante governadores e prefeitos. Disse a presidente que “nós todos sabemos onde estão os problemas. Nós todos sabemos que podemos construir soluções”.

Realmente, “os problemas” estão no monstruoso confisco de recursos públicos para juros, desonerações e financiamentos para as multinacionais, esmagamento financeiro dos principais Estados e municípios e contingenciamento sistemático das verbas orçamentárias. A solução (ou “construção das soluções”) está no fim da drenagem desses recursos e sua colocação para resolver os problemas do povo.

Sucintamente: de janeiro de 2011 a abril de 2013 foram desviados R$ 305 bilhões (mais exatamente: R$ 304.996.588.916) que estavam destinados às “despesas primárias” do governo federal (Saúde, Educação, Transportes e as demais despesas não-financeiras) para a reserva dos juros – o “superávit primário” do governo federal.

Apesar disso, no mesmo período, o total de juros transferidos aos bancos pelo governo federal somou R$ 448 bilhões (exatamente: R$ 448.178.902.484).

Esse gasto estúpido, quase 5% do PIB, foi uma decisão de política econômica, isto é, uma decisão do governo em nome de coisas tão mentirosas quanto “responsabilidade fiscal”, “austeridade fiscal”, “disciplina fiscal”, “consolidação fiscal” ou lá que apelido tenha essa pilhagem de recursos da coletividade em prol de meia dúzia (aliás, nem isso) de bancos. Este ano, em nome desse tipo de vigarice, além do previsto no Orçamento, já foram cortados mais R$ 28 bilhões com o mesmo objetivo.

O governo já está abatendo R$ 45 bilhões do “superávit primário”. Pela Lei Orçamentária Anual, pode abater até R$ 65,2 bilhões. Logo, há R$ 20,2 bilhões que podem e necessitam ser liberados, já e agora. (cf. SOF/MP, “Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias”, Brasília, maio 2013, p. 8).

O total de desonerações e benefícios fiscais concedidos pelo governo está, em 2013, em R$ 170 bilhões (R$ 170.015.969.718 – cf. SRF/MF, “Demonstrativo dos Gastos Governamentais Indiretos de Natureza Tributária – 2013”, págs. 13 a 98, Quadro I ao XXIII).

Porém, concentremo-nos na atual onda de desonerações, concedidas a partir do segundo semestre de 2011. Segundo o Ministério da Fazenda, essas montam, em 2013, a R$ 70,1 bilhões (cf. SPE/MF, “Economia Brasileira em Perspectiva”, 18ª Edição, março 2013, p. 42).

Muitas dessas desonerações – possivelmente a maior parte em valor – servem apenas para aumentar a margem de lucros dos monopólios privados, via de regra multinacionais, sem qualquer efeito positivo no crescimento ou no emprego, pelo contrário. É o caso das desonerações concedidas à indústria automobilística, à “linha branca”, às teles, aos açambarcadores de aeroportos, ferrovias, ao cartel de armadores e aos futuros açambarcadores de portos, e, inclusive, à mídia (a MP nº 612 concedeu R$ 1,266 bilhão de desonerações cumulativas à mídia). Imediatamente é possível liberar mais R$ 20 bilhões a.a., no mínimo, que hoje não são pagos em função das desonerações.

A terceira fonte de recursos é o fim da opressão pela dívida que o Tesouro, desde o governo Fernando Henrique, mantém sobre Estados e municípios. Um exemplo: o Estado de São Paulo renegociou uma dívida de R$ 50,3 bilhões em junho de 1998 e, até o final de 2012, pagara R$ 91,8 bilhões ao Tesouro, por conta dessa renegociação; no entanto, a dívida cresceu para R$ 188,5 bilhões (março de 2013). Ou seja, São Paulo pagou 1,8 vezes a dívida e, apesar disso, a dívida estadual aumentou 3,7 vezes (todos os dados têm como fonte o BC).

