Debates Cultura UMES

Em encontro da UMES, Orlando Silva defende fortalecimento do setor cultural para gerar emprego

Debates Cultura UMES

 

Na noite desta sexta-feira (23), a União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES) realizou a live “Debates sobre Cultura” com o objetivo de discutir propostas e políticas para a cultura com os candidatos à Prefeitura da cidade de São Paulo. Orlando Silva (PCdoB) foi o primeiro candidato a participar da série de debates.

O evento também reuniu artistas, ativistas e representantes do setor cultural, que puderam questionar suas propostas e apresentar as respectivas demandas ao candidato.

Ao iniciar a conversa com Orlando, o presidente da UMES, Lucas Chen, fez uma breve apresentação do trabalho cultural desenvolvido pela entidade secundarista destacando o a produção do Centro Popular de Cultura da UMES, as mostras de cinema realizadas pela entidade e o bloco UMES Caras Pintadas, que “vêm desempenhando um papel fundamental na divulgação e fomento da cultura no país”.

Orlando defendeu que a Prefeitura deve respeitar e valorizar a diversidade cultural que é a característica da capital paulista.

“Muita gente fala da cidade de mil povos, a cidade que tem mil povos, que tem gente do mundo inteiro, do Brasil inteiro, também é a cidade das mil culturas, que têm culturas do Brasil inteiro e culturas do mundo inteiro e isso dá uma riqueza enorme para a nossa cidade. E a política cultural tem que primeiro reconhecer essa diversidade, valorizar essa diversidade e permitir que essa diversidade possa circular”, afirmou.

Ele apresentou como sua principal proposta para o setor, a formação do Circuito São Paulo de Artes e Cultura, que deverá “articular espaços de exposição e exibição das mais diversas culturas artísticas em nossa cidade e permitir a circulação dessas apresentações, utilizando equipamentos públicos já disponíveis, utilizando novos equipamentos de cultura, que queremos realizar em toda a cidade, sobretudo nos distritos da periferia que não tem equipamentos públicos de cultura”.

Orlando também destacou a importância do setor cultural na geração de emprego e renda. “Nós temos uma indústria que pode ser estimulada”, defendeu o candidato ao destacar o trabalho da estatal para a promoção do audiovisual Spcine na capital paulista.

“A Spcine hoje é uma realidade e o audiovisual é um dos setores que ilustra o potencial de fortalecimento da identidade visual de São Paulo e da geração de emprego e renda. O audiovisual fala de cinema, mas também há publicidade, São Paulo é a cidade que mais filma no Brasil e nós temos que disputar cada vez mais, nós temos que produzir cada vez mais na nossa cidade que isso também significará desenvolvimento econômico”, ressaltou.

Cinemateca

O candidato apontou ainda a necessidade da Prefeitura de assumir o protagonismo na preservação do patrimônio cultural da cidade. Como é o caso da Cinemateca Brasileira, alvo da política de destruição do governo Bolsonaro.

“A Cinemateca Brasileira é um órgão federal, que vive uma crise gigantesca, correndo o risco de desaparecer. O governo Bolsonaro que não tem responsabilidade nenhuma com a Cultura”, condenou Orlando.  

“O prefeito de São Paulo tem que assumir esse protagonismo e preservar as construções, mesmo a Cinemateca sendo um órgão federal, também é de São Paulo. Eu prezo para que a gestão tenha uma ação mais ousada e organizada em defender os patrimônios culturais de São Paulo e do Brasil”, defendeu.

Lei Aldir Blanc

No debate, Orlando ainda abordou a aprovação da Lei Aldir Blanc, no Congresso Nacional. Ele destacou o papel dos parlamentares no socorro à classe artística “um dos setores mais atingidos pela pandemia de Covid-19”.

A Lei de Emergência Cultural 14.017/2020, que prevê apoio emergencial ao setor cultural diante do estado de calamidade pública decretado pela União em função da pandemia da Covid-19. O projeto foi batizado de Lei Aldir Blanc em homenagem ao compositor, vítima do coronavírus em abril de 2020.

Segundo informou o deputado, um dos 24 co-autores da Lei Aldir Blanc, na cidade de São Paulo, serão cerca de mil espaços culturais e mais de quatro mil artistas beneficiados pela lei.

“Nós sofremos um pouco na hora de elaborar a lei porque exige regulamentação do governo federal e nada do que dependa do governo federal anda rápido e logo quando saiu a regulamentação, o prazo para as inscrições era até outubro e agora foi prorrogado e houve um número de inscrições superior ao que era estimado aqui em São Paulo”, explicou Orlando.

 

 

 

Abaixo publicamos a íntegra dos “Debates sobre Cultura”, da UMES:

Orlando Silva (PCdoB), candidato a prefeito de São Paulo

Primeiro queria agradecer Chen, pela oportunidade dessa conversa, você como presidente da UMES de São Paulo é também um líder de um dos principais projetos e de uma das principais instituições de cultura da cidade, que é o CPC-UMES, que resgatou uma tradição importante dos anos 60 do movimento estudantil, que são os centros populares de cultura, que teve início com a União Nacional dos Estudantes (UNE), e a UMES conseguiu produzir uma instituição que desde os anos 90 constrói a arte popular e resgata as tradições culturais da cidade de São Paulo.

Eu me recordo de um filme que foi muito marcante em minha vida, que foi o filme do Geraldo Filme, a biografia que o Carlos Cortez, que é um amigo querido que partiu a pouco, que é o resgate de uma raiz profunda da cidade e do Bixiga.

A UMES e o CPC conseguem ao mesmo tempo resgatar nossas tradições, promover iniciativas da cena contemporânea e fazer um trabalho de difusão de clássicos que é uma coisa maravilhosa. Sendo clássicos do cinema italiano, clássicos do cinema russo, clássicos do cinema mundial e isso tudo nos ajuda a produzirmos a melhor cultura e sobretudo, formarmos público.

O trabalho que a UMES faz no cinema, também é uma formação de público, não é só de exibição de peças maravilhosas do cinema mundial, é também uma formação de público. Eu quero primeiro render minhas homenagens ao trabalho que o CPC da UMES faz.

Segundo quero cumprimentar meus companheiros e companheiras, amigos e amigas que nos acompanham nesse bate-papo, em particular os candidatos a vereador que participaram dessa conversa. Eu achei bem legal a hipótese de tê-los conosco e sei que vão participar aqui a Railídia, a Carlota, Tião Carvalho, a Keila Pereira, o Jonathan, que são todos quadros e pessoas ligadas a diversas linguagens culturais e em nossa chapa ainda tem mais gente nesse nicho, não poderia esquecer do Seu Otacílio, que foi presidente da Unidos do Peruche, que é também uma instituição importante do Samba paulistano.

Eu quero valorizar as presenças deles porque Chen, porque nosso projeto é um projeto coletivo e nós queremos ter muitas vozes na construção das políticas públicas de quando assumirmos a Prefeitura e, no campo da cultura, essas muitas vozes serão importantes porque São Paulo tem em suas marcas, a de ser uma cidade diversa.

MIL POVOS

Muita gente fala da cidade de mil povos, a cidade que tem mil povos, que tem gente do mundo inteiro, do Brasil inteiro, também é a cidade das mil culturas, que têm culturas do Brasil inteiro e culturas do mundo inteiro e isso dá uma riqueza enorme para a nossa cidade. E a política cultural tem que primeiro reconhecer essa diversidade, valorizar essa diversidade e permitir que essa diversidade possa circular.

Talvez Chen, a nossa principal proposta que apresentamos em nosso programa de governo, é a ideia da criação de um circuito, o Circuito São Paulo de Artes e Cultura, para articularmos espaços de exposição e exibição das mais diversas culturas artísticas em nossa cidade e permitir a circulação dessas apresentações artísticas em toda a cidade, utilizando equipamentos públicos já disponíveis, utilizando novos equipamentos de cultura, que queremos realizar em toda a cidade, sobretudo nos distritos da periferia que não tem equipamentos públicos de cultura, ocupando espaços como são os CEUs, que também são espaços de cultura em toda a cidade, firmando parcerias com entidades e movimentos que produzem cultura nas periferias.

