Sem repressão, manifestantes garantem a ordem em SP

Uma multidão, com cerca de 130 mil pessoas ocuparam as principais vias de São Paulo, na segunda-feira, 17, numa gigantesca manifestação contra o aumento da passagem do transporte público (ônibus, Metrô e CPTM), elevado para R$ 3,20.

A concentração foi no Largo da Batata, de onde os manifestantes saíram em passeata tomando todas as faixas da Avenida Faria Lima.

Durante a manifestação, os participantes entoavam palavras de ordem como “mão para o alto, R$ 3,20 é um assalto!”; “governador preste atenção: a juventude não aceita repressão!”; “se a tarifa não baixar, a cidade vai parar!”; “governador, pode escolher, ou cai a tarifa ou cai você!”.

Sem a truculência e intervenção da PM, a manifestação foi pacífica, não havendo nenhuma ocorrência de violência, depredação de patrimônio particular ou público. A resposta dos manifestantes foi: “que coincidência! Não tem polícia, não tem violência!”.

Ao chegar ao cruzamento da Avenida Rebouças, uma parte seguiu em direção à Avenida Paulista e outra, a maior, pela Faria Lima. Já na avenida Juscelino Kubitschek, uma outra parte se dirigiu para a Marginal Pinheiros, tomando as sete faixas da via. A avenida paulista também foi tomada pelos manifestantes, que entoaram o Hino Nacional Brasileiro. (Veja um dos vídeos da manifestação!)

Na marginal, outra multidão vinda do sentido oeste se juntou à manifestação na altura da Ponte Estaiada, em frente à Rede Globo, onde manifestantes também protestaram contra a emissora.  

A manifestação seria encerrada na Ponte Estaiada. Porém, manifestantes ainda seguiram pela Avenida Morumbi, rumo ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo. Na semana passada, Alckmin afirmou que não cogita abaixar o preço da tarifa dos transportes públicos e não se manifestou após os protestos.

 

REDUÇÃO DA TARIFA

Nesta terça-feira, 18, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, se comprometeu a examinar a planilha de custos de transporte do município para “refletir no que eu poderia cortar de serviços para viabilizar a redução da tarifa”. Ele, no entanto, não revogou o aumento durante a reunião do Conselho da Cidade, que foi unânime ao pedir a suspensão do novo valor de R$ 3,20.

Cresce mobilização contra aumento da tarifa em São Paulo

O repúdio da população contra o aumento das tarifas no transporte cresceu e aprofundou o debate sobre o elevado custo do transporte público em São Paulo. No entanto, a manifestação de estudantes, professores, trabalhadores e seu direito de expressar sua opinião vêm sendo barrados violentamente pela Polícia Militar do Estado.

Além dos participantes da democrática manifestação, jornalistas também foram alvos dos tiros e bombas da polícia, que não tentou esconder a ordem do governo estadual: massacrar, bombardear e reprimir o movimento.

 

AGRESSÃO GRATUITA

O ato, que reuniu cerca de 10 mil pessoas, iniciou às 17 horas, com concentração no Theatro Municipal, e seguiu pacificamente pelas ruas do centro da cidade. A palavra de ordem era “sem violência!”. O protesto é contra o aumento da passagem do ônibus, Metrô e CPTM para R$ 3,20, a mais cara entre as capitais do Brasil.

Os manifestantes caminharam pela Avenida Ipiranga e chegaram à Rua da Consolação, na altura da Praça Roosevelt, até então sem nenhuma ocorrência de violência ou danos ao patrimônio privado ou público. No entanto, a partir das 19 horas, policiais da Tropa de Choque bloquearam a passagem e começaram a atirar bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Segundo relato da repórter do UOL, Janaina Garcia, a Polícia atirou indiscriminadamente, contra manifestantes, transeuntes e jornalistas. “Não havia saída pela via nem pelas transversais, todas cercadas pelo Choque”.  

“Quem acompanhou a manifestação contra o aumento das tarifas de ônibus ao longo dos dois quilômetros que vão do Theatro Municipal à esquina da rua da Consolação com a Maria Antônia pode assegurar: os distúrbios começaram às 19h10, pela ação da polícia, mais precisamente por um grupo de uns 20 homens da Tropa de Choque, com suas fardas cinzentas que, a olho nu, chegaram com esse propósito”, afirmou o jornalista Elio Gaspari.

“Atiravam não só na direção da avenida, como também na transversal. Eram granadas Condor. Uma delas ficou na rua que em 1968 presenciou a pancadaria conhecida como “Batalha da Maria Antonia”, disse Gaspari.

Policiais fortemente armados encurralavam e agrediram os manifestantes, dispersando a multidão, que seguia para a Avenida Paulista. Parte da manifestação permaneceu na rua até por volta das 23 horas. Imagens divulgadas nesta sexta-feira mostram inclusive um policial quebrando o próprio carro de polícia para culpar os manifestantes. (Veja o vídeo aqui).

Entre os jornalistas, foram 12 feridos e dois presos, afirma o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo (SJSP). A repórter da TV Folha, Giuliana Vallone, teve a região do olho direito atingida por uma bala de borracha.

Em depoimento, a jornalista afirma que “já tinha saído da zona de conflito principal – na Consolação, em que já havia sido ameaçada por um policial por estar filmando a violência– quando fui atingida”. “Estava na Augusta com pouquíssimos manifestantes na rua. Tentei ajudar uma mulher perdida no meio do caos e coloquei ela dentro de um estacionamento. O Choque havia voltado ao caminhão que os transportava.

Fui checar se tinham ido embora quando eles desceram de novo. Não vi nenhuma manifestação violenta ao meu redor, não me manifestei de nenhuma forma contra os policiais, estava usando a identificação da Folha e nem sequer estava gravando a cena. Vi o policial mirar em mim e no querido colega Leandro Machado e atirar. Tomei um tiro na cara. O médico disse que os meus óculos possivelmente salvaram meu olho”, disse.

O fotógrafo Sérgio Silva, da agência Futura Press, também foi atingido no olho esquerdo por um tiro de bala de borracha disparado pela Polícia Militar. Ele tem poucas chances de recuperar a visão, informa a mulher dele, a jornalista Kátia Passos.