Logo, a proposta de – além de mudar o indexador da inflação nos contratos dos Estados com a União para o IPCA (ao invés do atual, o irreal IGP-DI) – abater 45% do principal da dívida, recentemente em discussão na Câmara dos Deputados, nada tem de absurda. Pelo contrário, é insuficiente: seria necessário diminuir na mesma proporção o comprometimento das receitas estaduais com essa dívida (hoje entre 13% e 15%) e os juros (hoje em 6% ao ano).

Isso liberaria recursos importantes para o investimento nos serviços públicos – até porque a maior parte do investimento público, no Brasil, é feito pelos Estados e municípios, que no momento estão sitiados por essa dívida e pelas desonerações – que reduzem o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Além disso, é preciso cumprir o próprio Orçamento. Hoje existem R$ 170 bilhões em “restos a pagar”, ou seja, pagamentos que não foram feitos no ano de vigência de Orçamentos anteriores. Enquanto isso, no ano passado, o setor de Transportes, fora os “restos a pagar”, realizou apenas 34,91% da verba aprovada pelo Congresso no Orçamento de 2012. A Educação, pelo mesmo critério, realizou 68,26% (dados do SIAFI correspondentes à execução orçamentária até 31/12/2013).

Para este ano, segundo nota publicada pelo Ministério do Planejamento, “o governo repetirá o receituário de anos anteriores e executará prioritariamente neste primeiro semestre os chamados ‘restos a pagar’ – recursos já autorizados de Orçamentos passados”. Esse é um caminho que só conduzirá à catástrofe.

 

Momento requer não confundir a voz das ruas com a voz da mídia 

A presidente, no pronunciamento de segunda-feira (24/06), propôs cinco “pactos”:

1) “… responsabilidade fiscal, para garantir a estabilidade da economia e o controle da inflação”. 2) “… construção de uma ampla e profunda reforma política (…). … convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de um processo constituinte específico para fazer a reforma política (…). … uma nova legislação que classifique a corrupção dolosa como equivalente a crime hediondo”. 3) “… acelerar os investimentos já contratados [na Saúde] (…) criação de 11 mil e 447 novas vagas de graduação e 12 mil e 376 novas vagas de residência para estudantes brasileiros até 2017. (…). Quando não houver a disponibilidade de médicos brasileiros, contrataremos profissionais estrangeiros”. 4) “… Fazer mais metrôs, VLTs e corredores de ônibus. (…) Além disso, decidi destinar mais R$ 50 bilhões para novos investimentos em obras de mobilidade urbana”. 5) “Pacto da Educação Pública. (…) o meu governo tem lutado, junto ao Congresso Nacional, para que 100% dos royalties do petróleo (…) sejam investidos na educação”.

Muito bom que a presidente tenha descoberto que é possível investir mais R$ 50 bilhões somente em Transporte (só resta saber em que prazo; ou seja, quando).

Disse a presidente que “o povo está agora nas ruas, dizendo que deseja que as mudanças continuem, que elas se ampliem, que elas ocorram ainda mais rápido. (…) As ruas estão nos dizendo que o país quer serviços públicos de qualidade, quer mecanismos mais eficientes de combate à corrupção que assegurem o bom uso do dinheiro público”.

Não há dúvida que o povo quer que as mudanças, iniciadas no governo do presidente Lula, e travadas há cerca de dois anos, continuem, se ampliem e ocorram mais rápido. No entanto, não é prudente confundir a voz das ruas com a voz da mídia. Nem – para usar uma interessante expressão de Hannah Arendt sobre a “massa” do fascismo – confundir a ralé, quando esta invade os logradouros públicos, com o povo nas ruas. Se até a senhorita Arendt sabia distinguir uma coisa da outra, não há razão para cairmos em tal confusão.