Essa é a de que queremos com o Circuito São Paulo de Artes e Cultura que pra nós tem o papel de fazer o fomento e a circulação da cultura paulistana.

E em nossa crença e convicção, compete ao Poder Público financiar os vários fazeres culturais. Eu considero que São Paulo já dá uma contribuição, além de fomento ao teatro, além de fomento à dança, o apoio que a cidade dá a Mostra Internacional de Cinema, o Prêmio Zé Renato, que eu tive o privilégio de ser um dos autores, que é um prêmio de estímulo ao Teatro.

Eu queria que nós já tivéssemos uma base de vários fomentos às linguagens artísticas da cidade, mas o nosso esforço é ampliar o financiamento, que com muito pouco dinheiro, você pode fazer muitas produções culturais pela cidade de São Paulo.

O VAI 1 e o VAI 2 [Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais] foram boas experiências que estimulam a produção de novos artistas e a minha perspectiva e que com esse novo circuito nós possamos ampliar os recursos na cultura, ampliar o fomento e a produção das várias linguagens e o próprio circuito ser o lugar de celebração da arte, de fruição dos espetáculos e também de formação de público. Eu falo muito de formação de público, porque a cultura também emancipa. A cultura também liberta, ela pode nos oferecer muitas lentes para ver o mundo e isso vale para ficar de pé essa perspectiva, sendo muito importante que a gente trabalhe a formação de público.

São Paulo já teve umas boas experiências de formação de público de projetos que eu considero que sejam muito importantes. Eu quero valorizar muito o diálogo com os vários movimentos culturais da cidade.

São Paulo tem uma característica própria que é a formação de suas cooperativas, sendo a cooperativa de teatro, a cooperativa de música, a cooperativa de dança, são instituições como o CPC da UMES, e nós temos que colocar de pé, os diálogos dessas instituições, dessas representações, onde possamos garantir os pluralismos, as tantas vozes que temos aqui a disposição da nossa cidade.

GERAÇÃO DE EMPREGO

Eu acredito que seja muito importante que o poder municipal possa estimular a economia criativa, observar a cultura também com um potencial de gerar emprego e renda.

Eu digo muito que, tenho obsessão no meu primeiro ano de mandato a geração de emprego e renda, isso pode ser feito em vários planos, inclusive no plano da cultura. Nós temos uma indústria que pode ser estimulada. Por exemplo o audiovisual, e aqui eu tenho orgulho de ser um dos criadores do Spcine, onde participei ativamente da criação da Spcine, que começou num debate de uma montagem de film commission, de uma comissão que facilitaria a produção do audiovisual na cidade de São Paulo, mas que rapidamente se transformou numa agência que a princípio era pra ser tripartite (Cidade, Estado e União) e ser um fomentador de cinema em nossa cidade.

A Spcine hoje é uma realidade e o audiovisual é um dos setores que ilustra o potencial de fortalecimento da identidade visual de São Paulo e da geração de emprego e renda. O audiovisual fala de cinema, mas também há publicidade, São Paulo é a cidade que mais filma no Brasil  e nós temos que disputar cada vez mais, nós temos que produzir cada vez mais na nossa cidade que isso também significará desenvolvimento econômico.

FOMENTO

Eu acredito que tem temas novos que precisamos refletir juntos e construir, eu considero que precisamos construir e desenvolver políticas de culturas de livros, onde precisamos criar, estabelecer um prêmio que estimule o campo da literatura, que é algo muito importante, aqui também frisar as boas experiências na periferia, como as bibliotecas comunitárias, mas são experiências em que a periferia reage a ausência do poder público, então temos que cuidar dos acervos, cuidar das bibliotecas, difundir a importância da leitura de modo a que possamos desenvolver nesse campo para o nosso povo.

Eu tenho um grande entusiasmo e uma verdadeira paixão pela produção artística de São Paulo, onde segue como referência e espero que continue sendo assim, como um local aberto a cultura e produção e exposição.

Eu me vinculei muito fortemente à Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e pude perceber como é importante, mesmo para a imagem do Brasil a realização desta Mostra e como é importante para nos dar acesso a obras importantes do mundo inteiro, ser também o lugar em que vamos expor as construções artísticas do mundo inteiro, sendo algo que nos interessa.

Me interessa muito que a Prefeitura tenha o protagonismo no cuidar de algumas instituições da nossa cidade, porque a Cinemateca Brasileira é um órgão federal, que vive uma crise gigantesca, correndo o risco de desaparecer pelo governo federal, jogada as traças, eu fico impressionado com a prefeitura que não faz nada com a Cinemateca. Ela que fica no bairro tradicional da Vila Mariana, com uma arquitetura e um prédio belíssimo, e o governo Bolsonaro que não tem responsabilidade nenhuma com a Cultura, o prefeito de São Paulo tem que assumir esse protagonismo e preservar as construções, mesmo a Cinemateca sendo um órgão federal, também é de São Paulo. Eu prezo para que a gestão tenha uma ação mais ousada e organizada em defender os patrimônios culturais de São Paulo e do Brasil.

Por fim, eu sempre defendi que precisamos governar para o povão, pelo povo mais pobre de São Paulo e com isso precisamos preservar os circuitos periféricos que tem algumas linguagens e tem um peso importante na periferia.

O Slam por exemplo, é uma realidade. Se você anda na quebrada, você vê muitas vezes, crianças e jovens encantados pelo Slam. É uma produção muito forte em nossa periferia, assim como o hip-hop também é. Também temos as rodas de terreiros de samba, que também é uma ação defendida pela periferia uma alternativa à ausência do poder público em políticas culturais nestes espaços.

E considero também que a cultura tenha que dialogar com o Carnaval. O Carnaval não pode ficar só no ambiente do Anhembi, sendo um assunto da SPTrans. O carnaval é um assunto muito importante na nossa cidade, é economia criativa e nós podemos inclusive potencializar a dimensão econômica da nossa cidade.

Alguém passou por aqui e deu um salve lembrando da Cooperifa e poderia aqui também lembrar dos saraus, que precisam ser valorizados, as casas de cultura também.

Outro dia fui no M’Boi Mirim e vi a casa de cultura de lá que é uma potência, que aliás foi fruto de luta popular e é fundamental que precisamos ocupá-la. Em pleno sábado de manhã, era o momento em que ela deveria pulsar cultura e para pulsar a cultura na cidade tem que ter o protagonismo do poder municipal, tem que ter iniciativa do poder municipal, para que a gente possa oferecer um acervo de possibilidades para que o nosso povo possa fruir, aproveitar, conhecer e aprender a admirar, que o nosso Brasil tem a oferecer e a cidade de São Paulo possa apresentar.

Continuarei aqui acompanhando a discussão e vendo o que podemos acrescentar em nosso programa de governo para a cidade de São Paulo.


LEI ALDIR BLANC

Lucas Chen – Orlando, antes de a gente dar continuidade, gostaria de relembrar que tivemos uma vitória muito grande e que a bancada do PCdoB teve uma atuação firme na aprovação e manutenção da Lei Aldir Blanc na Câmara dos Deputados. Que não só é uma vitória pro campo cultural, mas também uma vitória para o povo brasileiro.

Orlando – A Lei Aldir Blanc foi relatada pela deputada Jandira Feghali, nossa deputada federal no Rio de Janeiro e foi construída com muita paciência. Aqui em São Paulo foi elaborada e discutida com muitos artistas e produtores culturais que participaram da elaboração da lei e muitos dos temas que levamos na pauta foram elaborados pela Jandira.

Nós sofremos um pouco na hora de elaborar a lei porque exige regulamentação do governo federal e nada do que dependa do governo federal anda rápido e logo quando saiu a regulamentação, o prazo para as inscrições era até outubro e agora foi prorrogado e houve um número de inscrições superior ao que era estimado aqui em São Paulo.

Para falar da cidade de São Paulo, nós tivemos cerca de mil inscrições de espaços culturais e cerca de quatro mil artistas que estão aptos a receber a ajuda da lei. Então é uma conquista que a bancada do PCdoB com co-autoria de 24 parlamentares e foi de suma importância que a lei fosse aprovada, sendo que a cultura, junto ao turismo, foi um dos setores mais atingidos pela pandemia do Covid-19. Está sendo retomado aos poucos o setor e tem que ser assim, com os museus e teatros. Demorou pra sair a lei, mas saiu e muitos artistas, produtores que serão beneficiados com a lei.