 

POPULAÇÃO REPUDIA BARBÁRIE DA PM

Segundo pesquisa Datafolha, a manifestação tem o apoio de 55% dos entrevistados, e diversas entidades e autoridades condenaram a violência da PM. Para o deputado estadual Adriano Diogo (PT), a ação da PM é “criminosa”. “A linha da PM é da provocação, do quanto pior melhor. Mas essa é a linha do governador do estado”, afirma.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) também condenam “a agressão policial injustificável contra jovens ocorrida na noite desta quinta-feira, 13 de junho, em mais um protesto pelas ruas da capital paulista contra o aumento das passagens do transporte público”.

Para o presidente da UMES, Rodrigo Lucas, presente no ato, “foi uma barbárie cometida contra os manifestantes, sendo a maioria estudantes. Estamos nas ruas por uma reivindicação justa. O transporte em São Paulo é precário e nada justifica esse preço. Em Goiânia, Teresina, Natal e Porto Alegre, a justiça concedeu liminares que impediram os aumentos das passagens. Elas estão custando R$ 2,70, R$ 2,10, R$ 2,30 e R$ 2,85, respectivamente. Por que o povo de São Paulo tem que pagar R$ 3,20?”.

Para a UMES, o preço “é aviltante, corroendo o salário de quem menos ganha. Para serviços precários, com lotação e filas imensas, o transporte público padece de medidas profundas sem que para isso se cobrem valores impagáveis nas tarifas repassando o custo aos paulistanos, atendendo exclusivamente a interesses que não são os da população”. (Veja a íntegra da nota da UMES clicando aqui).

 

PREÇO ABUSIVO

A Juventude do PT também de manifestou contra o aumento da passagem: “Enquanto algumas cidades da Região Metropolitana e do Vale do Paraíba reduzem suas tarifas, beneficiando estudantes e trabalhadores, os aumentos da prefeitura da capital e do Governo do Estado oneram o orçamento de quem utiliza o transporte público e preservam a alta lucratividade das empresas”.

Em matéria divulgada em seu site, a União da Juventude Socialista (UJS), ressalta que “a atitude da polícia de São Paulo, que deveria proteger a sociedade, remonta aos tempos áureos da ditadura fascista imposta em 1964”.

A Juventude Pátria Livre (JPL) “apoia a mobilização da juventude de São Paulo contra o aumento e em defesa de seus direitos”. “São milhões de trabalhadores, jovens, estudantes, que sofrem com o valor elevadíssimo da tarifa, que chega a consumir praticamente 30% do salário mínimo. A truculência e as agressões da PM de São Paulo, forjada pelos 20 anos de fascismo tucano em nosso estado, não diminuíram nosso animo e a vontade de lutar por uma cidade melhor. Seremos mais e mais a cada manifestação e barraremos nas ruas esse aumento”, afirma.

Para muitos trabalhadores paulistanos, o aumento de R$ 0,20 no preço do bilhete prejudicará o orçamento. “Trabalho de segunda a sábado, gastando R$ 6,40 por dia. É muito dinheiro, que faz falta.”, afirma o limpador de vidros Paulo Aparecido da Silva, 43. “As pessoas têm direito de se manifestar nas ruas, ainda mais pela qualidade do transporte que temos hoje.”, afirma a auxiliar Maria Madalena Oliveira de Lima, 42, que também usa ônibus diariamente.

Em nota conjunta, entidades afirmam que “a movimentação da prefeitura para adiar e realizar um aumento da passagem do ônibus abaixo da inflação do último período, dentro de um quadro de pressão das empresas concessionárias, não atende os anseios criados com a derrota dos setores conservadores nas eleições em São Paulo”.

“A resolução da questão urbana exige medidas estruturais, como a efetivação de um modelo de desenvolvimento, que prescinda o estímulo à indústria automobilística, e a implementação do controle direto sobre as tarifas por meio da municipalização dos transportes. Com isso, se evita soluções paliativas como a subvenção das concessionárias, financiando setores cujo interesse em lucrar se choca com a possibilidade de um sistema de transporte que atenda as necessidades da população”.

“Por isso, os protestos realizados pelos jovens ganham importância, uma vez que representam um sintoma do problema e constituem uma força social que pode apontar e sustentar mudanças estruturais na organização territorial e na mobilidade urbana. Essas mobilizações são um instrumento de pressão sobre as autoridades, para sustentar um processo de negociação, especialmente com a prefeitura, que esperamos que possa render conquistas para a população e acumular forças para novas lutas que virão.”, afirma a nota assinada por diversas entidades, entre elas, JCUT– Juventude da Central Única dos Trabalhadores, JPT/SP– Juventude do Partido dos Trabalhadores da cidade de São Paulo, UNE, UBES, UJS, Consulta Popular, Fora do Eixo, JSOL – Juventude Socialismo e Liberdade, JUNTOS!, Levante Popular da Juventude, MST– Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, UJR– Partido Comunista Rebelião, PJ– Pastoral da Juventude, PJMP– Pastoral da Juventude do Meio Popular, Quilombo, REJU– Rede Ecumênica da Juventude.

 

INTRANSIGÊNCIA  

Enquanto a PM agredia a manifestação, a declaração do governador Geraldo Alckmin era a de que não irá negociar com o movimento e de que não pretende rever o reajuste. O prefeito Fernando Haddad, por sua vez, afirmou que está aberto ao diálogo, mas que não é possível rever o aumento.

Na última quarta-feira, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apresentou aos governos municipal e estadual a proposta de suspensão do aumento das passagens de ônibus, metrôs e trens por 45 dias para a abertura de negociação.

Uma nova manifestação está marcada para segunda-feira.

 

Veja alguns vídeos do protesto nos links abaixo:

Polícia ataca a imprensa

Policial quebra o vidro do próprio carro

Mulher atingida no rosto compara ação da PM com a ditadura

 

Informações: UNE, UBES, UJS, JPT, Folha de SP, Terra, Uol

Entidades convocam nova manifestação para segunda-feira

Entidades que organizam os protestos contra o aumento da passagem do transporte público em São Paulo estão convocando uma nova manifestação para segunda-feira, 17.

A concentração será no Largo da Batata, às 17 horas. Na última quinta-feira, a manifestação reuniu cerca de 10 mil pessoas, e foi barbaramente reprimida pela Polícia Militar.

Diversas entidades sociais, partidos políticos e autoridades vêm se manifestando em apoio ao movimento e contra os preços abusivos do transporte praticado em São Paulo.