Por exemplo, a julgar pelos EUA ou pelos países da Europa, até que, em matéria de corrupção, as coisas aqui parecem muito, mas muito melhores. Somente aos inimigos do país interessa apresentar o país como especialmente corrupto, contra toda a realidade. O que evidentemente, não quer dizer que não existam corruptos – e para eles deve ser reservado o rigor da lei. Mas até nisso temos vantagem: como sabe a presidente, temos um governo que não transige com os corruptos – exceto, talvez, os da mídia. Da mesma forma a “estabilidade da economia” – nome reservado pelos neoliberais ao nenhum crescimento – ou a “responsabilidade fiscal” – expressão que designa a eterna permissão para que os bancos e outros monopólios financeiros saqueiem permanentemente o Tesouro, sem que haja qualquer relação com o combate à inflação, exceto aquela que existe entre o vigarista e os otários a quem engana.

Quanto ao Pacto da Educação Pública, o projeto enviado pela presidente ao Congresso destina os royalties, e metade do fundo social do pré-sal, que vierem de explorações iniciadas após dezembro do ano passado, à Educação. Logo, esses royalties vão demorar bem mais do que permite a urgência do país. Portanto, é preciso que o governo lance mão dos recursos que já existem – ao invés de referir-se sempre a recursos que ainda não existem.

Mas, tudo bem, até agora a presidente só ouviu o Movimento Passe Livre. Esperemos que ela ouça outros setores – e, sobretudo, que ouça antes de agir.

 

CARLOS LOPES

Publicado na Hora do Povo, edição 3.163

 

Recursos do orçamento vão para juros e não para serviço público

As últimas manifestações em São Paulo e no Brasil, que demonstraram a insatisfação da população com os altos preços das tarifas de transporte, assim como a falta de investimentos em setores fundamentais como transporte, saúde e educação, trouxeram à sociedade um importante debate: Para onde vai o dinheiro?

Conforme matéria divulgada no site Auditoria Cidadã da Dívida, “todo ano, sob a justificativa de pagar uma dívida com a União, a prefeitura de São Paulo gasta R$ 3 bilhões e o governo do Estado de SP mais de R$ 10 bilhões, ainda que tais dívidas sejam fortemente questionáveis”, num processo onde a dívida em vez de diminuir, cresce cada vez mais.

No caso da Prefeitura de São Paulo, “a dívida refinanciada pela União em 2000 era de R$ 11 bilhões, e mesmo tendo sido pagos à União R$ 19,5 bilhões, essa dívida atingiu absurdos R$ 53 bilhões em 2012. Em diversas vezes Haddad chegou a falar que tal dívida é ‘impagável’ e ‘insustentável’”.

De acordo com a economista Maria Lucia Fattorelli, em estudo recém-lançado (Auditoria Cidadã da Dívida dos Estados), este processo de “quanto mais se paga mais se deve” decorre principalmente da aplicação de juros sobre juros sobre os saldos destas dívidas, o que já foi considerado ilegal pelo Supremo Tribunal Federal, em sua Súmula 121. (Clique aqui e veja a entrevista com a economista).

 

DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL

A matéria ressalta ainda que os pagamentos feitos pelo Município e Estado de São Paulo à União são destinados pelo governo federal exclusivamente para o pagamento da também questionável dívida pública federal.

No ano passado (ver banner da página inicial do site e na figura abaixo), 43,98% do orçamento foi confiscado para o pagamento de juros e amortizações da dívida. Enquanto isso, foram destinados apenas 0,7%, para o Transporte, 3,34% para a Educação, 4,17% para a Saúde, e apenas 0,02% para Esporte e Lazer.

Na última sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff fez um pronunciamento afirmando que irá realizar um pacto nacional visando à melhoria dos problemas que atingem toda a população.