Foi uma vitória da classe artística brasileira a conquista da Lei Aldir Blanc.

 

Política cultural em nossa cidade está muito aquém da nossa riqueza

Keila Pereira, candidata a vereadora de São Paulo

Eu queria ir a primeiro agradecer a UMES pela escola que foi. O Chen me apresentou, fui diretora de Cultura da UMES e trabalho com cultura já há algum tempo e posso dizer que 99% do que aprendi foi aí nessa entidade.

Para quem não me conhece, eu me chamo Keila Pereira sou atualmente estudante de letras da USP, fui diretora de cultura na gestão de 2016.

No último ano também estive na Spcine desenvolvendo um novo trabalho da SPCine que é o de fomentar os cineclubes da cidade.

O Centro Popular de Cultura da UMES foi o que me ensinou que cultura é identidade e não se negocia, então eu queria falar a partir desse princípio porque a política cultural em nossa cidade está muito aquém da riqueza que ela [cultura] nos oferece.

Durante a minha gestão na UMES, a gente produziu bastante coisa com uma movimentação muito grande em diversas áreas. Tivemos a mostra “Volta ao mundo em 30 filmes”, tivemos a Mostra de Cinema Italiano, a Mostra de Cinema Russo, em parceria com a Mosfilm.

Achei interessante o Orlando falar do Geraldo Filme. Na minha gestão, produzimos também uma exposição sobre Geraldo Filme. Fizemos o resgate desse documentário de alguns anos atrás e foi uma experiência muito interessante. Fazia um bom tempo que a UMES não colocava Geraldo Filme em evidência, isso também foi bastante gratificante para mim.

Essa política cultural, estando muito aquém dessa riqueza, acredito que a gente precisa pensar, que a gente precisa investir, não só numa maneira de distribuir e de exibir melhor a nossa produção cultural, mas principalmente de fomentar nossa produção. Eu, particularmente, fui proponente do “VAI” de 2016 para 2017 e é um exemplo de como a gente tem iniciativa boas na cidade, mas que precisam melhorar bastante.

No caso, o “VAI” foi o projeto que fez deslanchar o “Sarauê”, o projeto que eu iniciei lá em Parelheiros, bairro onde moro, mas que por ser um projeto super inicial, a gente não conseguia ter recurso reservado para boas remunerações a gente conseguir investir em estruturas, que era muito do que a gente precisava. Mas, no final das contas, a gente não conseguiu remunerar bem. Tanto as pessoas que compõem o coletivo, quanto também os artistas fizeram parte dessa trajetória do projeto. Acredito que não basta a gente crescer os espaços para contratação, acho que isso e super importante, assino embaixo desse projeto do “Circuito São Paulo de Artes e Cultura” porque precisamos sim dessa contratação direta dos artistas pela Prefeitura, isso é muito importante. Mas é preciso, também, fomentar a produção e o aprendizado nas áreas de Cultura.

A gente precisa conseguir oferecer oportunidades para a juventude. A possibilidade de acessar também através da produção, de ter acesso a toda estrutura necessária para se desenvolver na escrita, na musicalidade, na dança, no teatro, na arte circense e em tudo que tiver possibilidades de se desenvolver.

O Orlando citou os slams. Desde 2014, eu frequento os slams e enxergo ali um potencial represado porque não existe espaço para desenvolver esses talentos. As Casas de Cultura possuem ainda estruturas muito precárias e que precisamos melhorar bastante para conseguir desaguar toda a cultura de nossa cidade em todos os campos. O Carnaval também é algo que está refém desse papo comercial e São Paulo não tem uma cultura de samba à toa, é tradição e precisa continuar sendo fomentada.

Eu acredito que temos um caminho bom para trilhar nessas eleições, com discussões coerentes sobre a cultura da nossa cidade e espero que a gente consiga avançar nessa luta, porque a cultura é pilar da nossa sociedade. A base que nos identifica como irmão de uma mesma nação, então é importante demais que a gente a preserve e continue produzindo cada vez mais.

 

Cultura Imigrantes

Vera Gers Dimitrov, representante do Grupo Volga: Qual sua proposta para o incentivo às inserções culturais dos imigrantes, como forma de geração de renda e combate à xenofobia?

Orlando Silva: A Vera levantou um tema super importante. Eu fui relator da Lei de imigrações do Brasil, eu escrevi a lei de imigrações do Brasil. Que substituiu o “Estatuto do Estrangeiro” que é uma lei da ditadura militar que era interprotetiva do mercado de trabalho, que não tratava a imigração como deveria ser, como um direito humano. Essa lei, sou muito orgulhoso dela porque já recebi várias homenagens fora do Brasil por conta dela, uma lei que é referência internacional.

A hipótese de ter a exposição de tradições culturais de nações que ajudaram a formar nosso país, não só concordo com você que pode ser uma medida para combater a xenofobia, como também pode incentivar o turismo e a partir daí estimular a economia. Eu mesmo já estimulei minha mãe a vir até a Liberdade para ver o espetáculo do ano novo chinês que é sempre um espetáculo muito bonito que tem ali na Praça da Liberdade, então eu não tenho a menor dúvida que vale sim.

Nós temos aqui o Museu do Imigrante que fica na Zona Leste, fica ali no Brás, e nós temos que aproveitar nossa formação com a presença de muitos povos também para dar mais brilho às tradições culturais na cidade.

 

Emergência Cultural

Railídia Carvalho, candidata a vereadora da capital paulista

Eu acho que a gente hoje tem esse termo “emergência cultural” e acho que esse termo tem que permanecer por um bom tempo entre nós que olhamos par cultura como essa dimensão profunda que impacta as nossas vidas e que precisa impactar a política pública na cidade de São Paulo. A gente vê esse desejo do Orlando em aumentar o orçamento público. O próprio orçamento público para cultura, que é um orçamento mínimo, mostra o desprestígio da administração pública para essa dimensão que é fundamental na vida da gente.

“Emergência cultural” ganhou esse nome em torno das articulações da Lei Aldir Blanc, em que o PCdoB teve um protagonismo com a relatoria da Jandira Feghali, uma relatoria com um texto fantástico, uma mobilização e uma articulação política de imensa habilidade e uma sensibilidade a um acontecimento que pouca gente estava se dando conta que é exatamente que trabalhadores e trabalhadoras da cultura, quem faz cultura, também faz isso como um trabalho.

É muito difícil explicar para alguém que a gente faz um trabalho, parece que a gente está sempre se divertindo ou que é algo como um penduricalho. Não, fazer cultura também é nosso trabalho. Então eu acho que a “emergência cultural” precisa estar presente durante muito tempo na administração pública de São Paulo e também precisa ser central nesse debate.

É sintomático, não por acaso, que muitos trabalhadores da cultura, que vivenciam a cultura por dentro e não apenas são simpatizantes, são candidatos nessa eleição. Então só no PCdoB, a gente tem a Carlota, o Tião Carvalho, Eu, a Keila que acabou de falar aí, mas de outros partidos da esquerda a gente tem uma série de candidatos. Mostrando a importância de que a administração pública precisa ser impactada por saberes, por hábitos, tudo isso é cultura.

Eu queria deixar exatamente isso, Orlando, a “emergência cultural”. Porque ela é mais profunda e a mentalidade que a gestão pública e que os parlamentares da cidade de São Paulo têm precisa ser sacudida. A cultura não é um penduricalho, é um fator, um elemento para o desenvolvimento da cidade. Você é um gestor público muito experimentado, um amante da cultura, e vai saber, dá para ver pelo seu programa. Mas eu queria reforçar a importância de a cultura ser incorporada pelos instrumentos legais da administração pública da cidade de São Paulo.

Porque quando a gente faz isso, a gente faz o que você tem dito “olhar para quem mais precisa”. É só a gente olhar para quem é excluído e a gente vai ver que a política pública, os recursos, a estrutura que é voltada para o trabalhador e trabalhadora da cultura não chegam a maioria da população. Essa mesma população que não chega o direito a saúde, o direito a moradia, o direito ao emprego e educação, são os mesmos.