CINEMA NO BIXIGA – Sinopse do próximo filme: Canção da Rússia

No próximo sábado, 15/06, o Cinema no Bixiga apresenta o filme “Canção da Rússia”. O filme inicia às 17 horas, no Cine-Teatro Denoy de Oliveira, na Rua Rui Barbosa, 323, Bela Vista. Entrada franca!

 

CANÇÃO DA RÚSSIA

Gregory Ratoff (1944), com Robert Taylor, Susan Peters, Robert Benchley, John Hodiak, EUA, 107 min.

 

Sinopse

O maestro americano John Meredith deixa o seu país com a missão de realizar uma série de concertos na URSS e lá se apaixona por Nadya Stepanova, uma pianista soviética. Amor correspondido, os dois viajam juntos, emocionando as plateias. Estamos em junho de 1941. Acontece então a invasão de Hitler à União Soviética. 

Não são poucos os filmes produzidos durante a era Roosevelt que a direita americana procurou demonizar após a sua morte. “Missão em Moscou” (Michael Curtiz, 1943), “A Estrela do Norte” (Lewis Milestone, 1943), “Three Russian Girls” (Henry S. Kesler, Fyodr Otsep, 1943), “The Boy From Stalingrad” (Sidney Salko, 1943), “Tender Comrade” (Edward Dmytryk, 1943), “A Batalha da Rússia” (Frank Capra, Anatole Litvak, 1943), “Sementes de Liberdade” (Hans Burger, 1943), “Quando a Neve Tornar a Cair” (Jacques Tourneur, 1944), “Os Melhores Anos de Nossas Vidas” (William Wyler, 1946) são alguns desses títulos. Mas foi “A Canção da Rússia” que teve a honra de ser o primeiro alvejado por um inquérito na Comissão de Atividades Antiamericanas. Em outubro de 1947, a senhora Ayn Rand, de origem russa que emigrara para os EUA em 1926, com o passaporte na mão, depôs na Comissão como testemunha de acusação do filme.

Rand, apresentada como escritora e filósofa, afirmou: “Mostrar essa gente sorrindo é um típico golpe de propaganda comunista”. A questão suscitou o seguinte diálogo entre ela e um membro da Comissão:

Senador John McDowell: Ninguém sorri na Rússia?

Ayn Rand: Se a pergunta é literal, a resposta é: quase ninguém.

John McDowell: Eles nunca sorriem?

Ayn Rand: Se por acaso sorriem, é na intimidade e por acidente. Certamente não se trata de um ato social.

John McDowell: Porque tudo o que eles fazem é falar sobre comida.

Ayn Rand: Exatamente.

 

Direção: Gregori Ratoff (1897-1960)

Diretor, ator e produtor, Gregory Ratoff nasceu em Petrogrado, começou sua carreira no Teatro de Arte de Moscou, radicou-se nos EUA em 1925 e estreou como diretor de cinema com “Pecados dos Homens” (1936). Entre seus filmes estão “Os Quatro Filhos de Adão” (1941), “Os Irmãos Corsos” (1941), “Canção da Rússia“ (1944), “That Dangerous Age” (1949) e “Operação X” (1950), os dois últimos realizados na Inglaterra.

 

Argumento Original: Leo Mittler (1893-1958), Victor Trivas (1896–1970) e Guy Endore (1900-70)

Dramaturgo, roteirista e diretor de cinema, Leo Mittler estudou na Academia de Música e Artes Cênicas de Viena. Trabalhou em teatros na Áustria e Alemanha. Em 1929, dirigiu o filme “Do Outro Lado da Estrada”, produzido pela Prometheus, empresa alemã (1926-31) dedicada ao cinema proletário. Após a ascensão nazista em 1933, trabalhou na França e Inglaterra, realizando “La Voix Sans Visage” (1933) e o musical “Cheer Up” (1936). Nos EUA, escreveu as histórias de “O Fantasma dos Mares” (Mark Robson, 1943) e “Canção da Rússia” (Gregory Ratoff, 1944). Após a guerra voltou à Alemanha, trabalhando no teatro e televisão.

O cineasta russo Victor Trivas começou como diretor de arte de Georg Wihelm Pabst, no final da década de 20, na Alemanha. Escreveu e dirigiu seu primeiro longa, “Terra de Ninguém”, em 1931. Em 1933 foi para a França onde dirigiu a comédia “Tovaritch” (1935). Assina os roteiros de “O Estranho” (Orson Welles, 1946), “Where the Sidewalk Ends” (Otto Preminger, 1950), “The Secret of Convict Lake” (Michael Gordon, 1951).

Romancista e roteirista americano, Samuel Guy Endore graduou-se na Universidade de Columbia em 1923. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão o romance da revolução haitiana “Babouk: A História de um Escravo” (1934), “The Werewolf of Paris” (1933), os roteiros dos filmes “Dance Comigo” (Mark Sandrich, 1938), “Canção da Rússia (Gregory Ratoff, 1944), “Também Somos Seres Humanos” (William A. Wellman, 1945) e “The Story of Gl Joe” (William A. Wellman, 1945), pelo qual recebeu indicação para o Oscar. Quando investigado pelo Comitê de Atividades Antiamericanas, vendeu seus roteiros sob o pseudônimo de Harry Relis.

 

Música Original: Eric Zeisl (1905-59)

Eric Zeisl nasceu em Viena. Aos 14 anos ingressou na Academia Estatal daquela cidade. Ganhou um prêmio em 1934 (para a Missa de Requiem), mas sua origem judaica tornou difícil a obtenção de trabalho e publicação. Transferiu-se para Paris, em 1938, e depois para os EUA. Foi compositor no Instituto Brandeis-Bardin e na Fundação Huntington Hartford. Deu aula de teoria da composição no Los Angeles City College. Em Hollywood criou as trilhas musicais de “Canção da Rússia (Gregory Ratoff, 1946) e “O Carteiro Toca Sempre Duas Vezes” (Tay Garnett, 1946).

Sindicato dos Escritores de SP realiza debate sobre democratização da comunicação

O Sindicato dos Escritores do Estado de São Paulo realiza nesta quinta-feira (13) um debate sobre a democratização dos meios de comunicação com a participação do jornalista Rodrigo Viana, do blog “O Escrivinhador”, Carlos Lopes, redator-chefe da Hora do Povo e Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

O debate será mediado por Nilson Araújo, presidente do Sindicato. Após a realização do debate ocorrerá a assembleia geral da categoria para eleger a nova diretoria da entidade.