Com esses dados, podemos ver que para resolver os problemas será necessário reverter essa lógica de priorizar o pagamento aos bancos. Para se ter uma ideia, entre janeiro de 2011 a abril de 2013 foram desviados para a reserva dos juros – o “superávit primário” do governo federal – R$ 305 bilhões (R$ 304.996.588.916) que estavam destinados às “despesas primárias” do governo federal (Saúde, Educação, Transportes e as demais despesas não-financeiras), além dos outros. No mesmo período, a soma total do que foi pago aos bancos pelo governo federal foi de R$ 448 bilhões (448.178.902.484).

Além disso, há o problema da desoneração e benefícios fiscais. Só neste ano, foram concedidos em 170 bilhões (R$ 170.015.969.718). Essas desonerações só servem para aumentar a margem de lucros dos monopólios privados, na sua maioria multinacionais, como no caso das desonerações concedidas à indústria automobilística, à “linha branca”, às empresas de telecomunicações, entre outros.

Ou seja, a maior parte do orçamento é confiscada para o pagamento de juros, desonerações, esmagamento dos Estados e municípios e contingenciamento sistemático das verbas orçamentárias. Para que possa ser solucionado o problema desses setores – Transporte, Educação, e Saúde – é preciso pôr fim a essa drenagem de recursos, investindo de fato no serviço público.

 

 

Informações: Auditoria Cidadã da Dívida e Hora do Povo

Movimento ‘antipolítica’ antecipa o roteiro do golpe nas redes sociais

Sem meias palavras, começam a pedir o afastamento da presidenta Dilma Rousseff e a clamar por Joaquim Barbosa, o ‘salvador da pátria’

 

São Paulo – Com a apropriação da onda de manifestações em várias cidades brasileiras por pautas conservadoras, as redes sociais ligadas a esses grupos já começam a traçar uma espécie de “roteiro do golpe”. De um lado, defendem o afastamento da presidenta Dilma Rousseff, de “todos os políticos” e de “todos os partidos”. De outro, clamam para que o presidente do STF, Joaquim Barbosa, assuma o comando do país para que as forças armadas ajam “em defesa da população que se manifesta nas ruas”.

Embora sejam difusamente compartilhadas, as campanhas atingem um número relevante de pessoas. Uma delas, com a foto de Barbosa pedindo que assuma a presidência do país, já passa de 270 mil compartilhamentos.

Outra, no site Avaaz.org, pede o impeachment de Dilma e tem 315 mil assinaturas. Junto a elas, comentários pedindo o fim dos partidos, ação das forças armadas, separação de São Paulo do restante do país etc.

Em outra ação, os grupos de direita criaram um evento no Facebook convocando greve geral para 1º de julho. Na pauta de reivindicações estão o “fim da roubalheira”, a “auditoria no caixa do governo” e a “punição para os corruptos”, entre outros nove temas. O ato contava 390 mil confirmações até as 13h de hoje (21/06).

 

Fonte: Rede Brasil Atual

    

Datafolha: 75% acham melhor transporte de qualidade a preço justo do que tarifa zero

Para questionar os paulistanos o Datafolha incluiu a posição defendida pelo movimento Passe Livre, de zerar a tarifa do transporte público, e o argumento da Prefeitura de São Paulo que informou que seriam necessários R$ 6 bilhões para zerar a cobrança nos ônibus do sistema municipal.

Confrontadas as duas posições, 76% disseram ser preferível a prefeitura investir em obras e serviços, como educação, saúde e corredores de ônibus, enquanto 14% disseram preferir que a prefeitura cubra o custo total das passagens. Outras respostas somaram 2%, e 8% não souberam responder.

O Datafolha registrou também em pesquisa realizada só entre manifestantes que participaram dos atos contra o aumento da passagem que apenas 25% acham que a tarifa não deve ser cobrada. A maioria considerou que na média o valor para trem, ônibus e metrô deveria ser de R$ 2,00.

No último dia 19/06, a prefeitura da capital e o governo do Estado revogaram o aumento do ônibus, Metrô e CPTM, reduzindo a tarifa de R$ 3,20 para R$ 3,00. A revogação foi anunciada após grandes manifestações nas ruas da cidade nas últimas semanas.