Nesse seguimento, quem faz cultura são os mais vulneráveis da cadeia produtiva da cultura, para eles nunca chega nada. A prova disso foi a lei Aldir Blanc foi muito mal operacionalizada aqui em São Paulo, não tem transparência, não teve divulgação, ela não teve democracia.

Poderiam ser 5 mil espaços, porque o Fórum de Emergência da Cultura aqui de São Paulo, do qual eu fiz parte tinha esse número de 5 mil espaços. De 10 mil atendidos poderiam ser 20 mil, não houve ampla divulgação, gravíssimo. Eu disse numa audiência pública, que estava o secretário Hugo Bossolo, é preciso estar na rede de TV aberta.

A Secretaria Municipal de Cultura não é capaz de botar um anúncio na Rede Globo, em horário nobre, enquanto as pessoas estão assistindo dizendo assim: Alô, trabalhador da cultura! Está aberto o cadastro da Lei Aldir Blanc, temos banquinha, temos não sei o quê, vai ter wi-fi grátis. Não ouve nada disso, continuaram excluídos os que já eram excluídos.

Orlando Silva: É fundamental que haja uma associação maior entre educação e cultura. Quando Mário de Andrade foi o que equivaleria a secretário de cultura da cidade de São Paulo, lá pelos anos 1920, ele pensou em alguns projetos que associavam educação e cultura. Inclusive, nós temos um centro, o Central Tabajara, que fica ali na Barra Funda, idealizado por Mário de Andrade, ele tem esta perspectiva era para ter um jardim botânico, tem um teatro e era para ser um lugar de formação das crianças, de formação da juventude.

Esse é o mesmo diálogo de Anísio Teixeira quando pensou o “Manifesto da Escola Nova” com a educação em tempo integral, que depois Darcy Ribeiro e Brizola desenvolveram adiante. Eu diria que o lugar da cultura é também um lugar de formação das nossas crianças e dos nossos jovens, e é por isso que eu defendo escola integral. É muito importante que São Paulo avance na escola em tempo integral.

O Plano Municipal de Educação, na sua nona meta determina que até 2025, ou seja, ao final do próximo mandato, 50% das escolas seja em período integral. Nós sabemos que estamos muito longe disso e a prefeitura anda a paços muito lentos na implantação de escola em tempo integral e nada melhor que a cultura para ser uma das vivências para por de pé a escola em tempo integral e daí ter um impacto muito grande na formação dos nossos jovens.

Os CEUs, que já me referi aqui como um dos espaços fundamentais para o circuito cultural, nós temos que impedir primeiro que eles sejam privatizados, porque o Prefeito andou falando que iria passar para OSs a parte de esporte, cultura e lazer. Está errado, nós temos que passar para o controle da comunidade, temos que colocar conselhos populares tocando a programação, temos que promover quadros qualificados da Secretaria de Cultura para o trabalho de curadoria para ocupar bem estes espaços. Então, temos que fortalecer os CEUs como espaços público e como o lugar central de cultura como é o lugar central para difusão de educação.

A capoeira é arte é dança e é luta, é assim que a gente aprende na Bahia, e nós temos na capoeira um instrumento de resistência negra e temos que demonstrar as belezas que temos produzidas por uma das matrizes de nosso povo, que é o povo negro. É essa beleza que temos que brilhar e para brilhar precisamos livrar a cidade do racismo. Tenho falado muito que quero fazer de São Paulo uma cidade livre de racismo e valorizando nossas tradições.

 

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Não perca “Lenin em Outubro” no Cinema Russo em Casa

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Nesta sexta-feira (23), o projeto “Cinema Russo em Casa”, apresenta gratuitamente o filme LENIN EM OUTUBRO, de Mikhail Romm (1937).

Em 1917, a Frota do Báltico e unidades do Exército estão sublevadas contra o governo Kerenski, unindo as vozes às dos operários e camponeses que exigem paz: a saída da Rússia da guerra mundial. Lenin chega a Petrogrado num trem vindo da Finlândia e na reunião do Comitê Central, de 10 de outubro, derrota as resistências de Zinoviev, Kamenev e Trotsky para deflagrar a insurreição.

Paralelamente, as forças contrarrevolucionárias organizam uma caçada para matar o líder dos bolcheviques. Os acontecimentos se precipitam em ritmo veloz até o momento final: sob as bandeiras de “Pão, Paz e Terra!” e “Todo Poder aos Sovietes!”, a Revolução de Outubro triunfa.

A exibição estará disponível de sexta, 23/10, 19h, até domingo, 25/10, 19h.

Para acessar o canal clique em http://bit.ly/CPCUMESFilmes

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Temos programação confirmada até novembro deste ano.
Fiquem ligados!


Lenin em Outubro

Mikhail Romm (1937), com Boris Shchukin, Nikolai Okholopov, Yelena Stratova, URSS, 97 min.

Sinopse
Neste clássico de Mikhail Romm, estamos em 1917. A Frota do Báltico e unidades do Exército estão sublevadas contra o governo Kerenski, unindo as vozes às dos operários e camponeses que exigem paz: a saída da Rússia da guerra mundial. Lenin chega a Petrogrado num trem vindo da Finlândia e na reunião do Comitê Central, de 10 de outubro, derrota as resistências de Zinoviev, Kamenev e Trotsky para deflagrar a insurreição. Paralelamente, as forças contrarrevolucionárias organizam uma caçada para matar o líder dos bolcheviques. Os acontecimentos se precipitam em ritmo veloz até o momento final: sob as bandeiras de “Pão, Paz e Terra!” e “Todo Poder aos Sovietes!”, a Revolução de Outubro triunfa.

Direção: Mikhail Romm (1901-71)

Mikhail Romm Ilich nasceu na cidade siberiana de Irkutsk. Serviu no Exército Vermelho durante a guerra civil e graduou-se em escultura pelo Instituto Artístico-Técnico de Moscou. Em 1931 ingressou no Estúdio Mosfilm, onde atuou como produtor e diretor. No Instituto de Cinematografia Gerasimov (VGIK), a partir de 1962 foi professor de proeminentes cineastas como Andrei Tarkovsky, Grigori Chukhrai, Gleb Panfilov e Elem Klimov. Realizou 18 longas-metragens, entre os quais “Bola de Sebo” (1934), “Treze” (1936), “Lenin em Outubro” (1937), “Lenin em 1918” (1939), “Sonho” (1941), “Garota nº. 217” (1945), “Missão Secreta” (1950), “Nove Dias em Um Ano” (1962), “O Fascismo de Todos os Dias” (documentário, 1965) e “A Questão Russa” (1947). Recebeu o Prêmio Stalin nos anos de 1941, 1946, 1948, 1949 e 1951. De seu filme “Sonho”, disse o presidente Franklin Roosevelt: “é um dos maiores do mundo”.

Argumento Original: Alexei Kapler (1903-79)

Natural de Kiev, Aleksei Yakovlevich Kapler foi roteirista, ator, escritor, além de âncora e diretor do programa de TV “Kinopanorama” (1966-72). Em 1941 foi agraciado com o Prêmio Stalin. Entre os roteiros que assinou estão: “Lenin em Outubro” (Mikhail Romm, 1937), “Lenin em 1918” (Mikhail Romm, 1939), “Um Bom Camarada” (Boris Barnet, 1942), “Dia Após Dia” (documentário, Mikhail Slutsky, 1943), “Homem Anfíbio” (Vladimir Chebotaryov, 1962), “O Pássaro Azul” (George Cukor, 1976). Conta a lenda que em desaprovação ao romance com sua filha Svetlana, Stalin enviou Kapler a um campo de trabalhos forçados (Vorkuta), em 1943, mas a condenação foi por espionagem. Ainda que em favor dos aliados ingleses, a atividade não era bem vista na época. Kapler ocupou esse tempo trabalhando como fotógrafo.