Manifesto divulgado pelos escritores denuncia a monopolização do mercado editorial brasileiro. “Temos consciência de que o chamado ‘mercado editorial’ brasileiro vem sendo cada vez mais manietado e controlado por grandes grupos monopolistas, muitos deles estrangeiros, que, ao visarem a obtenção de superlucros, estrangulam a concorrência e estreitam as possibilidades de ampliação das publicações. As corporações concentram em suas mãos praticamente todos os recursos do setor editorial e definem de forma excludente o que deve e o que não deve ser publicado”, afirma o Sindicato.

O encontro será realizado no auditório do Sindicato dos Petroleiros de São Paulo, que fica na Avenida 9 de Julho, 160, no centro da capital, a partir das 19 horas.

JESP II supera as expectativas e parabeniza a grande campeã EE Padre Manoel da Nóbrega!

Finalizado na última quinta-feira, 6 de junho, o 2º Jogos Estudantis da Cidade de São Paulo (JESP II) superou todas as suas expectativas e se consolida como um dos projetos de maior sucesso na área de esportes para estudantes da cidade de São Paulo.

O JESP II mobilizou, no total, 1009 alunos-atletas de 60 escolas de todas as regiões da cidade. Foram 96 equipes, nas modalidades Futsal, Handebol e Voleibol, que junto à comunidade escolar participaram desde o início, com a campanha de coleta de material reciclável, a realização de cineclubes com debates sobre a importância social do esporte e as competições nas quadras.

 

JESP II EM NÚMEROS

Durante todo o projeto, patrocinado pela Petrobras, os 1009 alunos-atletas, de 60 escolas públicas, coletaram 74.079 latas de alumínio, 44.781 garrafas pets e 14,3 toneladas de papel/jornal.

Foram, ao total, 89 coletas, realizadas por cooperativas e ONGs parceiras do JESP, contribuindo para a diminuição de resíduos no meio-ambiente, assim como para a geração de empregos aos recicladores cooperados.

Além da coleta foram realizadas 127 sessões de cineclubes reunindo um público de 14.862 pessoas.

 

A GRANDE CAMPEÃ: EE Padre Manoel da Nóbrega!

Após todo o esforço conjunto, desde a coleta de material, a realização dos debates e as vitórias nos jogos, sempre levando em conta a participação e a disciplina nas competições, foi consagrada a grande campeã a Escola Estadual Padre Manoel da Nóbrega, da região Oeste, que competiu pela modalidade Voleibol.

Na final, a escola EE Padre Manoel da Nóbrega ficou empatada, com 60 pontos, com a EE Renato Arruda Penteado, também da região Oeste, e a EE Dr. Carlos Vilallva Jr, inscrita pela região Centro-Norte. Como o critério de desempate era a quantidade de coleta de material, a EE Padre Manoel da Nóbrega foi a grande campeã. A equipe será premiada com uma viagem ao Rio de Janeiro.

 

APOIO DE ATLETAS

Para as competições finais, o JESP II teve um grande apoio de atletas e ex-atletas das Seleções de Voleibol, Handebol e Futsal, que autografaram bolas e camisetas, entregues como prêmio para alunos professores-destaque. Entre eles, Serginho, da Seleção de Vôlei, Marcão, goleiro da Seleção Brasileira de Handebol, e jogadores do Tênis Clube São José, entre eles integrantes da Seleção Brasileira de Futsal.

 

VEJA MAIS:

Site do JESP

Fotos das coletas!

Fotos dos cineclubes e debates!

Reportagem do SPTV 1ª Edição sobre o JESP II!

Fotos da reportagem do SPTV!

Fotos do lançamento do JESP II!

UMES apoia luta contra os preços exorbitantes do transporte público

A Prefeitura Municipal e o Governo do Estado reajustaram as tarifas de ônibus, metrô e trem para o valor de R$ 3,20. O aumento, conforme alegam as autoridades, foi abaixo do índice inflacionário do período desde o último reajuste em 2011. Contudo, o preço da tarifa superou em 60% a inflação nos últimos 18 anos. A tarifa é a mais cara do Brasil. Em Buenos Aires a passagem de ônibus custa entre 1,10 e 1,25 pesos (44 centavos de real e 50 centavos de real) e a de Metrô custa 2,50 pesos (1 real). Por que em São Paulo tem que custar R$ 3,20?

A prefeitura de Vitória, no Espírito Santo, reduziu a tarifa de ônibus, neste mês de junho, de R$ 2,40 para R$ 2,35. O prefeito Luciano Resende disse que como o governo federal atendeu ao pedido da Frente Nacional de Prefeitos para retirar o PIS e o Cofins dos componentes que formam o preço da passagem foi possível barateá-la. Se foi possível lá, e a decisão do governo teve caráter nacional, por que não é possível baratear aqui?

Segundo o prefeito de São Paulo manifestou, em entrevista a jornal de grande circulação da cidade, quando questionado se seria possível diminuir o preço da passagem, que “seria, depende do mix que você faz. Você teria uma situação muito favorável ao transporte coletivo e, na minha opinião, uma situação justa. Se fizesse um plebiscito, até os proprietários de veículos veriam vantagens nessa proposta.”

Em Goiânia, Teresina, Natal e Porto Alegre, a justiça concedeu liminares que impediram os aumentos das passagens. Elas estão custando R$ 2,70, R$ 2,10, R$ 2,30 e R$ 2,85, respectivamente. Por que o povo de São Paulo tem que pagar R$ 3,20?  

É aviltante, corroendo o salário de quem menos ganha. Para serviços precários, com lotação e filas imensas, o transporte público padece de medidas profundas sem que para isso se cobrem valores impagáveis nas tarifas repassando o custo aos paulistanos, atendendo exclusivamente a interesses que não são os da população. Segundo a Constituição brasileira, o transporte público é um dever do Estado e um direito do cidadão, e não pode ser mensurado como uma mercadoria qualquer para o único propósito da obtenção de lucros. Lucros exorbitantes diante da má qualidade prestada no serviço público de transporte da cidade mais rica do país. Garantir a condição de acesso da população ao uso do transporte público de qualidade inibiria os crescentes congestionamentos que inviabilizam a capital a cada dia. Ainda incrementaria a mobilidade social da população com a possibilidade de maior potencial produtivo e acesso aos equipamentos educacionais, culturais, de lazer. Por isso, a UMES integra a luta contra o aumento da tarifa de ônibus, metrô e trem na cidade de São Paulo.

Escolas campeãs comemoram a grande final do JESP!