 

Dilma anuncia pacto pela melhoria do Transporte, Saúde e Educação

A presidente Dilma convocou ontem (21/06), em pronunciamento na TV, governadores, prefeitos, representantes do legislativo, entidades populares e sindicais para um amplo diálogo que estabeleça, nos próximos dias, um plano emergencial pela melhoria dos serviços públicos nas áreas de Transporte, Saúde e Educação.

Dilma antecipou algumas medidas que pretende incluir nesse pacto.

Sobre as manifestações, a presidente afirmou que garantirá o direito de todos criticarem tudo, mas que não pode aceitar que “uma minoria violenta e autoritária tente levar o caos aos nossos principais centros urbanos”. 

Como a melhoria dos serviços públicos implica em destinar mais dinheiro para o Transporte, Saúde e Educação, a UMES gostaria de dizer que se fossem retiradas algumas dezenas de bilhões de reais do superávit primário e do contingenciamento do orçamento federal, que o setor público gasta com pagamento de juros, cerca de R$ 120 bilhões por ano, os banqueiros poderiam chiar um pouco, mas a população iria ganhar muito. E, no momento, parece estar claro quem está mais necessitado desses recursos.

Registramos, abaixo, os principais trechos do pronunciamento de Dilma.

 

DEMOCRACIA

Minhas amigas e meus amigos, todos nós, brasileiras e brasileiros, estamos acompanhando, com muita atenção, as manifestações que ocorrem no país. 

Os manifestantes têm o direito e a liberdade de questionar e criticar tudo.

Mas precisam fazer isso de forma pacífica e ordeira.

O governo e sociedade não podem aceitar que uma minoria violenta e autoritária destrua o patrimônio público e privado, ataque templos, incendeie carros, apedreje ônibus e tente levar o caos aos nossos principais centros urbanos.

Com equilíbrio e serenidade, porém, com firmeza, vamos continuar garantindo o direito e a liberdade de todos. Asseguro a vocês: vamos manter a ordem.


MELHORAR TRANSPORTE, SAÚDE, EDUCAÇÃO

A mensagem direta das ruas é pacífica e democrática. Ela reivindica um combate sistemático à corrupção e ao desvio de recursos públicos. Todos me conhecem. Disso eu não abro mão.

Esta mensagem exige serviços públicos de mais qualidade. Ela quer escolas de qualidade; ela quer atendimento de saúde de qualidade; ela quer um transporte público melhor e a preço justo; ela quer mais segurança.

Irei conversar, nos próximos dias, com os chefes dos outros poderes para somarmos esforços. Vou convidar os governadores e os prefeitos das principais cidades do país para um grande pacto em torno da melhoria dos serviços públicos. O foco será: primeiro, a elaboração do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que privilegie o transporte coletivo. Segundo, a destinação de 100% do petróleo para a educação. Terceiro, trazer de imediato milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do SUS.

 
DIÁLOGO

Anuncio que vou receber os líderes das manifestações pacíficas, os representantes das organizações de jovens, das entidades sindicais, dos movimentos de trabalhadores, das associações populares. Precisamos de suas contribuições, reflexões e experiências. De sua energia e criatividade, de sua aposta no futuro e de sua capacidade de questionar erros do passado e do presente.

 
PARTIDOS

Quero contribuir para a construção de uma ampla e profunda reforma política, que amplie a participação popular. É um equívoco achar que qualquer país possa prescindir de partidos e, sobretudo, do voto popular, base de qualquer processo democrático.

 

COPA

Em relação à Copa, quero esclarecer que o dinheiro do governo federal, gasto com as arenas, é fruto de financiamento que será devidamente pago pelas empresas e governos que estão explorando estes estádios. Jamais permitiria que esses recursos saíssem do orçamento público federal, prejudicando setores prioritários como a saúde e a educação.