Música Original: Anatoli Alexandrov (1888-1982)

Nascido em Moscou, Alexandrov completou os estudos de piano e composição no Conservatório da cidade em 1916. Participou da 1ª Guerra Mundial e lutou no Exército Vermelho, durante a Guerra Civil. Apresentou-se como concertista, anos seguidos, até 1974. Compôs sonatas para piano, obras para quarteto de cordas, óperas, canções e mais de 150 peças infantis. No cinema dedicou-se principalmente às trilhas para desenhos animados. “O Conto do Czar Durandae” (Zinaida e Valentina Brumberg, 1934), “Ivashko e Baba Yaga” (Zinaida e Valentina Brumberg, 1939), “Sarmiko” (Olga Khodataeva e Eugene Raikovski, 1952), “Irmã e Irmão Alyonushka Ivanushka” (Olga Khodataeva e Vladimir Danilov, 1953) são alguns dos desenhos para os quais compôs. Escreveu as músicas de dois filmes de Mikhail Romm – “Treze” (1936) e “Lenin em Outubro” (1939) -, e do épico romântico “História do Norte” (Eugene Andrikanis, 1960).

Nota sobre “Lenin em Outubro”

Dez anos depois do “Outubro” de Eisenstein, em que o protagonista são as massas trabalhadoras, Romm aceita o desafio de individualizar e dar vida à figura de Lenin. Em 1927, às voltas com a sua teoria sobre o “herói coletivo” e com as limitações do cinema mudo, Eisenstein mostra Lenin no filme, mas não consegue encaixá-lo no processo revolucionário que liderou. Realizado para as comemorações do 20º aniversário da Revolução, em 1937, o filme de Romm é o primeiro em que Lenin fala, pensa e interage como um ser de carne e osso.

“Lenin em Outubro” e “Lenin em 1918”

O filme “Lenin em Outubro” termina com a vitória da Revolução, mas sua estabilização ainda demoraria três anos. Só em março de 1918, após isolar a oposição de Bukharin e Trotsky, Lenin pôde cumprir o compromisso de retirar a Rússia da guerra imperialista, mesmo tendo que ceder territórios à Alemanha. O ato selou a confiança dos trabalhadores, soldados e marinheiros nos bolcheviques, e garantiu apoio ao poder soviético quando as tropas da intervenção anglo-franco-nipo-polaca reforçaram os exércitos brancos que visavam restaurar a velha ordem. A guerra civil durou mais de 30 meses e terminou em novembro de 1920. O filme seguinte de Romm, “Lenin em 1918”, se baseia no atentado sofrido por Lenin, ocorrido naquele conturbado período.

Mensagem Azul e Branca de Amor por Marido 3

DEBATES SOBRE CULTURA – UMES convida Orlando Silva

Mensagem Azul e Branca de Amor por Marido 3

 

Na próxima sexta-feira, às 19h30, a UMES recebe o deputado federal e candidato a Prefeito de São Paulo, Orlando Silva (PCdoB), para uma conversa sobre a questão cultural com lideranças estudantis e representantes do setor, que é um dos mais atacados pelo governo Bolsonaro.

O objetivo do debate é ouvir dos candidatos à prefeitura de SP propostas e políticas para a cultura em nossa cidade, também vamos apresentar nossas ideias e abrir espaço para que artistas e outros participantes possam fazer uso da palavra.

Os Debates sobre Cultura da UMES poderão ser acompanhados pela nossa página no Facebook ou pelo link da nossa transmissão no Zoom:

http://bit.ly/DebateCulturaOrlandoSilva

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CINEMA RUSSO EM CASA – Assista “Vassa”, baseado na obra de Maksim Gorky

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A partir das 19 horas desta sexta-feira (16), o projeto “Cinema Russo em Casa”, apresenta o filme VASSA (Gleb Panfilov, 1983), baseado na peça “Vassa Zheleznova”, de Maksim Gorky.

A exibição gratuita estará disponível até as 19 horas de domingo (18).

Prêmio de melhor direção no Festival Internacional de Cinema de Moscou (1983), o filme é baseado na peça Vassa Zheleznova, que Gorky escreveu em 1910 e reescreveu em 1936, visando tornar mais explícito o potencial de desumanização contido nas relações capitalistas de produção.

Possuidora de uma frota de embarcações de transporte fluvial, a família de Vassa está às voltas com problemas capazes de comprometer sua reputação e, por consequência, seus negócios. O marido é acusado de abuso de crianças, seu irmão engravida a empregada, uma filha é “errada da cabeça”, a outra está se transformando rapidamente em alcoólatra. Empenhada até a última gota de sangue em evitar a ruína de seus protegidos, a poderosa matriarca não hesita em recorrer ao suborno, chantagem, falsificação e assassinato. Porém, a muralha que ergue para defendê-los do mundo não consegue defendê-los de si mesma.


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Temos programação confirmada até novembro deste ano.

Vassa

Gleb Panfilov (1983), com Inna Churikova, Valentina Yakunina, Vadim Medvedev, Nikolay Sokorobogatov, URSS, 131 min.

 
Sinopse


Baseado na peça Vassa Zheleznova, que Gorky escreveu em 1910 e reescreveu em 1936, visando tornar mais explícito o potencial de desumanização contido nas relações capitalistas de produção.

Prêmio de melhor direção no Festival Internacional de Cinema de Moscou (1983).
 
Direção: Gleb Panfilov (1934)

Gleb Panfilov nasceu em Magnitogorsk, nos Urais, graduou-se no Instituto Politécnico, foi supervisor de turno em uma fábrica de produtos químicos. Trabalhou como chefe do departamento de propaganda da Juventude Comunista de Sverdlovsk.
Diretor da TV local, realizou vários documentários entre 1958-63.
Estudou direção no VGIK. Formou-se em 1966 e ingressou no estúdio Lenfim, onde realizou seu primeiro longa.
“No Caminho Através de Fogo” (1967) recebeu o Leopardo de Ouro, no Festival de Locarno. “Início” (1970) e “Senhor Presidente” (1975) foram respectivamente premiados nos festivais de Berlim e Barcelona.
Transferiu-se para o Mosfilm em 1977.
Entre seus filmes estão “Tema” (1979), Urso de Ouro no Festival de Berlim: duas adaptações de Gorky, “Vassa” (1983) e “A Mãe” (1989); “Os Romanoff, Família Imperial” (2001); “Culpado Sem Culpa” (2008). Desde 1986 atua também como diretor de teatro.

 

Argumento Original: Maksim Gorki (1868-1936)

Fundador do realismo socialista, ativo militante do partido bolchevique, amigo e colaborador de Lenin, e depois de Stalin, Alexei Maksimovich Pechkov, pseudônimo Maksim Gorky, é ainda hoje considerado o maior escritor em língua russa, na qual despontaram expoentes como Pushkin (1799-1837), Gogol (1809-52), Dostoievski (1821-81), Tolstói (1828-1910), Tchecov (1860-1904), Maiakovski (1893-1930), Fadeyev (1901-56), Ehrenburg (1891-1967), Sholokhov (1904-84), Simonov (1915-79) e outros.
Suas obras registram personagens que integravam as classes exploradas: operários, vagabundos, prostitutas, homens e mulheres do povo. Autores realistas e naturalistas já tinham incorporado estes setores à literatura, mas, mesmo com simpatia, olhavam para os pobres de fora. Gorkyconhecia aquele universo por dentro e soube captar o que havia de mais profundo na alma russa.
Entre suas obras destacam-se “Pequenos Burgueses” (teatro, 1901), “Ralé” (teatro, 1901), “Os Inimigos” (teatro, 1906), “A Mãe” (romance, 1906-07), “O Espião” (romance, 1907), “A Confissão” (romance, 1908), “Infância” (romance autobiográfico, 1913-14), “Ganhando Meu Pão” (romance autobiográfico, 1915-16), “Minhas Universidades” (romance autobiográfico, 1923), “A Casa dos Artamonov” (romance, 1925), “Quarenta Anos: A vida de Klim Sanghin” (tetralogia, 1925/36), “Yegor Bulychóv e os Outros” (romance, 1932). “Vassa Zheleznova” (teatro, 1910/1936).
Gorky morreu em 18 de junho de 1936, vítima de envenenamento. O assassinato foi descrito e analisado, detalhadamente, nas duas sessões do dia 8 de março de 1938 do Colégio Militar da Corte Suprema da URSS.