Foi realizado na última quinta-feira, o Encerramento do 2º Jogos Estudantis da Cidade de São Paulo (JESP II), no Ginásio do Pacaembu. Durante as partidas, as torcidas agitaram a arquibancada até o final, com palavras de ordem, bateria e a bandeira das suas escolas.

A Cerimônia de Premiação contou com a presença de Siron Nascimento, Gerente de Patrocínio e Eventos Corporativo da Petrobras, patrocinadora do projeto, que entregou as medalhas e os troféus às escolas campeãs. Também esteve presente Marco Aurélio, diretor da Microcamp, apoiadora do projeto. Marco Aurélio premiou as primeiras colocadas com um microcomputador.

Ao final, todas as equipes e torcidas se juntaram para celebrar o sucesso do JESP. No total, mais de 60 mil latinhas de alumínio foram recolhidas, além de mais de 34 mil garrafas de plástico e mais de 10 mil kg de papel/jornal. Na contrapartida social, as equipes reuniram, no total, mais de 15 mil pessoas nas sessões de Cineclube, realizadas em 60 escolas da capital paulista.

 

FUTSAL

No mesmo dia ocorreram os jogos finais da modalidade Futsal, sendo vencedoras a EE Renato Arruda Penteado, da região Oeste, no feminino, e EE Barro Branco II, da região Leste, no masculino.

Após a entrega das medalhas e troféus para as campeãs, foi entregue aos atletas-destaque uma bola autografada pelos jogadores do Tênis Clube São José, entre eles integrantes da Seleção Brasileira de Futsal. Foram eleitos atletas-destaque, Maria Aparecida, da EE Renado Arruda Penteado, e Heide Gonçalves, da ETEC Guaracy Silveira, que foi representado pelo professor da equipe, Fernando Jesus Ferreira.

Também foi entregue o prêmio de professor-destaque à professora Karina Mendes da EE Domingos Quirino Ferreira.

Já a escola campeã na coleta de materiais recicláveis foi a Escola Estadual Barro Branco II, que ganhou o Troféu “Reciclagem, eu curso essa ideia”.  

Em segundo lugar na disputa do Futsal ficaram a EE José Vieira de Morais, no feminino, e EE Samuel Wainer, no masculino, ambas da região Sul da cidade. A medalha de bronze ficou para a EE Ruy de Melo Junqueira (região Leste), no feminino, e EE Pedro Monteiro do Amaral (região Centro-Norte), no masculino. Em quarto lugar, ficaram a EE Domingos Quirino Ferreira (Centro-Norte), no feminino, e ETEC Guaracy Silveira (Oeste), no masculino.

 

HANDEBOL

Os jogos finais do Handebol foram realizados na quarta-feira, consagrando campeãs da modalidade as equipes da EE Maria de Lourdes Vieira, no feminino, e EE Wilson Simonini, no masculino, ambas inscritas na região Centro-Norte.

Levaram a medalha de prata, a EE Zuleika de Barros, no feminino, e ETEC Basilides de Godoy, as duas escolas da região Oeste. Em terceiro lugar ficaram as escolas EE Mozart Tavares de Lima (região Leste), tanto no feminino quanto no masculino. Em quarto lugar, ficaram a EE Leopoldo Santana, no feminino, e EE Padre Saboia de Medeiros, no masculino.

Os atletas-destaque foram Vitória Silva, da EE Leopoldo Santana e Rafael Kara, da EE Padre Saboia, que receberam uma bola autofrada pelo Marcão, goleiro da Seleção Brasileira de Handebol. O professor destaque foi o Luiz, da ETEC Basilides de Godoy, que recebeu uma camiseta do JESP autograda pelos atleta da Seleção. A ETEC Basilides de Godoy também foi a escola campeã na coleta de material reciclável.

 

VOLEIBOL

Na terça-feira, foi realizada a competição da modalidade de Voleibol, feminino e masculino. As escolas que levaram a medalha de ouro, no masculino, foi a EE Dr. Carlos Vilallva Jr, da região Centro-Norte, e, no feminino, a EE Padre Manoel da Nóbrega, da região Oeste. Ambas as escolas são bicampeãs do JESP.

Em segundo lugar, no feminino, ficou a escola EE Eliza Rachel Macedo de Souza, da região Leste, e no masculino, a escola EE México, da região Sul. A medalha de bronze foi para a EE Soldado Eder B. dos Santos, da região Leste, no masculino, e a EE Padre Saboia de Medeiros, da região Sul, no feminino. Em quarto lugar ficaram as escolas EE João Solimeo, da região Oeste, no masculino e a EE Albino Cesar, da região Centro-Norte, no feminino.

Os jogadores destaques do Voleibol receberam uma bola autografada pelo Serginho, da Seleção Brasileira de Vôlei. Os jogadores destaque foram Thiago Pinto Cardoso, da EE Soldado Eder e Jussara Santos de Aquino, da EE Padre Manoel da Nóbrega.

A professora destaque, Cristiane Silva Amorim, da EE Soldado Eder, também foi premiada, recebendo uma camiseta autografada do atleta.

O prêmio para a escola campeã na coleta de material reciclável na modalidade foi a EE Padre Manoel da Nóbrega, que levou o Troféu “Reciclagem, eu curto essa ideia”.

 

Veja mais no site do JESP!

Rescaldos do Congresso da UNE: PNE, investimento público e privatizações

Concessões, privatizações e PPPs são para tomar o que é público, não para construir o que a população necessita

O texto que segue é composto por anotações, sobre mais de um assunto, que tentei alinhavar em meio a uma gripe colossal, vindo (eu, não a gripe) do último congresso da UNE, em que tive a honra de ser palestrante. Portanto, temo que não tenha conseguido dar ao texto uma forma final condizente com a importância dos temas. Aliás, tenho certeza que não consegui. Ainda assim, devido a acontecimentos recentes, prefiro publicá-lo, mesmo com essas imperfeições.


Os resultados da produção física industrial, divulgados na terça-feira, não alteram nenhuma constatação do texto, até porque esses resultados foram deformados pelas bases de comparação muito deprimidas. Como disse o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI):


“… ao se comparar abril deste ano com abril de 2012, os resultados exuberantes da produção (24,4% em bens de capital; 14,9% em bens duráveis; 5,2% em bens semi e não duráveis; e 5,0% em bens intermediários) se devem à baixa base de comparação e ao fato de que o quarto mês deste ano tem dois dias úteis a mais do que o mesmo mês do ano passado. (..) É mais provável que a produção industrial esteja crescendo no ritmo do setor nuclear da indústria, qual seja, o setor de bens intermediários, cujas taxas de crescimento foram de 0,5% e 0,4%, respectivamente, em março e abril – taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal” (cf. Análise IEDI, 04/06/2013).