O Brasil, único país que participou de todas as Copas, cinco vezes campeão mundial, sempre foi muito bem recebido em toda parte.

Precisamos dar aos nossos povos irmãos a mesma acolhida generosa que recebemos deles. Respeito, carinho e alegria. É assim que devemos tratar os nossos hóspedes. O futebol e o esporte são símbolos de paz e convivência pacifica entre os povos. O Brasil merece e vai fazer uma grande Copa.

 

Clique aqui e veja o pronunciamento de Dilma 

Bagunçou Geral

A UMES não convocou nem compareceu às manifestações de protesto ocorridas na última quinta-feira (20/06), em vária­s cidades do Brasil, inclusive São Paulo.

Participamos das manifestações contra o aumento do preço das passagens, sustentamos essa bandeira na reunião do Conselho Social da cidade. Mas não víamos razão de realizar uma manifestação “para comemorar a vitória obtida na luta pela redução da tarifa” – pois foi assim que a manifestação foi convocada.

Estávamos desconfiados de que, fortemente insufladas pela mídia empenhada em levar a população a protestar furiosamente contra qualquer coisa, essas manifestações não seriam para comemorar a conquista. Pelo contrário, seriam para tentar botar fogo no país.

Nossa desconfiança se confirmou.

As manifestações foram utilizadas para tentativas de invasão das sedes de diversas prefeituras e governos estaduais, do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto, a depredação do Palácio do Itamaraty – sede do Ministério das Relações Exteriores -, das sedes dos ministérios da Saúde, Agricultura e Meio-Ambiente e da Catedral de Brasília, pixada com “666” – o número da besta. Foram utilizadas também para promover saques contra o comércio. E, finalmente, para agredir e humilhar militantes de esquerda que a elas compareceram, acreditando que o objetivo para o qual haviam sido convocadas era verdadeiro.

Seria ingenuidade acreditar que esses atos de violência e intimidação, ocorreram à revelia dos organizadores e seus patrocinadores na mídia ou em resposta à repressão policial desmedida. Eles seguem um padrão. Nas franjas da manifestação “pacífica”, vêm os mascarados barbarizando. Os organizadores deixam que aconteça. No dia seguinte, com indisfarçável hipocrisia,  lamentam os excessos. E na próxima manifestação tudo volta a se repetir.

A mistura de reivindicações por mudanças vagas e mesmo delirantes, ódio aos partidos políticos – isto é, à democracia –  e violência nas ruas, estampada nesta quinta-feira, visa sitiar o governo da presidente Dilma, empurrá-lo para a direita e, no limite, derrubá-lo.

A UMES não aceita esse retrocesso. O que queremos do governo Dilma é que ele retome e aprofunde o caminho seguido pelo governo Lula, que os sem-voto detestam mais do que tudo.

A UMES não aceita o papel de bucha de canhão dos interesses antinacionais e antidemocráticos e alerta os estudantes secundaristas de São Paulo a não se deixarem enganar por esse jogo golpista.

A nossa luta é para que o Brasil continue mudando para melhor. Para pior, nunca!

 

Rodrigo Lucas Paulo

Presidente da UMES

 

21 de junho de 2013

Conselho da Cidade apoia Haddad na revogação do aumento da tarifa

O Conselho da Cidade, que funciona como canal de diálogo entre a administração municipal e a sociedade, foi unânime em apoiar a revogação do aumento da passagem do transporte, anunciada pelo prefeito Fernando Haddad, na quarta-feira, 19. O valor passa de R$ 3,20 para R$ 3,00 a partir de segunda-feira.

Os membros do Conselho, formado por representantes de entidades, instituições, empresas e parlamentares, entre outros segmentos da sociedade, se reuniram com o prefeito, também na quarta-feira, e se manifestaram a favor da redução.