 

Música Original: Vadim Bibergan (1937)

Compositor e ator, Vadim Bibergan nasceu em Moscou, Graduou-se em piano e composição no Conservatório Ural (1961). Sob a orientação de Shostakovich, estudou no Conservatório de Leningrado, onde obteve a pós-graduação em 1968. Escreveu a música de todos os filmes de Gleb Panfilov. Seu trabalho para a indústria cinematográfica compreende também as trilhas musicais de outros 40 filmes, entre os quais, “O Jogo, De Preferência às Sextas-Feiras” e “A Segunda Tentativa de Victor Krokhin” (I. Sheshukov, 1977 e 1984), “Perdoa-me” (Ernest Yasan, 1985), “Chicha” (V. Melnikov, 1991),  “Venha Me Ver” (O. Yankovsky e M. Agranovich, 2001).

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NÁDEGAS A DECLARAR

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O vice-líder do governo Bolsonaro no Senado, senador Chico Rodrigues, foi alvo de operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União na quarta-feira (14).

Segundo as informações divulgadas pela imprensa, foram apreendidos mais de R$ 500 mil no cofre do senador. Sendo que R$ 30 mil estavam “entre as nádegas do senador”, segundo afirmou a revista Crusoé. Ainda segundo a revista, o momento da apreensão foi constrangedor algumas notas recuperadas estavam sujas de fezes”.

Na semana passada, Bolsonaro afirmou, em tom de chacota, que acabou com a Operação Lava Jato, pois “não há corrupção em meu governo.

O senador flagrado com dinheiro na cueca é íntimo da família Bolsonaro. Leo Índio, primo dos filhos de Bolsonaro, que tem livre trânsito no Palácio do Planalto e participou com Carlos Bolsonaro na montagem do “gabinete do ódio”, central de fake news, intrigas e ataques contra adversários de Bolsonaro, é contratado como assessor parlamentar no gabinete de Chico Rodrigues.

 

 

Post Verde de Amarelo de Independência Brasileira para Redes Sociais 1

15 de Outubro – O professor e a construção de um novo tempo

Post Verde de Amarelo de Independência Brasileira para Redes Sociais 1

 

Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra

Anísio Teixeira

O Brasil já amarga oito meses de enfrentamento à pandemia do coronavírus. Neste cenário, em que mais de 150 mil pessoas já perderam as vidas. É difícil nos prestarmos às comemorações que são tão inerentes ao nosso povo.

Entretanto, não são poucos os exemplos que nos trazem alegria e nos dão a esperança de um futuro melhor. De que podemos vencer estes desafios e fazer com que nosso povo volte a sorrir livremente.

Com a Educação não é diferente. Desde março, tentamos nos adaptar diante dos problemas que se apresentaram. Milhões de estudantes foram afastados do convívio escolar e lutam diariamente para ter acesso ao ensino.

A maioria dos professores ainda permanece afastada das escolas, mas não de sua função, pois eles continuam contribuindo com a aprendizagem e o desenvolvimento de seus alunos.

Celebrar este Dia dos Professores diante da pandemia do coronavírus é uma forma de homenageá-los, agradecê-los por sua dedicação e seu esforço para manter o envolvimento nas atividades escolares e a motivação de aprender e acreditar em um futuro melhor.

A importância do trabalho dos professores é inquestionável, já que é um dos pilares da educação e contribui com a construção do futuro do nosso país. Apesar de estar longe do ambiente escolar, a docência não se restringiu a um espaço físico, pois ela ultrapassa os limites institucionais, o que tem sido essencial para possibilitar o ensino remoto.

Esses profissionais têm se esforçado e enfrentado dificuldades para garantirem a aprendizagem da melhor forma possível em um momento tão delicado e incerto que estamos enfrentando.

No novo cenário que se inicia, com o retorno das aulas presenciais, os professores serão fundamentais para, além do ensino, realizar o acolhimento social e psicológico dos estudantes. A relação entre aluno e professor será ainda mais intensa.

A educação será ainda mais importante para lidar com os desafios futuros, e o professor será um dos principiais responsáveis pela construção destes novos tempos.

Feliz 15 de Outubro

Feliz Dia do Professor

UNIÃO MUNICIPAL DOS ESTUDANTES
SECUNDARISTAS DE SÃO PAULO – UMES

Café da Lulu

“Café à Italiana” debate participação da mulher na indústria do cinema

 

 Café da Lulu 

Na noite desta terça-feira foi realizado o segundo “Café à Italiana”, série de lives sobre cinema produzida pela equipe do Cine-Teatro Denoy de Oliveira. O encontro, que teve como tema “Mulheres no Cinema”, contou com a participação de Débora Ivanov, uma das mais importantes produtoras do cinema brasileiro e ex-presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine).

Ao se apresentar, Débora demonstrou seu carinho pelo trabalho cultural da UMES, relembrando que foi produtora do documentário Geraldo Filme (Carlos Cortes, 1998), realizado em parceria com a entidade.

“O filme fala sobre a cultura negra na cidade de São Paulo, através do samba, e como essa cultura negra que era vandalizada, era criminalizada, se tornou um símbolo da cultura nacional. Esse filme foi muito importante na minha carreira”, explicou.

“Então queria dizer que a UMES faz parte da minha história”, destacou Débora.

As mulheres e a indústria

A conversa com a curadora da Mostra Permanente de Cinema Italiano, Luisa Lopes, abordou a participação das mulheres na indústria do cinema. Segundo Débora, a ampliação do espaço das mulheres nas comissões julgadoras dos festivais é fundamental para garantir a representatividade do cinema.

Débora, que já participou da produção de mais de 60 filmes, destacou que enquanto as mulheres são mais de 50% da população, somente 20% dos filmes brasileiros são dirigidos por elas. E apontou ainda que a situação não é diferente na Europa, onde as mulheres dirigem ainda os filmes com orçamentos menores que dirigidos por homens.   

“Em uma base de dados da Ancine com 2.500 filmes, apenas 20% mulheres estavam na direção e 20% no roteiro. Este número nos ajudou a saber os problemas que temos que enfrentar”.

“Infelizmente, no período que estamos passando no Brasil, esta pauta, da diversidade, caiu completamente… Como vou falar em diversidade se o setor [áudio-visual] está parado?”, indagou

Cinema Italiano

A produtora destacou o trabalho de Lina Wertmüller, cineasta italiana precursora em um meio onde as mulheres possuíam quase nenhum espaço. Lina foi a primeira mulher indicada ao Oscar pela direção de “Pasqualino Settebellezze” (1975)

Em 2019, Lina foi premiada com um Oscar Honorário pelo conjunto de sua obra.

“Além de todo este pioneirismo, de ter sido indicada ao Oscar, o fato de ter uma mulher, trazendo filmes que trazem política, trazem uma visão de crítica social, uma visão crítica sobre o machismo e sobre a questão da mulher… Fazendo tudo isso com irreverência… Isso é genial”, destacou Débora.

 

Veja a segunda edição do “Café à Italiana”:

 

 

Débora Ivanov

Produtora audiovisual paulistana, foi sócia da Gullane Entretenimento de 2000 a 2015. Em outubro de 2015 passou a integrar a diretoria colegiada da Ancine. Ficou interinamente no cargo de presidente da Ancine até janeiro de 2018. Ao fim do seu mandato, em setembro de 2019, desligou-se da Agência. Nascida em 1961, formou-se em Direito e cursou artes plásticas. Sua trajetória inclui a realização de mais de 60 obras audiovisuais – entre curtas, médias e longas-metragens, telefilmes e séries para televisão , projetos que participaram dos mais importantes festivais nacionais e internacionais, acumulando mais de 200 prêmios e conquistando as maiores bilheterias do cinema nacional nos anos de 2012 e 2014. Foi diretora executiva do Sindicato da Indústria do Audiovisual do Estado de São Paulo – SIAESP, filiado à FIESP, que representa empresas produtoras de cinema, televisão, publicidade, games e infraestrutura. Foi membro do Conselho Consultivo da SPCine, empresa pública de cinema vinculada à prefeitura e ao governo do Estado de São Paulo. Por indicação do Conselho Superior do Cinema foi titular do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual. Fundou e foi Diretora Executiva voluntária do Instituto Querô, organização sem fins lucrativos, dedicado à capacitação e inserção no mercado audiovisual de jovens em situação de risco social na região portuária de Santos.