 


TRANSFORMAÇÕES


No 53º Congresso da UNE, o economista Rodrigo Ávila, da Auditoria Cidadã da Dívida, apresentou um exemplo das metamorfoses que podem acontecer a um projeto. No caso, o Plano Nacional de Educação (PNE) – na Câmara, PL nº 8035/2010; no Senado, PLC nº 103/2012).


Resumindo, no dia 20 de dezembro de 2010, o então ministro da Educação, Fernando Haddad, enviou à Câmara esse projeto, com a seguinte redação, quanto ao financiamento da educação:


Meta 20: Ampliar progressivamente o investimento público em educação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do produto interno bruto do país.


Depois de dois anos de discussão, inclusive numa comissão especial constituída para apreciar o projeto, os deputados aprovaram o seguinte texto:


Meta 20: ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto – PIB do País no 5º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio” (grifo nosso).


O mais importante aqui não é a ampliação da meta para 10% do PIB (apesar de concordarmos com o senador Pimentel em que melhor seria usar o Orçamento como referencial, foi o ministro Haddad, seu colega de partido, que introduziu o PIB como parâmetro, no projeto que enviou ao Congresso).


O mais importante aqui foi a inclusão da palavra “pública” após a palavra “educação”.


Não se trata de proibir entidades privadas de receber dinheiro público (caso, por exemplo, do Prouni). A questão visada por essa redação é estabelecer o que conta para o cumprimento da meta de “investimento público”. Não é uma questão nova: por exemplo, um empréstimo do BNDES para uma empresa privada, mesmo que seja a juros negativos ou a fundo perdido, não é considerado investimento público – pelo contrário, é investimento privado, investimento da empresa que recebeu tais recursos.


Em suma, a modificação feita na Câmara significa que, para fins de cumprimento das metas do PNE, só é considerado “investimento público” em educação os recursos investidos na educação pública.


Na opinião dos deputados, não cabia, como meta de um plano nacional de educação com vigência de uma década, rebaixar o investimento público em educação pela concessão de dinheiro público ao ensino privado – como, claramente, permitia o texto enviado por Haddad ao parlamento. Pior ainda, acrescentamos nós, quando as universidades privadas estão sob intenso processo de desnacionalização, sendo tomadas por fundos especulativos norte-americanos (o chamado “private equity”, ou seja, fundos que especulam com a participação acionária em tais ou quais empresas) – para não falar do fato de que são entidades lucrativas, que cobram os olhos da cara de seus fregueses.


Para maior clareza: pelo artigo 3º do projeto, as metas “deverão ser cumpridas no prazo de vigência deste PNE” – ou seja, são metas para até 10 anos após o início da implantação do plano.


Daí a especificação incluída na Câmara: a meta passou a ser “ampliar o investimento público em educação pública“, reconhecendo que nossa principal questão educacional, após a privatização desvairada do ensino que ocorreu no governo Fernando Henrique Cardoso, consiste em expandir o ensino público e nacional.


No dia 25 de outubro de 2012, a mesa da Câmara enviou o projeto, aprovado, ao Senado.


No último dia 28 de maio, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou o dispositivo com o seguinte texto:


Meta 20: ampliar o investimento público em educação de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto – PIB do País no 5º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio.


A justificativa do relator, José Pimentel (PT-CE), para suprimir a palavra “pública” após “educação”, não deixa de ser interessante:


Ora, o nosso entendimento é de que estamos diante de um plano de educação que é nacional, não apenas do ponto de vista da abrangência dos entes que integram a Federação. Trata-se de um plano para a República, portanto, de todas as instâncias que se envolvem com a educação no País. Não é à toa que ele tem espaço para a atuação de uma multiplicidade de organizações. Ademais, ao passarmos a vista sobre as metas que integram o Plano, deduzimos que há fixação ou indução, no mínimo, tangencial de metas para o setor educacional privado. Essas metas invisíveis implicam, de certo modo, o reconhecimento da importância desse setor para o País. Se ele não for contemplado, não podemos adjetivar de nacional o nosso plano” (grifos nossos).


O senador considera, pelo visto, nacional tudo o que existe numa nação, mesmo aquilo que é ocupação ou propriedade estrangeira. Por essa lógica, a Petrobrás, a Shell do Brasil e a empresa do Eike teriam, as três, o mesmo status: seriam empresas “nacionais”…


Porém, o senador é mais claro ainda, ao definir os beneficiários da supressão: “… uma atuação que deveria ser supletiva à do Estado, acaba por se firmar como indispensável, em especial na educação superior. Note-se que o setor privado detém hoje cerca de 73% da matrícula na educação superior“.


O que é, claramente, uma referência às universidades de propriedade estrangeira, que, hoje, têm a maior parte desses 73%.


Outra vez, ressaltamos: não se trata de que, pelo Plano Nacional de Educação, uma universidade privada não possa receber recursos públicos. O que o senador está propondo é que seja considerado investimento público, para fins da meta do PNE, o dinheiro público gasto com entidades privadas, o que equivale a uma redução do investimento público em educação – ou, se alguém assim quiser, do investimento público em educação pública.


Os tucanos diziam que a educação privada também era pública. Por isso, tinham de receber dinheiro público. Agora, descobriu-se que mesmo as entidades estrangeiras também são nacionais…


 


GASTOS


Toda a mídia reacionária repete, no momento, mas já de algum tempo, a ladainha de que o problema do governo é que ele gasta muito. Portanto, é preciso cortar – e nem é necessário dizer que não querem cortar a despesa com juros, mas as verbas para tudo o que seja despesa não financeira (as chamadas “despesas primárias”: Saúde, Educação, etc., etc.).


Em parte – e infelizmente – o governo cedeu a esse cordão, que nem disfarça o objetivo dos cortes: aumentar a parcela dos bancos e demais especuladores no Orçamento. Isso é que é disciplina fiscal. O governo anunciou um corte de R$ 28 bilhões para todos os Ministérios – com exceção de Educação, Saúde, Desenvolvimento Social e Ciência e Tecnologia. Mas as hienas não foram saciadas. Nem os dois aumentos de juros perpetrados pelo BC foram capazes de saciá-las, exatamente porque são insaciáveis.