A arquiteta urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), Ermínia Maricato, demonstrou confiança nos trabalhos do Conselho: “Pensei que só os interesses privados iriam prevalecer”, afirmou. A partir da redução da tarifa, afirma Marciato, o órgão poderá discutir transporte, rever as prioridades da cidade. “E tudo isso com o apoio de milhares de pessoas”.

Membro do Conselho, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, afirmou que “apoia a revogação do reajuste das tarifas de transporte público de São Paulo” e também apontou a necessidade de abrir um debate visando a melhoria do transporte urbano.

Em sua intervenção, Rodrigo Lucas, presidente da UMES, também apoiou a redução: “Em Buenos Aires a passagem de ônibus custa entre 1,10 e 1,25 pesos (44 centavos de real e 50 centavos de real) e a de Metrô custa 2,50 pesos (1 real). Em São Paulo também pode ser mais barata”, afirma.

Para Raquel Rolnik, também urbanista, professora FAU-USP e Relatora Especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada, “precisamos agir para avançar no direito à cidade para todos. Temos que romper com a coalizão, bloquear enorme poder das concessionárias no planejamento de políticas públicas com o aprofundamento do processo decisório popular”.

Lídia Correa, presidente da Federação das Mulheres Paulistas (FMP), destacou que “ao mesmo tempo em que a tarifa sobe na capital, o que se vê é o aumento do número de passageiros e redução dos ônibus”. “Em 2004 eram 14,1 mil coletivos e atualmente são 13,9 mil”, ressaltou apontando que a entidade também apoia a decisão.

Frei David, diretor executivo da EDUCAFRO, ressaltou a unidade do conselho pela revogação. O ex-jogador de futebol Raí Souza Vieira, representante da organização Atletas pela Cidadania, também afirmou acreditar na “sensibilidade neste momento”.

“O primeiro passo é a revogação do aumento e, depois, a discussão e os debates sobre o modelo”, afirmou o jornalista e coordenador da organização Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto.

O Conselho da Cidade de São Paulo é composto ainda por Luiz Carlos Bresser Pereira, Professor Emérito da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP); Márcio Fernando Elias Rosa, Procurador-Geral do Ministério Público do Estado de São Paulo; Marcos da Costa, Presidente da OAB-SP; Maria Izabel Noronha, Presidenta da APEOESP – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo; Murilo Celso de Campos Pinheiro, Presidente do SEESP – Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo e da FNE – Federação Nacional dos Engenheiros; Oded Grajew, Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos, Fundador do Movimento Nossa São Paulo; Soraya Soubhi Smaili, Reitora da UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo; e outros líderes sindicais, como Ubiraci Dantas de Oliveira, Presidente da CGTB – Central Geral dos Trabalhadores do Brasil; Wagner Gomes, Presidente Nacional da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil e Luiz Gonçalves, Presidente da Nova Central Sindical de São Paulo.

Vitória! Aumento da passagem é revogado em São Paulo!

A população de São Paulo conquistou uma grande vitória nesta quarta-feira. Após as gigantescas manifestações que tomaram as ruas da cidade pela redução da passagem do transporte público, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o governador do estado, Geraldo Alckmin, anunciaram a revogação dos aumentos, reduzindo as tarifas do ônibus, Metrô e CPTM para R$ 3,00, a partir de segunda-feira.

A revogação do aumento expressa o reconhecimento das autoridades de que era possível reduzir o preço da passagem. Durante a coletiva, realizada nesta quarta-feira, os governantes se comprometeram a abrir um diálogo com a sociedade visando o debate para a melhoria do transporte urbano.  

Segundo dados da Secretaria de Transporte da Secretaria de Transportes, de 2004 a 2012, o valor arrecadado com o pagamento da tarifa passou de R$ 3,3 bilhões – valor já corrigido pela inflação do período – para R$ 4,5 bilhões. Isso significa um aumento real de 30%. No mesmo período, o número de passageiros passou de 1,6 bilhão para 2,9 bilhões. Já os coletivos foram reduzidos de 14,1 mil para 13,9 mil.