Geraldo Filme

Foi produzido em 1997 e conta a trajetória do notável sambista revelando as origens e peculiaridades do samba paulista. O filme recebeu o prêmio de Melhor Documentário, no 3º É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários de São Paulo (1998), Prêmio Especial do Júri no 26° Festival de Gramado, o de Melhor Média Metragem no Festival de Cuiabá, e os prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Montagem no 10° Festival de Cinema de Brasília.

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Cinema Russo em Casa: Assista “A Mãe”, da obra de Gorky, grátis até domingo

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Nesta sexta-feira, 09/10/20, continuamos o projeto “Cinema Russo em Casa”, com a exibição gratuita de A MÃE (Gleb Panfilov, 1989), adaptação do romance homônimo de Maksim Gorky.
A exibição estará disponível de sexta, 09/10, 19h, até domingo, 11/10, às 19h.

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Temos programação confirmada até novembro deste ano.
Fiquem ligados!

A Mãe

Gleb Panfilov (1989), com Inna Churikova, Viktor Rakov, Liubomiras Lauciavicius, URSS, 200 min.

Sinopse
Retrato duro, vigoroso e pungente da Rússia pré-revolucionária focado na transformação de Pelageya Nilovna de camponesa submissa, escrava dos seus medos e da brutalidade doméstica, em mulher que se engaja na luta dos trabalhadores, ocupando progressivamente o lugar de seu filho Pavel, preso e encarcerado pela polícia política. Realizada por Gleb Panfilov em 1989, esta é a quarta adaptação cinematográfica do romance homônimo de Maksim Gorky. As outras três são de Vsevolod Pudovkin (1926), Leonid Lukov (1941) e Mark Donskoy (1956). Vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes.

Direção: Gleb Panfilov (1934)
Gleb Panfilov nasceu em Magnitogorsk, nos Urais. Graduou-se no Instituto Politécnico e foi supervisor de turno em uma fábrica de produtos químicos. Trabalhou como chefe do departamento de propaganda da Juventude Comunista de Sverdlovsk. Diretor da TV local, realizou vários documentários entre 1958-63. Estudou direção no VGIK. Formou-se em 1966 e ingressou no estúdio Lenfilm, onde realizou seu primeiro longa. “No Caminho Através de Fogo” (1967) recebeu o Leopardo de Ouro, no Festival de Locarno. “Início” (1970) e “Senhor Presidente” (1975) foram respectivamente premiados nos festivais de Berlim e Barcelona. Transferiu-se para o Mosfilm em 1977. Entre seus filmes estão “Tema” (1979), Urso de Ouro no Festival de Berlim; duas adaptações de Gorki, “Vassa” (1983) e “A Mãe” (1989); “Os Romanoff, Família Imperial” (2001) e “Culpado Sem Culpa” (2008). Desde 1986 atua também como diretor de teatro.

Argumento Original: Maksim Gorky (1868-1936)
Fundador do realismo socialista, ativo militante do partido bolchevique, amigo e colaborador de Lenin, e depois de Stalin, Alexei Maksimovich Pechkov, pseudônimo Maksim Gorky, é ainda hoje considerado o maior escritor da língua russa, na qual despontaram expoentes como Pushkin (1799-1837), Gogol (1809-52), Dostoievski (1821-81), Tolstói (1828-1910), Tchecov (1860-1904), Maiakovski (1893-1930), Fadeyev (1901-56), Ehrenburg (1891-1967), Sholokhov (1904-84), Simonov (1915-79) e outros. Suas obras registram personagens que integravam as classes exploradas: operários, vagabundos, prostitutas, homens e mulheres do povo. Autores realistas e naturalistas já tinham incorporado estes setores à literatura, mas, mesmo com simpatia, olhavam para os pobres de fora. Gorki conhecia aquele universo por dentro e soube captar o que havia de mais profundo na alma russa. Entre suas obras destacam-se “Pequenos Burgueses” (teatro, 1901), “Ralé” (teatro, 1901), “Os Inimigos” (teatro, 1906), “A Mãe” (romance, 1906-07), “A Confissão” (romance, 1908), “Infância” (romance autobiográfico, 1913-14), “Ganhando Meu Pão” (romance autobiográfico, 1915-16), “Minhas Universidades” (romance autobiográfico, 1923), “A Casa dos Artamonov” (romance, 1925), “Quarenta Anos: A vida de Klim Sanghin” (tetralogia, 1925-36), “Yegor Bulychóv e os Outros” (romance, 1932). “Vassa Zheleznova” (teatro, 1910/1935). Gorki morreu em 18 de junho de 1936, vítima de envenenamento. O assassinato foi descrito e analisado, detalhadamente, nas duas sessões do dia 8 de março de 1938 do Colégio Militar da Corte Suprema da URSS.

Música Original: Vadim Bibergan (1937)
Compositor e ator, Vadim Bibergan nasceu em Moscou. Graduou-se em piano e composição no Conservatório Ural (1961). Sob a orientação de Shostakovich, estudou no Conservatório de Leningrado, onde obteve a pós-graduação em 1968. Escreveu as músicas de todos os filmes de Gleb Panfilov. Seu trabalho para a indústria cinematográfica compreende também as trilhas musicais de outros 40 filmes, entre os quais “O Jogo, De Preferência às Sextas-Feiras” e “A Segunda Tentativa de Victor Krokhin” (I. Sheshukov, 1977 e 1984 respectivamente), “Perdoa-me” (Ernest Yasan, 1985), “Chicha” (V. Melnikov, 1991), “Venha Me Ver” (O. Yankovsky e M. Agranovich, 2001).

“A Mãe” em 1907 e 1989
O romance é considerado o marco zero do realismo socialista. O filme, porém, especialmente no final, ganha um tom de tragédia: a mãe é apunhalada e morta por um ex-militante do partido, cooptado pela polícia política. O sangue se esparrama pelo chão e depois é burocraticamente removido pela turma da limpeza. É uma abordagem muito pouco gorkiana. Mas poderia ser diferente, em 1989, quando o socialismo e a URSS estavam sendo literalmente assassinados por uma força que não veio de fora, mas de dentro do próprio partido comunista? Cotejando os personagens do filme com os do romance, vê-se que o assassino da mãe não existe no livro. Também não existe Evsei Klimkov, o garotinho tímido que vira um agente da polícia política, que admira os revolucionários, mas os entrega porque “este é o meu trabalho”. Evsei Klimkov, na galeria de personagens de Gorki, foi o protagonista do romance “O Espião” – também traduzido como “Um Homem Desnecessário”. “A Mãe” e “O Espião”, escritos quase em paralelo, abordam a mesma situação histórica, a partir de ângulos opostos: o dos revolucionários e o da polícia política. Panfilov fundiu os dois para construir a sua versão.

Silvio Tendler

Documentaristas denunciam perseguição de Bolsonaro contra a cultura brasileira

 Silvio Tendler

 Silvio Tendler é um dos que assinam o manifesto – Foto: Reprodução

“Um país sem imagens de si mesmo é como alguém que não sabe quem é”. A frase compõe o manifesto lido por cineastas e diretores dos filmes participantes do 25º É Tudo Verdade Festival Internacional de Documentários encerrado no último domingo, dia 4 de outubro.

Os diretores se manifestaram contra os ataques do governo Bolsonaro ao audiovisual, em favor da proteção da cultura brasileira, da Cinemateca e da preservação da memória em movimento de nosso país 

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Manifesto dos Cineastas concorrentes no É Tudo Verdade 2020

É com sentimento de pesar que nós, diretores dos filmes do 25º festival de documentários É Tudo Verdade, manifestamos nosso total desacordo com os rumos da política cultural do país. O governo de extrema direita de Jair Bolsonaro age desde o início para atacar e silenciar os brasileiros que fazem da cultura e da arte o seu ofício, tratando-nos como seus inimigos.