Mas isso ainda não é o pior.


O Tesouro Nacional, através do Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) de abril, informa que, no primeiro quadrimestre deste ano, o governo liberou -15,4% (menos 15,4%) em investimentos orçamentários que no mesmo período de 2012 (cf. STN, RREO sint., abril 2013, p. 4).


Não se trata de que no ano passado o governo tenha regado a economia com investimentos (muito menos investimentos orçamentários); pelo contrário, de janeiro a abril de 2012, o governo federal liberou meramente R$ 1,6 bilhão em investimentos – apenas 1,9% da dotação aprovada pelo Congresso.


Pois, agora, de janeiro a abril deste ano, o governo liberou menos: somente R$ 1,3 bilhão – ou 1,2% da verba aprovada pelo Congresso para 2013. Se estendermos o período até o último dia 27 de maio (o que pode ser obtido através do Sistema Integrado de Administração Financeira – SIAFI), essa percentagem sobe para 1,58%. Em cinco meses, o governo liberou menos de 2% dos investimentos do Orçamento.


O governo, portanto, reduziu os investimentos em relação a 2012, apesar do crescimento próximo de zero. Não serve de explicação a aprovação tardia do Orçamento – e não somente porque o governo não agiu como se fosse o principal interessado em aprová-lo; o fato é que já houve tempo para compensar esse atraso, sobretudo considerando a situação; no entanto, antes da aprovação do Orçamento, houve uma ordem para que se cortassem 10% dos gastos públicos federais – bem entendido, gastos não-financeiros.


 


ESTATAIS


O Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (DEST), do Ministério de Planejamento, acaba de publicar o relatório de investimento das estatais no segundo bimestre.


Por esse relatório, sabemos que os investimentos das estatais, de janeiro a abril, montaram a R$ 29.975.918.874 (vinte e nove bilhões, novecentos e setenta e cinco milhões, novecentos e dezoito mil e oitocentos e setenta e quatro reais).


Nada menos que 89,84% desses investimentos corresponderam ao grupo Petrobrás (em dinheiro: R$ 26.928.936.806).


As 19 empresas do grupo Eletrobrás (entre elas, Furnas, CHESF e Eletronuclear) investiram 5,8% do total (ou seja, R$ 1.742.355.329). Mas a verdade é que a previsão de investimento deste setor, estratégico para o desenvolvimento, já é algo ridícula: R$ 10.240.591.487 até dezembro para todo o grupo Eletrobrás. Existem, além do grupo Eletrobrás, quatro outras empresas federais de energia elétrica – mas com um investimento total que não chegou a R$ 100 milhões (mais exatamente: R$ 99.270.060).


[De passagem, é forçoso apontar algumas peculiaridades – ou, talvez, curiosidades. Por exemplo: depois de toda a retórica despendida com uma suposta necessidade de inovação da indústria brasileira, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Ministério da Ciência e Tecnologia, liberou, em quatro meses, apenas 1,1% de sua dotação de investimentos para o ano – ou seja, R$ 313.900 (313 mil e 900 reais). Se a dotação anual já era minúscula (R$ 28.577.500 – 28 milhões, 577 mil e 500 reais), pior ainda a liberação. Mais uma vez constata-se que a retórica da suposta inovação parece ter o objetivo apenas de atribuir anacronismo à indústria nacional para “justificar” o desempenho industrial, medíocre não por causa das empresas nacionais, mas devido à política econômica.]


Vejamos, por programa, os principais investimentos das estatais:


1) Petróleo e Gás: R$ 16.117.223.536 (53,8% do total investido);


2) Combustíveis: R$ 9.013.378.962 (30,1%);


3) Energia Elétrica: R$ 1.841.625.389 (6,1%);


4) Desenvolvimento Produtivo: R$ 1.301.370.026 (4,3%);


5) Gestão e Manutenção de Infraestrutura de Empresas Federais: R$ 930.083.706 (3,1%).


Aqui temos 97,4% de todos os investimentos das estatais, de janeiro até abril. Todos os outros programas receberam investimentos que, somados, correspondem apenas a 2,6% do total.


 


FUNDO


Depois de expostos os números acima, percebe-se que não é um fenômeno extraordinário que a taxa de investimento do primeiro trimestre tenha caído (de 18,7% do PIB no último trimestre de 2012 para 18,4% do PIB no primeiro trimestre deste ano). Todas as loas de Mantega ao aumento de 4,6% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), na comparação do primeiro trimestre de 2013 com o último trimestre de 2012, são uma folha de parreira que mais chama a atenção do que esconde a queda na taxa de investimento.


É assim que os adeptos da tese (dizem eles) de que “o carro-chefe do crescimento deve ser o investimento”, como declarou o presidente do BC, querem estimular os investimentos: reduzindo a taxa de investimento – e também o consumo. Aliás, resta saber por que algum empresário iria investir sem a perspectiva de aumento do consumo.


[O vice-presidente da FIESP, Benjamin Steinbruch, comentou o último aumento de juros do BC do seguinte modo: “Por que os bancos centrais aumentam as taxas de juros? (…) pode-se dizer que o aumento dos juros se dá para reduzir a demanda da economia, ou seja, para que as pessoas moderem o consumo de bens e serviços. (…) A lógica dos mortais levaria à conclusão de que, se os juros foram aumentados na última quarta-feira, estaria havendo no país uma elevada pressão de demanda, certo? Errado. (…) Depois de sustentar o crescimento do PIB no ano passado, o consumo das famílias cresceu apenas 0,1% no primeiro trimestre. (…) Ora, se não há crescimento do consumo, é lógico concluir que a inflação – na faixa dos 6% ao ano – não está sendo alimentada por esse consumo. E que não haveria necessidade de elevar os juros para conter uma demanda que já é pífia“. Em nossa opinião, isso mostra que o objetivo dos aumentos de juros nada tem a ver com a inflação, mas com o butim do setor financeiro.]


O resultado é que conseguiram rebaixar tanto a taxa de investimento quanto estagnar o consumo – e atribuem isso a um misterioso fator estrutural, quando não passa de efeito da política econômica.


Se usarmos um arredondamento dos números que esconda menos os problemas, veremos que o próprio crescimento do PIB, apesar de minúsculo, foi inferior ao do trimestre passado. Basta, ao invés de usar uma casa decimal, usar duas: 0,64% (4º trimestre de 2012) contra 0,55% (1º trimestre de 2013).


Não se trata de minudências. Pelo contrário, o que se procura definir é a tendência. Ainda mais quando é um resultado que foi propagandeado, antes de sair, como a salvação da lavoura – digo, da economia (a lavoura até que não foi mal: sobretudo a da soja, que evitou uma variação negativa do PIB).


 


UM, DOIS, TRÊS PÊS


Tínhamos encerrado este texto com algumas observações sobre a taxa de poupança, que voltou ao nível do último ano do governo Fernando Henrique, há 10 anos, uma das mais baixas da História do país: 14,1% do PIB. Mas há algo mais importante, no momento. De qualquer forma, a poupança é, fundamentalmente, uma função do investimento. Somente os vigaristas que pretendem entregar o país a retalho, é que berravam (e ainda berram) que o investimento é pequeno no Brasil porque a poupança interna é pequena – logo, temos a necessidade imperiosa de ser dependentes da “poupança externa” (até o dia do juízo final, ou um pouco depois dele).


A verdade, como nossa História já demonstrou, é justamente o contrário: “a poupança não determina o investimento, mas, ao contrário, é precisamente o investimento que cria a poupança” (M. Kalecki, “Algumas observações sobre a teoria de Keynes”, in “Clássicos de Literatura Econômica: textos selecionados de macroeconomia”, 3ª ed., IPEA, Brasília, 2010, p. 50).


Não é por acaso que, no momento, a poupança interna é desperdiçada com multinacionais, ao invés destas fornecerem ao país alguma “poupança externa” transformada em investimento.


Apesar disso, há uma nova forma de dependência – sobretudo dependência ideológica – da “poupança externa”: o conto das concessões.


Em recente artigo, o economista José Carlos de Assis – que, como nós, está longe de ser um oposicionista ao atual governo – fez uma observação bastante precisa:


Só os ideólogos do neoliberalismo e os ingênuos podem acreditar em PPP [parceria público-privada] para empreendimento novo“.


E define a essência do que é PPP:


Ela é uma variante da privatização, que foi a ‘solução’ para que o Estado transferisse ao setor privado a siderurgia, as telecomunicações, as distribuidoras elétricas, os bancos estaduais, a Vale do Rio Doce e a RFF em condições, como foi fartamente comprovado, de extrema generosidade. Não seria assim tão fácil se o que o Governo vendesse fosse uma autorização para a construção dessas empresas. É isso, porém, que se quer com as PPPs da logística a construir.


Na verdade, talvez o que se queira realmente com as “concessões” não seja construir algo novo, mas, exatamente, passar para a propriedade, principalmente estrangeira (como não cansam de nos lembrar os srs. Mantega, Figueiredo, etc.), os bens públicos, sem dizer que se está procedendo, precisamente, a uma privatização.

É difícil imaginar, como reaprendeu (será?) o ministro Mercadante no Congresso da UNE, ilusão mais tola, mais vã, e mais precocemente fadada à perdição, do que essa.

 

CARLOS LOPES

Texto extraído do Hora do Povo, edição de 6 de junho de 2013

JESP II premia escolas campeãs do Voleibol! Encerramento será nesta quinta-feira!

O 2º Jogos Estudantis da Cidade de São Paulo, projeto realizado pela União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP), e patrocinado pela Petrobrás, realiza nesta quinta-feira, 6 de junho, o Encerramento da competição, no Ginásio do Pacaembu.

Foram 96 equipes nas modalidades Voleibol, Handebol e Futsal, nos gêneros feminino e masculino que participaram das etapas regionais do JESP II. Nos jogos finais, são 24 finalistas que disputam o campeonato em cada modalidade.

Na terça-feira, foi realizada a competição da modalidade de Voleibol, feminino e masculino. As escolas que levaram a medalha de ouro, no masculino, foi a EE Dr. Carlos Vilallva Jr, da região Centro-Norte, e, no feminino, a EE Padre Manuel da Nóbrega, da região Oeste. Ambas as escolas são bicampeãs do JESP.

Em segundo lugar, no feminino, ficou a escola EE Eliza Rachel Macedo de Souza, da região Leste, e no masculino, a escola EE México, da região Sul.

A medalha de bronze foi para a EE Soldado Eder B. dos Santos, da região Leste, no masculino, e a EE Padre Saboia de Medeiros, da região Sul, no feminino.

Em quarto lugar ficaram as escolas EE João Solimeo, da região Oeste, no masculino e a EE Albino Cesar, da região Centro-Norte, no feminino.

A Comissão Organizadora do JESP também elegeu os jogadores destaques do Voleibol, que receberam uma bola autografada pelo Serginho, da Seleção Brasileira de Vôlei. Os jogadores destaque foram Thiago Pinto Cardoso da EE Soldado Eder e Jussara Santos de Aquino, da EE Padre Manuel da Nóbrega.

A professora destaque, Cristiane Silva Amorim, da EE Soldado Eder, também foi premiada, recebendo uma camiseta autografada do atleta.

Na premiação do Voleibol também foi entregue o prêmio para a escola campeã na coleta de material reciclável na modalidade. A escola vencedora do Troféu “Reciclagem, eu curto essa ideia” foi a EE Padre Manuel da Nóbrega.

O JESP II já superou as metas previstas no início do projeto recolhendo mais de 60 mil latinhas de alumínio, mais de 34 mil garrafas de plástico mais de 10 mil kg de papel/jornal, como parte da contrapartida ambiental.

Na contrapartida social, as equipes reuniram, no total, mais de 15 mil pessoas nas sessões de Cineclube, realizadas em 60 escolas da capital paulista.

Nesta quarta-feira, ocorrem os jogos do Handebol, e na quinta-feira, 6, será realizada a Cerimônia Final de Encerramento. Confira abaixo a programação:

 

6 DE JUNHO

9:00 h: Início das partidas de Futsal

16:00 h: Cerimônia de Encerramento Final

              Apresentação dos parceiros e colaboradores

              Entrega das medalhas

              Anúncio das pontuações finais

              Entrega do Troféu “Reciclagem, eu curto essa ideia”

 

VEJA MAIS:

Site do JESP

Fotos das coletas!

Fotos dos cineclubes e debates!

Reportagem do SPTV 1ª Edição sobre o JESP II!

Fotos da reportagem do SPTV!

Fotos do lançamento do JESP II!