A atividade audiovisual está paralisada desde março de 2019, com a suspensão de todos os recursos públicos para a produção de filmes e séries. Isso tem provocado uma taxa crescente de desemprego. São muitas as empresas que estão falindo, cineastas passando necessidade e a ameaça de paralisia total do setor. Isso sem falar da Cinemateca Brasileira, com seu acervo histórico que corre o risco de total destruição.

A realidade que nos cerca, gritando em meio a paisagem agônica das incêndios de setembro, não é uma mera metáfora. O fogo que destrói o Pantanal e a Amazônia, ocorre sob o mesmo governo irresponsável que ignora a tragédia da COVID-19 e que despreza as artes, cultura, a educação e a ciência. Eles têm medo de nós. A situação é gravíssima.

Por isso, convidamos as realizadoras e realizadores do audiovisual a se voltarem, mais uma vez, para a realidade. E, acima de tudo, não se intimidarem. É preciso cada vez mais buscar novas formas de produzir e registrar a nossa memória. E nunca parar e nem silenciar. Um país sem imagens de si mesmo é como alguém que não sabe quem é. É um país com Alzheimer.

Os diretores que assinam: Aurélio de Michiles, Bernardo Vorobow, Bruno Moreschi, Carlos Adriano, Carol Benjamin, Clarice Saliby, Cláudio Moraes, Diógenes Muniz, Guga Millet, João Jardim, Jorge Bodanzky, Marcelo Machado, Mari Moraga, Mariana Lacerda, Paschoal Samora, Rafael Veríssimo, Roberto Berliner, Rubens Rewald, Silvio Tendler, Tali Yankelevich, Toni Venturi.

 

Confira abaixo os vencedores desta edição do ‘É Tudo Verdade’:

 

“Libelu – Abaixo a Ditadura” (São Paulo), de Diógenes Muniz – melhor longa documental brasileiro

“Colective” (Romênia), de Alexander Nanau – melhor longa internacional
“Filhas de Lavadeiras”, de Edileuza Souza (Brasília) – melhor curta brasileiro, Prêmio Canal Brasil

“Meu País Tão Lindo” (Polônia), de Grzegorz Paprzycki – melhor curta internacional

 

Menções honrosas

Segredos de Putumayo” (SP), longa de Aurélio Michiles
“Fico Te Devendo Uma Carta Sobre o Brasil” (RJ), longa de Carol Benjamin
“O Espião” (Chile), longa de Maite Alberdi
“Ver a China” (Brasil-China), curta de Amanda Carvalho
“Saudade” (Alemanha), curta de Denize Galiao

 

Prêmio EDT (Associação de Profissionais de Edição Audiovisual), para a melhor montagem

“A Ponte de Bambu” (longa-metragem de Marcelo Machado, SP): montadores premiados – André Finotti e Raimo Benedetti
“Metroréquiem” (curta-metragem de Adalberto Oliveira, PE): montador premiado – Adalberto Oliveira

 

Leia a crítica de Maria do Rosário Caetano, do portal Revista de Cinema, sobre o Festival:

“LIBELU”, “FILHAS DE LAVADEIRAS” E “COLETIV” VENCEM O É TUDO VERDADE

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Reabertura de escolas para atividades tem baixa adesão na capital paulista

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Após quase sete meses de paralisação das atividades por causa da pandemia do coronavírus, as escolas da rede de ensino do estado de São Paulo iniciaram o retorno das aulas presenciais nesta quarta-feira (7). A retomada seguirá regras diferentes de acordo com as 645 cidades do estado, já que cada município tem autonomia para definir os protocolos sanitários de retomada das atividades.

O debate sobre a volta às aulas ainda está repleto de impasses. Por um lado há incerteza por parte de pais, estudantes e profissionais da educação nas condições de segurança para o retorno às aulas. De outro, as dificuldades em garantir o acesso ao aprendizado de forma remota ampliam cada vez mais o fosso entre o ensino das escolas dos menos favorecidos e das escolas das classes ricas.

Enquanto isso, milhares de crianças e adolescentes amargam prejuízos no aprendizado e na convivência escolar.

Em setembro, a UMES realizou a Live: “Volta às aulas: É possível voltar com segurança”, que abordou o tema por diferentes pontos de vista, levando em conta a função social da escola e as dificuldades geradas pela falta dela aos estudantes.

Enquanto no restante do estado, as escolas reiniciaram a reabertura para uma retomada parcial das aulas presenciais, na capital paulista, a reabertura das escolas só está autorizada para atividades extracurriculares tanto na rede pública como privada, com um limite de 20% dos alunos.

Apenas estudantes do ensino superior poderão voltar às aulas regulares nesta semana.

Na rede estadual, das 1.100 escolas na capital paulista, somente 100 vão reabrir. O secretário de educação Rossieli Soares, entretanto, não considera que o número represente uma baixa adesão das instituições.

Já na rede municipal, apenas uma escola municipal de São Paulo reabriu hoje. A CEI Penha Bom Jesus, na Penha, zona leste, abriu os portões às 12h45 para receber seus alunos para atividades extracurriculares das 13h às 15h. Embora a escola tenha 121 alunos, apenas 16 se inscreveram para voltar à unidade e só seis compareceram até as 13h40.

“Nós não entendemos que seja uma baixa adesão no caso da rede estadual. Primeiro porque a gente tem dito para a gente voltar com tranquilidade, quando a comunidade estiver mais preparada, a escola tem que estar absolutamente toda preparada, não pode ser um processo de volta a qualquer custo, de qualquer jeito, nós não defendemos isso, pelo contrário, queremos todos os cuidados”, afirmou.

Ainda de acordo com Rossieli, no estado, o número de escolas reabertas tem crescido aos poucos. Ele defende que o retorno seja gradual e só ocorra quando a comunidade escolar e as instituições estiverem prontas e equipadas. “A gente cresceu já bastante no interior, vamos chegar, durante esta semana, a 700 escolas das 5 mil no estado, o que é um número já representativo da nossa rede. Se a escola não estiver em condição, ela não volta. Nós estamos indo às escolas e verificando se elas estão em condições adequadas.”

CALENDÁRIO

Na última terça-feira (6), Rossieli havia afirmado que a rede estadual trabalhará o ano letivo de 2020 e 2021 como um ciclo único de ensino.

“Vamos trabalhar o ano de 2020 e 2021 como um ciclo, como se fosse um ano só, especialmente para esses alunos que já entregaram as atividades e estão entregando”, durante entrevista coletiva

Segundo ele, a proposta será aplicada para os alunos que forem aprovados este ano. A ideia é fazer a unificação em oito bimestres para diluir o ensino e ter a possibilidade de quem não aprendeu conseguir recuperar.

“Ao invés de fazer a média com quatro bimestres de 2020, faremos a média bimestral de oito bimestres contando 2020 e 2021. Então, o aluno que está no quarto ano, se ele entregou o mínimo de atividades, ele progride para o quinto ano, e a média dele para aprovação lá no quinto ano será considerada, por exemplo, aquilo que ele fez em 2020 e 2021”, explicou o secretário.

O Conselho Nacional de Educação (CNE) recomendou que redes escolares evitem reprovar os estudantes neste ano. Apesar da sugestão, cabe às redes estadual, municipal e privada decidirem como será feita a aprovação.

“Obviamente nós não defendemos a reprovação pela reprovação, esse é um ano muito atípico, especialmente para os alunos que têm menos condições, que não conseguiram acompanhar as aulas online. Por isso que nós vamos fazer um grande processo de busca ativa para aqueles que porventura não tenham conseguido entregar as atividades. Para esses, vamos dar a oportunidade ao máximo de tempo possível”, afirmou o secretário.

Segundo o Rossieli, nos próximos dias, o governo deve definir, juntamente com o Conselho Estadual de Educação, como será feita a aprovação escolar dos alunos da rede. “Vamos ter uma cobrança de um mínimo a ser entregue, como se fosse proporcional à presença. Daqui a uma semana a gente já vai ter promulgado pelo nosso conselho, e homologado por mim, regras específicas sobre que tipo de retenção”.